Bolas de sorvete que valem muito mais do que dinheiro

Postado em 5 de jun. de 2012 / Por Marcus Vinicius

As duas histórias que vou contar agora são reais. Na verdade, nem sei o que preferia, se ter inventado ou ter realmente vivido tudo isso (como vivi), mas tenho a leve impressão de que viver é mais maneiro, porque mostra que nem sempre nossa imaginação supera tão fácil assim a realidade.

As duas histórias envolvem sorvetes, vagabundos e dinheiro. Como pode perceber, poderia ser um filme sobre a máfia traficando drogas em latas de Haagen Dasz. Só não poderia ser um filme erótico sobre a máfia traficando drogas em latas de Haagen Dasz porque, bem, faltam as prostitutas russas chamadas Tatjana, Nataja e Nadejda, apesar de ter sorvete no meio.

Mas acabei divagando, vou voltar ao assunto. As duas histórias mostram como um simples sorvete pode ser muito ou muito pouco, dependendo das suas expectativas.

A primeira aconteceu numa bela tarde de sol - quem eu quero enganar, era uma dessas tardes de calor infernal mesmo - e eu estava indo pra uma sorveteria quando encontrei meu amigo Olavo no meio do caminho (claro que não conheço nenhum Olavo, mas prefiro omitir o nome e ainda por cima sempre quis saber como deve ser conhecer um Olavo).

Rolou aquele velho papo de elevador no estilo "e aí?", "beleza?", "como está todo mundo lá em casa?" até que ele disparou:

- Então, me empresta 20 reais?

Assim mesmo, na lata, como se a gente tivesse se visto pela última vez ontem (e não há uns 2 anos atrás).

- Pô, cara, nem tenho, senão até emprestava.

- E 10? 10 você empresta?

- Olavo (não era Olavo, mas finge que era), eu não tenho nem 5, estou com 2 reais aqui pra comprar um sorvete e só.

- Pô, então me paga só um sorvete que já tá bom, tô com o maior calorão.

- Cara, eu tenho DOIS reais, pro MEU sorvete.

- Foda. Mas se eu for contigo até lá, me deixa dar uma lambida?

Precisei fingir que recebi uma ligação no celular e sair dali correndo com as mãos pro alto, gesticulando e gritando "eles fugiram, eles fugiram!". Tudo isso pra me livrar do sujeito.


Sei que preciso jurar por tudo que existe pra você acreditar que isso é verídico, principalmente porque precisei jurar pra mim mesmo que isso aconteceu, mas vai por mim, acredite.

A segunda história aconteceu quando parei o carro na porta de um Mc Donald's em Copacabana para comprar um sundae. Pra quem não conhece, Copacabana é um bairro que, à noite, é praticamente proibido para quem não for gringo, prostituta ou pedinte.

Como não sou gringo e já deixei claro lá no início que as prostitutas estão fora dessa história, sobrou para mim o pedinte. Estacionei bem na porta e fui comprar o sundae (caramelo com amendoim, como sempre).

Quando voltei, decidi que era melhor tomar o sorvete com o carro parado ao invés de sair por aí dirigindo e tomando sorvete, já que, ainda que não exista uma lei específica sobre isso, calculei que seria pior do que dirigir falando no celular e tal...mas acabei divagando outra vez.

Pois bem, estou lá tomando meu sorvete quando sinto uma presença na janela do carro. Sabe aqueles caras de preto que ficam atrás do presidente americano que nem estátua, só que com a diferença que eu não sou um presidente americano e o flanelinha não era um agente secreto?

Pois é. Tentei disfarçar mas juro que aquilo estava me incomodando, então perguntei:

- Quer saber as horas, se vai chover amanhã ou o resultado da Copa do Mundo de 82?

- Tô tomando conta do seu carro, chefia.

- Tomando conta comigo dentro?

- É que eu sou guardador aqui e você parou na minha rua, então tem que me dar 5 reais.

Respondi fazendo a melhor cara de palerma possível, com a boca cheia de sorvete:

- Olha, dinheiro eu não tenho, mas se você quiser eu te arrumo uma colherada do sorvete.

O sujeito foi embora xingando até o fabricante do meu carro.

Moral da história: se o Olavo (não era Olavo, mas vamos fazer de conta) não der pra mais nada na vida, pode virar flanelinha em Copacabana.

Pelo menos o sorvete ele arruma.

4 Comentários:

Lex Oliver postou 5 de junho de 2012 às 00:44

Cara...e eu sempre acreditei que as ruas eram de domínio público!!! Vou ficar esperto quanto à isso...pelo menos quando estiver em Copacabana!!!RsRs

Anônimo postou 9 de junho de 2012 às 00:20

Ri muito alto!!!

Mas olha, vc teve que ser corajoso para enfrentar o guardador do carro daquele jeito! hahahahaha...

mvsmotta postou 9 de junho de 2012 às 00:27

Na verdade eu não enfrentei, só fiz cara de idiota e falei uma cretinice tão grande que ele deve ter pensado que eu era maluco.

:P

Anônimo postou 24 de junho de 2013 às 14:19

kkkkkkkk mt loookkoo....

 
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