Quem eu seria se não fosse quem sou?

Postado em 1 de mar. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Eu adoro misto-quente com Toddynho. Também não troco um milk-shake de Ovomaltine por nada (de beber, é claro) nesse mundo. Gosto de fazer batida de morango com vodka e leite condensado e o cachorro-quente do Geneal é quase irresistível pra mim.

Estudei em vários colégios diferentes, mas o que mais me marcou foi o Gama Filho, onde dançava quadrilha em Julho, participava da Feira de Ciências em Setembro e morria de saudades quando entrava de férias em Dezembro, ainda que não admitisse isso nem sob tortura.

Minha praia predileta no mundo dos mortais (porque Fernando de Noronha está no paraíso) é a de Tabatinga, em João Pessoa, e o nome da minha primeira namorada é Fernanda.

Coisas assim, bobas, nos definem durante a vida. São nossos gostos, hábitos, manias, opiniões que vão construindo aquela pessoa pela qual as outras chamam e conhecem quando referem-se a nós.

Uma das minhas eternas viagens, razão deste texto hoje, é imaginar como eu seria caso fosse americano, francês, japonês, australiano, russo...

Essa sensação apareceu quando a internet se popularizou de vez e transformou o mundo que outrora era imenso em um ovo de codorna que a gente cruza num clique.

Leio blogs e textos de pessoas de diversos países que consiga entender o idioma e me encantam suas memórias da infância, da juventude e da vida adulta recente. Seus hábitos, gostos e coisas que consideram imprescindíveis para tornar seus dia-a-dias mais doces.

Sei que é impossível viver mais de uma vida de cada vez, mas adoraria saber como deve ser observar nossa mãe preparando um bentô pra q levarmos pra escola; relembrar paqueras e namorinhos na "Paris Plage",que a cada verão ocupa as margens do rio Sena; ter uma primeira namorada russa chamada Kalinka (com quem tomaria meu primeiro porre e veria uma "kalinka" pela primeira vez na vida); relembrar idas com o meu pai nas férias a Sydney ou a alguma caçada no Outback (sim, no Outback australiano você precisa matar sua comida antes dela ir pro prato) ou olhar num velho álbum os meus tempos de High School, vanilla coke e Taco Bell.

Quem sabe eu não torceria pra algum time de rugby, não jogaria lacrosse ou me interessaria tanto por sumô a ponto de saber quem é Asashōryū Akinori e achar um absurdo que num longínquo canto da América do Sul, as pessoas prefiram falar de Kaká, Ronaldinho, Adriano e achem que lutador mesmo é o Mike Tyson.

E tenho até medo de imaginar qual seria meu prato predileto caso eu fosse chinês, por exemplo.

Loucuras e brincadeiras à parte, isso prova ser imperativo buscarmos sempre viver tudo o que pudermos ao máximo.Porque notem que nesse tempo todo aí eu nunca supus que seria pobre (porra, tô fora...prefiro ser brasileiro remediado do que francês descamisado), mas também nunca pensei em ser rico, famoso ou coisa do tipo.

O que importa são as experiências, as amizades e tudo aquilo que nos ajuda a ser quem somos, o resto é só um veículo para chegarmos a estes lugares.

4 Comentários:

Lagarta postou 1 de março de 2010 às 09:00

"E no final, não passamos de uma imensa colcha de retalhos"...ouvi isso de um professor, certa vez, acho que nunca vou esquecer.
Mais um belo post, parabéns =)

Unknown postou 1 de março de 2010 às 10:58

Colche de retalhos,gostei dessa definição.
Na verdade nunca fui tão longe na brincadeira do "se eu fosse"...
Sempre me deixei levar muito pelo momento presente.Pé no chão D+ acaba sendo ruim,pois acabamos tendo uma vida bem chatinha.Aprendi uma com vc e qualquer hora vou tentar me imaginar...quem sabe na Itália,comendo algo bem gostoso e bebendo um vinho numa noite de neve...quem sabe!

Claudiene Finotti postou 1 de março de 2010 às 16:21

Texto gostoso de se ler.
Vou parar pra pensar no assunto, me colocando nessa situação também.
Qdo eu era criança existia só dois lugares: o Brasil, que era pouco maior que minha casa, e o resto do planeta todo pra mim era e a Inglaterra, onde todos falavam inglês e era muito mais chique do que português, e eu brincava de ser de lá...rs...
Acho que vou escrever sobre isso...também!

Hélvio postou 5 de julho de 2010 às 10:17

Adorei o texto e modo como você escreve. Simples, sem deixar de ser complexo, suave e instigante. Nos faz pensar além do que costumamos ,além de possuir um humor nato que nunca encontrei na internet. Parabéns!

 
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