Só mais uma coisinha...

Postado em 3 de jun. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Certas pessoas simplesmente não sabem a hora de parar. Você pode fazer o maior sucesso na festa de final de ano da sua firma contando nove piadas sobre loiras, mas na décima provavelmente você ficará over e o chefe do departamento pessoal vai começar a se perguntar porque foi mesmo que ele te contratou.

Saber a hora certa de parar é uma arte, é geralmente o que separa você daquela gafe monumental ou de ser o "tio de final de festa", que fica perambulando entre as mesas tentando tirar a bisavó de alguém pra dançar.

Gente que não sabe parar é como o sujeito que lança sempre aquele comentário residual, que ele crê ser a cereja no bolo, mas que na verdade é a azeitona que faz a empada ficar indigesta.

- Nossa gata, será que você não tem coração?

- Tenho, porque?

- E porque não entrega ele pra mim?

- Nossa, que lindinho!

- Então aproveita e mostra esses peitões também.

Notaram como começou mal, sem nenhuma razão plausível acabou dando certo (mulher tem dessas coisas), mas piorou no final?

Só que nesse caso o único prejudicado será ele mesmo (a menos que esteja numa maré de sorte e termine o diálogo vendo mamilos), mas por vezes esse comportamento atinge outras pessoas também.

É o que acontece naquela aula de hermenêutica erudita clássica aplicada, que começou pontualmente às 7:30 da manhã e se arrasta, sem intervalos, até mais ou menos umas 2 da tarde.


Aquele CDF da sua turma já discutiu, opinou e levantou dúvidas sobre Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e até sobre aqueles alemães que quase ninguém consegue pronunciar o nome como Schleiermacher, Weishaupt, Eschenmayer, Weischedel e Chucrute.

 Todo mundo já deu aquela forcinha pra engrandecer o debate, já citaram todos os termos apropriados para encher lingüiça nesse tipo de ocasião, desde "lúdico" até "dialético", passando por "conceito", "metafísica" e, claro "data venia", mas parece que nada disso adiantou para abreviar a conversa.

Quem estava com fome, já comeu todo o seu estoque de Mento's, quem é fumante, já roeu até a unha do dedão do pé, a bateria do último iPhone disponível para ler notícias ou jogar Plants vs Zombies terminou faz uns 15 minutos e nada, nada parece dar a entender que aquela tortura vai terminar.

Até que chega o momento em que o professor diz as palavras que você mais esperou ouvir na vida depois de "eu te amo" e "promete que se doer você tira?", que são "para concluir...".

Algo dentro de você parece viver novamente, o castelo da Disney, a fada Sininho e os fogos de artifício aparecem sobre a imagem de um gráfico que está projetada no quatro e finalmente você vai se livrar daquela sensação de que seu cérebro está sendo devorado por Smurfs zumbis.

Mas enquanto você começa a guardar suas coisas na mochila para sair correndo dali o mais rapidamente possível, algo mais aterrorizante do que gás de mostarda ataca seus sentidos. O seu colega CDF levanta a mão, vira pro professor e diz:

- Eu acho que antes de ir embora a gente poderia discutir esse último tópico sob uma ótica nietzscheana, a menos que o pessoal não esteja muito interessado na aula.

Nesse momento você entende perfeitamente porque certas pessoas preferem virar homens-bomba.

5 Comentários:

jtwb postou 3 de junho de 2011 às 10:14

HAHAHA! Boa colocação. Nada como estar dos dois lados (ser o nerd inoportuno e o aluno que não suporta mais a aula) pra saber como quem faz isso não tem outro objetivo que não puxar saco do professor ou tentar provar que é inteligente. Saber calar a boca nessas horas é saber que qualquer atitude de "auto-afirmação" não resolve. Pelo contrário, piora.

Anônimo postou 3 de junho de 2011 às 10:26

Oi, vim do Twitter ler seu post, estou passando por uma situação parecida. Faço um curso aos sábados e bastaram 2 aulas pra compreender perfeitamente que 2 ouvidos e 1 boca tem um sentido 'espiritual' elevado em nossas vidas :)

Carlos postou 3 de junho de 2011 às 10:43

Ótimo post(odiava akeles cdf's puxa-saco). Saber parar e calar a boca é fundamental pra não tomar umas porradas na hora da saída! asuhahsuahsua

Lucianna Cabral postou 3 de junho de 2011 às 17:56

Isso aí! Perfect! E depois que inventaram essa historinha de "nerd", tem safado aproveitando-se dessa condição para encher o saco dos outros.

Rodrigo Santos postou 4 de junho de 2011 às 09:21

Saber a hora de para é essencial. Em qualquer tipo de situação.
Tenho vários exemplos: Pelé (soube encerrar a carreira na hora certa)... já o Ronaldo... no sue momento de glória ele quis tentar mais um pouco, e acabou terminando sem tanta glória assim.
Mamonas assassinas... infelizmente tiveram que encerrar a carreira e a vida.. mas pensa comigo, se eles tivessem vivos até hoje, não fariam tanto sucesso (SEM DÚDIVAS). Eles não pararam, mas a vida os parou na hora certa.
Enfim...

 
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