Cuidado ao sair por aí carregando qualquer livro

Postado em 10 de nov. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Outro dia estava no metrô e uma garota entrou no vagão carregando um livro chamado "Ninguém é de ninguém". Na hora pensei, com um sorriso malicioso "essa é chegada numa suruba".

Mas nada, é um livro sobre os problemas que o ciúme pode causar numa relação, etc. Quer dizer, ela não era mesmo chegada numa suruba, pelo contrário, provavelmente era uma possessiva-barraqueira-anônima fazendo algum programa de 12 passos.

E é realmente curioso como carregar um livro por aí pode dizer muito sobre você, voluntária ou involuntariamente. Sei de gente que nunca leu uma linha sequer na vida (nem da revista Caras, onde só olha as figuras), mas gosta de sair de casa com algum livro debaixo do braço só para parecer mais inteligente.

Imagem é tudo, por isso um sujeito vestido de branco carregando um tratado de neurocirurgia vai ser automaticamente identificado como médico, ainda que seja só um vendedor de cuscuz que usa o calhamaço como apoio pro seu tabuleiro.

Dizem (não sei se é verdade, nunca testei) que levar qualquer obra do Chico Buarque te ajuda a conquistar menininhas, pois passa a imagem de um cara sensível, mente aberta, erudito sem deixar de ser popular, progressista, enfim, aquele tipo de poser pseudo-esquerdista que algumas delas adoram.


Mas ser visto devorando um livro de auto-ajuda, vai te dar fama de carente, problemático, dessas pessoas que chegam num restaurante e dizem pro garçom:

- Me traz uma Coca? Quer dizer, se puder, senão pode ser Pepsi mesmo, ou será que eu prefiro um suco? Desculpa, por favor, se não for incomodar pode ser só uma água mineral sem...com...sem gás, não, pera aí, traz uma Coca mesmo, o que você acha?

Adulto lendo a saga Crepúsculo com certeza é idiotizado. Livro do Paulo Coelho, denuncia grande possibilidade de tratar-se de um mala.

Qualquer um com a biografia do Justin Bieber me causaria vergonha alheia, ainda mais porque o moleque escreveu (escreveram) aquilo quando tinha 16 anos, o que só justificaria o livro caso ele se matasse no dia no lançamento.

A biografia do Steve Jobs causa duas reações: "macfag" em uns e "esse é o cara" em outros.

Poesia? Gente romântica. Romance? Gente intensa. Ficção científica? Só é menos nerd do que mangás, HQs ou um "Manual de Redes Linux". Livros de dieta? Seriam mais úteis se você emagrecesse lendo. Nelson Rodrigues? Hum...

Só não ficaria encarando demais se um dia esbarrasse por aí com alguém lendo "The Serial Killer Files", porque sabe como é, com gente que usa faixa ou tarja preta, é melhor não se meter.

9 Comentários:

Anônimo postou 10 de novembro de 2011 às 09:22

Vc é, o q vc lê.
E quando não é ainda, esta tentando ser....

(Ritchêza)

Jade Amorim postou 10 de novembro de 2011 às 09:24

Meu Deus! Amei esse post!

Realmente o livro pode submeter a pessoa à vários julgamentos, ou o contrário, se parar para pensar. Claro que, caso você conheça a pessoa ao invéz da obra.

Já aconteceu comigo de julgar um livro pela pessoa que o carregava. É estranho, e meio injusto também.

Imagine, me julgarem pelos livros que carrego? Geralmente romances góticos como Zafón ou algo voltado para o lado sobrenatural/suspense da vida?

Hm... Talvez me considerem alguma psicopata, away.

Enfim, não importa.

Esse livro "The Serial Killer Files" realmente existe? Seria interessante obtê-lo, tocar um pouco de terror por aí... oaksoaksoaksa

De qualquer forma, vou tomar mais cuidado com as exposições de meus livros,melhor esconder os do Paulo Coelho (que nem é tão mau autor quanto dizem) lá no cantinho do armário. rs

Beijos.

Anônimo postou 10 de novembro de 2011 às 10:27

É meio difícil não deixar a imaginação voar quando se vê uma garota carregando o Kamasutra embaixo do braço.

O duro é descobrir depois que ela só usava o livro pra apoiar a mesinha do escritório que estava meio bamba.

sortilegiu postou 10 de novembro de 2011 às 10:51

Essa de ler livro do Chico Buarque nem funciona, na época mais solitária e em q eu precisava mesmo ler auto ajuda, eu andava p/ lá e p/ cá c/ livros dele, do Nietzsche e do Kafka nas axilas...

Faltou mencionar o Niezsche e o Kafka, se eu ver um c/ um livro desses pensarei duas coisas: Poser ou doido msm.

PS: Eu era poser, eu acho.

Leonardo Zegur postou 10 de novembro de 2011 às 15:46

Concordo com o Anônimo: Você é o que você lê. E concordo com a postagem ao dizer que adulto lendo a saga Crepúsculo é idiotizado, enquanto livros do Paulo Coelho, a pessoa deve ser um mala. Na faculdade eu era muito criticado por um amigo, porque lia filosofia, mesmo fazendo faculdade de desenho.

www.umlugarescuro.site.com.br

mvsmotta postou 11 de novembro de 2011 às 03:29

Jade,

Existe sim, até vende no Submarino.

Medo de você...

Beijos?

ESCORPIÃO PRATA postou 14 de novembro de 2011 às 14:19

Sempre com suas ótimas tiradas, hein! Gosto disso.
Adoro ler - mas ler mesmo - e sempre tô devorando um bom livro. Bom mesmo, do tipo que te entusiasma já a partir da página 3. E nunca com um gênero definido. Bateu curiosidade da história, estou lá ganhando - e nunca perdendo - preciosos minutos. Quem não tem costume, leia, atrava-se! Não vai doer nada...

DEMIAN postou 14 de novembro de 2011 às 23:09

Acabei de achar mais uma utilidade para os leitores de e-books hahaha! Agora falta achar coragem pra sair com um desses na rua (será que roubam?)

Abçs!

Tatá postou 15 de novembro de 2011 às 12:13

Nossa, eu olho muito a leitura alheia.Olho o tipo de leitura e já me levo em esteriótipos.

E os livros sempre geram assunto também, quem nunca perguntou "o que vc está lendo?" para render conversa?

Como sempre carrego um livro, procuro deixar os do tipo vergonha alheia para ler em casa.Mas nada muito Crepúsculo, com certeza!

 
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