O Brasil é assim, muito legal, sabe? Menos nas férias

Postado em 12 de jan. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Nunca entendi essa turma muito bem definida pelo Antônio Prata como "meio intelectual, meio de esquerda". Sério, porque até desculpo o gosto deles por botequins imundos, afinal é uma opção pessoal, mas o que me deixa meio intrigado é a preferência deles por transformar o mundo num botequim ruim.

Pode notar: sempre que alguma prefeitura de qualquer lugar do Brasil resolve ordenar alguma área, eles aparecem. Se é uma operação para coibir camelôs, é porque o governo mancomunado com os poderosos e os interesses ianques quer destruir o "comércio popular".

Se é uma ação para transformar algum pedaço de chão chamado de "Cracolândia" num conjunto de praças e prédios, é porque o governo mancomunado com os poderosos e os interesses ianques quer fazer uma gentrificação da área.

Quando a polêmica gira em torno da remoção de alguma favela, bem, é porque o governo mancomunado com os poderosos e os interesses ianques quer promover higienismo. Se for retirada de população de rua, é porque o governo mancomunado com os poderosos e os interesses ianques quer atentar contra o sagrado direito de morar e defecar na calçada.

Se é para coibir a prostituição em algum rua, claro! Será o governo mancomunado com os poderosos e os interesses ianques querendo sequestrar nossas prostitutas para trabalhar como missionárias mórmon nos EUA.

É curiosa essa fixação deles pela manutenção do lixo, ratos, depententes químicos, barracos, valas negras, prostituição, como se fossem bens antropologicamente intocáveis. Afinal, se isso é que faz o Brasil ser Brasil,  essa "mistura" que deu certo (???), a terra da "tolerância", porque não deixar como está?


Gente boa, esclarecida, assim "meio intelectual, meio de esquerda", curte é pobreza, mas não o pobre que trabalha na portaria do seu prédio ou o que lava o seu carro importado em troca de 5 reais, tem que ser aquela pobreza alegórica, de pés no chão, casa de sapê, aquela coisa vanguardista, social, engajada.
 

Um lixão jamais pode deixar de existir, favelas então nem pensar, afinal, rendem umas fotos maneiras, uns curta-metragens legais para apresentar por aí em algum festival. Gera debate e, acima de tudo, proporciona uma forma deles se mostrarem moralmente superiores aos outros (esses insensíveis que não curtem lixo na calçada, vala negra, essas coisas tão brasileiras).

Imagina só: sem uma favela para comer uma feijoada e bater palmas num "samba de raiz", como essa gente ia se mostrar assim...de raiz? Como iriam esfregar na cara da sociedade elitista que eles são tão bons que até se misturam com o populacho? Claro que na hora de fazer um mestrado eles preferem a Europa, afinal, virar advogado com diploma de uma faculdade de fundo de quintal financiado pelo crédito educativo é coisa de pobre metido a besta e eles não são nem uma coisa nem outra.

Mas quando voltam da Europa eles chegam cheios de saudade. Correm logo pro botequim pra se empanturrar com caipirinha e farofa, botam o CD de forró pra tocar sem parar no Citröen, se envolvem com alguma ONG que luta contra a construção de um shopping center onde antes existia um cortiço e se dedicam sem pausa à manutenção de todas essas coisas tão legais que fazem o Brasil ser Brasil, como trocar o Halloween pelo Dia do Saci.

Porque o Brasil é assim, muito legal, sabe? Menos nas férias, porque aí eles vão visitar os velhos amigos que fizeram durante o mestrado na Europa.

4 Comentários:

Dudu Ferreira postou 12 de janeiro de 2012 às 07:48

Boa

Anônimo postou 12 de janeiro de 2012 às 08:47

Esse é um texto num blog de quem acredita em UMA verdade.
(Esse não é, e nem poderia ser, umcomentário verdadeiro)

Luiz Fernando postou 12 de janeiro de 2012 às 09:06

Ianque não. "Estadunidense".

Enfim. Narrou com detalhes como funciona a vida dos esquerdistas do ipad e dos marxistas do Kia Soul. Um pessoal gente fina, descolado, que acha que transita em todas as camadas da sociedade porque sabe o nome do porteiro do prédio e doou meio quilo de feijão pra alguma Ong de um bairro carente.

Um pessoal que gosta tanto de pobre, que acha que o cara tem que continuar pobre pro resto da vida.

Isabel postou 12 de janeiro de 2012 às 09:18

Tudo bem esses intelectuais quererem aprimorar seus estudos em boas universidades mundo afora, mas por que não vão, depois, colocar em prática tudo que aprederam em países da África, por exemplo? Que nada! Defendem essa michórdia aqui, mas gostam mesmo é de passear em Paris. Conheço vários assim, vc sabe bem. Pra tudo de bom que vc conquiste ou adquira, te acusam de burguês, sendo eles próprios mais burgueses do que nunca, apesar do ar de riponga anos 60 perdido no tempo...

 
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