A beleza é nosso cartão de visitas (Mas em qual idioma estará escrito?)

Postado em 3 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Quem nunca ouviu falar das mulheres da tribo Padaung, que colocam argolas no pescoço até que fiquem parecendo girafas? Ou das chinesas que amarravam seus pés, atrofiando-os para que ficassem do tamanho de uma pequena “flor de lotus".

De acordo com São Tomás de Aquino, a beleza é "aquilo que provoca um conhecimento gozoso". Simplificando, é aquilo que nos dá prazer em olhar. Denis Diderot disse que belo "é tudo o que contém em si algo capaz de despertar em mim o entendimento da idéia de relação, ou tudo o que desperta esta idéia".

O falecido Papa João Paulo II disse também que a beleza é um "convite a saborear a vida e a sonhar o futuro".

Como podem ver, importantes pensadores preocuparam-se com algo que também é comumente chamado de "fútil". Mas nem sempre foi assim, o belo já foi considerado também uma forma de "ascender ao sagrado".

Começa bem lá atrás, na nossa pré-história, onde o que era "bonito" deveria ser necessariamente indispensável, ou seja, representar boa alimentação e fertilidade. Logo, eles não teriam o menor interesse nessas sílfides de hoje em dia.

Na Grécia antiga, corpos esculturais eram cultuados por estarem de acordo com a filosofia do "corpo são, mente sã". Em Roma, isso representava "força e agilidade". Já os assim chamados "bárbaros", vestiam peles, símbolo da força do caçador, e para não serem confundidos com escravos romanos, usavam cabelos e barbas longas.

Assim como homens com bigode (sei que ainda tem quem goste) faziam muito mais sucesso no século passado do que hoje em dia, Já cultuamos as formas mais rotundas, os cabelos curtíssimos, permanentes, gomalina no cabelo, costeletas, topetes, corpos esqueléticos...

Atualmente, devido a diversidade cultural tão celebrada e à facilidade que existe no tráfego de informações, os padrões de beleza são muitos, mas se pensarmos bem nem tanto assim.

Um homem com tórax largo, braços fortes ou uma mulher com bunda durinha e barriga "chapada" fazem mais sucesso em 99% das ocasiões do que alguém considerado "fora de forma" pelos nossos rígidos padrões atuais. Até já falei disso aqui no blog recentemente, mas hoje o assunto vai mais além.

Começamos desde a infância a ser bombardeados com isso. Perceberam que todo vilão de desenho animado é feio e todo mocinho é bonito? Essa busca começa aí.

Marilyn Monroe disse "é preciso sofrer para ser bonita".

Mas afinal, que é bonito para nós? Parece chover no molhado, mas se você pensar com cuidado, verá que nem tanto.

Conheço caras que preferem ficar com uma mulher fora dos padrões habituais, mas que tenham, por exemplo, pés bonitos. Eu mesmo adoro uma mulher de nariz grande, me chama atenção (vai entender) e de costas largas.

Se você for a uma balada/noitada por aí, vai se dar bem ou mal dependendo do seu estilo e do local que tiver escolhido. Se for um mauricinho e resolver ir numa boate que toca rock, provavelmente as meninas tatuadas e cheias de piercing não terão muito interesse por você, da mesma forma que se elas forem numa boate recheada de loiras oxigenadas com vestidos caros de grife, também não serão muito notadas (a não ser como peça de curiosidade).

Nossas tribos urbanas nos definem mais do que gostaríamos, elas nos aprisionam de certa forma e ditam nossos padrões de beleza. A tal diversidade citada acima, aliada à informação globalizada, não nos livrou do clã, ainda que mais "moderninho".

Eu prefiro mulheres vestidas casualmente, com tatuagens, piercings, etc, mas já namorei patricinhas que fariam inveja a muita estudante de administração da PUC. Digamos que eu prefira transitar entre os valores do que me prender a eles.

Mas o que é belo para um, não é para outro por mais óbvio e lugar comum que seja. Você gosta, eu não. Eu gosto, você não. É bom porque a gente não precisa brigar por ninguém.

Mas e aquelas pessoas que não se enquadram em padrão nenhum (seu ou que você conheça normalmente) e ainda assim te atraem? Sabe aquela coisa do charme? Do "tchan"? Pois é, essa me intriga mais ainda.

Talvez elas sejam um lembrete para nós de que conceitos mudam, mas nós não temos tanto tempo assim para esperar por isso e dessa forma devessemos olhar além deles, e enxergar a beleza que existe invariavelmente em tudo.

Provavelmente esteja aí também a chave para a nossa auto-aceitação e para que não nos preocupemos tanto com o cartão de visitas, já ele não tem muita serventia caso a visita em si seja um desastre.

7 Comentários:

Unknown postou 3 de fevereiro de 2010 às 07:18

Você tocou num ponto bem interessante,na questão de gostos que para alguns pode parecer mal gosto.Você falou de nariz,e hoje ainda enquanto estava na sala de espera do dentista,vi um deles que passava pra lá e pra cá.Deve ter uns 1,67 de altura,mas com um nariz grande,bem desenhado,extremamente sexy e singular.E pensei justo isso.Como pode um nariz ser sensual,despertar o desejo?E já me senti muito atraída pelo charme,pelo carisma de pessoas (homem e mulher),que para os padrões atuais nem são assim tão bonitos.Mas eles tem uma "coisa" que vem de dentro,um magnetismo,sei lá.Eu mesma nem me acho assim tão bonita,mas preciso ficar ligada,pois senão,pra dar aquele passo em falso é vapt-vupt.kkk.Mas quem se gosta,se curte,consegue deixar transparecer e conquista muito mais do que pelas roupas,pelas tribos que está inserido.

Anônimo postou 3 de fevereiro de 2010 às 08:06

os padrões de beleza que a mídia impõe esta cada vez mais insignificante. as pessoas preocupam-se com que o outro irá pensar sobre ela, como se veste, com sua forma física, etc. voyerismo total, coisa que o brasileiro ficou habituado com os Reality shows.

SaH postou 3 de fevereiro de 2010 às 08:45

bom vc perguntou o q achamos " bonito" então... vc é bonito até dentro do onibus! falei! rsrs
muito boa sua conclusao sobre o assunto, parabens!

MassaG postou 3 de fevereiro de 2010 às 09:10

Não há dúvidas de que, como você bem apontou, há muito subjetivismo na conceituação do belo e do feio. Por outro lado, lembro que há algum tempo, uma pesquisa indicou que os rostos atraentes são os rostos médios.
Então, o belo é, além do rosto médio - talvez com suas peculiaridades, como o nariz maior - um resultado da construção social ou psicológica de quem avalia.

PS.: Não costumo concordar muito com suas opiniões geralmente autoritárias, mas este texto ficou excelente.

@MassaG

josi postou 3 de fevereiro de 2010 às 11:07

clap clap clap. amei. ponto.

Tati Lula postou 3 de fevereiro de 2010 às 12:41

Padrões são inventados...,impostos. Podemos aceitá-los, ou não..., temos escolha.
Mas creio, que no final..., o que realmente conta é o charme.

SukaTsu postou 3 de fevereiro de 2010 às 13:31

Minha avó dizia que uns gostam do olho, outros da remela. Eu simplesmente adoro observar as pessoas nas ruas porque somos tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes que isso me encanta.
Nunca fui de tribo nenhuma,e sempre me visto de acordo com o humor do dia. Tenho dias de patricinha, de perua, casual chic, jeans e t-shirt... Depende mesmo é do meu astral e da minha relação com o espelho tamanho natural que olha prá mim todo santo dia e que é o meu termômetro: se não gosto do que vejo, descarto, mesmo que seja a última moda.
Gosto de me sentir bonita mas como sempre fui baixinha, coxuda e carnuda nunca me incluí nem fui incluída no estereótipo injusto e cruel de beleza que a mídia impõe.
Mas devo dizer que, mesmo assim, fora do padrão, fui muito feliz em todos os estágios da minha vida. Amei e fui amada, curti a minha vida com saúde e hoje, aos 51, me sinto mais feliz que muita mulher que se submete aos mais absurdos sacrifícios prá não se sentir "feia". Bisturi e sala de cirurgia??? Muito grata, declino do convite. Mas curto um nutricionista e uma academia prá garantir que vou gostar do que meu espelho vai me mostrar.

 
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