Livro infantil, livro adulto: tudo é hábito.

Postado em 26 de out. de 2009 / Por Marcus Vinicius

Outro dia escrevi aqui sobre pessoas que ficam ricas e no entanto continuam pobres nos hábitos e principalmente, na forma como se (des) educam.

Obvio que apareceram diversos coitadistas nos comentários me acusando de (argh) "preconceito", "discriminação", entre outras imposturas. Mas o que me causou mais espanto e curiosidade foi a acusação de possuir uma "submissão à leitura", assim mesmo, como se isso fosse algo ruim.

Talvez por vivermos num país que confere 80% de popularidade a um presidente que despreza a educação formal e diz que ler "dá sono", as pessoas quase que precisam se desculpar por terem alguma cultura e hábitos de "classe média burguesa e insensível", como estudar e ler com frequência, por exemplo.

Falo tudo isso porque lembro quando era criança, quando constantemente ganhava livros de presente. Minha avó dizia que o hábito da leitura se desenvolve desde cedo e sempre aplicou em mim e no meu irmão essa teoria tão consagrada.

Começava nos presenteando com aqueles livros que tem mais figuras do que palavras e conforme o tempo passava, as figuras diminuíam e as palavras viravam a "atração principal".

Foi lendo Lygia Bojunga Nunes, em livros como "Os Colegas" e "Bolsa Amarela" que eu aprendi que basta um cantinho da casa mais sossegado e um livro na mão, que a gente literalmente viaja sem fazer muito esforço.

Depois veio minha adolescência e como todo moleque da minha época, eu era viciado nos livros do Marcos Rey que saíam pela Coleção Vaga-Lume.

Ficava louco quando a minha escola, que hoje vejo que era bem diferenciada, organizava feiras de livros para que comprássemos títulos com desconto.

Foi numa dessas feirinhas que descobri "Amar se aprende amando" e me apaixonei por Drummond logo de cara. Tenho tanto carinho por essa época que recentemente recomprei "O Mistério do Cinco Estrelas" para ter na minha pequena biblioteca.

E assim, crescendo de livro em livro, cheguei a Fernando Sabino, Julio Cortazar, Nelson Rodrigues, Raymond Carver, entre outros, num hábito que começou lá atrás, ainda na infância.

Não sei se por causa das facilidades tecnológicas atualmente ou se por causa desse nivelamento por baixo que a sociedade impõe, mas não vejo nas crianças e adolescentes de hoje em dia toda a paixão por livros que existia na minha infância.

Só sei que a tal "submissão à leitura" da qual fui acusado mostra-se, no decorrer da vida, uma alegre e salutar submissão, que nos livra de outras bem menos desejáveis, como a submissão à ignorância, ao servilismo, à mistificação e a conceitos "politica e burramente corretos" que teimosamente intentam em nos transformar em massa homogênea, medíocre e incapaz de pensar por si, submissos a um "senso comum" idiotizado.

Se formos pensar bem, submeter-se à leitura liberta, engrandece e nos forma como indivíduos livres.

Vamos nos submeter a ela então!

16 Comentários:

Regina postou 26 de outubro de 2009 às 09:48

Concordo contigo, quando era criança também lia muito, com 12 anos cheguei a ler um livro por dia. Foi muito importante pra mim! Esse hábito já não existe mais, mas acho que existem bastante pessoas que ainda fazem da leitura um hábito! Graças a Deus!

Bruna postou 26 de outubro de 2009 às 09:49

Concordo com você! O Hábito da leitura se adquire na infância! E cmg aconteceu a mesma coisa! Ganhei inúmeros livros da minha mãe, que era professora, lia muitos quadrinhos da mônica... e hoje em dia não consigo ficar nenhuma semana sem ler pelo menos um livro! Só esse ano foram mais de trinta lidos! Me orgulho mesmo de ler e acredito que a leitura é de extrema importância na nossa vida. O que vale, além de se embelezar por fora, é também cuidar de dentro!

beijos

@bdebruna

Revistada postou 26 de outubro de 2009 às 11:14

A nova geração , na faixa etária dos 7 aos 15 anos em média, está mais exigente e tecnológica. Minha irmã, quem tem 11 anos, adquiriu o hábito de leitura porque sempre me viu lendo de tudo, até rótulo de embalagem. Ela ainda reluta em ter a leitura como passatempo. Os livros, com exceção dos exigidos pela escola, é ela quem escolhe. Às vezes aceita um palpite meu, como Pedro Bandeira, o qual acabou tornando-se fã.
Ela prefere Formaturas Infernais, Crespúsculo e tantos outros best-sellers da atualidade, mas sempre lembro ela de que a leitura ter que ser eclética, ou seja, de tudo um pouco.

@mcstt

Unknown postou 26 de outubro de 2009 às 12:22

Nossa, eu cresci no meio de livros. Literalmente falando. Meu pai tinha uma biblioteca enorme em casa, e eu adorava ficar ali com ele. Sempre fui incentivada a ler desde q me entendo por gente. Mas infelizmente somos exceções no meio de um povo ignorante, e pior, que se orgulha disso. Afinal, o atual presidente nada mais é que o reflexo de uma grande parcela da população brasileira. Triste...

nina postou 26 de outubro de 2009 às 12:29

quando eu era mais nova (o que não faz muito tempo), era uma ratinha de biblioteca. li a coleção vagalume quase toda, principalmente a série da 'montanha encantada', não sei se você conhece. cultivo esse hábito com orgulho. as pessoas as vezes ficam chocadas: como alguém pode gostar de ler? como se fosse a coisa mais bizarra do mundo. fazendo uso de sua própria expressão, meu único sentimento por ela é o coitadismo: não sabem o que estao perdendo!

Danilo B. postou 26 de outubro de 2009 às 12:34

A moda agora é audiobook, um jeito bem preguiçoso de se "ler"! Mas mesmo assim dá trabalho para o "povão", pq é preciso entrar no Google, digitar o nome do livro, entrar em vários sites até conseguir encontrar e ser "obrigado" a ler algumas coisas até chegar no link "clique aqui para baixar o livro X", pq se estiver escrito "download now" o pessoal fica com preguiça de abrir o Google Traduz. Hahahaha

Danilo B. postou 26 de outubro de 2009 às 12:36

Ah, mas eu discordo de que o hábito da leitura vem da infância. Eu mesmo só comecei a sentir necessidade de ler com 18 anos, quando fui trabalhar num jornal. Só depois de um tempo comecei a ler por prazer mesmo.

Danilo B. postou 26 de outubro de 2009 às 12:42

Mvsmotta, qual é a relação de livros infantis e livros adultos com o erotismo ali no nome do arquivo? Hahaha

Unknown postou 26 de outubro de 2009 às 12:51

Seja por hábito ou por necessidade,a leitura ainda é uma forma barata e divertida de viajar...Meus filhos,mesmo sendo nascidos de 95 pra cá,também estão habituados a ler...Eu ía lendo uma historinha ou outra,comprando livrinhos no "sebo",e aos poucos o vírus vai se instalando...
Meu filho tem 14 anos,joga bola,navega na internet,mas não dispensa um livro,revistas inteligentes.Porque quando temos o bom hábito da leitura,qualquer pedaço de jornal desperta curiosidade.
Além de que,ler ensina escrever bem,e falar melhor ainda.Dica para os políticos (kkk).

mvsmotta postou 26 de outubro de 2009 às 13:12

Danilo,

O título era pra estabelecer que começamos lendo besteirinhas, passamos aos quadrinhos e terminamos na literatura erótica, mas achei meio apelação e mudei. Rsrsrs

abraços!

Danilo B. postou 26 de outubro de 2009 às 13:32

Literatura erótica? Nem em filmes pornôs com legenda! hahahaha

Tainá Ribeiro postou 26 de outubro de 2009 às 16:31

O que você não reparou, porque estava (muito bem) ocupado demais na época, é que nem quando éramos pequenos havia o hábito de ler. Não existia também. As escolas sempre vão incentivar a leitura: com feirinhas, com estudos na biblioteca, com a obrigatoriedade de ler, pelo menos, 4 livros durante o ano letivo. Mas quando se é criança, a escola escolhe livros bem bacanas e de acordo com a idade. Depois obrigam os adolescente a lerem Machado de Assis. Pense: para a geração 'k escreve pra vc td assim, taum abreviado', terão mesmo olhos para lerem 'algo que vos completa e enobrece' ?! Com tantos escritores contemporâneos bacanas e essênciais, por que ainda ler Guimarães Rosa, Machado, etc? Até Drummond, lê-se apenas em pequenos trechos nos livros de português e litaratura.

O acesso ao livro e o incentivo existem. É a manutenção dessa vontade que deveria dar lugar ao desmotivamento a leitura que é excercido.

Elaine postou 26 de outubro de 2009 às 18:17

A minha submissão à leitura é antiga. Aprendi a ler através de quadrinhos e me apaixonei por livros com Monteiro Lobato, om sua Emília. Apesar de estar num meio onde leitura é fundamental (sou pesquisadora), meus colegas ainda se espantam de me ver lendo por prazer. Não me importa se o livro é 'bom' ou 'ruim', tem que me fazer viajar.
Não abro mão desse prazer de maneira nenhuma!

mvsmotta postou 26 de outubro de 2009 às 18:20

Tainá,

Uma coisa que você escreveu é muito certa: ao invés de ficarem obrigando os jovens a ler (bons) livros que são desconectados da sua realidade como autores clássicos, eu também acho que deveria priorizar-se livros mais de acordo com o que a molecada vive, porque existem muitos autores contemporâneos muito bons.

mvsmotta postou 26 de outubro de 2009 às 18:20

Tainá,

Uma coisa que você escreveu é muito certa: ao invés de ficarem obrigando os jovens a ler (bons) livros que são desconectados da sua realidade como autores clássicos, eu também acho que deveria priorizar-se livros mais de acordo com o que a molecada vive, porque existem muitos autores contemporâneos muito bons.

Anônimo postou 26 de outubro de 2009 às 18:30

A leitura deve começar na infancia.
"Pau que cresce torto não endireita" , tem sua melhor aplicação neste conceito.
Não há internet que substitua um livro entre as mãos.
Um Salve aos livros , em qq idade...

 
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