Stalkers de crachá, sim, eles podem existir

Postado em 18 de dez. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Sempre acreditei que alguém que precise usar uma pulseirinha VIP, não é VIP coisa nenhuma. Vê se o Bill Gates ou a Hillary Clinton precisam disso para serem tratados como VIP.

A mesma coisa se dá com crachás e identidades funcionais. Não imagino a Dilma ou o Obama precisando mostrar o crachá no ponto eletrônico todos os dias pela manhã para que os deixem entrar em seus gabinetes.

Mas como você não é um presidente (e provavelmente nem é o chefe), eles te dão um crachá para te identificar, tudo isso a despeito daquelas palestras onde dizem que você é muito importante para a "equipe".

Certas empresas chegam ao ponto de dividir os crachás por cores. Funcionários de carreira têm uma cor, temporários outra, gente da diretoria usa o dourado, a raia miúda usa um prateado, provavelmente turmas de cartões de cores diferentes não se misturam e rola até um sentimento de traição (quase como mudar de time e virar casaca) quando ocorre uma promoção e o sujeito troca de cor.

Já  li numa reportagem que algumas pessoas até saem na rua mostrando seus crachás com orgulho. Umas somente para mostrar que estão empregadas, que estão "encaixadas" no que se espera delas em sociedade. Outras porque trabalham em alguma empresa admirada, tipo a Apple ou a Petrobras.

E assim chego onde queria: esse hábito de sair por aí com o crachá no pescoço.

Será que eu sou muito desconfiado, tenho uma mente engenhosa, sou um stalker em potencial, ou mais alguém já pensou nas implicações de sair por aí com alguns dados da sua vida em exposição pública?

Imagine só: o sujeito está no metrô e vê uma bela loira de mini-saia e coxas roliças. Paquera, faz gestos lascivos, procura chamar a atenção, mas nada. Daí percebe que ela está usando um crachá da "Lobistas Ordinários Consultoria" e que seu nome é Bianca Silva.


Depois de uma rápida pesquisa no Facebook ele descobre que a Bianca Silva além de trabalhar na Lobistas Ordinários Consultoria também mora em Niterói, tem 29 anos, adora cachorros, torce para o Vasco e curte viajar para cidades de praia.

De posse desses dados o maluco do metrô pode até fingir que estudou no Jardim de Infância com ela, que provavelmente acreditará na sua história. Imagino o sujeito se dá bem, rola alguma coisa entre os dois e um tempo depois ele resolve se abrir:

- Lembra quando a gente se conheceu?

- Claro, no Jardim de Infância, não foi? Incrível a gente ter tanta coisa em comum e eu não lembrar de você direito. Adoramos praia, cachorros e o Vasco.

- Então, na verdade eu te vi no metrô, peguei seu nome, te adicionei no Facebook e usei seus dados para fingir que somos almas gêmeas.

- Como é que é?

- Pois é. Eu sou flamenguista, detesto areia e prefiro iguanas.

- Olha, eu poderia te perdoar por agir que nem um serial killer, por não torcer pelo mesmo time que eu e até por não gostar de praia, mas preferir aquelas lagartixas a cachorros é demais.

- Tudo bem, está tudo acabado entre nós, boa sorte, viu? Tudo de bom e tal...

- Assim tão fácil?

- Não leva a mal, mas é que tô de olho na Tatiana Souza, que trabalha como auxiliar de marketing na "Galinho de Quintino Assessoria Esportiva".

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