Gritei para ele: "eu te odeio!". E me senti bem.

Postado em 20 de out. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Justin Bieber - pra quem não conhece, um cantor adolescente portador de uma franja concretada e intérprete de músicas ruins - estava confiante para fazer sua prova de direção e poder dirigir seu Range Rover, presente que ganhou do astro do R&B - leia-se: rap vagabundo disfarçado de musica melosa - Usher.

Justin Bieber provavelmente passou toda a prova escrita  maldizendo a falta de um espelho na sala onde o certame foi aplicado, para que pudesse conferir se a sua franja ridícula estava no mesmo local ridículo de dois minutos atrás.

Por estar mais preocupado com sua franja - aquele acessório fundamental para adornar seus bicos e gritinhos de debutante dos anos 50 - Justin Bieber bombou na prova de direção e foi condenado a passar mais um tempo sendo apenas Justin Bieber, o bípede, e não Justin Bieber, o piloto de Range Rover.

Inconformado, Justin Bieber deu um piti digno de uma debutante dos anos 50 ao perder um salto ou um cílio postiço no auge do baile - ou talvez um piti digno do próprio Bieber, ao descobrir, sei lá, que o vento desarrumou a sua franjinha engraçada - e se recusou a sentar no banco do carona, para ser levado de volta para casa pela mãe, como muito bem sói a todo aborrecente enchedor de saco.

"De jeito nenhum eu me sentaria no banco de passageiros e choraria como um garotinho de dez anos, ela (a mãe) ficou me chamando enquanto eu virava a esquina de um estacionamento", declarou o jovem Bieber, sem nem desconfiar que sua aparência e seu comportamento como um todo já o fazem parecer não um garotinho, mas uma garotinha de dez anos. Mas ele ainda não estava satisfeito, tal qual suas fãs, ao que parece, Justin Bieber também nunca está farto o suficiente de si mesmo.

"Senti que cada motorista que passava estava rindo de mim", continuou Justin, sem imaginar que talvez os motoristas rissem mesmo, mas não por causa de uma prova de direção que nem imaginavam que havia acontecido, e sim por causa de um moleque que abusou do Mentos - e por isso parece meio fresco - com uma franja de marquise laqueada passeando na calçada, talvez fugindo de algum circo - o que não deixa de ser verdade, se pensarmos no mundo das "celebridades".


"Uma garota passou se maquiando enquanto percorria a avenida, mas com certeza ela tinha carta." - denunciou Justin Bieber, sem saber direito se tinha mais raiva da mocinha por causa da carteira de motorista ou do estojo de maquiagem.

"Outro cara passou em uma caminhonete, fumando um cigarro, que jogou na rua, como se o mundo fosse seu cinzeiro. Gritei para ele: “Eu te odeio!” E me senti bem. E fui gritando para todo mundo “Eu te odeio!”, “Eu te odeio!” e “Eu te odeio!” - Finalizou a história o super-herói adolescente, expondo de forma categórica, mais latejante do que um nervo exposto, a psiquê de sua geração, essa garotada que "odeia" os outros por causa de um videogame, um time de futebol, uma banda de rock, essa gente que odeia o idioma escrito, a maturidade, o bom gosto, o senso do ridículo.

O homem fazia do mundo seu cinzeiro, Justin Bieber faz do mundo seu penico. Estão empatados.

Pena que as pessoas estavam ocupadas demais para prestar atenção no que Justin Bieber tinha para dizer, afinal de contas, qualquer um com alguns anos a mais e espinhas a menos precisa se preocupar com coisas mais importantes como repor o papel higiênico na despensa, tomar um sorvete ou simplesmente jogar milho para os pombos, logo não têm tempo para Justin Bieber.

Mas se tivessem, duvido que gritassem "Eu também te odeio!", porque afinal de contas, "ódio" a gente guarda para um monte de coisas, como aquele cara que dá em cima da nossa namorada, o fiscal do imposto de renda ou todos os autores de novelas da Globo, mas jamais para um adolescente tresloucado berrando na calçada.

Tenho quase certeza de que o máximo que essas pessoas diriam, antes de trocar a estação de rádio porque alguma música de algum astro adolescente ou de R&B começou a tocar poluindo seus alto-falantes, seria:

- Cala a boca, moleque! E vai num barbeiro cortar esse cabelo escroto!

Um mês depois o pequeno Bieber conseguiu sua carteira de motorista. Mas a franja continua lá.

6 Comentários:

Lucas Dorin postou 20 de outubro de 2010 às 08:44

"O homem fazia do mundo seu cinzeiro, Justin Biener faz do mundo seu penico. Estão empatados." HAHAHAHHA Muito bom, isso é um retrato mesmo da geração que quer meter o pau em tudo e achar algo para se revoltar contra, por mais idita que seja... ¬¬'

@da_ni_ribeiro postou 20 de outubro de 2010 às 08:47

Pior que o Justir Bieber?
Só ele mesmo, ou quem sabe a versão do Zé de Abreu: Justin Beer.
Talvez possamos escutar as musicas dele depois de "umas e outras". Nosso sentido fica distorcido... ai sim, a musica dele poderá se tornar escutavel...

Pedro Barcellos postou 20 de outubro de 2010 às 08:51

Estupidamente interessante! Você escreve com a alma, e isso me faz sorrir. Parabéns! Eu te sigo no twitter: barcellos_pedro :)

Miya postou 20 de outubro de 2010 às 08:59

Esse moleque ficou famoso por seu "ótimo repertório" de músicas, não é a toa que se sinta no direito de odiar pessoas que mal conhece. E mais uma vez os pais estragam os filhos e jogam no mundo, que criança mimada!

Anônimo postou 20 de outubro de 2010 às 12:18

APOSTO que ele ouve muito mais "eu te odeio" por dia! @mariana_bastos

Anônimo postou 14 de outubro de 2011 às 18:55

Eu não entendo pq esse menino quer achar que pode faser o que quiser! Odiei como ele falou com a sabrina sato "josten!" aff!

 
Template Contra a Correnteza ® - Design por Vitor Leite Camilo