O lado bom de não ser cool

Postado em 6 de out. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Há um tempo li que galinhas não voam tão alto quanto urubus, mas pelo menos não comem carniça e nem são sugadas por turbinas de aviões.

Dito de outra forma, você jamais vai se espantar se um amigo seu aparecer usando ombreiras e mullet se ele sempre tiver sido chegado num visual trash anos 80. Mas com certeza você vai se espantar se um dia aquela gostosa do seu trabalho sair de férias e voltar de cabeça raspada, com uma suástica tatuada na têmpora e pedindo pra ser chamada de "João" a partir de agora.

Disse tudo isso porque outro dia a aparição na TV do vocalista e líder do Guns'N'Roses, Axl Rose, durante o show da banda no Rock in Rio, causou tanta comoção que eu pensei que ele estava torturando filhotes de coelho no palco.

Mas não foi nada disso, todo mundo no Twitter, no Facebook, nos bares, esquinas e até nas aldeias da Amazônia estavam indignados porque o sujeito ficou velho e gordo. Isso mesmo: velho e gordo. Nada de coelhos torturados, nada de sacrifício de virgens vestidas de Branca de Neve, nada de velhos travestis plantando bananeira usando saias, mas apenas o fato do Axl Rose ter envelhecido.

Quase ninguém pensou no fato de que a menos que ele fosse um mutante, um vampiro ou um Highlander, é meio que normal ele ficar velho.


Mas aí volta a história da galinha e do urubu. Alguém por acaso reclama que o Lemmy do Motörhead ficou feio, gordo ou esquisito com o passar dos anos? Não. Simplesmente porque ele nunca foi um sex symbol mesmo.

Daí a minha teoria de que não ser cool tem um lado bom. Pense no pessoal do seu colégio. Todo mundo ficou mais ou menos igual eram nossos pais (menos os que tinham pais bonitos): uns carecas, outros barrigudos, outras viraram pudins de celulite, mas a gente só se choca mesmo com quem era bonito. Os feios só mudam de feiúra e alguns até ficam melhores do que eram.

A mesma coisa com quem já foi considerado gênio. Ninguém se irrita se um imbecil resolver falar alguma imbecilidade, mas se a pessoa for conhecida pela sua inteligência, não convém de uma hora pra outra aparecer demonstrando uma "intelijença".

Por isso existe um lado bom em ser aquele em que ninguém presta muito atenção, a não ser por uma estranha habilidade de fazer esculturas usando pão de forma e pasta de amendoim.

Você pode usar pochete, pedir pra parar o churrasco e tirar uma foto da picanha pra colocar no Orkut, fazer a brincadeirinha do "pavê ou pacomê" todo santo dia (mesmo que a sobremesa seja sorvete de papaya com M&Ms), aparecer no trabalho calçando uma sandália Croc amarela e até ir na praia usando sunguinha de crochê.

E ninguém vai se espantar, você nunca foi cool mesmo.

7 Comentários:

Dimas Dion postou 6 de outubro de 2011 às 12:16

Acho isso tambem. O cara cheirou a Bolivia inteira, bebeu todo Rio Sao Francisco e fumou toda Amazonia, era de se esperae.q depois.da.desintoxicaçao ficasse gordo, feio e sem voz como o Lemmy

Ariel Cardozo postou 6 de outubro de 2011 às 13:25

Bom texto, mas acho que a mobilização maior foi pela falta de voz mesmo, que em comparação ao Lemmy se torna algo injusto, visto que o segundo canta muito aproximadamente do que sempre cantou. O gordo e velho é um detalhe, te daria alguns exemplos de velhos escrotos como Dio, Ozzy e etc., que chegaram no fim da carreira com voz e por isso ainda são/foram idolatrados.

Kátia Dutra postou 6 de outubro de 2011 às 13:33

Concordo com vc. Mas não é que seja uma surpresa, mas sim uma decepção. Acho que as críticas são por causa da postura dele com os fãs, saca? Tpo, o cara tá vivendo de músicas q ele criou há mais de 20 anos com uma galera q ele nem fala mais... canta mal... continua cheirando a Bolívia e ainda atrasa os shows.

Definitivamente, ele se tornou uma espécie de Diva bizarra como o Michael Jackson.

Marcelo R. Rezende postou 6 de outubro de 2011 às 14:59

Fiquei feliz em ser feio. De verdade. Já sou bem livre quanto ao que pareço aos outros. Não me prendo a nada. Mentira, me prendo a muito. Mas nada que valha a pena discutir. O certo é que não chamo a atenção e qualquer bobeira que eu faça - e como faço - não é notado.

Gosto.

Luiz Fernando postou 6 de outubro de 2011 às 17:28

hahaha acho que no nosso imaginário uma pessoa bonita, porque bonita, ficará asim pra sempre.

Não dá pra negar a decepção quando vemos anos depois a gatinha do colégio, que era tão gostosa quanto a Megan Fox, ficar tão gorda quanto a Silvia Popovic.

Já o feio....bem.. pior não fica, então qualquer coisa que ele se torne é lucro.

Gustavo Ca postou 7 de outubro de 2011 às 03:58

O lado bom de não ser cool e de não sustentar nenhum outro rótulo.

Isabel postou 7 de outubro de 2011 às 07:54

Esses julgamentos que fazemos são inevitáveis (e também fazem da gente). Eu tenho encontrado muito amigos de infância: alguns estão caidaços, outros permanecem com a mesma cara e o mesmo jeito. Espero que eu não tenha envelhecido muito aos olhos deles, rsss.

Beijos

 
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