Schadenfreude nos outros é refresco

Postado em 28 de out. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Se alguém de repente me dissesse essa palavra, eu não conseguiria nem pronunciá-la de volta, apenas diria "isso aí e a sua mãe também!". Mas acima de tudo sou um curioso e a Wikipédia não deixa quase nenhuma informação faltar, então descobri que "schadenfreude" é uma palavra de origem alemã usada também em outras línguas para designar o sentimento de alegria ou prazer pelo sofrimento ou infelicidade dos outros".

Todo mundo adora falar mal de "inveja", mas não conheço uma pessoa que não faça tudo na vida para que os outros a invejem. Porque convenhamos, uma das melhores coisas do sucesso é poder esfregá-lo na cara de um monte de gente que já tentou nos sacanear no decorrer da vida.

E isso é normal, se você sente tudo isso, saiba que você não é pior do que o seu vizinho, no mínimo você é igual a ele.

Assim como o mérito. Óbvio que conquistar as coisas e saber que suas vitórias são fruto do seu esforço é uma beleza, mas contar com a sorte também é uma maravilha. Por isso não entendo quando perguntam pra alguém se "quer ganhar tudo no mole" ou se "quer se dar bem" e a pessoa não responde logo com a verdade: sim, quero.


Meu amigo, tenha certeza: até bolacha em boca de velho se pudesse não escolheria sofrer. Porque logo você teria que fazer isso?

E dentre todos os sentimentos ditos egoístas - quem não é egoísta em sã consciência? - um dos quais o ser humano mais se penitencia é o "schadenfreude".

Não digo a graça de ver alguém se ferrar pura e simplesmente, que com certeza é meio doentia, mas o sentimento de "justiça" que nos domina quando, por exemplo, aquele cara que, além de dar em cima da sua mulher, ainda tem a petulância de ser mais bonito e mais rico do que você é pego na cama com o jardineiro e todo mundo fica sabendo. Entende?

Tem gente que veio ao mundo a passeio. Não adianta lutar contra essa realidade se você veio ao mundo como camareiro. Tente subir na vida, chegar a gerente, a diretor, mas esqueça a suíte presidencial. Outras pessoas não, mesmo que elas façam tudo errado, tudo acaba dando certo.

É como aquele seu amigo cafajeste, que estava de porre no carnaval e ficou com uma loirinha mais bêbada do que ele que dormia em cima de uma saco de lixo. Ele foi zuado por toda a turma na ocasião, mas hoje é casado com a loirinha, que por acaso é filha de um milionário paulista que arrumou pra ele um cargo no qual em troca de ganhar 10 mil reais por mês, ele não precisa fazer nada.

Até unha encravada num cara desses já lava nossa alma, não adianta negar. E se não adianta, porque tentar? Tem vezes que sim, ver alguém se ferrar nos dá prazer, e enquanto isso não ocupa uma parte do nosso tempo maior do que aquela que gastamos tentando nos dar bem na vida, tudo bem.

Senão você ainda acaba tendo que rir é de si mesmo.

4 Comentários:

Anônimo postou 28 de outubro de 2010 às 09:34

Muito bom e analise igualmente muito boa. Parabéns.

@BrTNaue

Rodrigo Santos postou 28 de outubro de 2010 às 09:34

Ahh, é pecado?
Religiosamente, sim! kkk
Mas deixemos a religiosidade à parte...
Como é bom sentir a sensação de que seu "inimigo" se ferrou na vida. Eu sei que todo mundo no fundo do coração sente uma alegria pulsando no lugar do sangue quando vê a desgraça alheia.
Ótimo texto!

Unknown postou 28 de outubro de 2010 às 10:52

Eu não desejo a desgraça de ninguém, mas confesso que é realmente bom assistir alguém que só quer te derrar se ferrando também, mas prefiro que sejam coisas leves, tipo mico tamnaho extra-large, em vez de algo muito ruim.

Maraguary postou 28 de outubro de 2010 às 12:58

Particularmente penso que o ser-humano em geral não é lá das melhores criaturas que ocupam a face da terra. Acho que se não houvesse lei e crença religiosa, o mundo seria uma grande lixeira (muito pior que é...). Assumir publicamente que temos defeitos nos isola socialmente e talvez por isso, a grande maioria finja não ter inveja, orgulho, ódio, rancor e os demais sentimentos humanos, ditos repugnantes. Alguns os controlam, outros os omitem, mas todos sentem, somos basicamente assim. Isso é um fato. E é claro que suavizamos tudo isso quando falamos a respeito... Como não sou lá de suavizar, assumo que tenho todos esses defeitos e que realmente CURTO BASTANTE ver quem me ferra se ferrar. Simples assim. Na realidade, sinto ímpetos de imitar o caranguejo daquela propaganda antiga, que abaixava as calças, mostrava o bumbum, dançando e cantando: "nã-nã-nã-nã"!! Simples assim!

PS.: Fiz um blog. Se tiver um tempinho nessa sua agenda mega-agitada, vá lá dar uma olhadinha!
http://agoraeuvoudizer.blogspot.com/

 
Template Contra a Correnteza ® - Design por Vitor Leite Camilo