O socialismo da lancheira

Postado em 22 de mar. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Relutei um pouco antes de escrever sobre isso aqui, sério. Sempre alguém te interpreta mal e termina achando que você é um "monstro malvado" que deseja apenas perpetuar e enaltecer as divisões de classe, mas se quem escreve opinião começar a temer fazê-lo, vai prestar para que? Virar petista, entrar num sindicato e ganhar a vida pendurado na jugular do contribuinte?

Um dia desses fui na padaria com a minha enteada de 7 anos e comprei uns pãezinhos que ela simplesmente adorou, comeu, comeu, comeu e quando não aguentava mais eu disse "vou deixar uns pra você levar pra comer no recreio amanhã", e foi aí que me surpreendi: a mãe dela disse que a sua escola não permite que as crianças levem merenda.

Se houvesse uma boa tradução para o português para a expressão "whatafuck!?", a teria utilizado na mesma hora. Como assim um colégio não permite nem que os pais da criança mandem, sei lá, um Toddynho, um biscoito ou o bom e velho sanduíche de queijo com presunto da hora do recreio?

Recebi a explicação, aliás, as duas explicações para a cubanização da merenda escolar:

1) A escola buscava assim zelar pela boa dieta dos alunos.

2) (esse é o mais assustador) As crianças que tem mais condições financeiras, fatalmente levariam merendas melhores e isso poderia chatear as que não poderiam levar a mesma coisa.

Pausa aqui para vocês rirem um pouco se quiserem e também para jogar água com sal em toda essa Coréia do Norte instalada no parque dos escorregas.

Pronto, continuemos.

O que eu enxergo aí, e não entrarei no mérito de "métodos educacionais" pois no Brasil com seus professores cada vez mais ideologizados e mal preparados tudo isso é piada de salão.

Vivemos num país em que professores de história chamam a Coca-Cola de "água negra do imperialismo" e os EUA de "grande satã", logo de nossas madrassas tropicais pode-se esperar tudo, mas essa interferência extrema aí me chamou muito a atenção, por tratar-se de procedimento adotado num Colégio de Aplicação Federal, o que leva qualquer um a crer que essa seja a "política" que nosso querido governo aplica por aí afora.

Porque tanta tempestade num copo de suco de groselha, vocês podem estar se perguntando. Sei que, sob certo ponto de vista, isso até facilita a vida dos pais que não terão que se preocupar com o que seus filhos comerão na escola, mas é o precedente, é o estado através da escola passando por cima do poder discricionário dos pais e assumindo por eles o que é "melhor para seus filhos" que me deixa alarmado.

Educar em relação aos males do consumo excessivo de refrigerantes, doces, comidas pouco saudáveis é uma coisa desejável. Proibir, mandar pro paredón esse ou aquele alimento, acho que não.

Esse erro é comum na sociedade atual. É mais cômodo para alguns pais jogar a conta da criação dos seus filhos na escola. Seja a pública (péssima), seja a privada (só um pouquinho melhor), sobre essas instituições está sendo jogada a criação e a formação de centenas de milhares de crianças e adolescentes, coisa que definitivamente não é seu papel.

A outra coisa que me espantou, na verdade me causou calafrios, foi essa explicação do "aluno mais abastado ofendendo o aluno menos abastado com sua merenda".

Amigos, eu estudei num colégio particular em que 99% da minha turma tinha mais dinheiro do que eu. Tinha colegas de turma que, aos 16 anos, iam de motorista particular para a escola e esquiavam nos feriados. Posso garantir a vocês 3 coisas: nunca fiquei traumatizado por isso, nenhum deles jamais tirou uma torrada e passou caviar nela na hora do recreio e só fui conhecer chocolates Godiva já adulto.

Nossa sociedade, aliás, qualquer sociedade que não seja composta na sua quase totalidade por miseráveis explorados por um regime ditatorial como o cubano por exemplo, possui diversas classes sociais.

Isso não vai mudar porque alguma diretora, um dia, proibiu o leite achocolatado na hora do recreio e fez a escola inteira beber mate. Esse tipo de proteção ridícula, que busca criar um falso nivelamento (já que ele existe de fato) só contribui para criar a tal "revolta" que um dia aquela criança que tomou mate ao lado da outra sentirá ao ver que o coleguinha ganhou uma lambreta ao fazer 18 anos enquanto ele ganhou um vale-transporte.

Gente mais ou menos rica existe e não é anormal.

A extrema pobreza é que é anormal e tem que ser combatida. O resto é da economia de mercado. O país oferece oportunidades iguais? Não. Possui arremedos como bolsas e cotas, mas oportunidades de ascensão social não. Nos EUA você chega hoje, vira garçon amanhã, daqui a um tempo é dono do restaurante se quiser e se esforçar para isso. No Brasil morreria garçon. Não é "nivelando" a merenda escolar que isso vai mudar e Cuba está aí pra provar isso.

Não digo que crianças tenham que se "conformar" com sua situação e "aceitar" uma fictícia sociedade de castas, mas que elas desde cedo tem que aprender que existem pessoas mais ricas e mais pobres do que elas e que só depende delas o seu destino e a sua futura condição social.

A beleza da economia de mercado, da livre iniciativa, da economia desestatizada é isso: tudo só depende de você, da sua preparação, da sua vontade. Receber bolsas de estudo, incentivos, estímulos é muito saudável e é aí que se faz justiça. Mas nenhum "comissário" jamais vai analisar sua ficha ideológica para descobrir se você pode ou não comprar um televisor para sua casa.

E infelizmente, ao que parece, em nossas escolas os comissários já proibiram o Toddynho.

22 Comentários:

Marcus Vinicius postou 22 de março de 2010 às 10:01

Estudei em escolas públicas e ainda sim existiam alunas que tinham mais dinheiro que os outros, e isso nunca foi problema, pelo menos para mim. É realmente complicado entender esse tipo de arbitrariedade. Mas se eles os proíbem de levar lanche, pois que os alimentem direito, pois se os pais não podem cuidar disso, eles que cuidem.

Emerson Damasceno postou 22 de março de 2010 às 10:07

Grande Marcos. No Brasil - e tb mundo afora, existe uma esquerda ridícula que idolatra Cuba (e até a Coréia do Norte, eu acho), como se fossem os últimos bastiões do seu (deles) regimes fracassados. Ao mesmo passo, que existe também por aqui uma direita identicamente míope, só que rumando em direção aos republicanos dos EUA, que acham que a reforma do sistema de Saúde é um "socialismo golpista". Aliás, nos EUA, alguns até precisam de um cineasta errático como o Michael Moore, para lhes mostrar o óbvio, tamanha a ignorância política de boa parte da população.
Aqui, qualquer decisão de governo ou até pedagógica que estabeleça cotas, regras, enfim, o que for a fim de estreitar o imenso abismo social que ainda nos assola, são encarados como táticas de guerrilha, em vez de analisadas de forma coerente, caso a caso.
In casu, uma decisão da escola, como essa narrada por você, não tem nada de "cubanização" das escolas tupiniquins, tampouco um socialismo barato que busca nivelar a dita elite com o tal do baixo clero. Percebo que se trate apenas de uma forma de pedagogia, que acontece não apenas aqui mas em outros países. Nas escolas em que meus filhos estudaram em SP ou aqui em Fortaleza, acontece o mesmo.
Caso contrário, acho que as crianças se empanturrariam de hamburger com refrigerante, em vez de algo mais saudável. Nada que impedisse, claro, um filho de um novo risco de levar esturjão com ouro.
Enfim, não vejo nada conspiratório, só acho estranho quando ambos extremos, de direita ou esquerda, começam a encontrar conspirações em tudo que vêem :)
Abraços anômicos.

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 10:10

Caro amigo Emerson,

Obama quebrará o país e depois colocará a culpa nos republicanos, vejo que essa é a maior chance atualmente.

Quanto ao caso da merenda, pensemos assim: a dita "direita" quer impor apenas um conceito que é a liberdade. A dita "esquerda" tem uma cartilha de imposições.

Prefiro ficar com a primeira.

Um abração e em muito me honra você comentando aqui.

Marcus

Lia Sergia Marcondes postou 22 de março de 2010 às 10:13

Mas isto nem é o pior. E no caso das crianças com restrições alimentares?

A minha filha estuda em uma EMEI, em SP, e eles também tem esta política, com a mesma justificativa. Ora... E eu considero nocivo dar certo tipo de alimento (como refrigerantes, que eu nunca dei à minha, e sucos artificiais, de caixinha)? E se ela tem baixa tolerância a lactose, glutén ou corantes? E se tiver alergia a determinado tipo de alimento? Como é que fica? Quem me dá garantia absoluta de que alguém lá dentro vai se responsabilizar de verificar, com o mesmo cuidado que uma boa mãe faria, se algum dos ingredientes letais?

Com que direito eles podem impedir os pais de, diante de uma situação excepcional, cuidarem pessoalmente da alimentação dos filhos?

A minha filha entrou este ano na EMEI, e eu me pergunto isto todos os dias. Não quero fazer a chata e implicar mais do que já impliquei, mas ao mesmo tempo fico pensando no que posso fazer para exercer meu direito de mãe e ter o direito de fornecer o lanche da minha filha. Graças a Deus ela não tem alergias fortes, mas tem um organismo mais sensível a determinados tipos de alimentos. Tive que fazer uma lista das restrições alimentares e enviar, e eles dizem que vão garantir a adequação. Mas quem fica tranquilo? Mãe é mãe, e a gente sabe que ninguém vai cuidar melhor do que a gente que ama e lida ali no dia-a-dia com a criança. Ninguém conhece melhor do que a gente as suas necessidades.

Querer fornecer um alimento mais saudável e equilibrado para as crianças mais pobres, tudo bem. Acho muito importante. Mas as exceções devem ser respeitadas, e não são. (Ao menos não como deveriam.)

Cheguei a sugerir que ela fizesse o lanche na sala, separada dos colegas, para que não vissem a diferença entre o lanche ela e o deles, já que a escola considera isto tão nocivo. Tenho certeza de que, explicando, a minha filha entenderia o porque de fazer o lanche separado (assim como ela compreende quando digo que ela não pode comer uma determinada coisa que a deixaria doente). Mas nem mesmo isto eles autorizaram, porque a professora também sai para o lanche e eles não tem ninguém com quem deixar a minha filha, se ela ficar na sala.

Enfim... a situação é tão absurda, que seria cômica se não fosse verdadeira.

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 10:15

Pois é, Sophia,

As escolas alegam ter nutricionistas, mas servem nuggets de frango no almoço. Percebe aí como a coisa é séria?

Eu conheço o trabalho que o Jamie Oliver realizou na Inglaterra e realmente é de se tirar o chapéu. Onde iam espetinhos de salsicha entraram vegetais e grelhados, aquilo sim, ajudou as crianças.

Mas note: não foi mandatório.

O que me incomoda é isso, OBRIGAR alguma coisa.

E outra, os PAIS tem SIM obrigação de ver isso. Estipular tempo de televisão e computador, regular refrigerantes, isso é papel da escola.

Porque antes isso não acontecia? Nossos avós tinham mais tempo, com certeza, mas era menos preguiçosos na criação também.

Beijos!

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 10:17

Lia,

É o estado/uma instituição te dizendo o que é melhor para você.

Parabéns, você descobriu como um cubano se sente.

Beijos!

Sophiajones postou 22 de março de 2010 às 10:17

Olha, eu concordo de certa forma, com essa "proibição" da merenda.
Principalmente porque tem criança cujos pais, não estão nem aí para a alimentação dos seus filhos, e entopem de Cheetos e Baconzitos e refrigerantes hiper calóricos, os filhos, para empanturrá-los na hora do intervalo, já que provavelmente comeram Miojo ou aquela gororoba feitas pelas empregadas sem a supervisão da mãe, que invariavelmente está no trabalho.

Aí, vem a geração de crianças hipoativas, sedentárias, e consumidoras de calorias pobres, gorduras, e nenhuma vitamina e sais minerais ( a não ser aqueles pretensos presentes nas bolachas recheadas, repletas de gorduras trans, que toda criança ama).

Soma-se a isso, o fato de ghegarem em casa e postarem-se em frente à TV ou ao computador, geralmente fazendo uma boquinha de mais porcaria ainda.

Tá. Voce deve estar pensando, que cabe a cada pai e mãe, definir a merenda do filho, e a qualidade do alimente que ele ingere.
Mas já viu crinaça no recreio?
Elas trocam de tudo, e vão comer as bolachas e fandangos do amigo, vão jogar o suco fora, e encher a garrafinha com coca cola.

Sou contra cada um levar a porcaria que quiser de casa.

Sim.

Desde que o responsável pela merenda da escola seja o Jamie Oliver que promoveu uma revolução na Inglaterra, fazendo uma re-educação alimentar em crianças de ensino primário, acabando com deficiencias nutricionais severas, diminuindo o sobrepeso de milhares de crianças, e introduzindo em lares ingleses, um novo conCeito em alimentação.

Mas o Jamie Oliver, mora na Inglaterra, e em Terras Brasilis, ninguém teve peito para peitar os donos de cantinas.

Então, fico com você.

E também acho que devemos dar aos nossos filhos a opção de comerem a merenda da escola ou não.

Isabel postou 22 de março de 2010 às 10:21

Querido,
acho que muitas crianças devem ter descoberto como um suco de fruta pode ser melhor que um Toddynho!
Eu acho bom a escola proibir cada um de levar o lanche que quiser. Lá tem nutricionista e certamente a escola irá prover um lanche mais nutritivo do que os que provavelmente iriam para as lancheiras dos pequenos. Além disso, eles não precisam logo cedo se chocar com a diferença de classe. O colégio de aplicação tem muitas crianças que mal tem o que comer em casa, e acho legal elas se sentirem iguais e se tratarem como tal.
Outra coisa: acho que o Emerson aí acima tem razão ao dizer que estranha quando ambos extremos, de direita ou esquerda, começam a encontrar conspirações em tudo que veem. E parece que vc está começando a ver conspiração em tudo...
Beijos

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 10:26

Querida Isabel,

Não existe conspiração, existe fato consumado. O estado, através da escola, se metendo na criação dos filhos das pessoas.

E quando você fala que "eles não precisam logo cedo se chocar com a diferença de classe", eles se chocarão quando descobrirem que isso existe. Pensarão "Ué, mas na escola não era assim...".

Não é melhor tratar isso como algo normal? Eu sei que nunca serei rico que nem o Eike Batista e nem por isso quero entrar pra algum sindicato e sugar as tetas dos fundos dos trabalhadores.

A extrema pobreza é que é anormal e TEM que ser combatida. O resto é da economia de mercado.

O país oferece oportunidades iguais? Não. Possui arremedos como bolsas e cotas, mas oportunidades de ascensão social NÃO.

Nos EUA você chega hoje, vira garçon amanhã, daqui a um ano é dono do restaurante se quiser e se esforçar para isso.

No Brasil morreria garçon.

Não é "nivelando" a merenda escolar que isso vai mudar, Cuba está aí pra provar isso.

Beijos,

Andresa postou 22 de março de 2010 às 10:31

Realmente, o problema é que deveria ser uma opção.

Isabel postou 22 de março de 2010 às 10:38

Querido Marcus,
a escola TAMBÉM educa os nossos filhos. Muitas vezes é lá onde as cianças passam a maior parte do tempo. Infelizmente, eu fico muito menos tempo com a minha filha do que eu gostaria. Por isso nós escolhemos escolas que tenham metodologias pedagógicas parecidas com as que consideramos ideal (sim, parecidas, pois nunca será exatamente como nós mesmos faríamos em casa). Eu lembro do meu tempo de escola, onde eu era a ÚNICA a levar fruta de lanche. Acho que o mais importante dessa questão é a qualidade da alimentação. E também, em segundo plano, a questão das diferenças sociais. E daí que um dia ele vai perceber que o colega ganhou um carro e ele um vale-transporte? Vc precisa antecipar esse choque? E além do mais, se a escola for boa, já terá preparado, de certo modo, essa criança para a realidade da vida. Acho que tem sido muito importante a minha filha estar num colégio público por isso: para ver que existem crianças mais pobres, que vivem numa outra realidade, mas que isso não as tornam diferentes dela; são crianças como ela, que estudam, brincam e se alimentam da mesma forma.
Beijos! :)

Rafael Kafka postou 22 de março de 2010 às 10:58

Precisamos, urgentemente, criar um selo do Escola sem Partido!

Essa maldita lavagem cerebral comunista tem que acabar!

Fernanda postou 22 de março de 2010 às 11:17

Vc realmente tem visto conspiração em tudo. Restringir a alimentação das crianças ao que determina uma nutricionista preparada é mto saudável.

Também acho certíssimo restringir para que a igualdade seja instaurada. Ou vc acha que o uso do uniforme serve apenas para divulgar a marca das escolas?

josi postou 22 de março de 2010 às 11:19

'Vivemos num país em que professores de história chamam a Coca-Cola de "água negra do imperialismo" e os EUA de "grande satã".

se esta é a tua opinião sobre o magistério, por que te preocupas com a merenda escolar?

a pergunta é: onde está o foco do problema? e melhor: como solucioná-lo? afinal de contas, a escola é do povo. mas cadê o povo na escola?

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 11:27

Fernanda,

Sempre achei que uniforme era pra coibir saias curtas demais, bermudas largas demais, etc, etc. Além do que no meu colégio após o 1º grau o uniforme não era mais obrigatório, sabe como é, eles incentivavam essa coisa estranha chamada "individualidade".

Abs

Marcus

Tuca Delarosa postou 22 de março de 2010 às 11:27

Que bom isso, criaremos hipocritas e seremos todos felizes?...não, obrigada. Meu filho leva seu obentô pra escola diariamente, e vai continuar levando, nem que pra isso eu tenha que entrar na justiça. O pequeno qdo não leva nada pra almoçar volta pra casa até hipoglicemico, tal pavorosa é a comida servida, democraticamente, na escola. O que é bom para o meu filho EU sei.

Isabel postou 22 de março de 2010 às 11:59

Vc realmente acha que o uso do uniforme acaba com a individualidade? Primeiro a comida, agora o uniforme. Francamente...

mvsmotta postou 22 de março de 2010 às 12:08

Prefiro acreditar que serve para poupar o guarda-roupas, mas sim, um dos objetivos de qualquer uniforme é "nivelar" a tropa. ;)

Marcus

Lia Sergia Marcondes postou 22 de março de 2010 às 15:31

P/ Isabel: Olha, a questão de incentivar uma alimentação mais saudável é mais do que válida. Mas e se minha filha é sensível a lactose e corantes, mas lá no lanche na escola quando não tem iogurte (sempre industrializado, claro), é leite com achocolatado, ou suco de caixinha. E aí? O que eu faço?

A gente recebe o cardápio do mês, e com toda certeza, te garanto que não é mais saudável do que o lanche que eu dou em casa: biscoitos, pães ou bolos feitos por mim (com ingredientes orgânicos, sem leite), ou frutas orgânicas, ou suco natural de fruta feito na hora, etc.

A escola pode, e deve, fazer uma lista de restrições, dizendo o que os pais NÃO podem mandar no lanche, e sugestões daquilo que é mais adequado, tal como acontecia na escola onde a minha filha estudava antes de nos mudarmos. Assim como era proibido mandar na lancheira refrigerantes e doces, eles recomendavam que os pais enviassem frutas pelo menos 3 vezes na semana, sendo que 1 dia na semana era obrigatório ter a fruta. Também recomendavam que a gente mandasse mais sucos feitos direto da fruta (ou de polpa natural de fruta), e evitássemos os industrializados.

Ou seja... em vez de ficar querendo forçar uma igualdade que não existe, eles procuravam orientar os pais da melhor forma possível. Haviam proibições, mas havia o bom senso também.

Nas escolas públicas, existem os pais que não tem condição alguma de mandar lanche pros filhos, porque não tem dinheiro. E tem aqueles pais que não podem pagar uma particular, mas podem oferecer uma alimentação um pouco melhor. Por que não aderir ao meio-termo? A criança que for comer o lanche da escola, os pais assinam lá uma ficha de inscrição. Os que forem levar lanche de casa, ficam registrados em outra lista, e recebem sugestões de cardápio, com instruções do que mandar ou não na lancheira da criança.

Assim se dá oportunidade e abertura a todos. E a orientação nutricional deve ser feita diretamente AOS PAIS, o que é muito mais efetivo, porque vão levar aquele aprendizado para as demais refeições da criança, em casa.

Unknown postou 22 de março de 2010 às 15:59

Pois é, né ? Falar o que da ditadura alimentícia subjacente nas nossas escolas ? Bom, em primeiro lugar que ótimo que algumas pessoas são autênticas, possuem opiniões sobre fatos do nosso dia-a-dia e ainda refletem e escrevem sobre eles ! \o/. É…realmente algumas escolas proíbem que os pais mandem guloseimas para que os seus filhos comam na hora do intervalo. Mas, o mais triste disso tudo, é que essa mesma escola que, além de proibir que suas crianças levem lanchinhos pra comerem, agendam um determinado passeio no parque X e com direito a um almoço Y no restaurante Z. E alertam bem: pais, não mandem nada e nem dinheiro porque está tudo certinho. Ou seja, a própria escola(entendendo escola como uma instituição que educa pessoas) acaba ferindo o princípio da isonomia que admite uma certa desigualdade a fim de se proporcionar uma igualdade efetiva. A escola trata igualmente os desiguais nivelando, assim, todos num mesmo patamar. É, coisas da vida !

Hilton Neves postou 23 de março de 2010 às 12:02

Assustei ao saber disso! Nunca imaginei que as escolas fossem chegar a esse ponto.

De modo algum o Marcus tá sendo conspiratório. Os sinais são claros:
* as fascistas Secretarias http://www.youtube.com/watch?v=LtHwAKhEBzo (a partir de 2:25 especialmente)
* no artigo anterior neste blog, a mesma Secretaria que resolveu implicar com minha xará no comercial de cerveja
* e por fim o lance do escorrega norte-coreano, sob o azo de que a merenda A, B ou C faria mal à saúde

Meu(inha) filho vai ser gordinho se ele assim escolher. Levará o lanche de casa. Se determinado alimento é nutritivo ou maléfico isso é caso pra aula de Ciências.

Fernanda postou 23 de março de 2010 às 12:52

Meu caro,

o objetivo do uniforme é unificar, padronizar. Cobrir as pernocas de meninas e meninos (sim, meninos!) é um plus da vestimenta. Pasme!

A padronização durante o processo formal de aprendizagem é fundamental para que a escola atinja sua principal função: ensinar. Aliás, ensinar a criança a se alimentar "também" pode ser uma função da escola. Por que não?

 
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