A cidade de todos

Postado em 24 de jan. de 2013 / Por Marcus Vinicius

Minha enteada desde muito novinha diz que tem vontade de morar em São Paulo. Perguntada do por que disso, responde sempre de primeira: porque é em São Paulo onde tudo acontece.

As promoções e eventos de canais infantis que sempre escolhem a capital bandeirante como palco, e os parques temáticos que rodeiam a cidade, contribuem muito para essa opinião dela, mas se você pensar bem, vai ver que não se trata de pura inocência infantil, tudo acontece mesmo em São Paulo.

Isso não quer dizer que em outros lugares não aconteça nada, permita-me justificar antes que seu bairrismo suba à cabeça, apenas quer dizer que praticamente tudo que existe na sua cidade, também existe em São Paulo e mais um pouco.

Conhecer esta cidade implica em se despir de preconceitos (sim, todo brasileiro não-paulistano que se preze tem alguma idéia formada - e geralmente errada - da cidade, mesmo sem nunca ter posto os pés nela). 

Esqueça as histórias horripilantes sobre engarrafamentos de 200 horas, as metáforas sobre "selva de concreto", as lendas que dizem que "paulista só trabalha", a elite insensível, a falta de praias, as piadinhas sobre o Tietê (como se houvessem muitas cidades no país que pudessem se orgulhar de ter rios limpos), esqueça até o Caetano Veloso com seu "avesso, do avesso, do avesso".

Descubra São Paulo por si mesmo, como quem conhece um amigo pela primeira vez e o reconhece. 

Ao fazer isso, você vai descobrir que a grande cidade guarda em si inúmeras pequenas outras cidades. Chinesas, japonesas, italianas, portuguesas, árabes, nordestinas, negras, ricas, pobres, bonitas e verdadeiras.

Cada canto, uma surpresa. Um pequeno café, uma praça escondida sob os arranha-céus, uma orquestra de rua, um pastel, uma pechincha, uma boate, um shopping, uma grande avenida de beleza negligenciada pela tortura do trânsito lento, um museu, um restaurante e, acima de tudo, sua gente.

O cara de skate, a patricinha de óculos escuros, a tatuada gata, a velha de cabelo laranja, o velho de terno inglês.


Gente que trabalha sim, mas que aproveita muito da sua cidade. Aliás, tenho uma teoria: com tanta coisa para se fazer, com tantas opções de lazer que custam dinheiro, o paulistano só trabalha tanto para poder aproveitar melhor tudo o que sua cidade pode oferecer.

Em que outro lugar você poderia assistir sessões de teatro de madrugada, ir em restaurantes indianos abertos numa terça-feira depois da meia-noite ou achar uma loja que faz creepers (sapatos de sola alta usados por quem curte rockabilly) sob encomenda?

"Luxo e lixo", "amor e sexo", "beleza e feiura", "imponência que encanta e assusta": pode-se dizer tranquilamente que São Paulo é a capital mundial dos clichês sobre cidades.

Da Augusta que sobe, desce, sobe e desce a partir da Paulista, do seu mapa sinuoso que esconde tesouros e faz até os nascidos e criados ali se perderem, um verdadeiro milk-shake de mundo.

A verdadeira cidade de todos. Até de quem fala mal dela sem conhecer, sem nem saber que é apaixonado por ela e apenas ainda não teve a oportunidade de descobrir.

P.S.: E já que amanhã é 25 de Janeiro, aniversário da cidade, não custa dizer: parabéns, São Paulo!

1 Comentário:

Isabel postou 26 de janeiro de 2013 às 15:01

Bela homenagem!

 
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