Tudo bem, mas quanto custa pra ele se calar?

Postado em 3 de set. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Em minha opinião couvert artístico é aquela taxa que te cobram por um show que geralmente você pagaria o dobro para não ter que ouvir. Pronto. A frase de efeito inicial está lançada para servir de abertura para a história que determina o porquê. Poderia ser mais de uma história, afinal por onde quer que você vá se divertir e conversar com alguém haverá um barzinho com música ao vivo para estragar seus planos.

Sinceramente não imagino alguém dizendo assim "vamos à churrascaria tal que tem um excelente cantor?". Aliás, até imagino, só que não pra mim. Quem me conhece há mais do que cinco minutos sabe que esse tipo de proposta equivale a me perguntar se eu quero realizar um exame de próstata num sábado à tarde, "só por diversão".

Mas certa vez fui num restaurante mexicano acompanhado da minha ex e de um casal de amigos. Era um restaurante que eu já freqüentava fazia um tempinho e que servia enchiladas, tamales, tacos e guacamole maravilhosos. Só que nesse dia eles resolveram incrementar o serviço contratando um cantor para fazer um estranho show guitarra-violão.

Se fosse só isso já seria um porre, mas o cara resolveu apresentar um rock-baião-psicodélico fusion de arranhar até ouvido de morcego. E nós ficamos ali na mesa realizando aqueles diálogos típicos de bar com música ao vivo, onde ninguém se entende:

- Muito legal o último filme do Woody Allen, né?

- O que tem o Spielberg?

- Não, eu disse Woody Allen, você mencionou o judeu errado.

- Ahh! Eu também acho muito errado esse negócio de anti-semitismo.

Isso sem contar aquele monte de "Ois?" e "Heins?" que éramos obrigados a soltar entre um guincho que a guitarra grunge dele produzia e um de seus gritinhos de Ney Matogrosso. Mas nada está tão ruim enquanto o artista não resolve tornar ainda pior contando piadinhas infames e pedindo para que cantem junto com ele.



Se a cacofonia permitisse que organizássemos nossos pensamentos, com certeza em pouco tempo chegaríamos à conclusão de que aquilo não estava divertido, mas nem pensar direito nós conseguíamos, até que nosso subconsciente nos levou a pedir a conta, numa bela demonstração do instinto de sobrevivência do ser humano.


E quando a conta chega, vem o choque. Cada um de nós deveria pagar a módica quantia de 15 reais pela honra de ser importunado durante mais ou menos duas horas e, talvez, pela indigestão que as quesadillas e nachos musicais causariam.

Chamei a proprietária do local e o diálogo foi bastante interessante:

- Tudo bem? Olha, acho que tem um erro aqui, nossa conta veio com R$ 60,00 a mais.

- Não, é o couvert artístico.

- Mas como assim? Eu não pedi essa música, na verdade essa música me incomodou durante todo o jantar e pra falar mais a verdade ainda, essa música é tão ruim que eu pagaria R$ 120,00 para não ter que ouvi-la, por isso não vou pagar R$ 60,00 por essa experiência infernal que vocês me proporcionaram.

- Olha, para o seu governo todos estão pagando sem reclamar e em segundo lugar, o músico, que por sinal é meu filho, é muito bom e você não deve entender nada de música para falar assim dele.

- Seu filho? Porque você então não paga os R$ 60,00 pra ele? E condicione isso a ele usar o dinheiro pagando uma aula de música, porque ele entende tanto de música quanto eu.

- Vou fazer uma coisa, não precisa mais pagar o couvert e eu agradeceria se o Senhor não voltasse mais aqui.

- Isso é fácil de você conseguir, basta dizer que ele vai tocar aqui todo dia que com certeza eu nunca mais volto.

E não voltei. Não por medo da música ruim, mas porque vai que ainda por cima eles resolvessem cuspir no meu chilli.

8 Comentários:

Weslley postou 3 de setembro de 2010 às 11:15

'todos pagam sem reclamar' pq são brasileiros e não estão acostumados a reclamar qd não gostam de alguma coisa.

qd eu vou a um restaurante/ bar, é com o objetivo de me alimentar e conversar com meus amigos, se fosse pra ouvir musica ao vivo eu ira a uma casa de show.






sem querer sem eu troll chato, mais um corretor ortográfico de vez em quando faz bem.

mvsmotta postou 3 de setembro de 2010 às 11:47

Faça as vezes de corretor e sugira mudanças!

Abs

Marcus

Tuka Siqueira postou 3 de setembro de 2010 às 13:36

Tá certo...

Anônimo postou 3 de setembro de 2010 às 13:42

Chorei de tanto rir, muito hilário o pior que é assim mesmo.Abs Laura

Unknown postou 3 de setembro de 2010 às 13:44

Puuutz, não tem coisa pior que vc ir em algum lugar pra conversar e ter uma banda nada a ver tocando coisas toscas. Se eu quiser escutar música ao vivo vou pra algum barzinho propício pra isso, simples. Lembro uma vez que fui na Cachaçaria Água Doce, quando morava em Blumenau ainda. Quando entramos demos de cara com uma dupla sertaneja (!!!) indo de mesa em mesa incomodar o pessoal que queria comer em paz. Pedimos ao garçom uma mesa no lado de fora, onde segundo ele, a dupla não iria. Eis que meia hora depois aparecem os caras lá fora também afff! Pior foi querer cobrar por aquilo. Quebrei um pau com o gerente, afinal, eu pedi uma mesa lá longe da tal dupla, exatamente por não querer escutá-los! Por fim acabaram tirando da conta o tal 'couvert artístico'. Ninguém merece!

Ju Whately postou 3 de setembro de 2010 às 14:39

Chorei de rir!!! Já passei diversas vezes por isso... é foda mesmo.

Mas devo admitir que eu já disse a frase: "vamos em tal lugar pq lá tem um cantor ótimo"!!!

É que eu gosto de música ao vivo, desde que seja num volume que não atrapalhe a conversa e que seja música boa (aí já vai do gosto de cada um...).

Parabéns pelo post!

Weslley postou 3 de setembro de 2010 às 20:34

devo ter me confundido quando li 'importunado'.
mil desculpas.

abs.

ArianaPavan postou 4 de setembro de 2010 às 09:43

HAHAHAHAHAHA :D

muuuuuuito bom!



parabéns!

 
Template Contra a Correnteza ® - Design por Vitor Leite Camilo