O mundo não era melhor, o mundo era mais vazio

Postado em 25 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Não adianta fingir que você é imune à misantropia, porque nem eu e nem você vamos acreditar nisso.

Sempre escutei dizerem que antigamente as coisas eram mais fáceis, que existiam mais oportunidades, que as pessoas eram mais educadas, etc, etc, etc. Mas o que mudou de lá pra cá? Tecnologia? Isso supostamente deveria facilitar tudo e não complicar.

Tudo bem que alguns empregos foram levados por robôs que fazem o serviço de 5 homens e montam um automóvel em menos da metade do tempo, mas isso não é tudo, afinal, nem todo mundo trabalhava em fábricas de automóveis.

O mundo ficou mais quente, o que pode ter contribuido para piorar um pouco as coisas (no caso do Rio de Janeiro as estações deixaram de ser "quente" e "muito quente" para se trasnformarem em "muito quente" e "inferno"), mas ainda assim, o ar-condicionado está aí pra isso.

As pessoas terem ficado mais mal educadas é um fato ou talvez apenas consequência da troca de Ari Barroso, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Caymmi e Tom Jobim por Latino, Axezeiros, Tati Quebra-Barraco e Luan Santana como ícones da música nacional e os livros de auto-ajuda e do Paulo Coelho terem tomado o lugar de Machado de Assis ou Carlos Drummond de Andrade.

Atualmente o mais culto que alguém parece conseguir ser é repetir frases avulsas da Clarice Lispector, do Paulo Leminski ou do Caio Fernando Abreu, na maioria das vezes sem ter a menor idéia do contexto em que aquilo foi escrito.

Mas isso é emburrecimento coletivo, incomoda, mas não explica sozinho o fato do mundo hoje ser pior do que era ontem. Precisa haver um motivo, e você sabe bem qual é o motivo (ainda mais porque eu o dedurei logo no título).

O mundo está cheio demais. Só pode ser isso. Seis ou sete bilhões de pessoas confinadas num pequeno planeta não pode ser uma coisa que dê muito certo.


Imagine um bonde. Antigamente aqueles bondes do Rio de Janeiro carregavam, no máximo, 65 passageiros. Tudo bem que tinha gente andando pendurada e não devia ser um primor de conforto, mas é raro alguém que viveu naquele tempo que não sinta saudade dos bondes.

Hoje em dia um único vagão do metrô transporta em média 350 passageiros e é raro alguém que vive nesses tempos de agora que não deteste o metrô com força. O que mudou? Simples: superlotação.

Viramos um gigantesco vagão de metrô na hora do rush.

Você pode ver exemplos como esses por toda parte. Prédios antigos que abrigavam de 2 a 4 famílias por andar serem substituídos por pombais que, no mesmo espaço, abrigam até 10 famílias e cubículos.

Engarrafamentos, filas, empregos piores que pagam menos, uma concorrência infernal para tudo e agora, vejam só, até shows internacionais caríssimos que passavam semanas vendendo ingressos vêem estes mesmos ingressos se esgotarem em questão de horas.

Maior poder aquisitivo? Sim, mas superlotação também.

O que pretendo dizer com isso? Que poderíamos dar um "freio de arrumação" e atirar um ou dois bilhões de pessoas no espaço sideral? Não. Primeiro porque custaria muito caro e depois porque seria meio desumano, sei lá, uma versão Jetsons ou Starwars dos campos de concentração.

Não iria pegar muito bem pro nosso carma coletivo que já não anda lá essas coisas.

O que pretendo dizer é que antigamente talvez o mundo não fosse tão melhor. Febre amarela, sífilis, gonorréia, modos e costumes repressores, TV preto e branco e acreditar que manga com leite pode matar não devia ser muito legal.

A diferença é que hoje está cheio de cretinos nos rodeando por toda parte e o espaço para tentar fugir deles continua o mesmo.

Pensando bem talvez uma colônia em Marte não seja má idéia.

9 Comentários:

FelipeBFontana postou 25 de julho de 2011 às 04:25

MELHOR! uma colônia em marte é a saída! mais sabe como são as coisas nos dias de hoje... você tem uma boa idéia... ai vem o dinheiro e fode geral!

O que mais me chama a atenção é a cultura.

Assim como regra de mercado financeiro, oferta-procura, Deveríamos ter pessoas cada vez mais inteligentes e cultas por ai, não é o que acontece.

Gostei bastante de seu blog man! to seguindo! =]

Rojane Lima postou 25 de julho de 2011 às 06:54

Antigamente manga com leite matava,hoje o "amor" mata!Gostei do texto.

Gustavo Ca postou 25 de julho de 2011 às 07:16

Misantropia.. linda palavra.

carmo postou 25 de julho de 2011 às 08:04

...mesmo que nos escondamosem casa, eles nos localizam e invadem pela internet..........

Celene postou 25 de julho de 2011 às 09:42

Pois é! Há muito saudosismo mas só da parte boa do passado. Duvido que a maioria viveria sem a tecnologia atual. Acho que o mundo está cheio é de gente mal-educada. O grande problema da humanidade é o egocentrismo. Já que somos muitos, temos que aprender a conviver e a a partilhar.

Renato Pimentel postou 26 de julho de 2011 às 13:50

Pelo contrario, por sermos muitos estamos cada vez mais egocentristas.. é facil voce dividir algo com uma, ou duas pessoas.. agora tenta dividir com 30.eu vou achar melhor ficar com tudo pra mim.

Isabel postou 27 de julho de 2011 às 12:42

Sempre te disse isso! O problema do Rio de Janeiro é o excesso de gente! É difícil administrar uma população numerosa assim. Mas tem muito espaço no mundo, o problema é a má distribuição, os acumulos de gente nos grandes centros. Confesso que não aguento olhar pra tanta gente andando nas ruas. Imagine como não deve ser na China! rss

ShadowsAV postou 12 de fevereiro de 2012 às 09:11

O mundo seria melhor se pessoas com ideias boas não estragassem seus textos com preconceitos no meio. Quem pode provar que o Paulo Coelho é pior, ou menos nobre, que o Machado de Assis? Preconceitos; o mundo também está cheio disso.

mvsmotta postou 12 de fevereiro de 2012 às 10:10

Que mimimi, meu amigo, se você não tiver um preconceito ou outro, me diz, o que vai te diferenciar?

Você não pode é agredir ninguém por isso, deixar que isso te defina completamente, mas páre com essa história de quem ninguém pode ter preconceito contra nada. Pode sim.

Marcus

 
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