O "militante"

Postado em 24 de ago. de 2009 / Por Marcus Vinicius

Confesso que segunda-feira geralmente estou pouco inspirado. Sabe como é, ressaca do final de semana, saudade de passar o dia à toa ou só pensando na difícil tarefa de "como me divertir", aí o que fica é esse gosto de tábua de chiqueiro na boca (opa, o Palmeiras venceu!) e uma falta de assunto que me faz ter vontade de falar sobre algo que eu considero uma das "natas" da hipocrisia e malice de um ser humano: a militância.

O militante é, antes e acima de tudo, aquele sujeito que vai ter opinião até sobre os Tigres do Tamil e a questão dos separatistas da Pacóvia do Norte.

Seja qual for o assunto ele está lá, o chato perene, contra ou a favor, ainda que dele conheça apenas a aparência ( ou pouco ligue para algo mais), seja o bigode , a barba ou a boina.

Identificamos grandes criadouros de militantes em universidades públicas ou nos DCEs de qualquer universidade em geral. Professores secundaristas também estão sujeitos a este fenômeno e nem preciso falar de sindicalistas ou "ongueiros".

O cara usa seu jeans Armani surrado e a estampa do Che em uma camiseta ou qualquer outro pano que custe mais de 100 reais, mas acima de tudo tem "consciência social".

Digamos que seriam como playmobils do Tico Santa Cruz na postura, todos produzidos em série, todos com uma opinião "abalizada" sobre tudo.

Já estudei em faculdade, então sei bem como é. Os caras ficam ali no DCE pensando qual a próxima festinha ou "manifestação", tem sempre aquela pinta de intelectual com barba por fazer, vestimenta cuidadosamente desleixada e bolsa a tiracolo impressionando as meninhas, aliás, impressionam somente as calouras e aquelas já mais veteranas que tem problemas de percepção do mundo à sua volta e realmente acreditam que Che Guevara foi um herói, que Cuba é uma nação revolucionária livre e perseguida, e que bolivarianismo é algo mais do que uma doutrina punguista, que tem como objetivo assaltar a democracia utilizando-se de seus próprios meios para isso.

Outra coisa que lembro bem eram os professores do ensino médio. Todos ávidos em me "explicar" como o capitalismo é decadente, como os EUA são um grande satã que tem planos de dominar a alma dos latino-americanos, como a violência nas grandes cidades é culpa do "egoísmo da classe média" e, last but not least, que a Coca-Cola é a água negra do imperialismo.

Nem preciso dizer que tive muitos problemas nesta época. Minha mãe chegou a ser chamada no colégio para explicar como uma criança pode ser, nas palavras da "mestra", tão "direitista e reacionário".

Como se vê, se essa gente pudesse agir à solta, teríamos "campos de reeducação doutrinária" no Brasil também.

Mas aí já é querer ir muito a fundo no assunto, quero falar é da chatice e do embuste que representam esse pessoal.

Sabe quando você está se referindo a alguém e diz "ah sim, sei, aquele que é preto..." e o cara corrige em tom professoral "Que isso, meu?!Não fala assim perto de mim não! É neeegro...", a partir do dia que resolverem me chamar de "claro", eu compro a idéia. Até lá, não, obrigado.

Ou então você lê no jornal a notícia de um indivíduo de 17 anos, que matou um casal de jovens não sem antes estuprar a moça e esquertejar o mancebo, e exclama: "um desgraçado desses tinha que ser fuzilado", e logo o Zé da Boina ao lado solta um "Mas ele é vítima da sociedade! Esse seu discurso embotado é que estraga o Brasil!".

Um ladrão "está tomando o que a sociedade lhe negou", um traficante "é uma criança que não teve educação e está devolvendo à sociedade a violência que sofreu", um sem-terra que curiosamente só invade fazendas produtivas do agronegócio é um " guerrilheiro campesino, que só quer um lugar para plantar".

Pensem em quantos clichês e teorias pachorrentas quiserem, cada uma delas será abraçada pelo militante.

Curiosamente, 90% deles realiza suas reuniões de cúpula sentados numa mesa de bar ou na praia de Ipanema, com a bandeirola do partido ao alto junto com as nádegas das moças. Todos admiram o fato de que em Cuba "não existem crianças que passam fome", mas ninguém muda pra lá pra ajudar a distribuir o sopão.

Todos revolucionários marxistas, comunistas, o escambau do Século XXI, mas curiosamente não se oferecem para viver a única experiência realmente comunista em curso no mundo atualmente, que é a da Coréia do Norte.

Tenho certeza que Kim Jong Il os receberia de braços abertos, mas talvez lá não exista uma praia de Ipanema, nem choppinho, nem DCEs, manifestações e muito menos Big Macs ou Sundaes para degustar depois da passeata.

Ouvi dizer aliás que na terra do "querido líder", passeata só se for a seu favor e autorizada previamente por todos os 397 comissários responsáveis pelo setor. Tudo devidamente carimbado e em duas vias como é praxe na eficiência de estados esquerdistas.

Veja você que o militante é um cara tão legal que até gosta do Obama! Um chefe de estado do "império". É um marco que um "afro-descendente", de matizes esquerdistas, que deseja "espalhar a riqueza" e estatizar a saúde (a General Motors e alguns bancos ele já estatizou), esteja à frente daquele país, para purga-lo de "todo o mal que sempre fez".

Como diz o Reinaldo Azevedo muito bem, não conheço um único anti-americano que não adore o Obama.

Os militantes são assim, sua regra para gostar ou não de alguém foge do simples "certo" ou "errado" e passa mais pela pergunta "está ao meu lado?". Se a resposta for "sim", a pessoa passará a ser referência, e terá credibilidade atestada independente das asneiras que diga. Se a resposta for "não", bem, pode ser até Jesus Cristo que não será "uma pessoa muito boa".

Vejam que até crucifixos em repartições públicas estavam incomodando os militantes.

Funciona mais ou menos assim: corruptos tomando conta de todas as esferas de poder do país? Tudo bem. Petralhas aparelhando o serviço público? Bom. Lula apoiando o Sarney? Bom! Lula fazendo as pazes com Collor e chamando o "caçador de maracujás" de perseguido? Muito bom! Jesus Cristo nas repartições públicas? Não...acho que faz mal para o país.

Seja qual for o assunto haverá um militante para defende-lo: vegetarianismo, promoção da racista política de cotas (branco pobre? o que é isso?), petralhismo, defesa de ocupação dos morros por barracos, colocar a culpa pela poluição no chá que a sua avó faz todo dia, te chamar de egoísta porque não faz "trabalho social" mesmo entregando ao governo 40% do que ganha todo ano...

São especialistas em disseminar a culpa dos outros, enquanto jogam a sua para baixo do tapete. Sejam os mortos vítimas dos regimes "ideais" que defendem, sejam os pecadilhos que cometem quando tem alguma oportunidade.

O curioso é que a militância, em grande parte dos casos, é o pré-vestibular da boquinha. Um imenso contingente destes "companheiros", assim que conseguem um posto seja na máquina partidária, seja na administração pública, conventem-se em pragmáticos.

Vamos ajudar o "povo" mas primeiro vamos nos ajudar. Sabe como é, "Mateus, primeiro os teus", nestas horas até a Bíblia passa a valer.

Atualmente o indivíduo branco, hetero, cristão, de classe média e que pague todos os seus impostos é a nova minoria oprimida do país. Tem todos os deveres, é passível de todas as punições, mas os seus direitos cada vez mais vão diminuindo, para que ele possa pagar com o próprio suor uma "dívida histórica" que não acaba nunca.

Era melhor dever para um agiota.

E o pior de tudo, nenhuma ONG, Associação ou militante estão aí para defende-lo.

3 Comentários:

Ari postou 24 de agosto de 2009 às 14:39

Parabéns
Muito bom.
Difícil é resumir o assunto, assim.
abç
Ari

Anônimo postou 24 de agosto de 2009 às 19:31

Li uma resenha sobre o filme, A onda...Ainda não fui ver. Fala sobre o autoritarismo de um prof. do colegial e faz paralelo ao nazismo. Tudo q é massificado e entocado na cabeça de alguém, como estes militantes fazem é nazi...
CSita

Amora postou 25 de agosto de 2009 às 00:31

BRAVO!

 
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