Indústria pornô: antes e depois

Postado em 8 de jun. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Milhares de garotos de uma geração que não está tão distante conheceram o sexo através de desenhos eróticos e experiências pagas. Talvez isso não tenha mudado tanto hoje, quando os desenhos foram substituídos por vídeos e o bordel cheio de polacas por sessões pagas na webcam.

De Carlos Zéfiro até o RedTube, muita água passou pelas descargas desses banheiros onde adolescentes se trancam para dedicar-se ao prazer solitário.

O corpo feminino - perdoem-me as meninas, mas não posso fingir que já tive qualquer interesse pelo corpo masculino - era, ainda no meu tempo de moleque, um verdadeiro tesouro sem mapa. Não sei se hoje em dia alguém pode acreditar nisso, mas eu juro: uma simples alça de sutiã já era motivo para delirium tremens de nossa parte, que dirá um polêmico mamilo.

Não canso de contar como era a engenharia necessária para conseguir uma Playboy antigamente. Eu chegava na banca de jornal e pedia um Recruta Zero, um jornal O Globo, uma dúzia de balas juquinha e uma Playboy, "porque meu pai mandou comprar pra ele", sempre na esperança da revista de mulher pelada passar desapercebida no meio do pedido.

O jornaleiro ria, me entregava aquele monte de coisas e eu ia embora pra casa correndo, para ficar ali olhando peitos, bundas e a segunda coisa que mais nos deixava curiosos depois de um par de mamilos: os pentelhos das modelos. Vai entender, adolescente se contenta com pouco, né?


Na TV, ainda havia um certo puritanismo e não era normal ligar na novela das seis e dar de cara com beijos gays, incesto e nem orgias com mulheres barbadas e asnos como acontece hoje em dia.

O Fausto Silva (esse mesmo chato dos domingões) era um revolucionário porque falava "porra", "merda" e de vez em quando até "cu" nas madrugadas de sábado. Mas o espetáculo mesmo vinha depois dele, no saudoso "Comando na Madrugada", apresentado pelo jornalista Goulart de Andrade.

Nunca vou esquecer daquelas madrugadas com a TV no menor volume possível, um olho na tela e o outro na porta para a minha avó não me pegar acordado, e a torcida para que as reportagens sobre gastronomia e consumo passassem logo para que chegasse o último bloco do programa.

Ah, o último bloco! Ele sempre ia numa peça de teatro meio alternativa, num motel, numa festa mais liberal, em qualquer lugar que permitisse mostrar no meio da reportagem uma mulher sem roupa. O incrível é que tudo durava, sei lá, uns 20 segundos, mas eu esperava a noite de sábado inteira para ver aquilo.

Um pouco mais tarde a aventura era nos fundos das locadoras, atrás das coleções do Buttman e dos filmes da Tracy Lords. Virei amigo dos donos da "Atrevídeo", locadora especializada no assunto em Nova Friburgo, onde morava.

A internet apareceu democratizando de vez a sacanagem, ainda que a conexão discada funcionasse como uma censura informal, já que era preciso perseverança e paciência de monge tibetano para esperar rápidos 15 minutos pelo loading de uma foto de 100kb, que ainda corria o risco de vir truncada justamente no pedaço que era para mostrar a xoxota da modelo vestida de colegial.

Hoje tudo ficou tão diferente que você consegue saber até se a ex-namorada do seu vizinho faz depilação simples ou virilha cavada, basta achar o site de sex tapes em que ele postou o vídeo feito naquele celular escondido no cesto de roupa suja.

A velocidade das conexões e a variedade das práticas torna tarefa impossível não encontrar conteúdo erótico qualquer que seja sua fantasia. Princesa Leia é coisa do passado, o negócio agora é mais embaixo e qualquer coisa desde Smurfs eróticos até Muppets sadomasoquistas é normal.

E por mais que isso seja repetido várias vezes e previsto desde os tempos da sua avó, se antes a indústria pornô vivia de vaginas e mamilos, não demora muito e viverá de bizarrices como mulheres vestidas e biquinis estilo calçolão.

A maior fantasia sexual imaginável será a Sasha Grey toda coberta, usando uma roupa de esquimó.

Se bem de que se formos pensar bem, essa não é uma idéia tão ruim.

3 Comentários:

Erick P22 postou 8 de junho de 2011 às 13:06

Muito show o post. Realmente era "dureza" essa época,mas hoje podemos ver como àquilo que tanto era almejado se vulgarizou as extremos. Como você escreveu,pode-se que chegue uma época em que o fetiche vai ser em ver mulheres vestidas com roupas de esquimó.

Diego Mascate postou 8 de junho de 2011 às 15:04

Ótimo post! Parabéns! Massa a cena da banca de revistas - hehehe!

Adson postou 15 de julho de 2011 às 14:49

kkkkkkkk Ri muito agora, não peguei essa época, mas senti talvez uma certa nostalgia. Se era mais díficil e "arriscado" conseguir, certamente era mais prazeroso também! Talvez o futuro seja esse: excitarmo-nos com mulheres vestidas!

 
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