Na natureza selvagem, mas a 5 minutos do shopping

Postado em 29 de mar. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Ar livre, contato com a natureza, respirar fundo, sol, transpiração, adrenalina, bem estar, boa forma, calor, cansaço, sede, fome, mosquitos.

Sei que parece meio esquizofrênica a sequência de palavras acima, mas é exatamente nisso que eu penso quando me falam em trilhas, trekking, mountain bike, acampamentos, escaladas e qualquer outra coisa que me faça afastar mais do que 15 minutos andando de algum veículo que possa me retirar do local em segurança.

Afinal, me desculpe quem gosta disso tudo, mas se eu fosse feito pra andar em terreno acidentado, cheio de lama ou no meio de uma floresta, não teria nascido gente, mas um jipe com tração nas 4 rodas.

Lógico que viajar para se integrar às belezas do planeta é legal, nadar numa praia paradisíaca é muito bom, tomar banho de cachoeira, sentir aquele cheiro de verde, o problema é que depois que você vê 10 praias em 2 dias, já não consegue mais diferenciar uma da outra e no meio daquela caminhada de 6 horas com muito sol e insetos, você entende realmente porque as gerações anteriores gastaram tempo e dinheiro inventando o ar-condicionado.


Falo isso porque uma ilha no Pacífico, com areia branquinha, águas azuis e sombra de coqueiros só é um paraíso se houver uma embarcação te esperando ali perto. Experimenta ser um náufrago pra ver se aquilo não vira o inferno. Por isso praia deserta é sensacional na medida que tenha um local com bebida gelada e um chuveiro com água doce por perto.

Sem contar que fotografar borboletas, gafanhotos, formigas e fungos é até legal, artístico, científico, engajado, sei lá, mas depois da milésima foto convém você tentar um emprego na National Geographic, porque não devem existir tantas araras-de-peito-lilás diferentes assim no mundo.

Mas de tudo isso, o que menos entendo é quem gosta de acampar. Não falo desses campings na Barra da Tijuca, a 10 metros do calçadão, 5 minutos do shopping e com ligação de luz para as barracas além de banheiro comunitário.

Falo de pegar uma mochila do tamanho de um Fusca e se embrenhar no mato com dois pacotes de miojo, uma garrafa de 500 ml de água, uma lata de leite condensado e uma barraca com as dimensões de uma casinha de cachorro para passar uma semana ali. Se acampar fosse mesmo essa maravilha toda, as pessoas morariam numa barraca logo, sem precisar pagar 30 anos de prestação por uma casa.

E quando eu estiver muito afim de ver uma aventura selvagem, assisto um desses programas de sobreviência ou de viagens radicais, que mostram gente nadando em corredeiras e dormindo em folhas de bananeira, mas omitem o fato de que atrás das câmeras tem uma equipe de apoio e provavelmente um ítem que eu colocaria como número 1 da lista de coisas que levaria para uma ilha deserta: um helicóptero.

6 Comentários:

wifail postou 29 de março de 2012 às 13:12

hahaha' muito bom. principalmente sobre esses programas de sobrevivencia. parabéns pelo post.

Andresa postou 29 de março de 2012 às 14:24

Adoro e respeito a natureza, ela lá e eu aqui. Não entendo, por exemplo, o que tanto as pessoas fazem em Fernando de Noronha. Não tem suprimentos suficientes para todo mundo, lixo acumulado, até água potavel é complicado. Deixem a natureza em paz.

mvsmotta postou 29 de março de 2012 às 14:27

Andresa,

Eu já fui em Fernando de Noronha e realmente é um paraíso na terra, mas fiz passeios de Land Rover e barco com almoço incluído e concordo contigo num ponto: aquilo lá só não vira um lixão porque é cobrada uma taxa progressiva de permanência que começa em R$ 43,20 e chega até R$ 3,564,00 para ficar 30 dias.

E só fazem isso porque o cara chega, conhece e vai embora, senão ia começar a ter churrasco, pagode, micareta.

E ainda assim vi lata de cerveja no fundo do mar lá.

Abraços!

Willians postou 29 de março de 2012 às 22:00

Adoro a natureza, mas talvez eu prefira ficar só pelo pátio da minha casa e o caminho até à escola, à acampar sem suprimentos suficientes.

Roberta Ricchezza postou 30 de março de 2012 às 10:41

Meu sonho é morar no meio do mato, mas eu quero que seja no meio de um mato dentro da cidade, ou seja, a cindo minutos do shopping!

Gustavo Ca postou 1 de abril de 2012 às 08:31

De vez em quando eu me pego fantasiando morar numa cabana num vale no meio de montanhas, num vilarejo, ou numa dessas cidadezinhas que em foto panorâmica é só morros e árvores em volta.. mas aí penso: quero ter internet. Precisa ter banco. Farmácia, hospital. Poder fazer compras. Chuveiro com água quente. Eletricidade, esgoto. A lista não tem fim.. ou seja, conforme-se, Gustavo, conforme-se.

 
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