O Professor Pardal na boquinha da garrafa

Postado em 17 de jul. de 2012 / Por Marcus Vinicius

O ser humano é um mistério. Ninguém precisa de mim para chegar a esta conclusão, mas achei que ficaria legal começar um texto dizendo isso: o ser humano é um mistério.

Com certeza salpicamos nossa breve existência neste planeta com grandes e boas invenções. Seja a navegação, os aviões, o telefone, a internet - curiosamente todas invenções que tinham por objetivo levar alguém de alguma forma de um lugar a outro - nem tudo o que fizemos foi dispensável, inútil ou ridículo.

O relógio de pulso, a música clássica, o rock'n'roll, o jazz, o blues e tantos outros estilos, a pintura, as máquinas fotográficas, a medicina e até mesmo a internet, tudo isso poderá fazer com que alguma espécie futura e dotada de alguma inteligência que venha a habitar este planeta diga: até que esses caras não eram/são tão ruins.

Mas a começar pelo próprio uso que se deu à internet posteriormente (meio de difusão de pornografia barata e piadas cretinas) já fica demonstrado como nem tudo o que o homem inventou depõe a seu favor.

E o que dizer então das correntes por email? Pegue a foto de uma criança em Bangladesh, invente uma história terrível sobre traficantes de órgãos e sobre como aquela criança da foto vive há 3 anos sem os dois rins, o coração e um pulmão e meio e diga que se a pessoa que recebeu aquele email repassá-lo para mais 387 pessoas, aquela criança vai receber 10 dólares, um sundae e o seus órgãos de volta doados pelo Bill Gates.

Sério, uma invenção dessas (boatos e correntes por email), não orgulharia nem os babuínos, caso eles soubessem ler e escrever.


Outra coisa que jamais vou entender é a dinâmica de uma paquera. Pense se você hoje descobrisse que antes de você existiu uma espécie dotada de certa inteligência que tinha que fingir que não está afim do outro para mostrar que está afim.

Imagina se você descobrisse as regras sobre ligar no dia seguinte, ir no motel no primeiro encontro, decidir quem paga a conta e, mais tarde, resolver quem lava a louça e põe o lixo pra fora.

Agora imagina o que diriam dos hábitos de beleza femininos? Tirar a sobrancelha até não sobrar quase nada só pra depois pintar duas vírgulas da Nike em henna no meio da testa. Usar sapatos que machucam os pés junto com aqueles Band-Aids que deixam uma mistura de cola e poeira preta no calcanhar, ao invés de usar logo algo confortável. Comprar um vestido dois números menores e depois ficar avisando pra todo mundo de meia em meia hora que vai fazer dieta, ao invés de comprar logo um vestido com o seu número ou simplesmente começar logo a dieta sem ficar repetindo isso pra ninguém.

E nós, homens, que somos capazes de usar invenções feitas para a defesa pessoal (como armas e porretes) para, ao invés disso, atirar e bater uns nos outros com elas, tudo por causa de outra invenção que era pra ser uma diversão, como o futebol?


Sério. Olhando pra isso tudo, mesmo lembrando de Einstein, Rui Barbosa ou Cartier-Bresson, dá pra concluir que não somos lá uma espécie muito brilhante.

Senão fosse assim, como explicar buzinar freneticamente num engarrafamento, ainda que saibamos que nenhum carro à nossa frente vai sair dali voando só pra não ouvir aquele barulho? A tal espécie futura imaginária certamente pensaria "porque inventaram a buzina se não sabem usar?".

Agora, de todas as tosquices que inventamos como programas de auditório, ombreiras, pochetes, aquele alarme que berra "este carro está sendo roubado" e, claro, o despertador, li uma pessoa na internet outro dia descrevendo uma invenção que certamente escandalizaria qualquer espécie deste e de outros planetas:

Como alguém realmente pode achar que colocar uma garrafa no chão e inventar uma dança era uma boa idéia?

Sinceramente, nem a penicilina redime isso.

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