Mentir às vezes dá a maior m*

Postado em 24 de nov. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Mentir algumas vezes é necessário. Não adianta vir me dar lição de moral e dizer que "nunca mentiu na vida" porque ao fazer isso você já corre o sério risco de estar mentindo. Nem sempre a verdade é bem vinda e quem passa a vida só distribuindo verdades, termina colecionando um monte de inimigos, caso contrário, ninguém diria que "a verdade dói" e sim que "a verdade é uma fofa" ou algo do gênero.

Mas algumas vezes a mentira é totalmente desnecessária. E é nessas ocasiões que ela resolve virar um monstro de sete cabeças impossível de controlar. A coisa toma proporções inimagináveis e você se vê compelido a admitir que pelo menos daquela vez era melhor ter dito a verdade para variar.

Por exemplo: você foi conhecer a família da sua nova namorada, é um jantar de aniversário de 80 anos da avó dela, entre diversos ítens do menu eles resolvem servir ostras. Você adora ostras, mas também tem um probleminha com ostras: elas te dão uma baita dor de barriga.

Mas você come, afinal você está empolgado com a recepção calorosa de todos, com o whisky 12 anos que seu novo sogro te ofereceu e com o decote "te pego mais tarde" que sua namorada está usando. Tudo pra ser uma noite perfeita, exceto pelo fato de que você não combinou isso com a sua barriga.

De repente começa a sentir aquelas cólicas horrorosas e a discretamente procurar um banheiro. Encontra um pequeno lavabo. Senta, cuida do seu problema e se não fosse o pequeno detalhe da falta do papel higiênico tudo estaria resolvido.

Mas olhando pro lado você percebe uma revista Caras abandonada. Qual utilidade melhor para aquela revista do que substituir o "Neve"? Usa o oitavo casamento da Deborah Secco, o décimo namorado imberbe da Susana Vieira e mais uns dois ou três personagens da Ilha de Caras pra se limpar e acha que tudo não poderia correr melhor.
 Até que tenta dar descarga e percebe que está quebrada.

Nesse ponto você ouve as pessoas perguntarem por você, já que é hora do "parabéns" da vovó.

Vê uma latinha de lixo e resolve enche-la com água da pia para improvisar a descarga.

De repente sua namorada bate na porta, perguntando se você está lá. Você responde que sim, que está passando um pouco mal, mas que já sai dali.

E ela:

- Passando mal de que?

Aqui o universo da mentira te prega uma peça. Dizer que está indisposto é o código para "caganeira" e você não quer ela visualizando uma cena dessas. Então fala a primeira lorota que vem à cabeça:

- Pressão baixa, de vez em quando eu tenho isso, entrei pra lavar o rosto...

O que você não contava é que o avô dela - o falecido marido da vovózinha - também tinha pressão baixa e morreu justamente ao desmaiar num banheiro e bater com a cabeça. Nessa hora você ouve a voz do pai dela perguntando:

- O aconteceu, minha filha?

- Ele tá com pressão baixa...

- Xiiii, lembra do seu avô?

E de repente a família dela inteira está na porta, esperando ansiosamente você sair. O baldinho não está funcionando, mas você continua tentando desfazer toda aquela merda que literalmente você aprontou.

- Calma aí, já vou sair...

- Sai logo rapaz, é hora do parabéns, vem aqui que a gente coloca um sal debaixo da sua língua e fica tudo bem...

Só que a festa toda parou por sua causa,  a avó começa a ter falta de ar revivendo o dia em que ficou viúva, os tios cogitam arrombar a porta pra te tirar lá de dentro "E se ele não estiver conseguindo sair?", os primos adolescentes se olham rindo, lembrando que também passam horas trancafiados no banheiro e inventam de tudo pra ficar ali e você com as calças arriadas, tentando dar descarga num banheiro quebrado usando uma lixeirinha finalmente entende que nesse caso - e talvez só nesse caso - era melhor ter dito a verdade.

Porque uma mentirinha boba de vez em quando termina na maior cagada.

5 Comentários:

Anônimo postou 24 de novembro de 2010 às 09:09

Com certeza !
Mas depois que a merda está feita, tentar resolver com outra mentirinha só aumenta a cagada.

Adorei o texto.

Morri de rir.

Abraços

Rodrigo Santos postou 24 de novembro de 2010 às 09:50

kkkkkkkkkk
pô, situação bem complicada.
Tudo em algum momento da vida é desnecessário. Eu acho né.

Cetnik do Smrti postou 24 de novembro de 2010 às 12:37

Pelo menos no texto o cara tenta se limpar com a revista "Caras", um amigo meu usou a toalha de rosto da casa do pai da namorada dele.. foi pego alguns minutos depois..haha

mvsmotta postou 24 de novembro de 2010 às 12:38

Toalha de rosto???Hahahahahahaha

Que vacilo...

Adriana Lima postou 25 de novembro de 2010 às 03:59

Como é bom começar o dia lendo um texto como esse... Bem humorado, engraçado... Quem nunca passou por uma saia-justa dessas?

 
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