O de sempre?

Postado em 14 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Já houve uma época em que eu pensei que os atendentes da Starbucks achassem que eu fosse algum terrorista que planejava explodir aquele símbolo do americanismo no Brasil.

Sim, porque somente alguém empenhado em planejar alguma cagada exibe tanta regularidade quanto a minha, realizando quase que diariamente o mesmo metódico pedido: um vanilla latte, desnatado, temperatura kids (detesto café quente).

Só que na verdade eu faço parte do segundo tipo de pessoas que exibe este comportamento obsessivo: o dos frequentadores assíduos. Só falta me darem uma carteirinha de sócio.

Qual lugar, por mais pé sujo que seja, não tem seus habitués? Aqueles que já nem entram na fila (quando o lugar chega a ter filas, é claro)?

Eu e um amigo brincávamos antigamente que, toda vez que chegássemos a um lugar e o porteiro nos cumprimentasse com um "E aí? Tá sumido!" e o barman ou garçon perguntassem se queríamos "o de sempre", é porque já estava na hora de trocar de ambiente.

Atualmente nem penso mais assim, gosto que saibam o jeito que eu prefiro meu café, a cor dos sapatos que eu geralmente compro e, principalmente, que a minha Coca-Cola (pode ser Pepsi) deve ser servida exatamente como vem de fábrica: sem um fdp de um limão ali no meio.


Não me entendam mal, eu adoro limão, mas quando estou afim de um, peço que ele venha espremido e sem muito açúcar e não boiando na "água negra do imperialismo" como um náufrago da proatividade.

Sim, porque o maior exemplo de que proatividade é uma merda é essa história do limão na Coca-Cola.

Você não quer, você não pede, mas o cara acha que vai te agradar e se adianta colocando aquilo ali. Pronto, já falei demais do limão, deixe que eu volte pro que interessa.

Como a Starbucks é o único lugar que conta com essa minha fidelidade (pro resto todo sou meio "Consumidor Bruna Surfistinha"), lá eu ganho vales-café, provas das novas comidas que eles vendem e uma vez provei até o "Frapuccino Infinito", que consistiu basicamente do meu copo de Frapuccino jamais ficar vazio, com quantos refis meu estômago aguentasse.

Nem preciso dizer que virei habitué do meu banheiro naquele dia.

Ir muito nos lugares significa conhecer um pouco da vida de quem trabalha ali.

Eu sei que uma das mocinhas da Starbucks cursa administração pública, que o barista já foi gerente de estúdio de tatuagem e que eles (parêntese necessário: conheço poucos lugares onde todo mundo que trabalha ali é tão gente boa como naquela loja) adoram fechar a cafeteria e ir beber cerveja num boteco na Rua Voluntários da Pátria, religiosamente.

Provavelmente eles devem chegar lá e dizer pro garçon: traz o de sempre, chefia.

1 Comentário:

Mariana Terra postou 14 de março de 2011 às 20:59

pensei que estavas a falar dos Starbucks de Sampa City... já estava até entusiasmada a frequentar mais regularmente um Starbucks paulistano... Mas vale a comparação, vou fazê-la!

 
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