Rock in Rio (ou não)

Postado em 11 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Recorrer já no título a algo supostamente dito pelo Caetano Veloso é apelação, mas fazer o que? O assunto merece.

Não sou crítico musical, então não possuo aquela isenção (cof-cof), conhecimento (cof-cof) ou bom gosto (cof-cof-cof) para pretender que o que vou dizer aqui é uma verdade absoluta, mas fazer o que? Eu tenho esse péssimo hábito (pelo menos no Brasil) de ter opinião, então vamos lá.

Sempre achei estranho o "Rock in Rio" acontecer em Lisboa durante muitos anos. Nada contra a pátria-ancestral, nada disso, mas porque não Rock in Lisboa? Tudo bem, os gênios do marketing me explicaram que se tratava do uso de uma marca conhecida e por isso o nome.

Aguardo ainda, é claro, o Glastonbury-Itu, o Parintins-São Paulo e a São Silvestre-Copacabana (sei que isso pode ser contestado, mas não iria perder a piada).

O fato é que finalmente o festival com o nome do Rio de Janeiro voltou ao Rio de Janeiro, o único problema é que quando resolve fazer isso, só traz o "in Rio", porque parece que o "Rock" ficou esquecido em Lisboa.

Porque vamos lá, quando vi no lineup do festival nomes como Maria Gadú, Rihanna, Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, Monobloco, Martinho da Vila, etc, etc, juro que pensei que era o Domingão do Faustão.

Outros nomes como Guns'n'Roses, Lenny Kravitz, Frejat e Mike Patton também me passaram a impressão de que estes artistas dependem mais do Rock in Rio para viver do que a cantora Simone depende do Natal.

Nem o Metallica, o Motörhead ou o Coldplay servem para limpar muito a barra, porque estão entremeados por coisas que até são rock, mas não são, tipo NX Zero e Móveis Coloniais de Acaju.

Não sei o que houve com aqueles festivais de rock que tinham um único palco e sua principal atração era mesmo o bom e velho rock'n'roll.

Esse Rock in Rio de agora parece mais algo voltado para "world music", para pessoas "ecléticas", para quem "quer ver e ser visto", um clima meio Fashion Rio. Só falta colocarem alguma coisa de sustentabilidade no meio.

Desculpe quem gostou da programação e quem já comprou ingresso pra ir, sei que algumas coisas que estarão ali tem valor e sei que tudo evolui com o tempo, mas rock pra mim é moto soltando fumaça, lama, cabeludos de casaco de couro, groupies, cerveja, gente louca vomitando no final da madrugada, etc, etc, etc.

Podem me chamar de purista, mas rock é atitude. Sou do tempo em que as mães escondiam as filhas quando algum roqueiro chegava perto delas. Hoje em dia elas as vêem com esses rapazes estilo Restart e só ficam preocupadas se eles vão pedir o vestido das moças emprestado.

Por isso mesmo eu resolvi aderir ao slogan do festival "Eu Vou" e resolvi que vou é ficar em casa (mesmo porque acho que todo mundo que curte uma micareta já comprou os ingressos, dada a velocidade com que se esgotaram).

Gosto é que nem bunda, eu sei, mas a minha não vai passar nem perto daquela cidade "do rock".

8 Comentários:

Rosa postou 11 de julho de 2011 às 09:23

Rock in Rio: EU VOU... ficar em casa mesmo. Só sinto pena de quem for pra ver Metallica e ter que enfrentar a galera que foi pra ver Claudia Leitte...

Carol postou 11 de julho de 2011 às 09:31

Gênio. Exatamente o que penso. Mandei seu BLOG pra uma série de amigos meus que vão pagar horrores o ingresso, pagar 500 reais pro estacionamento 10 reais a água, entre outros, pra dividir espaço com fãs de Claudia Leite. #Brasilzão

Nana postou 11 de julho de 2011 às 09:34

Adorei a critica realmente acho que esse festival é só pra rechear a carteira dos Medinas de dinheiro e eles estão certos. Como diz Jorge Ben Jor: "Pra acabar com a malandragem tem que prender e comer todos os otários."

Anônimo postou 11 de julho de 2011 às 09:46

Eu lembro do primeiro, ninguém esquece os seus primeiros tudo, que dizia "Eu Vou", mas eu não fui e continuo não indo. Se rolasse Salisbury-Itu eu até iria porque se as pedras forem grandes como a fama de tudo na cidade uma galera poderá construir um New Stonehenge, tipo Brazil Heritage, com a força dos rapazes que curtem "Ice, punheta e Restart" em vez de sexo, drogas e rock n roll". Eu fico em casa e aumento o som de um Led Zeppelin nos fones de ouvido, fecho os olhos e sinto cheiro e gosto de cerveja misturada com cigarro do meu antigo namoradinho roqueiro. Pra mim foi bom.

Blogs Reunion postou 11 de julho de 2011 às 10:00

Pior que justamente esse papo de que "rock é atitude" que esta permitindo esse ecletismo todo. Para a maioria, basta usar tatuagem, falar palavrão e fazer cara de mau em frente as câmeras para ser considerado roqueiro, mesmo cantando brega ou dance-music.

Para mim, rock é acima de tudo música e não atitude. É guitarra-baixo-bateria com letras conscientes e rebeldes. Se não for isso, nada feito. E sem dançarinos, por favor.

Isabel postou 11 de julho de 2011 às 14:56

Com o tempo aprendi de fato o que é ser roqueira: não preciso andar de preto, usar correntes ou coisas do tipo (apesar de já ter usado), mas simplesmente curtir a música. Adolescente é que tem necessidade de andar com blusa de banda pra mostrar seu gosto e ser aceito pelo seu grupo. O Rock tá na alma, e mesmo que a gente comece a curtir uma música mais calma com a idade, o roqueiro que tem dentro da gente não morre, e é desperto quando toca um bom rock em alto volume! A propósito, adoro o metal do Motörhead. De resto, esse Rock in Rio é um lixo, é um sacrilégio usarem o termo nesse evento bagaceiro.

Beijos

Gustavo Ca postou 12 de julho de 2011 às 15:33

Rock, outra palavra que perdeu o significado.

TATA CRISTINA postou 12 de julho de 2011 às 19:17

Eu não acho que Guns'n'Roses, Lenny Kravitz, Frejat e Mike Patton, por exemplo, dependem do Rock In Rio para "sobreviverem"... na minha opinião, eles são osúnicos que valem a pena conferir nesse evento.
Mas, de resto, concordo com tudo que vc falou, chega a ser um sacrilégio chamar isso de "Rock" In Rio... ¬¬'

 
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