Você jamais saberá a fórmula correta para terminar um namoro com alguém

Postado em 19 de jan. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Dizem que tão importante quanto começar algo, é saber terminar. Sei lá, acho isso totalmente válido se estivermos falando de um curso de inglês, uma faculdade ou mesmo daquela aula de 45 minutos de Spinning, mas não concordo muito quando se trata de relacionamentos.

Não adianta dizer que é preciso ter maturidade, que gente civilizada acaba virando amigo, entre outros clichês, porque como quase todo clichê essas idéias são perfeitamente plausísveis na teoria e totalmente anti-naturais na prática.

Claro que ex-namorados, noivos, maridos e esposas podem (e na medida do possível, devem) manter uma relação civilizada após o término da relação, mas o problema fica aí nesse "após".

Modestamente acredito que um período de adaptação, uma espécie de buffer zone, deve existir até que algum Buda incorpore em ambos e eles possam se enxergar novamente como pessoas, e não "aquele filho da puta que me largou por aquela lambisgóia loira" ou então "aquela vaca que dava mole pros viados da academia".

Num primeiro momento, eu não consigo acreditar em comportamento civilizado. Tudo bem que pratos quebrados, gatos enforcados e ex-PMs contratados para dar um "corretivo" no outro são inaceitáveis.

Mas uma atitude tipo "tomara que ele(a) se arrependa para eu ter o gostinho de dizer que agora quem não quer sou eu" é bem mais natural do que "Ah, você vai me abandonar para estudar ratha yoga com sua amiga lésbica por quem você descobriu que é perdidamente apaixonada? Legal, vamos tomar um café?".

Mas o busílis disso tudo é: como terminar? Qual o momento exato para você dizer pra pessoa o famoso "não é você, sou eu". Ora, primeiro que pra essa frase ser completamente honesta, ela deveria vir acompanhada de um "sou eu que não te aguenta mais" ou algo parecido e depois, bem, quem leva o fora sabe que é com ele sim.

É na hora de formalizar o acordo, no qual um entra com o pé e o outro com a bunda, que mora o perigo.


E não deixa de ser uma tarefa complicada avisar a alguém - assim como ouvir de alguém - que aquela pessoa não faz mais parte dos seus planos, que a sua empresa resolveu explorar outros mercados e que o portfólio dela não se encaixa mais no seu perfil de atuação.

É cruel saber que você não está mais a altura das aspirações de alguém. E pior do que ser trocado por outro, é te trocarem por nada mesmo.

Terminar um relacionamento é quase como demitir a pessoa, só que, pra piorar, ela não tem direito nem a fundo de garantia e seguro desemprego.

E pra resolver isso as pessoas nunca sabem direito como proceder. Você pode se fazer de desentendido e soltar a novidade numa hora totalmente imprópria: "Duas coca-colas, por favor, a minha sem limão e também sem essa moça aqui como namorada" ou então "pode passar o pão, por favor? Ah, agora estou namorando o Olavo".

Existe quem prefira inventar alguma briga: "Você não quer assistir Rambo III comigo pela vigésima vez? Sabia, jamais vamos dar certo, não te quero mais".

Tem quem prefira inventar uma situação catastrófica: "Descobri que tenho uma doença genética que fará com que todos os nossos filhos sejam cantores de axé, precisamos terminar de qualquer jeito".

E há também quem seja frio o suficiente para fazer isso por e-mail ou SMS: "De: Fulana@toemoutra.com.br Para Cicrano@clubedosrejeitados.org Não sei se você chegou a ler o memorando, mas nós não namoramos mais, Att, Fulana".

Ou então algo do tipo "SMS de Fulano: Oi, gata, qr dzer ex-gata td bem?Deixa eu te flar 1 coisa,naum temos + nd 1 c o outro,tô com a Lu, Bjus".

A própria inexistência de uma maneira indolor de fazer isso já demonstra como a coisa é complicada, ou você ainda iria tomar aquele sorvete com sua colega de faculdade se soubesse que dali a 2 anos e meio estaria num bar, enchendo a cara, pentelhando o garçom e seus amigos e chorando as pitangas porque a colega de faculdade virou a Bete, o amor da sua vida, que te largou só porque você passava o final de semana inteiro jogando World of Warcraft, ao invés de sair com ela?

Se a gente soubesse que um dia ia terminar - e principalmente, terminar mal para nós - ninguém começaria nada, essa é a verdade.

Mas se isso acontecesse, o que seria dos traidores, dos canalhas, das volúveis e de todo o tipo de gente cretina com a qual nos deparamos em nossas desventuras amorosas?

E pior, o que seria da indústria de filmes, de bebidas, de soníferos, do teatro, e até desta pobre criatura que agora vos escreve, que estaria completamente sem assunto?

Os pés na bunda ajudam a movimentar a economia e a cultura mundial. E se isso não for um fato, que pelo menos lhe sirva de consolo.

17 Comentários:

Ela e americana postou 18 de janeiro de 2011 às 23:19

Muito bom o texto. verdade pura!

Alexandre postou 19 de janeiro de 2011 às 05:23

Acho q o convivio maius civilizado é a distancia... acabou, ponto final.. Cada um na sua a partir de agora! naum impede um bom dia ou um Tchau, mas sinceramente, eu naum quero saber como foi seu dia, rsrsrs

juliana postou 19 de janeiro de 2011 às 05:23

Hehehe...sempre bom te ler!!

Raiane Araújo postou 19 de janeiro de 2011 às 05:28

Muito bom, essa é a mais pura verdade, por mais que tenha que ser feito sempre vai ser difícil terminar um relacionamento.

Bruno postou 19 de janeiro de 2011 às 05:33

Muito bom, engraçado e realista.

Meu eu... postou 19 de janeiro de 2011 às 05:33

Hahaha... adorei...

JR postou 19 de janeiro de 2011 às 05:34

Aew cara, mandou bem pra cara*%$#& no texto. Verdadeiro e engraçado! So nao vou retuitar pq nao vao desconfiar q eu to procurando uma maneira indolor de terminar o namoro... #FAIL

JR postou 19 de janeiro de 2011 às 05:40

Mandou bem! Criativo, verdadeiro e engraçado. So nao vou retuitar pq seria uma maneira estranhar de sinalizar a minha namorada q tenho pensado em maneiras de se terminar...

Andressa Lopes postou 19 de janeiro de 2011 às 05:42

Olha esse texto me remeteu a várias situações... realmente mto bom, meus sinceros parabéns... tomar pé na bunda é foda... mas nos apeguemos a velha maxima: "Até um pé na bunda te coloca pra frente"... e a vida segue...

Unknown postou 19 de janeiro de 2011 às 07:17

Texto fantástico e verdadeiro, mas principalmente para os homens, infelizmente.
Vocês sâo acomodados neste aspecto: deixam a bola com a mulher.
Por outro lado, eu chuto a bola e a traseira do cara babaca, que certamente mentiu pra mim ou omitiu...
"A fila anda..." em qualquer idade.
Demora cair a ficha, mas quando cai é pra valer...e a vingança será maligna rsrsrrsrs

Gil postou 19 de janeiro de 2011 às 08:41

Me divirto muito lendo suas verdades...que muitas vezes também são minhas. Beijos!

Laura Freire postou 19 de janeiro de 2011 às 10:17

Meus parabéns. Você soube abordar um assunto delicado com humor inteligente, sem menosprezar o tamanho do problema. Você escreve bem.

De fato, esperar que no fim de uma relação as pessoas hajam como se nunca tivesse havido uma intimidade maior entre elas chega a ser desumano. Algumas pessoas, depois de (in)certo tempo, podem até se tratar com cordialidade (se trabalharem no mesmo lugar, por exemplo), principalmente se existe algo mais importante a ser preservado e que está acima dos dois, como um filho.

Mas isso requer tempo, vivência, história. E é de cada um, não há referência sobre o que seria melhor, mais recomendável, mais maduro, mais correto ou mais justo - como você mostrou nesse texto tão legal de se ler.

Luciana Magno postou 20 de janeiro de 2011 às 08:47

"Você jamais saberá a forma correta de terminar um namoro com alguém" porque simplesmente não há na existência humana um "molde" para isso. O que devemos ter em mente é que numa relação a dois SEMPRE somos mais importantes que o outro. Caso contrário, caímos no clichê de responsabilizar o parceiro por nossa infelicidade, e isso é muita falta de inteligência e pobreza de espírito.
O entendimento acima faz parte da estória de alguém que implodiu um casamento de 9 anos sem frescura. Sem preocupar-se se magoaria o outro ou não, mesmo porque a distinta criatura fez da minha existência um inferno durante esse período. Então, acordei para vida e parei de me fazer de coitada (coisa que odeio) e fiz a famosa troca: eu entrei com o pé, e ele com a bunda!!! Simples! Se causei algum transtorno nele? Não me interessa. O que importa que sou feliz hoje, assim como não sou obrigada a aturar a "fuselagem" de alguém que passou a significar nada para mim.
Portanto, casamento desfeito, passado enterrado. Tudo sem frescura. "Traquila e serena qual água de poço"...rsrs.

Unknown postou 21 de janeiro de 2011 às 19:49

Muito bom seu blog.Você disse a pura verdade (é o que eu to passando pq eu entrei com o pé haha), mas enfim é isso ae e parabéns

NaaTh postou 1 de fevereiro de 2011 às 16:00

Bom, descobri o blog dia desses navegando pela net, totalmente ao acaso! Mas dessa vez "ao acaso" valeu a pena! Já li suas poesias simplesmente tô viciada haha!! Bom e com relação ao post.. Infelizmente to passando por isso! Eu no caso Tô entrando com a bunda.. (sem nenhum duplo sentido ok?!) É dificil, mas como já chorei tudo o que tinha pra chorar só me resta rir né?! E é realmente assim que acontece. Todo mundo passa, passou ou irá passar por isso! Isso sim é o que me serve de consolo! Amei Amei o Blog. beijos :*

Anônimo postou 25 de fevereiro de 2011 às 10:23

Muito bom o texto, não sei se por ser bom mesmo ou porque me identifiquei totalmente com a situação... quase auto-ajuda!

mvsmotta postou 25 de fevereiro de 2011 às 10:28

Auto-ajuda é sacanagem...rs :P

 
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