Se for sua vontade, torça pela Argentina na copa, ninguém tem nada a ver com isso

Postado em 8 de jan. de 2014 / Por Marcus Vinicius

Outro dia vivi uma situação curiosa. Chegou o sorteio da Copa, o assunto dos jogos fatalmente veio à tona e alguém veio me perguntar:

- E aí? Será que o Brasil leva essa?

Ao que respondi:

- Não sei, espero que não, vou torcer pela Argentina.

- Que isso! Que absurdo! Um brasileiro que faz isso é um lixo.

O problema é que, ainda que não seja um internacionalista, acho esse negócio de torcer automaticamente pelo Brasil em tudo uma tremenda idiotice.

Eu detesto a CBF, não vou com a cara da maioria dos jogadores, por que raios então eu deveria torcer pela seleção brasileira?

Dá para ilustrar isso com outra história também curiosa.

Tenho um colega que é um negão alto, super gente boa, sem nenhum tipo de neurose quanto à cor da pele dele. Sob todos os aspectos que você possa imaginar ele é um cara legal.

Quem me conhece ou me lê constantemente sabe que sou contra cotas raciais, posicionamento que eu externo onde for e assim o fiz em sala.


Logo que terminou a aula um outro cara, também preto, foi falar com ele algo do tipo "não se aproxime desse cara, ele é racista, nós precisamos nos unir" ao que o meu colega respondeu "pô, cara, obrigado pelo aviso".



E veio me contar a história dizendo mais ou menos o seguinte "vê se eu vou ficar amigo de alguém só porque o cara é preto que nem eu, eu hein", ou seja, ele achou aquilo ridículo.

Eu vejo a pessoa. Não penso coisas como "é um branco filho da puta" ou "é um preto gente boa", mas sim "é um filho da puta" ou "é um cara gente boa".

Não sei como alguém pode dizer que não é racista e ficar nessa "100% negro", "nós brancos", "meu povo", "minha raça". Uma coisa é dizer "estão assassinando brancos na África" ou "estão discriminando negros no sul dos Estados Unidos", mas se enxergar como se fosse apenas uma cor de pele ao invés de uma pessoa não dá.

Sou muito criticado por ter essa idéia de focar na pessoa e não nesses aspectos dados, porque não tenho solidariedade imediata nem por quem é brasileiro, por exemplo.

Sabe esse papo? "Temos que valorizar o que é brasileiro"? Comigo não. Eu valorizo o que é para ser valorizado, seja de que país for, e não dou o menor valor ao que não tem.

Pra mim existem humanos que eu gosto e humanos que eu não gosto e geralmente eu não gosto de humanos "militontos", seja de que causa, partido, raça, nacionalidade, opção sexual ou time de futebol for.

Gente engajada é um saco.

1 Comentário:

Unknown postou 22 de janeiro de 2014 às 12:37

Penso exatamente assim. Ótimo texto, como sempre.

 
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