O que esse cara está fazendo aí mesmo?

Postado em 15 de abr. de 2010 / Por Marcus Vinicius

Serginho, ex-BBB, é fotografado na festa de Joseane, ex-BBB.

Max, ex-BBB, toca no aniversário de Alemão, ex-BBB, e sai acompanhado de Priscila, ex-BBB, que esses dias terminou seu namoro com Alan, ex-BBB.

Juliana, ex-BBB, faz evento para lançar seu novo disco e conta com a presença de Rafinha, ex-BBB, Marcela, ex-BBB e Rafael, ex-BBB, todos muito animados em uma boate da Barra da Tijuca. Eles já confirmaram novo encontro no lançamento do livro de Elenita, ex-BBB.

A cada ano a Globo despeja no mercado nova leva de ex-BBBs. Tirando faculdades de Direito, acho que é o mercado mais inflacionado do Brasil. Junto com a sócia honorária que é a Preta Gil, a única ex-BBB que nunca participou de nenhuma edição do programa, eles formam uma espécie de maçonaria das sub-celebridades.

Se algum deles lançar um livro, um disco, uma sessão de fotos ou qualquer novo "projeto", todos os demais estarão lá apoiando. E assim que termina uma edição o fenômeno se amplifica.

Ex-BBBs saem de todas as catacumbas da Rede TV, das páginas secundárias da revista Quem e das colunas sociais do David Brazil e voltam para as luzes da ribalta.

É quase impossível abrir um jornal ou acessar um site de notícias sem ser informado sobre a ida de um deles à praia, sobre uma noitada fervente em alguma boate ou sobre suas viagens de São Paulo para o Rio, do Rio para Brasília, de Brasília para Salvador e no final de tudo para New York, onde vão "estudar" alguma coisa no intervalo das fotos para a Caras.

Ser ex-BBB pelo visto inclui algum programa de milhagem.

Mas não estou crucificando-os não. Quem não quer ganhar o equivalente ao salário mensal de um alto funcionário do setor privado só para aparecer numa festa bebendo prosecco de canudinho e fazendo cara de Chiquinho Scarpa?

Talento não tem nada a ver com sorte, oportunidade ou esperteza e, se para alguns deles, falta muito talento, o resto eles tem de sobra. Alguns até demais.

Mas isso não tira o meu direito de achar esse microcosmo fútil, oco, um fim em si mesmo. Saber que existe um, vá lá, nicho que movimenta uma considerável quantia de dinheiro e chama a atenção de tanta gente se dedicando tão e somente a comentar o cabelo de alguém, a roupa de alguém, quem está comendo quem, qual ex-BBB da sub-classe dos coloridos faz o maior carão, enfim, toda essa mise en cene típica do métier, primeiro me diverte (rindo disso tudo, é claro), mas depois me deixa um pouco assustado com a idiotice das pessoas.

Toda vez que leio no Twitter a expressão "bafo!" ou "bapho!" já tenho um calafrio semelhante ao que o Dimmy Kieer deve sentir ao ver uma barata francesinha (ou uma mulher pelada).

Com raras exceções a impressão que fica é que primeiro alçam as pessoas à fama e depois tratam de descobrir o que possa justificar essa fama. É a inversão do mérito, prática tão confortável quanto corriqueira hoje em dia.

Como já disse antes, não acho que o BBB seja o pior dos mundos. Estão aí a Luciana Gimenez, o Ratinho, o Luciano Huck e o Galvão Bueno para provar isso. A exposição que qualquer um ganha ali é um ativo que se bem aproveitado alavanca carreiras e empurra talentos para a frente, só que essa não é a regra.

Infelizmente essa indústria das celebridades raramente pega um talento verdadeiro e lhe empresta a merecida fama que a "tchurma da jogación" possui. O normal é fazer qualquer um ficar famoso e depois verificar se presta para alguma coisa além de festas promocionais e fotos em colunas de fofoca.

É como se essas revistas e sites se perguntassem no final "O que esse cara está fazendo aí mesmo?".

5 Comentários:

Isabel postou 16 de abril de 2010 às 10:25

"O normal é fazer qualquer um ficar famoso e depois verificar se presta para alguma coisa".
Com essa frase vc resumiu a minha percepção do BBB. O pior é que isso ainda dá ibope...

Tatiana P. postou 16 de abril de 2010 às 11:40

Pois é, Isabel, isso dá ibope. Como que pode o povo dar tanta pelota pra alguns ex-BBBs? Enquanto eles estavam no programa já não proporcionaram circo suficiente? Chega de valorizar tanta gente sem talento, ex-BBBs ou não.

Unknown postou 16 de abril de 2010 às 12:25

Você acha que não se salvou nenhum? Nem a Japa do Pânico? ou aquela da novela da Globo que tambem não sei o nome?

mvsmotta postou 16 de abril de 2010 às 12:27

Bauer,

Sim, elas são exceções.

Abs

Unknown postou 16 de abril de 2010 às 12:58

Como sempre um otimo texto, muito coeso. Mas no mundo capitalista em que vivemos, de uma cultura capitalista selvagem, pode ter certeza que muota gente compra essa pseudo celebridades, do contrario nao teriam a exposicao que tem. Deus nos proteja.

 
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