Bons Aires

Postado em 4 de nov. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Sei que puristas e ufanistas não gostarão nada disso, mas se eu fosse Tom Jobim, o "samba do avião" não seria samba, seria tango e diria que minha alma canta quando vejo o Rio de La Plata

Mas a verdade é que Buenos Aires me faz passar muita raiva.

Das suas ruas largas, suas avenidas imponentes, seus prédios de extremo bom gosto, sua gente amistosa, seus parques gramados cheios de pessoas nos finais de tarde, suas estátuas cheias de significado, a bandeira alvi-celeste tremulando, suas praças.

Detesto.

A sorveteria Freddo (que faz o melhor sorvete de limão do mundo), seus quiosques vendendo meu alfajor preferido, o Jorgito, em cada esquina, a facilidade de tomar refrigerante de pomelo sem ter que recorrer à suco de toranja ou a algum "citrus" da vida, seus bifes de chorizo de 200 quilos, suas milanesas com papas fritas, seus choripans, seus antigos restaurantes que parecem estar parados no tempo.

Não gosto.

O Clube Eros e suas sodas servidas em sifões, a Plazoleta Cortazar nos sábados à tarde, as ruas de Almagro, os diferentes e lindos Palermos: o Viejo, o Soho, o Hollywood, o Chico, sua imensa flor de metal perto do Malba e da faculdade de direito, suas moças bonitas.

A Bombonera, a Praça de Mayo, os fileteos.


O microcentro e sua Calle Florida, as Galerias Pacífico, o obelisco, Puerto Madero com a ponte em formato de mulher (ainda que eu nunca tenha conseguido enxergar um corpo de mulher ali), seus ônibus decorados, seu metrô caótico que leva a toda parte, os finais de tarde ensolarados, as feiras dos finais de semana, o prazer de sentar num café e ouvir ao meu redor aquele idioma maravilhoso, falado com o melhor sotaque de todos.

Me irritam.

Simplesmente saltar do avião num aeroporto e ser recepcionado pelo frio que me faz esquecer o calor infernal do trópico, entrar num taxi preto e amarelo e sentir uma felicidade inigualável simplesmente pelo fato dos meus pés estarem sobre solo argentino.

Aí você vai me perguntar, com toda razão, qual é a parte irritante disso tudo que foi descrito hiperbólicamente como se fosse um livreto promocional de turismo.

Fácil: ir embora.

4 Comentários:

Anônimo postou 4 de novembro de 2010 às 09:08

Belíssimo post! Também sou um fã da bela cidade portenha, estive lá pela segunda vez mês passado, e que saudades!

Isabel postou 4 de novembro de 2010 às 09:55

Gostou mesmo do Clube Eros, hein? rss
Mas a volta também é boa: desarrumar as malas e separar as compras, as lembrancinhas pra família, rever as fotos tiradas durante a viagem... Ou seja, a viagem dura mais do que o tempo de estadia no lugar.
Bjs

Anônimo postou 6 de novembro de 2010 às 16:53

Nunca fui a Argentina.
Lendo você, me deu uma vontade ...
Abraços

mvsmotta postou 8 de novembro de 2010 às 10:55

Carla,

Não perca tempo: conheça.

É de se apaixonar!

 
Template Contra a Correnteza ® - Design por Vitor Leite Camilo