Se essa rua, se essa rua fosse minha...

Postado em 15 de jun. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Li o Twitter de uma amiga outro dia e me diverti com ela dizendo que é possível reconhecer o bairro onde estamos sem ler nenhuma placa, basta que para isso observemos o aspecto das ruas e das pessoas que estão nelas.

Achei incrível, porque ela dizia que "você percebe que está em Realengo quando começa a ver barraquinhas na porta das casas vendendo Açai". Indeed, indeed. Só acho que esse Realengo aí está muito geração saúde, pessoalmente eu sei que estou ali só de ver as plaquinhas anunciando sacolé e coxinhas.

Na Central é mole reconhecer, porque ainda que tivesse dado tempo pro Bin Laden derrubar o prédio com o relógio, os moleques de rua, mendigos e camelôs em profusão anunciam que estamos nas cercanias da famosa estação de trem.

Se bem de que mendigo, moleque de rua e camelô no Rio de Janeiro são como pedras portuguesas: onipresentes em toda calçada que se preze.

Mas a Central tem sua característica própria, muito bem lembrada aliás por ela: só ali você terá chance de tentarem arrancar o celular das suas mãos, seja caminhando pelas ruas ou mesmo através da janela de um ônibus.


Quando você chega na Barra também é fácil perceber.

Primeiro porque as ruas estilo "freeway", quase sem calçadas, deixam claro que aquele bairro não foi feito para a existência desse exótico animal chamado pedestre. Mas outra coisa que também chama a atenção é a profusão de coroas plastificadas, usando roupinhas de ginástica que caberiam muito bem nas filhas delas, exercendo seu esporte preferido: estouro de cartão de crédito.

Na Tijuca existem as filas na entrada de pizzarias (ou, segundo a minha amiga, na porta do Subway). Mas também vemos um maior número de camisas de times de futebol e, se não tanto quanto nos suburbões distantes, um ou outro Chevette circulando. Mas a Tijuca é aristocrática à sua maneira, lar da típica classe média carioca, por isso haverão patys e playboys em profusão, misturados à multidão de favelados que desce dos 300 morros que cercam o bairro para cuidar das suas vidas.

Qualquer subúrbio carioca, desde os da Central até os da Leopoldina são iguais: portões anunciando que ali vende-se pipas e pessoas soltando pipas no meio da rua. Um botequim com uma gaiola de passarinho pendurada numa amendoeira em frente e crentes com a Bíblia embaixo do braço indo pra algum culto no final de semana completam o cenário.

Ipanema também tem seu diferencial. As mulheres ali brilham. Sim, é uma coisa meio inexplicável, não sei se a pele, o cabelo ou o dinheiro contido em cremes e shampoos que eles trazem, mas você vê que as moças de Ipanema são diferentes já no trato.

O Leblon é uma novela do Manoel Carlos, só que não tão ruim e muito mais caro.

E pra finalizar, já que não tenho a pretensão de dizer todos os bairros da cidade (que são muitos e em muito se parecem, à exceção da Ilha do Governador, que é como uma cidade à parte), chegamos à "Princesinha do Mar".

Para saber que chegamos em Copacabana, basta olhar pela janela do ônibus ou do carro e ver o porteiro no meio da rua, conversando com o juiz aposentado sobre futebol e falando mal do prefeito, que manda rebocar os carros na calçada mas não tira os travestis e as putas do calçadão.

Sei que, ao ler isso, muita gente vai dizer coisas como "estereótipo!", "rótulo!", "elitista!", mas fazer o que? Cada um vê o mundo pela sua janela da maneira que melhor lhe convém.

E a minha janela mostra isso.

2 Comentários:

Marise postou 15 de junho de 2011 às 10:54

Copacabana é o bairro mais democrático que conheço. Desde menina (e já faz um tempinho rs) adorava vir passear em Copacabana e apreciar o charme da Princesinha do Mar. Hoje tenho o privilegio de morar no bairro do meu coração . Beijos

Isabel postou 15 de junho de 2011 às 11:32

A descrição das peruas da Barra foi perfeita, hehehehe.
Bjs

 
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