Ex bom é ex morto?

Postado em 30 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 25 Comentários

Alguém já mencionou aquela combinação que alguns casais fazem de vez em quando? Um entra com o pé e o outro com a bunda? Pois é. Ninguém nasce, cresce e sai desse mundo sem passar por uma dessas, ninguém.

A pessoa pode ser bonita, sexy, bem sucedida, desejada por um monte de gente que a conhece, não importa, um dia, alguma hora, em algum lugar vai aparecer aquela outra pessoa que será o seu juízo final amoroso. Vai ser encantadora, apaixonante, vai até dar a entender que existe recíproca e, de repente, a sola do sapato estará atingindo os fundilhos da sua calça.

Não tem quem resista. Essa pessoa vai se tornar aquela que discursamos sobre ela quando bebemos, quando conhecemos alguém novo (como que para estabelecer um parâmetro) ou simplesmente quando vamos na macumba para "trazer a pessoa amada em 3 dias".

Não tem nada mais afrodisíaco do que rejeição. Transforma alguém "mais ou menos" em "uau!" em questão de minutos.

Tive um amigo na faculdade que era o que chamamos de pegador. Bonito, praticante de artes marciais, boa situação financeira, olhos cor de mel, um verdadeiro galã de cinema. Arrumava a mulher que quisesse, onde quisesse, na hora que quisesse.

Sério. Podíamos ir numa dessas boates onde até o suor das pessoas é cheiroso e as moças dão a impressão que são de plástico e não precisam satisfazer nenhuma necessidade fisiológica, dessas que a gente pede licença pra pedir licença e ainda fica com medo de receber um "não", sabem como é? Então, se esse meu amigo fosse numa boate dessas, certeza que pegaria alguém.

Esse era o nível do rapaz.

Até que um dia, pasmem, numa festa junina da faculdade, lá pelas 2:00 da madrugada a frequência não estava das melhores e o nosso herói apolíneo avistou uma mocinha com suas amigas num canto.

Ela não era nada demais. Morena, rosto normal, corpo igual a de outras 300, nem melhor e nem pior, a popular "sem graça". Tinha até umas orelhinhas de abano, mas não era feia. Ele resolveu que ia "ficar com ela". Mas o tom que usou avisando aquilo para nós foi algo próximo de um "vou ali fazer um favor para aquela menina e trocar minha saliva olímpica com a dela".

Foi lá, conversou, deu a clássica puxadinha pro canto e quando ia "finalizar" percebeu que uma das mãos da moça estava sobre seu peito, afastando-o e jogando a pá de cal com uma verdadeira criptonita verbal: "não".

Pera aí, como é que é? Não? Se a gente não acreditou, imagina ele. Foi algo como "pera aí, você está me dizendo não?!". E ela "É, não.".

Ele teve que perguntar "Porque?" e ela "Por nada, só não estou afim".

Sabem amor ao primeiro "toco"? Pois é. Aconteceu com ele. Subitamente ela passou a ser a mulher mais linda e desejável do mundo, ele queria porque queria. Saía e ficava pelos cantos, só falava nela, a muito custo arrumou o telefone, ligava, galanteava, chamava pra sair, quase que se oferecia pra comprar uma segunda chance e nada, a menina não queria mesmo, não era joguinho, não era estratégia, ela simplesmente achava que aquele grande prêmio não valia nem uma raspadinha.

"Cara, não me leve a mal, mas você é muito playboy, é muito metido e eu não gosto de homem assim".

"Mas então você está me dando o fora porque me acha bonito demais pra você?"

"Não, eu não te acho feio nem bonito, você é normal, é que eu não quero mesmo, não bateu, o que quer que eu faça?"

E nunca saiu disso, até que ele desistiu, só que nunca mais exibiu aquele ar de triunfo outra vez, tinha perdido uma e pra um time que ele considerava de "segunda divisão".

Com relacionamentos acontece o mesmo. Ninguém ama o outro da mesma forma que é amado, o amor não pressupõe equilíbrio. Existe a troca, amor por amor, mas a quantidade não está no contrato.

Mas nem sempre o lado que recebe o menor quinhão é o que sofre mais no fim. Quem é mais presente, mais carinhoso, mais amoroso, geralmente fará mais falta do que o que é mais distante.

Ninguém sente saudade das nossas ausências.

E nada pior num fim de relação do que encontrar o outro já bem, sem demonstrar a menor saudade de nós, resolvido, "em outra". Nós podemos até estar numa boa também, mas a idéia de que não fazemos tanta falta quanto achávamos é dolorosa.

O ressentido não se dói porque alguém está melhor do que ele, mas porque não está pior.

Daí a minha adaptação de uma frase muito popular que ouvimos toda hora, que "ex bom é ex morto", que eu acho de péssimo gosto. Não quero ninguém morto, quero todo mundo vivo. Primeiro porque seria dramático demais e segundo porque morto não sente falta de ninguém, a gente é que acaba sentindo.

Prefiro dizer que ex bom é bem vivo, de preferência embarangado e com alguém bem pior do que nós.

Adoção de crianças por casais homossexuais

Postado em 29 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 26 Comentários

O STJ, em decisão histórica, reconheceu o direito de um casal homossexual adotar uma criança e registrá-la como sua filha. Esta decisão encerra uma questão polêmica e que acende paixões, mas que deve ser comemorada na minha opinião.

Ser gay, ao contrário do que dizem e acreditam algumas pessoas, não é uma opção, não é uma doença, não é uma degeneração, não é um atestado de incapacidade social, cultural ou familiar. Quem é gay o é independente de sua vontade.

Quantos casais heterossexuais maltratam seus filhos, abandonam suas crianças, negligenciam, abusam, roubam suas infâncias das mais variadas formas? Isso quer dizer então que heterossexuais devam ser considerados incapacitados para adotar crianças? Não. Isso quer dizer que ser homo ou hetero são não são prefixos que nos permitam fazer qualquer avaliação justa.

A imoralidade, a corrupção, a indecência de comportamento é compartilhada por heterossexuais e homossexuais, não sendo portanto relacionadas à sexualidade de ninguém.

Dito isto, podemos pensar na situação das crianças órfãs e abandonadas que estão espalhadas por todo o nosso país, ponderando lucidamente sobre o destino que desejamos que elas tenham.

Em condições normais, um casal heterossexual deve sim, ter a preferência na adoção de crianças, pelo simples fato de ser o mais próximo de uma "família" que essas crianças conhecem e conhecerão no decorrer de sua vida. Isso não é preconceito, isto é um fato.

Sendo bons pais e boas mães, o questionamento das próprias crianças e posteriormente do seu círculo social será infinitamente menor e isso deve ser levado em conta, ainda que esta opinião possa desagradar algumas pessoas.

Mas se um casal homossexual tiver melhores condições de dar a esta criança uma infância feliz, educação, saúde e, principalmente, amor, não vejo razão para que esta adoção seja impedida sob qualquer pretexto.

Casais heterossexuais saudáveis optam por ter seus próprios filhos. É um instinto e um sonho que ninguém pode condenar. Por este motivo sobram menos famílias dispostas a adotar crianças do que o contingente delas que se amontoa em orfanatos e instituições semelhantes pelo país.

Logo, por mais diferente e estranha que possa parecer a situação de uma criança sendo criada por dois pais ou duas mães gays, esta é uma situação que não é nem de perto tão cruel como a realidade destes meninos e meninas que estão por aí abandonados, muitos nas ruas, sem um lar que possa ajudá-los a se transformar em homens e mulheres que estarão inseridos na sociedade como indivíduos produtivos, felizes, enfim, como cidadãos e não frias estatísticas.

Homossexualidade não é "contagiosa", homossexualidade não se ensina. Se valesse essa regra, o contrário também valeria e veríamos por aí vários cursos "ensinando" como a pessoa pode se tornar heterossexual.

Pode acontecer de alguma criança adotada por um casal homossexual vir a ser homossexual na idade adulta? Sim. Mas não será por conta dos pais e sim porque ela assim seria em qualquer ambiente, em qualquer família.

O normal será esta criança viver num ambiente onde haverá amor, condições financeiras para que ela tenha educação, lazer, saúde. Claro que ela verá brigas, desarmonia, períodos mais difíceis da vida. Mas qual família não passa por tudo isso? O mais importante é que ela terá em seus pais (ou suas mães) aquelas pessoas com as quais sabemos que podemos contar, nosso porto seguro para todas as horas, nosso lar.

Seria muito cruel que o estado, em nome de valores supostamente morais que estão ultrapassados e são insensíveis a problemas reais, impedisse que pessoas psicológica e financeiramente capazes pudessem amar, ser amadas e dar a uma criança a oportunidade de ter uma infância feliz e uma vida plena.

Venceu a razão.

Ler dá sono

Postado em 28 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 21 Comentários

Em Fevereiro deste ano, Zuenir Ventura escreveu um artigo que me agradou tanto que guardei numa pasta de recortes que coleciono (sim, tenho essa mania de velho).

Ele falava sobre como nossas escolas abdicaram da tarefa de formar leitores para, com sua imposição aos alunos de livros densos demais ou datados demais, formar pessoas que simplesmente odeiam livros, que preferem resumos só "pra fazer a prova" e dessa forma se afastam cada vez mais da educação e cultura.

Num país onde o presidente diz sem nenhuma vergonha que "lê pouco porque dá sono" e que "prefere ver novelas na televisão", não é de se espantar que a indigência cultural seja essa nuvem de gafanhotos que temos, mas o que será que é feito para estimular a leitura?

Ontem eu estava no MSN e uma conhecida que está se preparando para outro vestibular e veio me pedir um bom resumo de "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", porque ela simplesmente não conseguia ler três páginas seguidas sem querer marcar um tratamento de canal com o seu dentista para se "divertir mais".

E isso acontece com todos nós em algum ponto da vida. "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Iracema", "Memórias de um Sargento de Milícias", "O Ateneu", "O Cortiço", entre outros, pulam de repente na nossa frente trazendo consigo um prazo: uma semana até a prova.

Ficamos meio atônitos e chocados, porque nem em um ano conseguiríamos a força de vontade suficiente para ler aquelas páginas abafadas e que tão pouco tem a ver com nosso cotidiano.

Não estou aqui questionando (e nem mesmo defendendo) o valor literário de tais obras, isso vai da opinião de cada um. O que questiono é se esses livros são realmente os mais adequados para criar num jovem o hábito e, principalmente, o amor pela leitura.

Numa época em que temos disponíveis TV a Cabo, internet de banda larga, You Tube, Twitter, Orkut, cinema em 3D, tantos recursos audiovisuais, é quase impossível fazer alguém gostar dos bons e velhos livros se o que as escolas oferecem como porta de entrada para a literatura são obras com linguagem e ambientação tão pouco atuais quanto "Senhora", por exemplo, que tem trechos assim: "Os olhos grandes e rasgados, Deus não os aveludaria com a mais inefável ternura, se os destinasse para vibrar chispas de escárnio. Para que a perfeição estatuária do talhe de sílfide, se em vez de arfar ao suave influxo do amor, ele devia ser agitado pelos assomos do desprezo?"

Lembro bem quando precisei fazer uma prova sobre "O Alienista", da força de vontade necessária para não me matar engolindo as páginas do livro e olha que nem é um livro tão grande.

Mas a questão maior é: porque não começar por onde os jovens encontrariam eco do que vivem naquelas páginas?

Temos como bem disse Zuenir Ventura em seu artigo, Fernando Sabino, Rubem Braga. Mas vou mais adiante e cito Nelson Rodrigues (porque não?), Rubem Fonseca, Lívia Garcia-Roza, João Ubaldo Ribeiro, são tantos, com temas e estilos atuais, que "prenderão" os jovens à leitura com argumentos muito mais construtivos do que "senão vai tirar um zero na prova".

Muito se fala no "prazer da leitura", mas seria desejável que esse tal prazer fosse ensinado aos que nele iniciam com algo diferente de uma sessão de torturas. Talvez assim todos descobrissem que livros servem para a vida toda e não pra "passar de ano".

Os anos passam, a educação fica.

Homem só quer uma coisa...

Postado em 27 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 17 Comentários

Quem nunca ouviu isso? Que "todo homem, independente do que diga, só quer comer a mulher"?

Sua variante acontece no pós-sexo, quando o cara fica naquela ressaca característica do orgasmo masculino, meio arredio, e ela manda na lata "agora que já conseguiu o que queria vai ficar aí esquisito, né?"

Eu sei que é cultural, quase um arco-reflexo, mas dá uma vontade danada de perguntar "O que eu queria? Porque? Você não queria também?".

É que nem aquela história de "só saí pra dançar". A menina se arruma, coloca um vestidinho matador, decote perfumado, salto alto, unhas dos pés pintadas como quem diz "rapaz, você ainda não viu nada", e diz que só está ali pra dançar e que acha "um saco" os homens paquerando. Eu sei que na maioria das vezes é charminho, mas tem umas que acabam acreditando mesmo nisso.

Mulher é pra ser valorizada, é claro. Eu as considero heroínas, porque tem atração verdadeira por algo tão sem graça e pouco harmonioso quanto os homens, mas uma coisa é valorizar, outra é super valorizar.

Que ela não saia por aí pegando qualquer um, dando pra qualquer um, não é somente aceitável como é desejável e evita desde micoses até filhos com jogadores de futebol que depois não vão querer pagar pensão, mas tratar o ato sexual como se fosse a arca perdida do Indiana Jones é meio sacal.

Até no reino animal quando cessa a dança do acasalamento, a fêmea escolhe o macho e pronto, terminam aí os 12 Trabalhos de Hércules. Já imaginaram a leoa atrás do leão assim "Agora que você já conseguiu o que queria e me comeu não diz mais que a minha juba é a mais bonita da selva, o que é? Tá de olho na mulher do tigre?".

Com as mulheres não, muitas adotam aquela postura "estou te fazendo um favor, te dando algo muito precioso, faça por merecer senão eu não faço mais o sacrifício", quando nós sabemos muito bem que elas gostam tanto de sexo quanto nós.

Não faço aqui a defesa do sujeito que depois que passa o namoro engorda 30 quilos, passa o final de semana vendo TV na sala e pedindo que ela traga a cerveja. Todo relacionamento é uma conquista diária e assim como o cara gosta da sua mulher bonita, cheirosa e de bom humor de vez em quando, elas também gostam de um cara de banho tomado, sem unhas pretas e que não tenha uma barriga que lembre a tia dela depois de parir o sexto filho.

Mas caso você não tenha conhecido um Adônis e hoje ele tenha virado um Rei Momo, caso hoje ele tenha resolvido dormir depois de transar ou tenha preferido ver a final da Copa do Mundo ao invés do Balé da Inguchétia, acredite: não é porque ele só queria te comer e agora está te tratando como lixo. Pode ser que ele só não esteja num bom dia (pra você).

No final das contas, o que vou dizer vale para ambos: Foi por vontade própria? Foi gostoso? Então tá no lucro. Se for bom mesmo e valer a pena, garanto que vai ter bis, um atrás do outro, até que um dia você acorde desejando aquela pessoa quase como no primeiro dia e vendo que já se passaram bons anos juntos.

No fundo, tanto os homens quanto as mulheres só querem uma coisa: reciprocidade. Pratique.

Não existe partido de direita no Brasil

Postado em 26 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 8 Comentários

Direita x Esquerda: velha e interminável disputa.

Historicamente esses termos surgiram durante a Revolução Francesa. O chamado "Terceiro Estado", alta e média burguesia e setores mais "populares", sentava-se à esquerda do rei, enquanto os aristocratas e o clero sentavam-se à direita.

Somente após a revolução e a queda da monarquia é que essa divisão passou a ser usada para separar girondinos (a burguesia, temerosa de uma radicalização da revolução) e jacobinos (que desejavam esse aprofundamento revolucionário).

Talvez essa filigrana histórica sirva para explicar o porque da minha opinião sobre não existir partidos de direita no Brasil. No final das contas são todos esquerdistas que temem quase como um xingamento a palavra "direita". Fazendo o papel da derrotada "monarquia" francesa, podemos perfeitamente encaixar a ditadura militar, aquele indesejável e longo período de estagnação política e intelectual.

Carlos Lacerda talvez tenha sido o último grande político a representar a tal "direita" na forma como vemos em vários países europeus e nos EUA.

Após a queda da ditadura e a ascensão da "Nova República", todo mundo no Brasil virou "de esquerda" ou como eles adoram dizer "progressistas". Não temos em nosso amplo leque partidário nada parecido com a divisão Democratas x Republicanos, Trabalhistas x Conservadores, Democratas-Cristãos x Sociais-Democratas.

Isso é estimulado pela postura de nossa mídia, que se arvora em satanizar qualquer proposta política que ouse chegar sequer nas cercanias do outro lado do corredor. Ninguém quer ser associado ao que é quase um palavrão, uma ofensa, "direitista!".

E devido a esta excrescência, o que sobra como "direita" no Brasil são políticos corruptos que abraçam um falso conservadorismo, com viés mais de "moral e bons costumes" e religioso ou então o "rouba mas faz".

Nada que chegue perto do que realmente representa a direita mundo afora, que é a defesa do estado não mínimo, mas concessor e fiscalizador, das liberdades individuais, do mérito, do anti-peleguismo, de um governo voltado para o cidadão médio e não para essa "sindicatocracia" da qual a esquerda se utiliza para criar novas elites e aparelhar o poder público.

No Brasil isso se manifesta na postura coitadista de todas as esferas de governo, na tolerância com o informal, com a desordem. O melhor exemplo é o Rio de Janeiro, desde sempre afeito às "esquerdas" e governado por suas mais diversas matizes. Uma cidade favelizada, tomada pelo informal e pelas pragas urbanas, porque desde sempre satanizou a remoção de favelas, o combate à camelotagem, a aplicação mínima das posturas municipais.

Remover favelas, combater vans e camelôs é "lacerdismo", é coisa de "direita". Vive-se então com o caos e o desconforto de uma das cidades mais problemáticas do país. Esquecem que o tal "lacerdismo" evitou que a Lagoa hoje fosse tomada por favelas em seu entorno e construiu o sistema que até hoje, sem quase ampliação alguma, leva a água potável que chega às torneiras de todos os cariocas.

A eleição presidencial deste ano é outra prova disso. Teremos três representantes da esquerda concorrendo à presidência. Uma, ex-petista com forte apelo à ecologia, ao combate contra o aquecimento global, defensora de políticas que qualquer membro do Partido Democrata americano defenderia.

Outra, uma ex-terrorista de esquerda, concorrendo por um partido que aparelhou o estado, ampliou o famigerado e coitadista sistema de cotas raciais, que defende o mais espúrio controle da imprensa, a baderna no campo do MST, o onguismo, o pobrismo, a "sindicatocracia".

E o terceiro candidato um homem que foi exilado político, presidente da UNE, membro de um partido formado pela ala mais "progressista" que existia no PMDB. Um partido que defende também políticas que estão longe de um direitismo clássico, diferindo do PT apenas na condução responsável do estado e das políticas economica, social e de infra-estrutura.

Por isso eu digo: não existe direita no Brasil.

Não existe quem represente pelo menos 1/3 do eleitorado brasileiro, que erroneamente dizem ser "anti-PT", mas que na verdade é "anti-esquerda" e vaga por aí, de eleição em eleição, à procura de quem mais se aproxime da postura que acredita ser a melhor para sua cidade, seu estado e para o país.

É um contingente razoável de pessoas que, qualquer dia desses, acaba fundando o MSP: Movimento dos Sem Partido.

Foi bom pra você?

Postado em 22 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 11 Comentários

Essa perguntinha infame já ficou tão queimada mas nunca deixa de ser usada, ainda que com disfarces. Principalmente numa primeira vez, onde a curiosidade faz qualquer um se coçar pra arrumar um jeito de saber o que a mulher achou da sua performance sexual.

Eu desenvolvi um coeficiente bem simples que funciona mais ou menos assim: se você precisa perguntar, é porque não deve ter sido muito bom. Mas nem todo mundo reza por essa cartilha e aí...problemas!

Porque não deve existir nada mais broxante para a mulher do que terminar de fazer sexo e o sujeito ficar sondando se ela gostou. Ficar revendo detalhes, tipo "aquela hora que eu beijei seu pescoço, o que você sentiu? Gostou quando eu te dei um puxão?".

Deve dar uma baita vontade de dizer "você quer uma narrativa estilo Galvão Bueno ou José Carlos Araújo? Preciso gritar 'gol" no final?"

Por falar em narradores de futebol, também deve ser muito chato aqueles que passam a transa inteira contando o que está acontecendo. Como se ela não estivesse ali presente junto com ele.

"Tô apertando sua bundinha, agora vou morder seu pescocinho, tá sentindo meu dedo aí, olha que gostoso, agora vou te pegar assim e depois vou fazer ali perto da mesa".

Deve dar uma vontade danada de chegar no ouvido e dizer baixinho "que tal tentarmos tudo isso com o mute ligado?"

Homens tem obsessão pela sua performance sexual e ainda que o ex-namorado da moça seja um ator pornô, o atual namorado precisa saber que é muito melhor do que ele. Não cogitamos a idéia de que se o cara fosse fosse o homem ideal sob todos os aspectos, ela não estaria com a gente naquele momento e sim com ele.

A maioria não se contenta com gemidos, suspiros, expressões faciais. Eles gostam de tudo verbalizado. Tem que ser aquela coisa do "gostoso, delicioso, melhor que eu já tive na vida!". Ainda que seja mentira.

Fico imaginando se no final de uma transa o cara disparar a pergunta a seco: "E aí? Foi bom pra você?", e ela soltar um "legal".

Esse cara estará apaixonado em 3, 2, 1...Pô, "legal" é um desenho do Mickey. Legal é tomar água de coco depois da praia. Como ela não achou que ele fosse a versão brasileira do Dirk Diggler?Com certeza é lésbica ou frígida.

Mas interessante mesmo deve ser a reação de um cara se ouvir como resposta um "pra ser sincera, já tive melhores". Ou ainda algo mais direto, como por exemplo "achei uma boa merda".

O sujeito que ouve isso faz o que depois? Foge pra Palestina e vira homem-bomba, só pra conseguir as tais 70 virgens que não vão compará-lo com ninguém?

Mas existe um outro lado. A moça gemeu, transpirou, te arranhou, bateu no teto três vezes e no final ainda diz um "nossa, foi tão gostoso".

Pensamento seguinte do homem: "Ela deve dizer isso pra todo mundo". Lógico! Porque se a mulher demonstra prazer demais só pode estar fingindo, não tem critério ou então é fácil. Se ele não ganhar uma medalha e ela não jurar com a mão esquerda sobre a Constituição e a direita sobre a Bíblia, ele não vai acreditar em nada daquilo.

Isso explica a obsessão ridícula de alguns pelo tamanho do órgão sexual. Digo isso porque qualquer um que não possua algo em torno de um dedal ou uma carga de caneta Bic é capaz de satisfazer uma garota. E todo mundo sabe que existe uma média. Mas o homem prefere ser enganado e fica doido quando ouve um "nossa, é o maior que eu já vi!".

Só que na maioria das vezes trata-se de um cara comum acreditando que ela pensa mesmo que ele é mais alto do que um jogador de basquete.

No final das contas eu acho que a mulher deve avaliar se aquele cara não é só um ególatra querendo que ela seja a lustradora da sua vaidade. Se não é um desses "comedores" que depois vai sair por aí contando pra todo mundo que "deu uma surra nela".

Se for só isso, sacaneie mesmo, e ainda que o cara te leve nas nuvens diga pra ele no fim que ele está perfeitamente "dentro da sua média". Com isso você fará uma boa ação ajudando a colocar leite na mesa da família de algum analista e dará uma boa lição no fauno.

Agora, se for um cara legal e você pretender algo mais do que uma rapidinha com ele, não custa nada dar uma levantada na bola do rapaz, elogie, aumente um pouquinho e lembre-se: só devemos levar a sinceridade pra cama se ela for tão excitante quanto pequenas e inocentes mentiras.

Os tubarões estão nos esperando para jantar

Postado em 20 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Ontem eu fiz um post ironizando as críticas do PT ao vídeo comemorativo dos 45 anos da Rede Globo. Ironizei porque achei tudo aquilo surreal demais, conspiratório demais e pensei, na minha inocência democrática, que ficaria apenas na gritaria de um partido que a cada dia mais se assemelha a um culto religioso.

Mas não. Horas mais tarde fui surpreendido com a notícia de que a Globo tirava a propaganda do ar, para não "ser acusada de ser tendenciosa". Ato contínuo, o homem-sanduíche do PT, o jornalista enjeitado pela Globo e acochambrado na TV do Bispo Macedo, Paulo Henrique Amorim, fazia a festa comemorando o sucesso da censura aplicada pela turma do Zé Dirceu à emissora.

Comentei no Twitter que o PT tem viés autoritário, por mais que queira disfarçar suas intenções. Quem não quiser acreditar na minha palavra pura e simples basta observar quem são seus aliados mundo afora.

Como muito bem observou Augusto Nunes em sua coluna do dia 17 de Abril, todas as vezes que o PT (atual titereiro deste vergonhoso Itamaraty de Celso Amorim) precisou tomar uma posição, ele optou por ditadores, genocidas e mitômanos.

Apontava muito bem o artigo que o PT escolheu "a Venezuela bolivariana ao invés dos Estados Unidos, os narcoterroristas das FARC e não o presidente reeleito Alvaro Uribe, o psicopata Muammar Khadaffi ao invés do Tribunal Internacional de Haia, a ditadura dos irmãos Castro no lugar dos presos de consciência, o terrorista italiano Cesare Battisti ao invés dos pugilistas cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux, o golpista Manuel Zelaya no lugar da Constituição hondurenha, o genocida Omar al-Bashir sobre Darfur dilacerado."

Como se nota, o autoritarismo está no DNA dessa gente. Não é à toa que a escolha da candidatura presidencial do partido caiu no colo de uma ex-terrorista que participava de um grupo armado que tinha como objetivo instaurar uma ditadura comunista do país.

Muitos podem argumentar que Lula e o PT perderam eleições e não optaram pelo golpismo. Que sofreram denúncias da oposição e de veículos de comunicação e nunca instauraram uma ditadura.

Eu respondo simplesmente que eles até hoje não fizeram nada disso porque não tem certeza do sucesso. Essa gente só dá um passo se souber o que os espera ali adiante.

Seu método é mais "garantido" ou será que ninguém percebe o aparelhamento do Estado com dezenas de milhares de cargos, o fortalecimento dos Sindicatos, o seu braço armado no campo representado pelo MST cada vez mais desafiador, a tentativa de criar "Comissões da Verdade" e "controle estatal da imprensa", a formação de um curral eleitoral assistencialista, a satanização dos meios de comunicação?

Tudo isso pode ser resumido na declaração de Lula, que cada dia mais parece enlouquecido pelo poder, de que na Venezuela ditadorial de Chávez "existe democracia até demais".

Um país que fecha redes de televisão opositoras, processa quem emite opiniões divergentes e chega ao descalabro máximo de prender uma juíza e mantê-la encarcerada porque esta concedeu um habeas-corpus para um opositor do Bandido-em-Chefe, é um modelo de "democracia até demais" para Lula.

A retirada do ar da propaganda da Globo pode ser explicada por diversos meios de pressão, inclusive os econômicos dos quais dispõe o Governo Federal. Goste-se ou não da empresa fundada por Roberto Marinho, qualquer pessoa normal sabe que ele não deve ter criado seu negócio em 1965 só para coincidir com uma eleição 45 anos depois, onde um presidente ensandecido e ególatra tentaria empurrar pela goela da nação abaixo uma pessoa desqualificada, despreparada e desequilibrada para sucedê-lo.

Esse pequeno episódio demonstra bem o espírito autoritário do PT. Quem não prestar atenção nisso hoje e ponderar se é este o futuro em que deseja viver, amanhã poderá ser perseguido porque emitiu alguma opinião contrária ao humor dos comissários petistas.

A democracia não morre de um dia para o outro. A democracia não é retirada das mãos das pessoas num ato único, tal qual faz um assaltante.

A democracia morre aos poucos, na construção de maiorias burras, na repressão ao contraditório, nas teorias de conspiração, na supressão lenta e contínua das liberdades, nos planos sorrateiros que são apresentados depois à sociedade como fato consumado. É um processo sutil que quando finalmente é revelado, já é tarde demais.

O ladrão da democracia age como punguista. Se aproxima, distrai e quando você percebe já perdeu o que possuía.

Não deixemos que batam nossa carteira, eles já nos roubaram demais.

Os Silvas

Postado em 19 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Sou da época em que ainda se vendia discos de vinil. Aliás, sou da época em que ainda existiam discos de vinil e eles eram vendidos até em supermercados. Pode parecer incrível hoje com os mp3, iPods e o escambau, mas houve um tempo em que ao lado de tomates, abacaxis e iogurtes podíamos comprar discos.

E foi numa segunda-feira (nunca mais me esqueci) que comprei meu primeiro disco dos Smiths, uma cópia do "Hatful of Hollow". Cheguei em casa, coloquei o disco na vitrola (essa frase me faz sentir com uns 100 anos) e fui tomado por verdadeiro choque.

Não, não foi um bom choque. Meus ouvidos acostumados até então a ouvir sons de pré-adolescente como heavy metal acharam aquilo um horror. Joguei o disco atrás do armário (isso mesmo, minha raiva era tanta que eu joguei atrás de um armário) e esqueci ali.

Até que um dia, bendito dia, resolvi dar uma segunda chance a ele. Tirei a poeira acumulada, coloquei pra tocar e quando os fortes acordes de "William, It Was Really Nothing" começaram parecia que a poeira tinha feito algum milagre naquilo tudo, porque o choque foi outro. Foi algo mais para "Meu Deus, como eu vivi até hoje sem ouvir e sem gostar disso?".

O que mudou? Com certeza foi ouvir Smiths querendo conhece-los e não procurando mais um Twisted Sister da vida, que a partir daquele momento ficou relegado eternamente à condição de rock farofa.

As faixas foram passando e "What Difference Does It Make?" levou até "This Charming Man", "How Soon Is Now?", "Heaven Knows I´m Miserable Now", "Girl Afraid"...era literalmente um mundo novo se abrindo para mim.

Comecei a comprar seus discos com a compulsividade que minha mesada permitia, como que para comprovar que o milagre se repetiria. Sempre se repetiu.

Minha segunda aquisição foi um "Meat Is Murder", que se não é o melhor disco deles, com certeza seria o melhor de qualquer outra banda que não seja os Smiths. Só a presença de "That Joke Isn't Funny Anymore" e da faixa título já fariam a carreira de muito artista por aí.

Até que veio "The Queen is Dead". Amigos, todas as faixas ali reunidas formam, na minha opinião, o melhor disco que qualquer ser vivo já fez em todos os tempos.

Não existe ali nenhuma música que não diga algo sobre aquilo que vivemos no momento, independente do nosso humor, não existe nada que não seja brilhante, esmerado e feito com o capricho e a inconsequência de quem nem imagina estar entrando para a história.

São músicas eternas, o que não é pouco, mas acima de tudo são músicas atemporais. Daqui a 100 mil anos, se algum alienígena chegar ao planeta Terra e encontrar em alguma capsula do tempo um reprodutor de músicas com "The Queen is Dead" nele, este extra-terrestre dirá: "é o melhor disco que quaquer ser em todas as galáxias ja fez".

Naquele tempo não existia a facilidade de hoje, então só consegui o primeiro disco dos Smiths, chamado simplesmente "The Smiths", bem mais tarde. Igualmente genial. É impossível determinar apenas baseado na qualidade do som qual é o primeiro ou o último trabalho deles.

Só para você, que está aqui lendo um cara falar de sua banda favorita, ter uma idéia,
"Reel Around The Fountain" e "You've Got Everything Now", que são obras-primas, estão nesse disco de estréia.

Isso quer dizer que eles não evoluíram? Pelo contrário. Quer dizer que a diferença entre o formidável e o perfeito é tênue e foi nessa linha que caminharam.

Em 1987, junto com "Strangeways, Here We Come", veio a notícia do fim da banda. Posso dizer que o sentimento que me tomou foi o vazio, juro. Foi como se algo que era "meu" por direito estivesse sendo tomado.

"A Rush and a Push and the Land Is Ours", "I Started Something I Couldn´t Finish", "Paint a Vulgar Picture" vieram naquele presente de despedida. Mas foi difícil ouvir tudo aquilo sabendo que não viria mais nada depois.

No mesmo ano desse fim abrupto ainda chegaram por aqui duas coletâneas de singles até então inéditos no Brasil, "Louder Than Bombs" e "The World Won't Listen", que trazia "Panic", "Ask", "Asleep", "Unloveable", "Half a Person", "Strech Out and Wait" e "You Just Haven´t Earned It Yet, Baby", uma verdadeira covardia musical.

Em 2000 Morrissey veio ao Brasil pela primeira vez. Eu estava lá, quase sem acreditar que era ele ali na minha frente, cantando antigas e novas canções. Lá pelas tantas, alguém levantou um cartaz com a frase "What Took You So Long?" ("Porque você demorou tanto?").

Ele leu, sorriu e respondeu "Porque nunca tinham me chamado!". Ninguém acreditou, mas não conheço uma única pessoa ali presente que não tenha pensado "Se é assim, então volte amanhã e depois de amanhã e depois de depois de amanhã!".

Entre letras acidamente irônicas e avassaladoramente melancólicas escritas por Morrissey, entremeadas pelo dedilhado inimitável e melodioso da guitarra de Johnny Marr, eles embalaram amores, dissabores, tristezas e alegrias de muita gente. A bateria de Mike Joyce e poderoso baixo de Andy Rourke, que não eram músicos menores, terminaram sendo coadjuvantes de tanta genialidade, mas coadjuvantes de luxo.

Os Smiths conseguiram tanto porque eram universais em sua "britanicidade". A escolha deste nome simples, "Os Silvas" numa tradução livre, as roupas básicas que usavam, o culto zero à imagem, temas como amor, rejeição, dificuldade para se "encaixar" na sociedade, enfim, eles eram pessoas comuns fazendo música para pessoas comuns.

Daí o estrondoso sucesso e a legião de fãs que até hoje não se conformam com seu fim.

Deixaram todos órfãos, mas pelo menos com uma senhora herança.

Paranóia não é crime, porque se fosse...

Postado em 16 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 2 Comentários



Quando alguém é chamado de "macaco" é muito mais por fazer "macaquices" do que pela cor da sua pele. Existem macacos pretos, brancos, vermelhos e até dourados e nem por isso deixaram de votar num Dourado pra ser vencedor do BBB.

Racismo é idiotice, mas paranóia é pior ainda. Pelo direito de todos serem chamados de macacos!



Atenção: este post contém ironia. Antes de fazer um piquete no blog ou chamar o MP, pratique sexo, beba umas e relaxe.

O que esse cara está fazendo aí mesmo?

Postado em 15 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Serginho, ex-BBB, é fotografado na festa de Joseane, ex-BBB.

Max, ex-BBB, toca no aniversário de Alemão, ex-BBB, e sai acompanhado de Priscila, ex-BBB, que esses dias terminou seu namoro com Alan, ex-BBB.

Juliana, ex-BBB, faz evento para lançar seu novo disco e conta com a presença de Rafinha, ex-BBB, Marcela, ex-BBB e Rafael, ex-BBB, todos muito animados em uma boate da Barra da Tijuca. Eles já confirmaram novo encontro no lançamento do livro de Elenita, ex-BBB.

A cada ano a Globo despeja no mercado nova leva de ex-BBBs. Tirando faculdades de Direito, acho que é o mercado mais inflacionado do Brasil. Junto com a sócia honorária que é a Preta Gil, a única ex-BBB que nunca participou de nenhuma edição do programa, eles formam uma espécie de maçonaria das sub-celebridades.

Se algum deles lançar um livro, um disco, uma sessão de fotos ou qualquer novo "projeto", todos os demais estarão lá apoiando. E assim que termina uma edição o fenômeno se amplifica.

Ex-BBBs saem de todas as catacumbas da Rede TV, das páginas secundárias da revista Quem e das colunas sociais do David Brazil e voltam para as luzes da ribalta.

É quase impossível abrir um jornal ou acessar um site de notícias sem ser informado sobre a ida de um deles à praia, sobre uma noitada fervente em alguma boate ou sobre suas viagens de São Paulo para o Rio, do Rio para Brasília, de Brasília para Salvador e no final de tudo para New York, onde vão "estudar" alguma coisa no intervalo das fotos para a Caras.

Ser ex-BBB pelo visto inclui algum programa de milhagem.

Mas não estou crucificando-os não. Quem não quer ganhar o equivalente ao salário mensal de um alto funcionário do setor privado só para aparecer numa festa bebendo prosecco de canudinho e fazendo cara de Chiquinho Scarpa?

Talento não tem nada a ver com sorte, oportunidade ou esperteza e, se para alguns deles, falta muito talento, o resto eles tem de sobra. Alguns até demais.

Mas isso não tira o meu direito de achar esse microcosmo fútil, oco, um fim em si mesmo. Saber que existe um, vá lá, nicho que movimenta uma considerável quantia de dinheiro e chama a atenção de tanta gente se dedicando tão e somente a comentar o cabelo de alguém, a roupa de alguém, quem está comendo quem, qual ex-BBB da sub-classe dos coloridos faz o maior carão, enfim, toda essa mise en cene típica do métier, primeiro me diverte (rindo disso tudo, é claro), mas depois me deixa um pouco assustado com a idiotice das pessoas.

Toda vez que leio no Twitter a expressão "bafo!" ou "bapho!" já tenho um calafrio semelhante ao que o Dimmy Kieer deve sentir ao ver uma barata francesinha (ou uma mulher pelada).

Com raras exceções a impressão que fica é que primeiro alçam as pessoas à fama e depois tratam de descobrir o que possa justificar essa fama. É a inversão do mérito, prática tão confortável quanto corriqueira hoje em dia.

Como já disse antes, não acho que o BBB seja o pior dos mundos. Estão aí a Luciana Gimenez, o Ratinho, o Luciano Huck e o Galvão Bueno para provar isso. A exposição que qualquer um ganha ali é um ativo que se bem aproveitado alavanca carreiras e empurra talentos para a frente, só que essa não é a regra.

Infelizmente essa indústria das celebridades raramente pega um talento verdadeiro e lhe empresta a merecida fama que a "tchurma da jogación" possui. O normal é fazer qualquer um ficar famoso e depois verificar se presta para alguma coisa além de festas promocionais e fotos em colunas de fofoca.

É como se essas revistas e sites se perguntassem no final "O que esse cara está fazendo aí mesmo?".

O ser e o parecer

Outro dia estava rodando blogs e perfis do Twitter em busca de assunto, em busca de inspiração. Tem gente que consegue nos dar esse empurrãozinho na criatividade, só com um rostinho bonito na foto ou com alguma frase espirituosa bem colocada.

Mas é raro. É raro porque talento para a escrita é tão difícil de se encontrar quanto para pintar ou compor músicas. A diferença é que, salvo esses semi-analfabetos miguxos, é bem mais fácil simular ou encenar qualidade escrevendo do que pintando ou tocando.

Me entregue um pincel e eu te apresentarei duas horas depois uma casinha daquelas com telhado em "V" invertido mais tosca do que a de uma criança de 7 ou 8 anos. Me empreste um violão e mostrarei todo meu virtuosismo no "Samba de uma nota só".

Entregue uma caneta, lapiseira ou teclado na mão de um embusteiro e em meia hora ele já terá leitores.

E chega a ser incrível a atração que personalidades "densas" exercem sobre um grande contingente de pessoas. Existem mais candidatos a Bukowski do que a Jorginho Guinle por aí, ainda que todos prefiram, se puderem, levar a vida do segundo ao invés do primeiro.

Minha biografia do Twitter traz a palavra "ácido" para me definir. Mas em minha defesa declaro que foi uma grande amiga que a escreveu. Só a utilizo ali porque foi alguém que convive comigo que achou por bem usar a expressão para definir um dos traços da minha personalidade. Aceito de bom grado e sem falsa modéstia, já que ela também me define com termos tão desiguais como "criativo", "primoroso", "mentiroso" e "grotesco".

Mas sinto vontade de rir de gente que se auto-define como "ácido" ou "denso" e fazem de tudo para que os outros os vejam assim o tempo todo. Foto com a mão no queixo ou olhar perdido no horizonte completam a "instalação".

Vão dizer que estou estereotipando, mas - ora bolas! - quem se estereotipa são eles.

É incrível como tudo se parece no limite da monotonia. Os piadistas são todos iguais, os densos não encontram felicidade se não houver fumaça e epifânias até sobre uma xícara de café, as "mulherzinhas" com seu despojamento milimetricamente calculado e fotos provocantes proferem suas lamentações de menina sortuda, "eles só querem me comer...", como se não devessem agradecer por ter alguém que queira. Existe quem não tenha nem isso.

Tem uns que se você acompanhar no dia a dia vai achar que faz vestibular para integrante do Pânico, que bebe mais do que o Nicolas Cage em "Despedida em Las Vegas", transa mais do que Rocco Siffredi e sofre mais do que mulher do Netinho de Paula.

Todo mundo esquece, é claro, a grande diferença que existe entre sarcasmo e falta de educação, entre acidez e pentelhação, entre ser denso e ser mala. Aceito que todos até certo ponto vivem um personagem na internet. O problema começa quando você já não sabe mais se está sendo autêntico ou se está apenas representando.

No fim encontramos páginas e mais páginas, frases e mais frases, de pessoas que falam muito, muito, muito. Mas quase todos curiosamente iguais. Eu particularmente adoraria saber o que toda essa gente que tanto fala tem pra realmente pra dizer e não esses personagens que, se encantam nas primeiras linhas, enfastiam depois de uns 4 ou 5 parágrafos.

Se Jerry Seinfeld já não tivesse inventado e executado tão bem o discurso sobre o nada, diria que eles estariam na fase empírica de um estilo que ainda seria aprimorado pelo comediante americano. Mas como não existe "evolução inversa", eles chegaram tarde.

A maioria, mas antes deixe-me ajoelhar aqui e pedir perdão compenetrado às exceções que existem e são muitas, fica só na pose.

Todo mundo quer parecer vivido, sofrido, cansado de guerra. Irônico, cético, cínico com tudo que se passa ao redor. Mas no final das contas prefere mesmo uma praia paradisíaca, uma sombra fresca e uma marguerita com guarda-chuvinha e tudo. Não conheço uma pessoa que respire e não deseje de verdade ser admirada, amada e ser o centro das atenções de vez em quando. Mas isso é possível sendo original, ainda que seja mais difícil.

E nunca é demais lembrar: cigarro, café e pose só garantem bafo e antipatia. Pra ser inteligente é preciso também pensar.

Ecletismo demais é dose

Postado em 14 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 11 Comentários

Eclético é quem não sabe diferenciar o bom do ruim.

Pronto, logo de início já compro a briga e complico minha vida pra explicar isso pra todo mundo que diz adorar desde churrasco gaúcho até ratazana ensopada, de Mozart à Calcinha Preta, de cinema cult à baile funk.

Note que em momento algum eu disse qual é o bom e qual é o ruim, afinal isso é muito pessoal, mas o que quero dizer é que são coisas diferentes demais para caber no mesmo conceito de "bom" e "ruim".

Gostar de Megadeath e Parangolé não combina, por mais malabarismos que o indivíduo queira fazer para explicar isso. A única explicação que eu aceito é "Parangolé é uma m*, mas é melhor pra pegar mulher em micareta do que Megadeath, que só homem batedor de cabeça curte".

Tudo bem, se sua explicação é essa eu fico quieto, mas isso não é ser eclético, é ser malandro (num sentido positivo).

O lado bom de se declarar "eclético" é que a pessoa não fica mal com ninguém. A menina está no meio de uma conversa com o seu "paquera" e ele pergunta o que ela acha dos Garotos Podres. Pra não dizer que acha aquilo um arroto musical, ela se diz "eclética" e pronto, não precisa dizer se gosta ou não e fica de bem com o rapaz.

O cara está na academia malhando e aquela gostosona chega do lado dele cantarolando a música do 50 Cent que toca no som ambiente e dizendo "essa música é muito boa, né?". O que ele vai responder? "Não, é uma merda"? E sepultar ali os 0,001% de chance que tem de conseguir qualquer coisa com ela?

Nada! Ele diz "É, boa mesmo" e pronto. Não importa se o amigo dele que está do lado depois vai questionar o fato dele só ouvir Surf Music o dia inteiro e não ter um único disco de rap, porque ele dirá "que nada, sou eclético!".

Mas existem os sinceros, é claro. Pessoas que realmente gostam de filme da Xuxa e do Truffaut. Note, é direito de qualquer um achar que Xuxa é bom. Direito igual achar que o diretor francês é excelente. Mas encaixar esses dois no mesmo gosto, perdão, pra mim é falta de gosto.

Como explicar que uma ida ao Outback seguida de uma boate com música eletrônica possa proporcionar a uma pessoa o mesmo prazer que um mocotó de botequim seguido de um pagode?

Uma coisa é ser easy going e se divertir independente de onde estiver, extraindo da situação o melhor que puder. Mas isso é bem diferente de dizer que gosta igualmente de tudo. Não creio que seja possível.

Pra ilustrar melhor isso, vou contar uma história que de tão bizarra nem parece real, mas é. Uma vez, pra pregar uma peça num amigo, misturei um corante amarelo e um pouco de whisky (só pra dar o cheiro) numa cachaça e disse a ele que era Johnnie Walker.

Eu esperava que ele cuspisse aquilo, fulo da vida, e me perguntasse que sacanagem era aquela, mas sabe o que aconteceu? Meu camarada, apreciador de diversas modalidades etílicas, bebeu tudo com uma talagada só e ainda sentenciou "muito bom mesmo!".

Pois é, ele é "eclético" para bebidas.

O que dizer quando não se tem do que falar

Postado em 13 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Até alguém como eu, que consegue com relativa facilidade escrever todo santo dia, enfrenta essas secas de idéias de vez em quando.

Tentando resolver o problema, primeiro o pobre coitado abre todos os jornais que recebe em busca de algo que salte aos olhos, mas fica difícil escolher entre mais um escândalo político, mais um bandido posto nas ruas por algum juiz, mais um famoso casando/separando/pagando mico, mais algum gol ilegal do Flamengo validado ou o mais novo "projeto" da Preta Gil.

Falar sobre a inexistência de uma divisão direita/esquerda na política brasileira também é impossível, já que o assunto demanda a criatividade de alguém que consegue vender Amway e ser pastor da Igreja Universal ao mesmo tempo, caso contrário o leitor dorme no meio.

Saio às pressas em busca da primeira banca de jornal e compro um JB. Leio na manchete que o Rio de Janeiro ganhou 279 favelas com César Maia na prefeitura.

Alguns momentos de silêncio não são suficientes para entender porque isso só é noticiado agora, já que "César Maia" pra mim (e já faz tempo isso) é um nome que pode ser usado facilmente pra definir o conjunto de pragas que infernizam a cidade, como favelas, camelôs, flanelinhas, entregadores de panfletos e vereadores.

Ao invés de dizer que o Rio sofre com "favelas, camelôs, flanelinhas, entregadores de panfletos e vereadores" é mais fácil falar "O Rio não aguenta mais esse monte de César Maia".

Desisti das "velhas mídias" e fui pesquisar na blogosfera, quem sabe não encontraria ali algum assunto para reciclar e apresentar como meu. Rodei quase todos os sites que consegui lembrar (menos o Kibeloco, porque aí já seria re-re-reciclagem) e descobri que se criação de listas de "10 mais" e afins for incluído pela igreja como o oitavo pecado capital, 90% dos blogueiros vão estudar mídias sociais no inferno.

O Twitter não ajuda muito. Quem lê um pouco do que se passa por lá atualmente só vai conseguir comentar algo sobre o paredão estilo BBB que acontece entre Serra e Dilma (com o Lula querendo fazer o papel de Bial e público ao mesmo tempo) e aqueles formulários de perguntas e respostas de adolescentes, dizendo qual dos irmãos Jonas eles seriam ou se paquerar o primo na Missa de domingo é "feio".

Um assunto que talvez rendesse "pano pra manga" seria a polêmica envolvendo as tais pulseirinhas do sexo. Mas não me animo, juro. Sou da época em que pra fazer sexo precisávamos conhecer, beijar, conseguir encostar a mão em algum lugar "proibido" e aí sim, naturalmente, o sexo acontecia.

Esse negócio de perseguir meninas, arrancar uma pulseira de determinada cor para que ela seja "obrigada" a fazer o que a tal cor determina (preto é sexo, vermelho é beijo, rosa seria fazer um passo de dança do Rick Martin) pode até facilitar a vida dessa geração que parece ter nascido com um lado do cérebro faltando, mas não passa de uma brincadeira de salada mista que foi longe demais.

E enquanto peno para encontrar mais algumas frases, entra uma pessoa na minha sala perguntando como pode dizer que deseja "aproveitar uma oportunidade" numa carta para um cliente. Minha falta de idéias impediu até que eu desse a resposta cretina que com certeza daria em outro dia qualquer.

Um grande mestre já disse que todo escritor possui uns cinco ou seis assuntos recorrentes que utiliza sempre que lhe dá um branco, mas como não me considero um "escritor" e sim um "projeto de escritor", creio que esse contingente fica reduzido a uns dois ou três.

E dentre estes assuntos recorrentes, "não ter assunto" é convocação mais garantida do que a de algum cabeça-de-bagre para a seleção do Dunga. Por isso o assunto hoje foi assunto nenhum, e convenhamos, até que cheguei mais longe do que pensava quando comecei.

O cliente prefere ter razão quando tem razão

Postado em 12 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 2 Comentários

Quem nunca ouviu o batido ditado "o cliente tem sempre razão"? Confesso que sou meio contra essa história. Não concebo que alguém que já entre num estabelecimento fazendo grosserias para os funcionários tenha razão só porque está do "lado certo" do balcão.

Como também sou prestador de serviços sei que existem clientes que quase não valem o lucro que dão.

Mas tem gente por aí que se esforça para desagradar seus clientes de uma forma inesquecível. Não adianta ter instalações modernas, treinar os funcionários para tratarem todos por "senhor/senhora" e ignorar o fato de que, às vezes, o cliente também tem razão. Sim, porque certos estabelecimentos parecem funcionar ao contrário do tal ditado.

É sintomático, você vai reclamar de algo, solicitar alguma correção na forma como estão te tratando e ouve aquele famigerado "claro, senhor, eu entendo, mas a política da empresa...". Quer dizer, a "política da empresa" está acima de leis, códigos e o principal: do cliente.

Dois casos que vivi ilustram bem isso.

Uma vez fui ao UCI, complexo de cinemas na Barra da Tijuca, para assistir a um lançamento qualquer. Por um acaso, esse lançamento presenteava quem comprasse o ingresso com um CD. Comprei meu ingresso, recebi o brinde e fui fazer hora dando um passeio.

Perdi (ou sabe-se lá se algum deputado tirou do meu bolso e nem senti) o meu ingresso. Mas ainda tinha o CD em mãos.

Fui para a entrada e comuniquei ao bilheteiro, que chamou o gerente. Minha argumentação era simples: se cada pessoa comprava uma entrada e recebia um CD, e eu possuía o CD, com certeza eu havia comprado o bilhete.

Muito educadamente o barnabé da iniciativa privada (neste caso, uma privada mesmo) me disse que eu poderia muito bem ter comprado o ingresso, dado a outra pessoa e agora estar ali tentando entrar no cinema sem pagar.

Respirei fundo, tentando não mandá-lo para Brasília ou pro Maranhão, e disse a ele que era simples resolver o impasse: bastava ver no computador quantos ingressos foram vendidos e quantas pessoas entraram, se sobrasse um, com certeza era o meu, o idiota na sua frente que ele acusava de trambiqueiro.

Aí veio a pá de cal: entendo, senhor, mas é a política da empresa não deixar entrar sem ingresso.

Uau! O energúmeno não entendeu que não me deixaria entrar "sem ingresso" e sim que me deixaria entrar após eu comprovar que comprei um mas perdi o ticket de papel. Fui embora dali para não atirar o sundae que tinha em mãos no meio do focinho de asno do rapaz e acabar perdendo a razão, e no dia seguinte liguei para a assessoria de comunicação do Grupo UCI. Nada. Solução zero.

Jurei nunca mais voltar ali. Sei que sou apenas um, mas o meu suado dinheirinho eles jamais veriam outra vez. Isso já tem uns nove anos e até aqui, promessa cumprida.

Uma outra vez fui ao Estação, outro cinema mais "cult" aqui do Rio. Mesma coisa, comprei e perdi os ingressos. Não tinha o tal DVD. Fui à bilheteria e nem precisei de gerente, falei a mesma coisa: poderia ver se não sobra um?

Sobrava. Porém a sessão já tinha começado, porque entre procurar o ingresso e resolver isso com eles, levou um tempinho.

Problema? Não. Solução.

A própria funcionária da bilheteria me disse "você(note que o famigerado "senhor" ficou de fora) pode escolher um outro filme ou eu te dou outro ingresso para uma sessão mais tarde". Eu não podia ficar mais tempo ali, porque tinha outro compromisso.

Problema? Novamente não. Solução.

Ela: "tudo bem, eu vou te dar um vale-ingresso que você pode usar em qualquer cinema do Grupo Estação, para qualquer sessão".

Note que não fui chamado de "senhor" nem uma vez, mas ao contrário de quem me chamou de "senhor" umas 30, eles não me trataram como moleque e sim como "senhor" mesmo.

O Estação é muito arrumadinho, mas nem de longe tem o luxo do UCI, mas pergunto: de que servem tantas paredes bonitas, pisos brilhantes, salas com som de 800 canais e filmes em 20 dimensões se o tratamento dispensado ao cliente é pior do que num botequim?

Resultado? Nesses nove anos em que nunca mais pisei no UCI, devo ter assistido uns 200 filmes no Estação, geralmente levando alguém junto. Pode não ser nada, mas pra mim é muito, e pra quem vive de exibir filmes para as pessoas deveria ser também.

Amigos, amigos...

Postado em 9 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 9 Comentários

A modernidade nos trouxe muitos problemas e muitas soluções, mas acima de tudo nos apresentou mudanças que transformaram nossas vidas e nossa forma de ver as relações com o mundo e as pessoas que nos cercam.

E como a internet passou a fazer parte da vida de todo mundo, suas relações pessoais passaram a determinar também boa parte do nosso círculo de amizades. Raro quem não tenha um "amigo" que tenha conhecido na rede e mantido a maior parte (senão a totalidade) desta amizade dentro do ambiente virtual.

Não são amizades menores por isso, não são pessoas menos queridas, ainda que não exista aquele contato físico de antigamente.

E essa situação cria uma nova forma de interpretar os atos dos outros. Um "amigo da internet" nos ofende mais se nos bloquear no MSN do que se não nos chamar para a festa de um ano do seu primeiro filho. Incrível mas é verdade.

A pessoa vê o album de fotos postado em alguma rede social dessas e comenta, participa, fica feliz mesmo sem ter ido à festa. Mas fica muito chateado se alguém menciona que o outro está online naquele momento e descobre que foi bloqueado.

Não vou entrar no mérito disso ser sadio ou não, normal ou não, nada disso. Não vai aqui nenhum juízo, apenas uma constatação.

Essas amizades modernas tem sua dimensão bem definida, clara e todos aceitam isso numa boa. Lógico que não é um dogma, pelo contrário, é bastante flexível. Quem nunca participou de um encontro do IRC, de alguma sala de chat, do Orkut e, mais recentemente, do Twitter?

Essas amizades podem (e é bom quando isso acontece) pular do virtual para o real, materializando-se. Mas também percebo que, muitas vezes, ainda que isso ocorra, mesmo no tal "mundo real" elas continuam girando e sendo definidas a partir das relações que ocorrem virtualmente (detesto esse termo, mas não consigo pensar num melhor agora).

Conversamos sobre o que se passa na rede, gostamos ou não de alguém baseado na experiência que vivenciamos na rede, o real torna-se quase uma holografia do que se passa ali. Só o que muda é que as possibilidades de agradar e ofender duplicam-se. Conselho: a partir daí, não bloqueie no msn e chame para a festa do seu filho. É a melhor política.

Mas não sou um desses saudosistas bobos que acham que boa era a época da pracinha, dos vizinhos conversando no portão. A internet apenas possibilitou que sua pracinha e seu portão se expandissem e pudessem estar em qualquer lugar, a qualquer hora.

E provou também que qualidades e defeitos são universais. Existem canalhas de carne e osso e em código binário, assim como verdadeiras e boas amizades.

O mito da remoção das favelas

Postado em 8 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 17 Comentários

O temporal que caiu sobre o Rio de Janeiro levou bem mais do que lixo pelas correntezas imundas das enchentes que causou, levou muitas vidas também. Centenas de mortos, outras centenas de feridos, milhares de desabrigados, sua grande maioria habitante das muitas encostas da cidade.

O mesmo relevo exótico que presenteou o Rio com uma beleza natural que encanta qualquer um, também cobrou seu preço com a falta de espaços urbanos e com a utilização deste relevo para um processo de favelização que terminou por roubar em muito esta mesma beleza.

Já falei disso aqui antes. Favelas são não apenas bolsões de miséria, sujeira, áreas sujeitas ao avanço do crime a reboque da ausência do estado. Favelas são horrorosas esteticamente. Substituem-se árvores e vegetação nativa por barracos, vielas, biroscas, lixo.

A tal regra que impede a construção acima da "Cota 100"(acima de 100 metros) é jogada no mesmo lixão que os restos de comida dos barracos, com os ratos passeando por cima.

E sempre que uma remoção, ainda que mínima, é tentada, logo aparecem as ONGs, os defensores da favelização, a justiça garantindo liminares, os demagogos de plantão e toda sorte de gente interessada em manter aquela chaga aberta na cidade.

Aí quando ocorre um temporal, tudo desaba e as pessoas são vitimadas, essa mesma gente corre para perguntar porque o poder público nada faz, como é que aquela situação foi permitida. Há mais de 50 anos, após outro temporal que também destruiu a cidade, alguns urbanistas elencaram diversas soluções para que o Rio de Janeiro amenizasse seus sofrimentos com as chuvas.

Entre limpeza e canalização de rios, ampliação do sistema de captação das águas e outras sugestões, estava a remoção total das favelas e o reflorestamento das encostas. No entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas existia um desses amontoados de barracos. Esta foto mostra como era a área antes da remoção.

Imagine como seria um dos cartões postais da cidade hoje se aquela favela ainda estivesse ali. Infelizmente esse tipo de ação parou. A demagogia e a busca do voto fácil não só fizeram com que sucessivos governos deixassem de combater essas invasões como passassem a estimulá-las.

Invadem uma área, constróem barracos, destróem a natureza, alguns fazem gato de luz, de net, de água e no final são premiados com a posse do terreno e com algum PAC, que vai urbanizar (leia-se maquiar) todo aquele caos incorrigível e ainda ganham internet Wi-Fi grátis de brinde.

A solução verdadeira, que é a remoção total e reassentamento em outras áreas da cidade, é satanizada por todo lado. "Vão morar aonde?", "Vai botar essa gente toda em que lugar?".

Ora, amigos. Com certeza não será em Ipanema, no Leblon e nem em Copacabana. Mora nesses lugares quem pode. Eu mesmo não moro em nenhum desses bairros assim como muita gente que não quer arcar com os custos da habitação ali também não.

Mas nem por isso levantei um barraco à beira-mar, na esperança de darem posse depois.

E assim tem que ser com quem mora nas favelas. Vão morar aonde podem, aonde há espaço. O poder público, se fosse sério, colocaria transporte público de qualidade nesses locais de reassentamento e a mobilidade estaria garantida, assim como a qualidade de vida de toda a cidade.

Não são soluções fáceis, é claro. Mas são bem menos custosas do que as vidas que se perdem de vez em quando nesses desabamentos, vidas perdidas para se defender posições coitadistas, para perpetuar essa política e essa visão "faveleira" de urbanismo.

Vidas trocadas por votos.

O problema das franquias

Postado em 7 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Sempre que uma fórmula de negócios dá certo, fatalmente surgem as franquias. Além de ser uma boa forma de capitalização, é um jeito de ampliar o alcance da marca sem precisar tantos investimentos por parte do franqueador.

Mas não é para falar sobre os prós e contras de se tornar franqueado ou franqueador que toquei nesse assunto, é para observar essa modalidade sob a nossa ótica, a do consumidor.

Outro dia eu entrei numa das muitas franquias da temakeria Koni Store . Aliás, temakerias são uma das três coisas que mais existem aqui no Rio, ao lado de favelas e lojas de frozen yogurt.

Pedi o temaki "salmon skin", que vem com a pele do peixe empanada, e tive uma surpresa desagradável já na primeira mordida. No lugar do salmão e do nori (alga que envolve o temaki) crocante com que estava acostumado, veio um peixe frio e uma alga mais mole do que biscoito de maizena guardado aberto.

Ainda tentei heroicamente encarar aquela refeição, mas terminei jogando aquilo no lixo de tão intagável que era, mais ou menos como faço com aqueles jornais que a Igreja Universal distribui na rua, e arrependido de não ter ido em algum Mc Donald's mesmo.

Vamos combinar aqui que se um cliente entra no seu restaurante, teoricamente um estabelecimento que serve comida de boa qualidade, e sai dali pensando que teria sido melhor comer num fast food, algo muito grave está acontecendo.

Ocorre que uma coisa é cuidar da qualidade em uma pequena temakeria em Ipanema ou de um conjunto restrito de filiais. Outra coisa bem diferente é manter aquele mesmo padrão de sucesso em dezenas de franquias espalhadas por todos os lugares imagináveis.

Seja qual for o ramo, mas principalmente o de alimentação, o sabor precisa acompanhar a fama da marca. Gostem ou não do Mc Donald´s, da Domino's Pizza ou qualquer outra grande cadeia mundial dessas, é um fato que comer um Whooper numa cidadezinha do Wyoming, em Tóquio ou na Barra da Tijuca será uma experiencia igual. O gosto, pro bem ou pro mal, não se altera.

Mas quando um restaurante mais estiloso como o Koni ou uma loja como a Yogoberry, que são voltados a um público um pouco mais exigente começam a se expandir, eles precisam manter a mesma atmosfera de esmero e classe que levou sua marca ao sucesso. Não adianta só o visual da loja acompanhar o padrão, o sabor e o cuidado com a qualidade da comida precisam ser iguais.

É frustrante ver essas lojas aderirem à venda dos famigerados "combos", aquela coisa popularesca de "escolha pelo número e leve mais do que você precisaria comer".

Isso é um dos sintomas de empobrecimento da experiência do cliente. Ao invés de criar sabores, de apresentá-los e oferecê-los, opta-se pela massificação, pela padronização que rouba o brilho.

Sei que o objetivo de qualquer negócio é lucro, é expansão, mas fica a idéia de que franquias são excelentes para vender produtos que já vem prontos da fábrica, para lanchonetes que já tem seu cardápio nivelado pelo mais básico que possa existir (não precisa faculdade de gastronomia para vender hamburgers ), mas nunca para produtos que exijam um cuidado um pouco maior do que jogar um punhado de batatas no óleo fervente e esperar ficar pronto pra jogar sal.

Uma notícia interpretada sob outra ótica

Postado em 6 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

A ótica do culto às celebridades:


A ótica da soma dos talentos presentes naquele palco:


Mais um temporal pára o Rio de Janeiro

Hoje meu blog vai se render à conversa de elevador e falar do tempo. Como não está fazendo aquele calor iraquiano típico do Rio de Janeiro, falemos então da outra estação climática da cidade: a chuva.

Pra começar, no Rio só faz frio mesmo durante uns três dias e 12 horas por ano. No resto do tempo a cidade se divide entre o calor infernal e a chuva torrencial. Sabendo disso, todo carioca sabe que seu guarda-roupa precisa de menos agasalhos e mais galochas.

Quem vier morar no Rio de Janeiro deve ter em mente que de três coisas ele jamais escapará: suar feito um maratonista queniano mesmo que caminhe a passos de tartaruga, molhar seus pés nas águas fétidas de alguma enchente durante um temporal e ouvir a infame piadinha de "ver a Mangueira entrando" quando chega o Carnaval.

Se eu sei disso e certamente o prefeito da cidade (por prefeito entenda-se qualquer indivíduo que já ocupou ou ainda ocupará este cargo nos últimos e nos próximos 20 anos) também sabe.

Como no Rio o calor é tão inevitável quanto guardadores de automóveis e bailes funk, melhor então que o alcaide se preocupe com as chuvas. E não acho que a presença do prefeito na imprensa dizendo platitudes como "não tentem atravessar ruas alagadas" ou "não saiam de casa se o seu carro não for anfíbio" seja uma ação efetiva contra o caos que se instala.

Desde que Getúlio Vargas ouvia discos da Xuxa todo mundo sabe que a Praça da Bandeira alaga quando chove. Desde que a Praça da Bandeira existe ela é a principal via de ligação entre a Zona Norte da cidade e o Centro. Dessa forma, sempre que chove estas duas partes da cidade ficam isoladas uma da outra.

Não é possível que um país que tem a criatividade para produzir tantos mensalões e impostos diferentes não consiga imaginar uma solução viável para a Praça da Bandeira. Garanto que a população não se importaria caso essa solução fosse superfaturada tal qual a Cidade da Música do César Maia, que sozinho mandou na cidade por uns 17 anos e nada fez contra os problemas causados pelas chuvas.

Todo mundo sabe que bueiro entupido vira alagamento. Todo mundo sabe que casa construída em encosta de morro, bah vamos parar com esse "politicamente correto" e dizer favela mesmo, todo mundo sabe que as favelas desabam na cabeça dos próprios favelados quando chove, qualquer indivíduo com mais de 10 anos de idade conhece todos os pontos críticos em dias de chuva da cidade onde mora, e como é que um prefeito sabendo disso tudo, nada faz?

Digamos que a dinheirama que vai ser gasta para promover 15 dias de Jogos Olímpicos e construir estádios e arenas que depois virarão criadouro de mosquito da dengue fosse usada para algo um pouco mais útil como, por exemplo, garantir que os cidadãos não gastem 5 horas para voltar para seus lares caso chova mais de 30 minutos na cidade. Não seria mais inteligente?

Mas quem disse que político brasileiro é inteligente? Eles são é espertos, o que é bem diferente, ainda que pareça igual. São todos medalha de ouro em pilantragem.

Pelo menos uma obra eu já vejo concluída para a tal Olimpíada 2016: basta rezar para chover bastante que o Parque Aquático estará ali, prontinho para as competições de "fuga do engarrafamento", "salve-se quem puder" e "desafio à leptospirose".

Votar adianta?

Postado em 5 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 3 Comentários

Hoje fui pedir a transferência do meu local de votação no TRE-RJ. Morei em Jacarepaguá a vida toda e mudei para o Catete há poucos anos, e sempre tive preguiça de ir lá trocar isso.

Só que a última eleição municipal me ensinou uma amarga lição: distância aliada à um gigantesco engarrafamento pode acabar com seu dia. Sendo assim, resolvi facilitar o cumprimento do meu "dever cívico" e agora votarei na minha esquina. Bem melhor, né?

Mas essa história comezinha não é a razão de prender vocês aqui lendo minhas aventuras eleitorais, é só o tal "gancho" pra falar do assunto que realmente interessa.

Enquanto aguardava na fila do TRE, uma senhora puxou assunto comigo. Ela estava ali pra pagar umas 2 ou 3 multas eleitorais por não ter comparecido ou justificado ausência em pleitos anteriores e me disse uma coisa que, de tão chocado que fiquei, não consegui nem esboçar aquela reação-fake de simpatia: "Eu nunca vou votar, meu filho. Não tenho ânimo para ir lá escolher esses ladrões, prefiro que os outros decidam por mim".

Notem que o grifo é proposital. Ela prefere que alguém que ela nem conhece decida por ela quem vai mexer na política de impostos que afeta o seu bolso, que defina salários que afetarão os seus rendimentos, que decida qual escola vai receber verba ou não, se a violência deve ser combatida prioritariamente e de que forma, se a favelização é problema ou solução, aonde vai o asfalto, se políticos ladrões serão responsabilizados em Comissões de Ética, etc, etc, etc.

Mas aposto que ela (e/ou muitos que pensam igual a ela) não tiveram a menor preguiça de opinar e/ou votar em algum dos paredões do Big Brother Brasil.

Eu sei que a qualidade e o caráter da nossa classe política desestimula o cidadão honesto, que trabalha, que tem mais o que fazer da vida e não quer nenhuma boquinha a se envolver ou se interessar muito sobre esses assuntos.

Mas também sei que a política existe obrigatoriamente em qualquer sociedade e que a classe política estará presente independente de nossa vontade ou não.

Dessa forma, cada vez que uma pessoa comum, séria, limpa, desiste de se informar sobre a política, esse espaço deixado por ela obrigatoriamente será ocupado por algum pilantra, que não terá o menor pudor de utilizá-lo para lesar a totalidade da sociedade.

Saber quem é o deputado em quem você votou, saber o que os candidatos aos mais diversos cargos propõem, guardar promessas, optar por aquele que melhor representará os valores da ética e, principalmente, da democracia, é uma forma de participar e de influir sem precisar necessariamente envolver-se com máquinas partidárias.

A opção do avestruz, que enterra a cabeça num buraco e espera que os outros resolvam tudo por ele, além de idiota é perigosa, porque não se esqueça: se a sua cabeça estiver enterrada num buraco, provavelmente suas nádegas estarão apontando para cima, sujeitas a qualquer coisa que vier.

O Terceiro Momento

Postado em 1 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius 8 Comentários

Em seu discurso de despedida do governo, a agora ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, referiu-se ao presidente da república como "senhor" nada menos do que 28 vezes.

Nada demais, já que ele é seu "chefe", mas um pouco subserviente além da conta se formos pensar que trata-se da Criatura Eleitoral ungida por Lula para sucedê-lo na Presidência da República.

Ainda mais dentro do círculo íntimo de um governante que não é dado a protocolos como é o caso do cacique-mor do PT.

Mas este fato, que poderia passar desapercebido na montanha de descalabros que marca este final de governo petista, sinaliza para algo que pode muito bem ser verdade, que é o fato de um eventual governo Dilma ser apenas um período "entre-Lulas".

Nossas instituições, por mais maculadas, inertes e ineficientes que sejam, ainda tem força suficiente para evitar manobras chavistas, evitando assim a tentação de um terceiro mandato e, porque não, de um quarto, quinto, etc.

Mas vejam bem que eu disse ainda. Não sabemos até quando o Brasil ainda possuirá instituições que possam resguardar devidamente o processo democrático.

Mas porque terceiro momento? Porque ele seria o ponto culminante (ou pelo menos o momento de inflexão máxima) de um projeto bem maior que o PT parece estar ponto em prática. O primeiro momento foi a eleição de Lula e sua reeleição. É o "Lula I".

O PT precisou em 2002 divulgar a "Carta ao Povo Brasileiro", em que tranquilizava o eleitorado contra o maior medo deste: que o PT agisse como PT.

Duda Mendonça criou o personagem Lulinha Paz e Amor, que deixava de lado a barba desgrenhada, a fala cuspida e apresentava-se ao país mais como um projeto de estadista do que como um produto sindicalista.

Venceu. E teve como mérito manter as políticas econômicas que funcionavam e, questão de tempo, iriam ajudar o Brasil a crescer. Tanto não houve ousadia, que enquanto o mundo crescia a ritmos acelerados o Brasil patinava devido a uma criticada política de juros altos.

Houve o segundo mandato, conseguido na base do terrorismo privatista e apesar dos escândalos de corrupção que colheram quase toda a cúpula petista que havia chegado ao poder. Desde o publicitário criador do PT manso e vencedor até o seu "general", José Dirceu, todos foram estraçalhados pelas suas próprias atitudes.

Mas o líder ficou. Queimou um a um os seus acólitos e exerceu um segundo mandato com o tripé formado por uma base fisiológica, propaganda massiva e programas de transferência de renda. Atravessou a crise internacional muito bem e emergiu perante o mundo como "o cara".

Ajudou o Brasil a trazer a Copa do Mundo e a Olimpíada, exibindo índices de popularidade mais parecidos com as eleições que Saddam Hussein vencia no Iraque, quando concorria consigo mesmo.

Mas Lula tem um problema e o grande problema de Lula se chama PT. Um partido que foi domado para chegar ao poder, mas que nunca esqueceu o seu "instinto animal". Para um petista, primeiro existe o partido e depois exista a nação.

E se o problema de Lula é o PT, o problema do PT é a democracia, que segundo o próprio Lula "existe até demais" na Venezuela proto-ditatorial de Hugo Chávez.

Com esses índices de popularidade gigantescos e um partido faminto por mais e mais poder, Lula abandonou as incômodas amarras da moderação e voltou a agir como o líder sindical desafiador que não conseguia passar dos 30% de votos nas eleições, curiosamente o mesmo teto em que sua Criatura Eleitoral, Dilma Rousseff, bate com os chifres desde que se lançou.

Passou então a fazer propaganda desavergonhadamente, a fazer de tudo, ético ou não, para conseguir mandar na sucessão do seu "trono".

E caso consiga, virá mais radicalização. O MST já prometeu uma guerra no campo em favor de Dilma, os sindicatos não fazem a menor questão de esconder que farão de tudo para ajudar o PT, a base fisiológica mobilizará currais a seu favor e a partir daí, a ex-terrorista que não tem biografia alguma e nem legado com o qual se preocupar poderá "botar o bloco na rua" e dar a guinada tão desejada rumo ao chavismo.

As bases já estão plantadas com projetos de controle da imprensa, "Comissões da Verdade", poder cada vez maior para ONGs e "movimentos sociais" e tudo isso sustentado pelo oásis-econômico representado pelo petróleo que supostamente jorrará do pré-sal e fornecerá dinheiro para o governo dar Bolsa-Salário para a população inteira.

Este será o segundo momento.

A substituição total do Estado pelo Partido e seus chicaneiros. Conflitos, embates e a velha fórmula de jogar cidadão contra cidadão será aplicada ainda mais e tudo isso preparará o terreno para o terceiro momento que é a volta triunfal do "líder", do "cara" ao poder, com força de um quase-rei. É o "Lula II".

Nesse momento, as instituições é que já estarão domadas, o Partido estará mais forte do que nunca e nada, nada se colocará entre as reeleições sucessivas, o aparelhamento total do governo e o expurgo de tudo o que lhe fizer oposição.

Isso tudo, claro, é apenas uma teoria. Mas conhecendo os líderes petistas, o ideário do partido e a disposição de sua "militância" organizada, não sei se é tão mirabolante assim.

E você que me lê, colocaria sua mão no fogo por eles? Eu não.
 
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