Pobreza vai mais além...

Postado em 20 de out. de 2009 / Por Marcus Vinicius

Li uma vez que o Adriano, jogador atualmente no Flamengo, declarou que só se sentia feliz "perto da favela onde foi criado", chegando até a abandonar seu time na Itália para retornar ao Brasil por causa disso.

O "imperador" não é o assunto principal que eu desejo falar hoje, foi somente um gancho já que é apenas um dos exemplares de "ricos-pobres" que existem no Brasil.

Explico o termo: rico-pobre é aquele sujeito que por alguma razão era um zé das couves e ganhou muito dinheiro fazendo alguma coisa.

Seja vendendo quentinhas, sucatas, agenciando modelos, jogando futebol, tocando axé, funk ou pagode, acertando na loteria, montando uma loja de qualquer coisa, seja como for, a primeira característica do rico-pobre é essa: tem que ter saído da m*! e ascendido de forma meteórica na vida, estilo 90% da Barra da Tijuca.

Outra característica marcante é que o rico-pobre geralmente mantém após a entrada da dinheirama na conta bancária basicamente os mesmos hábitos de quando era pé rapado.

Dizem que é pra "manter as origens", mas na realidade é porque nem sabem o que fazer com o dinheiro.

A churrascaria rodízio mais cara da cidade que passam a frequentar diariamente, nada mais é do que a única versão conhecida do churrasquinho de esquina que eles encontram e seja compatível com suas novas possibilidades orçamentárias.

Assim como as milhares de pulseiras e cordões de ouro que ostentam, quase como que para dizer "olha, me livrei do chapeado". E os automóveis? Cada carro caro, bom, que eles transformam num verdadeiro trio elétrico "enfeitado" por acessórios de mau gosto.

É mole identificar: cordões e pulseiras, carro com vidro espelhado ou filmado, tocando músicas de quinta categoria como funk, axé e pagode numa altura que é mais pra quem está na calçada ouvir do que para eles próprios.

Esta aliás é a última característica da qual quero falar sobre o rico-pobre: quase tudo o que faz é pra mostrar pros outros que pode. São capazes de colocar livros de madeira numa estante, já que a maioria acha que "ler é chato", mas no entanto precisam mostrar pros amigos que não são apenas ignorantes com tino pra negócios.

É incrível, mas é raro o jogador de futebol, pagodeiro, axezeiro ou emergente que se dedique a melhorar como pessoa, estudar, educar-se, melhorar seus gostos e descobrir que de repente ao invés de gastar milhares de reais no final do ano fazendo um "reveião" em Araruama "prus amigo todo", ele pode festejá-lo com a esposa ou um grupo mais seleto num lugar muito melhor.

Podem argumentar que é direito do cara gastar seu dinheiro como bem entender, afirmação da qual eu não discordo de forma alguma, afinal este é um país livre e o mau gosto não é proibido por lei.

Lei nesse caso só uma, que minha avó (que aliás saiu de Ramos, a terra do piscinão, e melhorou de vida em todos os sentidos) me dizia: "Meu filho, é muito mais fácil tirar uma pessoa de Ramos do que tirar Ramos de dentro da pessoa".

19 Comentários:

Unknown postou 21 de outubro de 2009 às 08:34

Adorei o que escreveu, sempre pensei sobre o assunto e vc escreveu exatamente as minhas palavras !!!

Marcos Vinicios postou 21 de outubro de 2009 às 08:46

Olha eu acho realmente que muitas pessoas quando enriquecem não sabem usar seu dinheiro e talvez usem "eu não perdi minhas origens" como desculpa para sua simplicidade. Porém eu prefiro esses ricos, do que outros que se acham mais humanos que o restante da massa! xD

Fran Alves postou 21 de outubro de 2009 às 08:57

oi..
Gostei do texto sincero e direto, muito bom....


;-)

Isabel postou 21 de outubro de 2009 às 09:13

Adorei as fotos do texto!! hahaha

Unknown postou 21 de outubro de 2009 às 09:31

Realmente,a pessoa pode até mudar a casca (pra pior até),mas por dentro continua a mesma m...
Conheço gente que mora em belas casas com área de serviço,e joga roupas na sacada da casa pra secar...Tipo antigamente quando a gente ía para algum sítio e via as roupas penduradas em cerca de arame farpado.Mas isso era lá no sítio,bem longe.Quando o mau gosto veste-se de dinheiro e acredita estar bonito,nem aquela dupla do esquadrão da moda dá jeito.Embora eu acredite que para se vestir bem também não precise necessariamente usar peças de 200,00.Eu nem poderia mesmo!
Mas bom gosto não se compra...ou a pessoa se dispõe a aprender,ou será vítima de si mesmo.Outro dia uma criatura criticou-me sobre um comentário em meu blog.Sugerindo que uma mulher não precisa dividir músicas clássicas que gosta de ouvir.(?)Cada um com seus gostos!Mas o vídeo da professora que mostrou a calcinha,todo mundo quis ver né?Esse é nosso país infelizmente.

Anônimo postou 21 de outubro de 2009 às 09:57

Para que estudar se "tudo que dizem que se consegue através dos estudos eu consegui com a sorte?"

É assim que pensam essas figuras.

A transformação interior, e que se refletirá externamente, em todas as direções, só é possível através da educação. No caso aqui, da "reeducação".

Ery Roberto

lucia postou 21 de outubro de 2009 às 10:07

ótimo texto, só que há pessoas que saem da real pobreza, conseguem muito dinheiro e sabem melhorar como ser humano, só que acho que na maioria das vezes esses que enricam fácil e não tiveram acesso a educação e cultura[por essa razão entre outras o mal gosto],continuam sendo do mesmo jeito,acho tbém que afalta de oportunidade para as pessoas da classe baixa as exclui do mundo de várias formas[inclusive a atriz grazzi massafera, deu um entrevista em que fala que está aproveitando o momento para conhecer muitas coisas as quais ela não teve acesso, quando morava em jacarézinho, com certeza ela é a prova de que se pode sair de um grau de pobreza, enriquecer e se tornar uma pessoa com bom gosto, pelo menos acho que ela demonstra isso!!

@carneiro_rio postou 21 de outubro de 2009 às 13:53

Ouvi dizer que Romário era ignorado pelo pessoal do Barra Green.
E parece q proibiram ele de fazer churrasco com pagode na piscina do condomínio....rs.

Danilo B. postou 21 de outubro de 2009 às 15:10

Hahahaha, concordo com tudo! Quem nasce pobre, morre pobre. Como vc disse, depois que conseguem subir na vida, não querem estudar e aprender a falar PLACA em vez de PRACA.

Explodi na risada com o link para aquela imagem dos acessórios de mau gosto. Hahaha, muito bom!

Anônimo postou 21 de outubro de 2009 às 15:11
Este comentário foi removido pelo autor.
Vitor Sergio Rodrigues postou 22 de outubro de 2009 às 08:36

Impressionante como alguém tão inteligente como você pode escrever um texto tão carregado de preoconceito. Me decepcionei com este blog. Não é o que eu pensava.

mvsmotta postou 22 de outubro de 2009 às 08:40

Vitor,

"Preconceito" é um termo que inventaram para adjetivar um monte de coisas que o outro fala e que a gente pensa no íntimo mas tem vergonha de confessar.

Atualmente tudo é "preconceito", mas eu me reservo ao direito de ter meus gostos, ainda que a sociedade atual ensine a não se chocar nem com uma ratazana ensopada servida no jantar, como bem dizia o mestre Nelson.

Não teria porque você se decepcionar, já que o famigerado "politicamente correto" é praticamente uma das poucas coisas proibidas neste blog.

Em todo caso, um abraço!

Marcus

Unknown postou 22 de outubro de 2009 às 11:31

Vitor !!!

Embora esse assunto ainda seja pouco comentado, os preconceitos podem ser divididos em dois segmentos: um segmento é maléfico à sociedade e o outro benéfico. O segmento maléfico é constituído de preconceitos que resultam em injustiças, e que são baseados unicamente nas aparências e na empatia. Já o segmento benéfico é constituído de preconceitos que estabelecem a prudência e são baseados em estatísticas reais.

Bjus...

Anônimo postou 23 de outubro de 2009 às 10:32

Jesus, nunca li tanta merda na vida, texto exalando recalque, recismo, ou seja desprezível

mvsmotta postou 23 de outubro de 2009 às 10:43

Olha que bonitinho! Também já possuo meus trolls de estimação! :D

George Damascena postou 23 de outubro de 2009 às 17:45

O grande problema do texto é pensar o autor que existe uma incompatibilidade entre a "exteriorização da pobreza" em uma ambientação de riqueza e o sujeito "rico-pobre". Na verdade o que incomoda o autor é a usurpação de papeis, o pobre deveria se comportar como pobre e o rico como rico, qualquer violação a isso é hipocrisia e contraditório. A incongruência neste aspecto é inerente aos próprios papéis, se o "rico-pobre" não assumisse este papel e começasse a se intelectualizar, a frenquentar o requeinte rico e incorporar esta tradiçaõ elitista, ainda assim, o autor se sentiria incomodado, diria ele que " este merda saiu da miseria e paga de granfino e letrado".Espera-se que o comportamento seja outro? É preciso ser objetivo e perceber que a pobreza como descaso e omissão de formação do individuo ainda perdura. O que realmente impressiona é dar tanto mérito para a organização financeira, (você deve saber o que faz com seu dinheiro) e a sujeição a livros (uma leitura formal)!

mvsmotta postou 23 de outubro de 2009 às 17:50

George,

O que eu quis dizer vai mais além disso.

Vai é de encontro a um cara como o Adriano, por exemplo, que não tinha nada e quase põe tudo a perder por conta da ignorância voluntária.

Essa sujeição aos livros na minha opinião é bem menos nociva do que a sujeição ao apedeutismo que virou moda no país.

É bonito ser ignorante e ser contra isso é "preconceito".

Eu respeito e desculpo quase tudo, menos o imbecil voluntário, ainda mais quando este tem condições (agora financeiras) de sair do charco cultural.

É uma opinião somente, questão de gosto, nada além disso.

Um abraço!

Daniel Magérbio postou 23 de outubro de 2009 às 19:00

"É incrível, mas é raro o jogador de futebol, pagodeiro, axezeiro ou emergente que se dedique a melhorar como pessoa, estudar, educar-se"

Sócrates...

@carneiro_rio postou 26 de outubro de 2009 às 13:23

Tânia,

Preconteito (PRÉ CONCEITO) é já ter um conceito formado antes (pré) de conhencer a possoa ou o fato. Não existem dois tipos. São sempre maléficos.

 
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