E aí? Comeu alguém?

Postado em 22 de mar. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Duas das maiores fixações da humanidade certamente são o sexo e a comida. E ainda que você queira se manter à margem disso dizendo que é celibatário, macrobiótico, sei lá o que, certamente em algum período da sua vida você já se pegou desejando ardentemente um pedaço de torta, um sorvete ou alguma pessoa, não necessariamente nessa ordem e não necessariamente apenas um de cada vez.

Antes de mais nada vamos esclarecer que falo de sexo entre dois seres humanos tendo a comida como elemento, nada de aventuras solitárias com cenouras, pepinos ou buracos em melancia. Sexo hortifrutigranjeiro é meio over.

Mas o fato é que esses dois assuntos - sexo e comida - são tão ligados que, pelo menos na língua portuguesa, quando fazemos sexo nos referimos à "comer alguém" ou "ser comida por alguém" (não coloco " ou ser comido", no masculino, justamente pra irritar a turma politicamente correta).

A literatura, o teatro e o cinema estão repletos de histórias romantico-porno-gastronômicas, desde aqueles banquetes de Calígula, passando por 9 1/2 Semanas de Amor até os biquinis de chantilly de filmes adolescentes americanos.

Não vou negar que morangos, cerejas e outras comidas sejam bem sugestivas. Dizem até que ostras facilitam todo o processo, só que o que funciona na ficção pode dar tão errado na vida real, que todas essas obras de arte (ou não) deveriam vir com aquele aviso "não tente fazer isso em casa".

Pra começar, um biquini de chantilly não fica muito legal em alguém tão fora de forma que deveria estar usando é uma burca de chantilly, nem parece muito másculo você chegar na frente da sua namorada usando uma cueca estampada com cupcakes.

Depois, você precisa se garantir muito para que seu namorado ou sua namorada não se interessem mais pela Nutella com a qual você se lambuzou do que pelos seus dotes propriamente ditos, criando situações como "pera aí, você já comeu dois potes de doce de leite e eu ainda estou aqui esperando para ser comida!".


Remover surpresas de cavidades corporais também pode ser uma faca de dois gumes, já que talvez a outra pessoa não curta comer um Bis, Batom ou Toblerone depois de sacados repentinamente de algum lugar estranho e você pode nunca descobrir se a moça ficou com nojo de você ou do catupiry que, sabe-se lá porque, você resolveu espalhar nos países baixos.

Certa vez assisti um episódio de E.R. onde uma cena de beijos e amassos rolava em torno do casal comendo um ovo cozido. Na hora eu pensei: porra, ovo cozido? Menos sexy do que isso só aparecer todo coberto de espaguete. Certas coisas evitáveis também seriam essas taras inexplicáveis, como passar pasta de amendoim no sovaco ou transar numa banheira de mocotó.

A única coisa que não tem por onde fugir é o que chamo de "ritual gastronômico pré-coito", que nada mais é do que o tal jantar a dois. No fundo você está ali avaliando a forma como a pessoa come (já pensou alguém se empanturrando de farofa e limpando a boca com as costas da mão?), contando histórias que te façam parecer mais interessante, bebendo um vinhozinho pra esquentar o clima (e quem sabe embebedar o outro antes que ele tenha tempo de ver a merda que vai se meter), mas tirando isso, é preciso certo cuidado.

No motel, por exemplo, tem quem goste de pedir comida, mas eu acho meio esquisito. Um café da manhã tudo bem, mas entrar no quarto, ligar para a cozinha e pedir um misto-quente? Sei lá, a única desculpa pra isso é se você broxar e no dia seguinte te perguntarem:

- E aí? Comeu?

E você responder:

- Comi.

Lógicamente omitindo o fato de que a vítima foi um sanduíche.

2 Comentários:

wifail postou 23 de março de 2012 às 12:01

haha muito bom. De fato esse negócio de "comi tal mulher" virou algo tão natural que logo um zumbi dizer isso todos vão achar que o moto-vivo esta afim da moça. Muito bom esse tema mesmo, Parabéns!

Willians postou 25 de março de 2012 às 03:04

Nunca misturei comida ao sexo e essa não é das minhas maiores fantasias.

 
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