O que foi, amigo, engoliu um amplificador?

Postado em 5 de abr. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Vamos ver: nós temos britadeiras de obras, engarrafamentos com buzinas de motoboy, e aquele barulho legal que faz o freio dos ônibus. Tudo isso e mais o seu chefe histérico, sua cunhada histérica e o seu priminho de 6 anos - que parece ter saído de um filme sobre a infância de um serial killer - também histérico.

Existe o telefone tocando, o celular que canta Sweet Child O' Mine e a creche da esquina com 50 vozes esganiçadas que jamais se calam. Tem a campainha da porta, a sirene da polícia, o barulho dos bombeiros e a gritaria da ambulância.

O latido do cachorro, o miado do gato, os grunhidos dos políticos e, claro, o caminhão de som do sindicato. Por falar em caminhão, tem o trio elétrico, tem os cantores de trio elétrico, as bandas de trio elétrico e os fãs de trio elétrico, todos fazendo barulho à vontade. E por falar em trio elétrico, tem outro caminhão, o do lixo, também adora fazer um barulho, de preferência na magrugada.


Tem o grupo de pagode, equipes de som que tocam funk, a bateria da escola de samba e a batucada do Olodum. E já que falei de músicos (ou algo bem parecido), tem também o tenor da ópera, os graves do Ed Motta e os agudos das duplas sertanejas. Jamais esquecendo os berros dessas cantoras americanas tipo a Beyonce.

Os coros das torcidas de futebol, o seu vizinho gritando na janela quando o time dele faz um gol, os técnicos na beira do gramado e o Galvão Bueno com seus "Rrrrrrrrubinho", "Rrrrrrrronaldo" ou "Anderrrrrrson Silva".

O casal de vizinhos que grita diálogos de filme pornô toda noite depois do Programa do Jô e as paredes finas do seu prédio, que te fazem sentir medo deles a atravessarem com a cama um dia e você se ver no meio de uma mulher vestida de Princesa Leya e de um cara fantasiado de Adolf Hitler.

Os gritos dos vendedores de biscoito nos sinais, de mate e sorvete na praia e, claro, o "Seu Juca", que todo dia passa embaixo da sua janela anunciando " "Ó o vassoureeeeiroooo".

Junte isso tudo e adicione festas rave, festas infantis e festivais de rock. Igrejas evangélicas e pastores de praça, batuqueiros de mesa de bar e jogos de truco. Sem contar aquele seu professor com voz de gralha, as músicas e gritinhos da aula de aeróbica da academia e os botequins lotados.

Sei que poderia continuar essa lista até cansar, mas acho que já deu pra você perceber como você não está sozinho nesse verdadeiro esporte nacional que é se comunicar gritando.

Por isso eu te pergunto: com um mercado tão amplo para você explorar todo o potencial das suas cordas vocais, precisa vir falar alto logo perto de mim? Vira essa boca amplificada pra lá.

2 Comentários:

Anônimo postou 5 de abril de 2012 às 17:42

O problema é que a maioria das pessoas vivem como se estivessem sozinhas no mundo!

Willians postou 7 de abril de 2012 às 04:06

É falta de respeito.
E você não falou de quem fala gritando com alguém do outro lado do quarteirão. Ridículo!

 
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