O problema das franquias

Postado em 7 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Sempre que uma fórmula de negócios dá certo, fatalmente surgem as franquias. Além de ser uma boa forma de capitalização, é um jeito de ampliar o alcance da marca sem precisar tantos investimentos por parte do franqueador.

Mas não é para falar sobre os prós e contras de se tornar franqueado ou franqueador que toquei nesse assunto, é para observar essa modalidade sob a nossa ótica, a do consumidor.

Outro dia eu entrei numa das muitas franquias da temakeria Koni Store . Aliás, temakerias são uma das três coisas que mais existem aqui no Rio, ao lado de favelas e lojas de frozen yogurt.

Pedi o temaki "salmon skin", que vem com a pele do peixe empanada, e tive uma surpresa desagradável já na primeira mordida. No lugar do salmão e do nori (alga que envolve o temaki) crocante com que estava acostumado, veio um peixe frio e uma alga mais mole do que biscoito de maizena guardado aberto.

Ainda tentei heroicamente encarar aquela refeição, mas terminei jogando aquilo no lixo de tão intagável que era, mais ou menos como faço com aqueles jornais que a Igreja Universal distribui na rua, e arrependido de não ter ido em algum Mc Donald's mesmo.

Vamos combinar aqui que se um cliente entra no seu restaurante, teoricamente um estabelecimento que serve comida de boa qualidade, e sai dali pensando que teria sido melhor comer num fast food, algo muito grave está acontecendo.

Ocorre que uma coisa é cuidar da qualidade em uma pequena temakeria em Ipanema ou de um conjunto restrito de filiais. Outra coisa bem diferente é manter aquele mesmo padrão de sucesso em dezenas de franquias espalhadas por todos os lugares imagináveis.

Seja qual for o ramo, mas principalmente o de alimentação, o sabor precisa acompanhar a fama da marca. Gostem ou não do Mc Donald´s, da Domino's Pizza ou qualquer outra grande cadeia mundial dessas, é um fato que comer um Whooper numa cidadezinha do Wyoming, em Tóquio ou na Barra da Tijuca será uma experiencia igual. O gosto, pro bem ou pro mal, não se altera.

Mas quando um restaurante mais estiloso como o Koni ou uma loja como a Yogoberry, que são voltados a um público um pouco mais exigente começam a se expandir, eles precisam manter a mesma atmosfera de esmero e classe que levou sua marca ao sucesso. Não adianta só o visual da loja acompanhar o padrão, o sabor e o cuidado com a qualidade da comida precisam ser iguais.

É frustrante ver essas lojas aderirem à venda dos famigerados "combos", aquela coisa popularesca de "escolha pelo número e leve mais do que você precisaria comer".

Isso é um dos sintomas de empobrecimento da experiência do cliente. Ao invés de criar sabores, de apresentá-los e oferecê-los, opta-se pela massificação, pela padronização que rouba o brilho.

Sei que o objetivo de qualquer negócio é lucro, é expansão, mas fica a idéia de que franquias são excelentes para vender produtos que já vem prontos da fábrica, para lanchonetes que já tem seu cardápio nivelado pelo mais básico que possa existir (não precisa faculdade de gastronomia para vender hamburgers ), mas nunca para produtos que exijam um cuidado um pouco maior do que jogar um punhado de batatas no óleo fervente e esperar ficar pronto pra jogar sal.

4 Comentários:

Mile Reis postou 7 de abril de 2010 às 13:22

É Motta...aqui em Brasília ñ é diferente. Creio que, para os franqueadores, é burrice ñ se atentar a esses detalhes e conceitos da marca. Já para nós, consumidores, fica o prejuízo da grana mas, ainda assim, agora temos mais "poder" nas mãos. Pois, além de propagar o mal atendimento ou algo parecido,a gente não volta mais e a má fama corre de boca a boca...

Hein, já lí o jornal da universal...Até q ñ é ruim ñ...

Born to Shop postou 7 de abril de 2010 às 13:36

Concordo plenamente! Atualmente trabalho na parte de franquias de uma empresa, estamos começando a expandir agora, mas a nossa maior preocupação é com a qualidade, pois o objetivo é ampliar a visualização da marca e trazer benifícios, e se isso não for feito com cuidado e mantendo a qualidade da matriz o que acontece é exatamento o contrário! E um cliente decepcionado atinge bem mais pessoas do que o contente, não é?!
Não conhecia o blog! gostei bastante!
um abraço
Gabi

Sophia Jones postou 7 de abril de 2010 às 13:52

E voce não devolveu o temaki? eu devolveria e pediria meu dinehiro de volta.
Já fiz isso num MacDonald's (loja do shopping La Plage, Guarujá), onde apesar da massificação dos sabores dos fast-foods, conseguiram piorar a qualidade do sanduíche ( um Cheddar MacMelt, cujo cheddar parecia uma fatia de plástico, sem derreter e com a cebola picada que mais aprecia coisa de semana passada).

E naquela loja, eu não volto nunca mais.

Tem que reclamar e não se aventurar a comer porcaria pagando preço de ouro.

Marise postou 7 de abril de 2010 às 16:52

Concordo com a Sophia!
Eu devolveria o famigerado Koni acompanhado de um pequeno escândalo+ o pedido do meu dinheiro de volta!
Para completar, pesquisaria a competência de quem pudesse receber um e-mail , relatando o ocorrido e fazendo a devida crítica.
Afinal, meu dinheiro não é capim e meu estômago tampouco uma lata de lixo.
Bjs

 
Template Contra a Correnteza ® - Design por Vitor Leite Camilo