A transferência do seu beijo de língua foi concluída com sucesso

Postado em 4 de mai. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Li que os japoneses criaram uma máquina capaz de transmitir beijos na boca à distância. Juro que não sei porque depois do Tamagochi e dos otakus eu ainda me espanto com qualquer coisa que venha do Japão, mas me espantei com essa.

Parece que toda aquela sabedoria milenar, aquela coisa de honra, disciplina, controle, força, quimonos, rabos de cavalo e, claro, gueixas, degringolou e deu origem a essa sociedade japonesa atual, que cria coisas como liquidações onde você compra sacolas fechadas sem saber o que tem dentro, a tal "sacola da sorte" (sorte do vendedor, talvez), e máquinas de beijo.

Mas se a gente pensar bem, essa bizarra invenção tem tudo a ver não somente com o Japão, mas com toda a sociedade moderna, globalizada, conectada, plugada e qualquer outro desses termos clichês que as reportagens adoram repetir.

Já conhecemos parceiros - esquece o termo "parceiro" que parece coisa de pagodeiro ou viado - conhecemos namorados e namoradas em sites de relacionamento, todos expostos como num sacolão.

Fora isso compramos quase tudo pela internet, desde manuais caseiros sobre armas de destruição em massa até as compras do mês. Do natureba viciado em brócolis ao aspirante à Unabomber, todo mundo pode conseguir quase tudo na rede.


Vivemos em algo bem próximo dos desenhos dos Jetsons, que apertavam botões e recebiam comida automaticamente de uma máquina. Na versão moderna (e real) dos Jetsons, recebemos livros, CDs, comida e até pessoas. Porque então não receber beijos?

Você beija uma geringonça, ela registra seus movimentos, envia esses dados pela internet para outro aparelho igual instalado na casa da pessoa que você quer beijar e ela recebe o seu beijo por transferência online.

Se der certo podem inventar máquina de abraço, máquina de soco na cara, máquina de pé na bunda. Máquina de encheção de saco não precisa inventar porque já existe e se chama operador de telemarketing.

É bizarro, mas pode facilitar muitos casamentos por interesse que têm por ai e, com algumas adaptações relativas à parte da anatomia humana em foco, pode até mesmo dar uma nova dimensão para as atividades da mais antiga das profissões. Já pensou?

Você fornece o número do cartão de crédito, coloca a parte que melhor achar conveniente no tal aparelho e dá um beijo de língua sem se preocupar com a cebola que comeu no almoço, transa sem trocar fluídos e sem precisar dormir de conchinha depois e, para os mais ousados, pode até receber um boquete a laser da melhor qualidade.

Não sei se vírus de computador oferece algum risco, mas se estivermos imunes a isso, dispensa até a camisinha.

O problema mesmo seria a preservação da espécie, já que para enviar o "material" necessário para perpetuá-la teríamos que confiar nos Correios, pelo menos até que os japoneses apresentem alguma novidade nesse sentido.

4 Comentários:

_juhmendes postou 4 de maio de 2011 às 08:22

Realmente. Escreve bem demais. Queria uma máquina de teletransporte...

Xamanaty postou 4 de maio de 2011 às 08:23

Há uma verdade, a tecnologia está cada vez mais abragendo os nossos sentidos... Visão, audição... Pq não o tato, olfato e palasar?

Gabriel Y. Bendlin postou 4 de maio de 2011 às 09:19

Prefiro beijar de verdade, -.-'

Anônimo postou 6 de maio de 2011 às 07:12

HAHAHAHAHAHAHA!!Adorei o texto! Boquete a laser é ótimo, rsss... Desses, acho que me seria útil uma máquina de soco, e assim muitos internautas não teriam a tão confortável proteção do anonimato da internet... E dá pra descarregar a raiva em alguns atendentes virtuais incompetentes...

 
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