Jovem, ao completar 18 anos, aliste-se!

Postado em 25 de nov. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Lembro que conhecer Manaus nos anos 90 foi uma experiência transcedental para mim. Nada a ver com os povos da floresta, a beleza da fauna, o mistério do boto cor-de-rosa ou o santo daime e sim com uma ida à boate do hotel Tropical, que naquela época era a mais frequentada da cidade.

Quando entrei na tal boate após pagar escorchantes R$50,00 de entrada, avistei algo que só poderia ser uma miragem aos olhos de um carioca: a pista de dança estava repleta de mulheres. Mas note, não era coisa de 10, 20 mulheres, eram umas 100, 200, sei lá, a minha visão chegou a ficar turva de tanta emoção ao perceber que existia um lugar no mundo onde boate não significasse um lugar infestado de valetes por todo lado.

Porque sair na noite do Rio de Janeiro é mais ou menos comparável a fazer alistamento num quartel do exército.

Não sei se é algo que colocam na água, se é algum tipo de controle pré-natal, mas a quantidade de homens em qualquer bar, boate ou similar nas terras cariocas é muito acima do aceitável para qualquer pessoa que não curta...homens.

No Rio paga-se preços igualmente escorchantes pelo simples direito de colocar sua carcaça para a parte de dentro da porta. Poucos lugares convertem isso em consumação e, quando o fazem, uma garrafinha de cerveja custa uns R$15,00. Mas essa nem seria a parte mais crítica se não fosse a imensa quantidade de machos povoando qualquer um desses lugares.

O cenário típico de uma boate por aqui é simples: 70% da frequência será masculina. Ali estarão os tipos básicos de qualquer noite carioca. Desde aqueles amigos que passaram a tarde jogando playstation e resolveram sair para tentar a sorte, já sabendo que a probabilidade de comer alguém é tão grande quanto a de zerar um jogo com 970 fases em uma hora até a ex-gostosa que virou meio baranga e terminará a noite bêbada e esquecida numa poltrona.


Outros habitantes da fauna são os sempre presentes lutadores de jiu-jitsu ou brutamontes similares. Estes podem ser namorados de alguma garota linda, coxuda e toda malhada, que vai desfilar na frente dos outros  homens que não são seu namorado torcendo para que eles olhem para ela por mais de 2 segundos, que é o prazo que o brutamontes que ela namora acha aceitável antes de cobrir o cara de porrada.

Os demais - que estão solteiros - passarão a noite puxando as poucas mulheres que sobram pelo braço e tentando beijar cada uma delas na marra, inclusive a namoradinha daquele estudante de arquitetura que tem um blog de quadrinhos e só foi na boate porque a namorada disse pra ele uma das frases mais amedrontadoras que existem depois de "precisamos conversar", que é "quero sair pra dançar".

Ele vai ficar puto porque os caras mexeram com a namorada dele, vai brigar com ela dizendo algo como "eu avisei que sair pra boate sempre dá merda", mas após rápidos cálculos vai concluir que é melhor levar o desaforo pra casa do que deixar sua dignidade estirada junto com ele no chão da boate.

Das (poucas) mulheres presentes, além da namorada do lutador de jiu-jitsu, da ex-gostosa que virou baranga e da namoradinha do estudante de arquitetura, você encontrará a patricinha que namora algum gringo e passa a noite inteira dizendo como a noite londrina é muito melhor do que aqui nessa roça que é o Brasil, as gostosas de academia - que tem como parâmetros de homem ideal características como abdomen, carro e cartão de crédito - e que vão te olhar como se você tivesse alguma espécie de lepra se você falar qualquer coisa com elas desde "Prazer, meu nome é fulano" até "pode me dizer onde fica a saída?", e um grupinho de amigas de faculdade - com grau de beleza que vai do "até que pego" ao "não pego nem de porrada"- que realmente "saiu pra dançar" e que definitivamente não vão dar mole pra você (a menos que você seja um dos brutamontes solteiros, de braço forte e peitoral definido que vão ficar com elas depois de uma resistência-fake inicial ao agarrão deles).

Óbvio que existe aquela mina maneira, que sai pra se divertir e ver no que vai dar a noite, e está aberta a ficar com um cara de papo legal, mas o problema é descobrir em qual lugar ela estará naquela noite específica. Provavelmente você já esbarrou em alguma delas na sua vida, lembra? Foi aquele dia que você saiu num sábado e se deu bem.

Desde a Lapa até as boates mais caras da Zona Sul, o normal no Rio de Janeiro será esse quadro de maioria masculina avassaladora, uma espécie de garimpo (esqueça o ouro, pense apenas naquele monte de homens) e que para qualquer cara comum terminará em uma das três alternativas:

- Você pegando a ex-gostosa que virou baranga e que está esquecida no sofá e só ficará contigo porque está bêbada demais e precisa de uma carona.

- Você comendo um cachorro-quente numa Kombi de esquina.

- Você e seus amigos procurando uma boate de strip para no dia seguinte poder dizer sem mentir: ontem vi uma mulher pelada.

Se você quiser um destino melhor, conselho de amigo: viaje para Manaus ou então se aliste no exército, porque agora estão aceitando mulher por lá e logo eles passam as boates do Rio.

8 Comentários:

Felipe Andrade e postou 25 de novembro de 2010 às 07:25

São Paulo deve ser mesmo uma maravilha... rsrsrs isso me soa como um recalque caipira... enfim, lhe darei o benefício da dúvida.

Anônimo postou 25 de novembro de 2010 às 07:28

Moro numa pequena cidade próxima à BH, chamada Raposos e acho que este texto foi escrito por mim, pois no meu humilde e minúsculo município acontece a mesma coisa. Por aqui eles fazem uma promoção que mulher não paga até tal horário. Aí você pensa vai lotar de mulher, realmente lota, mas a população masculina em tais festas é mais que o triplo da feminina. Na minha opinião está havendo uma crise de mulheres. Poucos com muitas e muitos com nada. Belo texto. Parabéns!
Inté...

mvsmotta postou 25 de novembro de 2010 às 07:36

Felipe,

Quem falou de São Paulo? Me diga a linha do texto que menciona São Paulo.

Acho que esse recalque bobo não leva a nada, quer dizer que para falar dos horrores do Rio precisa ser paulista?

Abs

Anônimo postou 25 de novembro de 2010 às 08:32

então até que para as mulheres, o Rio é uma boa pedida. O problema é saber se estes homens que lotam as noites cariocas são homens de verdade... este problema pode estar certo, não é só aí.

Luiz Fernando postou 25 de novembro de 2010 às 08:45

Se você não for rico, nem tem o corpo "sarado", esqueça a idéia de pegar alguma mulher nas baladas.

Desde o estacionamento até o pagamento da comanda, te arrancarão dinheiro de todos os lados e o retorno de todo esse investimento virá em forma de ressaca.

Ju Whately postou 25 de novembro de 2010 às 10:56

Você deveria começar todos os seus textos com: SOU CARIOCA. Quem sabe esse povo q vem aqui pela primeira vez não fale besteira...

Anônimo postou 25 de novembro de 2010 às 11:03

Nesse caso é melhor ficar em casa e assistir a um bom filme, ou contratar uma dessas meninas que já estão prontas.
Abraço

Eliana Lee postou 27 de novembro de 2010 às 09:08

Ri demais com o seu post!!! O negócio pra mulherada então é ir para o Rio... kkk

 
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