Ser rico é uma coisa, vencer na vida é outra

Postado em 13 de mai. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Outro dia estava assistindo um programa de TV aberta (pode jogar os tomates) que mostrava uma dessas festas estilo "Programa do Amaury". Mais ou menos na terceira entrevista com algum ex-BBB ou ex-Fazenda falando sobre seus "projetos", resolvi mudar o canal para algo mais interessante, um leilão de bovinos no Canal Rural.

Mas a imagem daqueles animais - não falo dos do Canal Rural - me fez pensar como algumas vezes o dinheiro pode ser usado para comprar toda a falta de classe que um ser humano pode conseguir.

Não vou falar mal de dinheiro aqui, mesmo porque eu acho que ainda que ele não compre felicidade, ele compra quase todo o resto, até uma vaga para você estacionar sua Mercedes bem do lado dela.

Mas com a mesma facilidade que te deixa perto da felicidade, ele também te senta no colo do mau gosto.

Por isso, se você ficou surpreendentemente rico, provavelmente terá dinheiro para comprar qualquer automóvel e tuná-lo com "tudo que tem direito": luzes, piscina, lago com jacaré, rodas de magnésio, televisão de plasma, som stéreo estilo trio elétrico e claro, adesivo com os nomes dos filhos ou "eu amo minha esposa" no vidro de trás, não é?

Você vai poder andar por aí com um iPhone, um Blackberry e um Nextel, tirar todos da sua bolsa Luiz Vitão ao mesmo tempo e falar alto pra todo mundo em volta escutar, afinal, "você não deve nada a ninguém".

Também vai poder comprar muitas jóias, cordões, anéis, pulseiras, medalhas de ouro, brincões de diamante, relógios cravejados, virando uma espécie de Medalhão Persa ambulante, coisa de fazer inveja ao Ronaldinho Gaúcho ou o Zeca Pagodinho.


Pode também se permitir ter um cachorro que frequenta manicure, salão de beleza, massagista e que te acompanhará em todo lugar, com uma coleira bem vistosa ou então dentro de uma bolsinha de couro que custa o preço de um carro popular, afinal, você tem grana pra isso.

Você pode contratar um personal trainer que vai andar atrás de você na academia montando e desmontando seus pesos, te passando a garrafinha com energético e secando seu suor com uma toalhinha Tommy Hilfiger.

Se quiser, vai ter uma mansão com piscina em formato de cavaquinho com suas iniciais desenhadas no fundo, uma televisão de 900 polegadas, uma coleção de quadros do Romero Britto e edições de luxo (com fio de ouro e tudo) da obra completa do Paulo Coelho.

Todo mundo vai invejar aqueles armários cheios de CDs e DVDs de pagode, axé, funk e aquele poster autografado pelo Latino no seu studio de som.

Pra mostrar que é chique, você pode até se matricular num curso de vinhos - mandando a empregada assisitir no seu lugar e gravar tudo numa câmera - e andar por aí com uma maletinha de vinhos, fazendo todo mundo pensar que seu sobrenome é Concha y Toro.

Camarotes em micaretas e churrascadas com o Exaltasamba tocando no seu quintal podem se tornar coisa corriqueira, afinal, você pode, é ou não é?

E se alguém te chamar de brega, novo rico, emergente ou qualquer coisa do tipo, você ainda vai poder tirar um pacote de notas de 100 do bolso, abanar na cara da pessoa e dizer:

- Você tá é com inveja, ó, porque eu pago tudo à vista e em dinheiro!

Tudo isso você vai poder, se quiser, é claro.

Mas se você tem grana para tudo isso aí e ainda assim resolveu não fazer, parabéns, meu chapa, além de ficar rico você também venceu na vida.

6 Comentários:

Xamanaty postou 13 de maio de 2011 às 12:18

Simplesmente GENIAL!!!
Concordo com cada sílaba que vc escreveu!!
Infelizmente, o dinheiro, além da felicidade, não compra bom senso e bom gosto...
Arrasou!

Vanessa C. postou 13 de maio de 2011 às 12:59

Adorei o medalhão persa ambulante. Tive que rir.
A vaidade humana.....
Até mais. Abraços

Gustavo Ca postou 13 de maio de 2011 às 16:07

"piscina em formato de cavaquinho" HAHAHA..
Pode-se tirar a pessoa da pobreza mas não a pobreza da pessoa.

Carlos Leite postou 14 de maio de 2011 às 07:22

A pessoa sai da pobreza, mas a pobreza não sai da pessoa. Pura verdade!

Mariana Terra postou 15 de maio de 2011 às 10:08

Tem hora que você erra a mão! Tudo bem, pelos seus tweets eu sei que vc não tá nem aí pra opinião dos outros (e aqui se incluem seus leitores e eu) e imagino que vc apenas dá um sorrisinho de canto de boca quando lê algo que te contraria.
Mas veja este seu post: Vc o usa (ou o fez) apenas para fazer chacota com um tipo de pessoas que curtem lá o seu pagode, seus adornos, seus exageros etc.
Não vou ficar aqui me alongando... Mas este post seu me lembrou o episódio do churrascão de Higienópolis, ocorrido há pouco, aqui em São Paulo: uma grande zombeira sobre a tal "gente diferenciada"! Todos foram lá, fizeram o churrasquinho, levaram varal de roupa, escutaram pagode etc.
Na verdade tanto o seu post quanto o evento paulistano só serviram pra uma coisa: para que seus feitores pudessem se diferenciar, de fato, da "gente diferenciada". E é clro, mostrar essa diferença pra que o lê ou o vê.

mvsmotta postou 15 de maio de 2011 às 12:32

Mariana,

Na verdade eu não ligo muito para o que quase niguém pensa, não por desdém, mas porque não tenho pretensão de agradar a todos e nem de estar ao lado dos sensos comuns.

Nesse caso específico, fiz um deboche mesmo, mas a diferença entre mim e aquela turma de esquerdochatos e politicamente pentelhos do "churrasco" em Higienópolis é que eu não acho que pobre necessariamente tem que ter mau gosto (pagode, funk, churrasquinho de gato) como eles pensam e também não escondo que adoro elite, e admito que adoraria fazer parte de todas as elites que puder.

Por desprazar o senso comum, não embarco nessa onda de pobrismo que assola o Brasil e toma os pobres como algo antropologicamente diverso e superior às demais classes.

Não acho que criança pobre tem que aprender a bater lata, isso eles já aprendem sozinhos. Quero é Mozart subindo as favelas, quero que eles aprendam a jogar tênis, golf, falar inglês e, finalmente, de algum jeito sair da pobreza.

Esquerdista gosta tanto de pobre que quer preservá-los, eu detesto tanto a pobreza que adoraria que todos pudessem sair dela, inclusive a pobreza de espírito, daí este post.

Um abraço!

 
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