O analista super honesto

Postado em 28 de ago. de 2013 / Por Marcus Vinicius 1 Comentário

- Doutor, eu estou com um problema. Não consigo me relacionar com ninguém.

- E por que isso?

- Quando ela não é muito grudenta, é fria demais. Quando não quer transar o tempo todo, é porque não transa nunca. Se fala demais, eu enjoo. Se fala de menos, eu acho uma chata.

- Mas o que você procura exatamente? Uma ficante, uma namorada, algo mais sério?

- Pois é, também não sei direito. Se elas querem só ficar, eu quero namorar. Se querem namorar, eu não quero nem ficar. Se falam em casar um dia, já imagino a relação caindo na mesmice e o divórcio.

- Entendo, mas por que então não procurar criar expectativa alguma? Só deixar as coisas acontecerem.

- É que sou muito ansioso. Se elas fazem isso, deixam rolar, fico inseguro. Começo a comer demais, a dormir de menos, fico gordo, com olheiras e aí mesmo é que eu acho que nenhuma delas vai querer nada comigo, porque me olho no espelho e me acho horroroso.

- Se importa muito com a beleza?

- Tanto nelas quanto em mim. Me cuido, passo cremes, faço massagem e detesto mulher com sapato brega.

- Sei, mas e se ela for bonita, não dá pra desculpar os sapatos?

- Depende, doutor, o que seria bonita?


- Não sei, você precisa me dizer que tipo de mulher você considera bonita, o meu gosto não importa aqui.

- Ah, sinceramente? Esse é outro problema. A Aninha é alta demais. A Bruna é muito baixinha. A Luciana é muito mais gordinha do que eu gosto. A Bia é mais magra do que um pauzinho de laranjeira.

- Você disse "pauzinho de laranjeira"?

- É, aquele pauzinho que as manicures usam e...

- Eu sei o que é, mas continue.

- Então, a Valéria é loira falsa, a Juliana é loira verdadeira mas ficaria muito mais bonita se pintasse o cabelo de morena, a Lúcia tem a bunda muito grande, a Marília praticamente não tem bunda...é um suplício tentar achar alguém doutor!

- Você disse "suplício"?

- Sim, é que eu uso muito esse termo, enfim, o senhor acha que eu vou conseguir encontrar alguém um dia?

- Assim que você conseguir se encontrar.

- E como eu faço isso? Me ajude, por favor!

- Bom, no seu caso eu começaria procurando nos braços de um estivador forte, de cabeça raspada, braço tatuado...

Os brasileiros e os manuais

Postado em 21 de ago. de 2013 / Por Marcus Vinicius Nenhum comentário

Em 2001 uma pesquisa realizada entre estudantes de 32 países, testados em sua compreensão de leitura, deixou os brasileiros em último lugar. 

Um outro estudo do antropólogo Luiz Marins mostrou que nas fábricas brasileiras é inútil passar um aviso por escrito, porque se o aviso não for transmitido de forma oral os operários simplesmente não o compreendem.

Dizem que a culpa é de Paulo Freire e seus discípulos (concordo), e também que o brasileiro não é chegado em ler (concordo de novo).

Basta observar que os habitantes do Patropi compram aparelhos eletrônicos e necessitam de ajuda da assistência técnica para resolver problemas que estão devidamente elencados no manual do produto.

É comum um cara comprar um smartphone e utilizar somente uns 10% da capacidade do aparelho por simples preguiça de ler e compreender instruções. 



E aqui vai mais uma prova disso: um brasileiro conseguiu confundir um botão do alarme de emergência da Embaixada dos Estados Unidos com um botão que abriria uma porta para que passasse.

Ora, não é preciso saber inglês para adivinhar que um botão de emergência (provavelmente vermelho, com algum aviso berrante que te faz notar que além de não abrir uma porta aquilo pode iniciar uma guerra nuclear) não é um botão qualquer. SÓ PODE ter coisa mais séria envolvida com aquilo.

Ainda mais em se tratando de americanos, que têm obsessão por avisar e explicar bem explicadinho qualquer coisa.

Mas o problema é que brasileiros não prestam atenção em nada, não se preocupam em conhecer ou seguir regras, não pensam antes de fazer algo, porque pensar dá preguiça.

Daí a sair por aí apertando botões sem imaginar as consequências, seja um alarme de emergência, seja aquela tecla "confirma" da urna eletrônica.

Motorista de táxi por um dia

Postado em 14 de ago. de 2013 / Por Marcus Vinicius Nenhum comentário

Segundo notícia publicada no site do jornal português Público, o primeiro-ministro da Noruega, o trabalhista Jens Stoltenberg, se disfarçou de taxista para tentar conhecer melhor (e sem filtros) o que os eleitores pensavam dele.

O premier colheu várias opiniões - algumas positivas, outras negativas - foi reconhecido algumas vezes e no final não cobrou a corrida de ninguém.

Alguém consegue imaginar um político brasileiro (ainda mais o chefe do executivo) fazendo isso? Tudo bem, um presidente do Brasil é responsável por um território e uma população bem maiores do que os da Noruega, mas você consegue imaginar um governador brasileiro fazendo isso?

Difícil, mas eu tentei. Lá vai.

Primeiro que se disfarçar de motorista de táxi não seria um jeito muito bom de saber o que o povo pensa, porque táxi no Brasil é muito caro e as pessoas andam mesmo é nos (péssimos) metrôs e (ainda piores) ônibus.

Mesmo se tentasse, o governante teria que tomar cuidado em escolher onde pegaria passageiros, porque dependendo do local - aeroporto e rodoviária seriam os mais problemáticos - a máfia local não combatida por ele e pelo prefeito poderia furar os pneus do seu carro ou botá-lo para correr dali debaixo de pedradas.



Mas tudo bem, político brasileiro andando de ônibus só mesmo quando o jatinho do empreiteiro está ocupado e ele precisa pegar aqueles coletivos que levam passageiros pela pista até os aviões comerciais, fiquemos no táxi então.

Entre uma pergunta e outra sobre a situação do país, ele cairia em uns 20 buracos no asfalto, enfrentaria alguns quilômetros de engarrafamentos e seria cortado por alguns motoboys com suas buzinas cretinas, quase perdendo o retrovisor.

Avançaria um ou dois sinais vermelhos por medo de ser atropelado pelo caminhão de lixo que vinha à toda atrás dele piscando farol, levaria fechadas de ônibus, ficaria retido numa blitz da lei seca e, no final, mesmo provando que não estava bêbado teria que dar uma propina esperta para o agente público que o parou, que a esta altura teria encontrado o descumprimento de alguma das 34248579174161919897 normas e regulações a que estão submetidos os proprietários de veículos, entre as quais algumas coisas importantes como luz interna fraca, tapetes gastos ou calotas feias. 

Livrando-se disto, ainda pararia em uma ou duas praças de pedágios de vias expressas cortadas por favelas, uma das quais com um tiroteio que o obrigaria a avançar a cabine de pagamento e assim levar uma multa por "evasão de pedágio".

No final da corrida não teria prestado atenção em nada que os passageiros disseram e como bom político brasileiro não só cobraria como também superfaturaria a corrida com o auxílio de um taxímetro adulterado.

Terminaria a experiência agradecido por só andar de helicóptero e certo de que a população - que ele não ouviu - acha que tudo está bem.

Três heróis brasileiros

Postado em 7 de ago. de 2013 / Por Marcus Vinicius 2 Comentários

O problema é que todo mundo gosta de história, mas da história que lhe interessa.

Mudam partes da história, apagam outras, relativizam papéis, prestam enorme desserviço para a educação e a formação das futuras gerações.

Vejo com um pouco de repulsa e nenhuma surpresa quando muitos se recusam até mesmo a dar ao papel do Brasil na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o seu devido valor merecido.

Não falo que o país tenha realizado participação mais decisiva do que realmente foi, não é isso, mas da história pessoal daqueles homens que foram mandados para o outro lado do mundo sem equipamentos condizentes (o exército americano precisou dar até roupas de frio adequadas), em pouco número e ainda assim lutaram com tanta bravura que mereceram reconhecimento até do inimigo.

Temos heróis neste país e quem se lembra deles? Quem passa ali pelo monumento dos pracinhas no Aterro do Flamengo e diz, silenciosamente e para si mesmo, "obrigado"? Não conheço muitos.



De quem não reconhece nem a própria história (e a esquerda domina a narrativa e o ensino no Brasil) por medo de com isso "exaltar os militares" não podemos esperar que tenham honestidade em todo o resto e digam, de verdade, o flagelo que foi o socialismo onde quer que tenha sido implantado.

Faço questão de ensinar às crianças com as quais convivo:

"Aquele monumento ali, com aquela estátua de três soldados, é em homenagem a heróis brasileiros que foram para o outro lado do mundo lutar e morrer, para que hoje você fosse livre.

Se essa liberdade é total ou não, é a que desejamos ou não, não é culpa deles, eles foram lá e deram o que tinham de mais precioso por ela que foi suas vidas, nunca se esqueça de que ali tem gente que morreu por você, sem que você tivesse nem nascido ainda".

Um mundo melhor (e não esse mundo louco e insensível, coletivista e burro, que a esquerda tanto prega) começa por reconhecer a si mesmo, a sua história e não permitir que ninguém roube a sua consciência.

Temos que homenagear quem merece, como os três heróis brasileiros - Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baêta Cruz - que resistiram sozinhos à investida de uma tropa que, devido à bravura dos três, ficou retida ali por muito tempo, imaginando haver mais inimigos do outro lado.

Ao final os três sucumbiram, mas a sua valentia foi tanta que os alemães os enterraram e colocaram nas cruzes sobre seus túmulos a seguinte frase: três heróis brasileiros.

Seus nomes - e não o de tantos ladravazes - é que mereciam batizar avenidas, praças e escolas.

Deixo aqui minha homenagem.
 
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