Vai que é sua, Saci!

Postado em 12 de set. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Se tem uma lei que pegou no Brasil, esta é a lei das carapuças. Todo mundo age como se estivesse tentando roubar uma bala juquinha nas Lojas Americanas e de repente ouvisse uma sirene de polícia.

"É comigo? É comigo?".

Parece incrível, mas ainda que neguem, a maioria das pessoas sofre de complexo de perseguição. Todos disfarçam se dizendo tímidos, dizendo que não gostam de ninguém se metendo nas suas vidas, que não ligam pra opinião dos outros e até mandando um "Coé? O que tá olhando?" se alguém encara demais na rua.

Tudo fruto da incrível capacidade que o ser humano tem de pensar que o mundo gira ao redor do seu próprio umbigo. O sujeito que sempre acha que estão olhando pra ele, falando dele, jogando indiretas para ele, na realidade é um puta de um egocêntrico.

E sim, muitas vezes estão olhando mesmo para nós, jogando indiretas para nós e até falando mal de nós pelas costas, mas acredite: é pela mais pura e simples falta de opção. Geralmente quando falta assunto é que você começa a falar mal dos outros. Observe em qualquer mesa de bar.


O Flamengo e o Corinthians já foram discutidos à exaustão, a política nacional idem, física quântica, dialética e até novelas de TV já foram devidamente esgotados, não sobra mais nada. Aí algum dos presentes - provavelmente estimulado pelo álcool - dá a deixa:

- A Claudinha saiu com o Pedrão e disse que de "ão" ele só tem o apelido mesmo, porque quando chegaram no motel o negócio lá era uma mistura de Batom da Garoto com Lingua de Gato da Kopenhagen...

Pronto. O Pedrão virou o assunto, mas note que numa escala de interesses, ele ficou atrás do futebol, dos deputados do Congresso, de teorizações sobre o eu interior e até da novela das 6.

Perceba como se você estiver falando algo baixo com alguém, cochichando mesmo, e chegar uma terceira pessoa de repente, ela vai logo perguntar "estão falando de mim, né?".

Como se responde isso? "Sim, estamos falando que você é um babaca" ou "Não, estamos falando de um assunto mais interessante: a discografia do Oswaldo Montenegro"? Qual das duas opções ofenderia menos?

Na internet acontece a mesma coisa. Qualquer comentário feito nessas redes sociais é respondido por meia dúzia de pessoas que têm certeza absoluta de que aquilo ali foi dirigido a ela.

Se você diz que detesta aquele "pi-pi" do Nextel, surgem hordas de cretinos dizendo que você "não paga as contas deles e que eles usam Nextel o quanto quiserem". Se você diz que curte mulher inteligente, logo aparecem comentários como "Pô, sô muito intelijente, Nem, vem logo ni min que eu sei que cê tá afin".

E se for alguém da turma do Pedrão, bem, vai ficar perigoso dizer que tá afim de um chocolate.

10 Comentários:

Lucianna postou 11 de setembro de 2011 às 19:26

Muito bom, o post! Me veio na hora certa. Vou utilizá-lo como indireta aos cretinos que me seguem no Twitter!

Luciana postou 12 de setembro de 2011 às 06:27

Se a gente diz uma coisa, e a carapuça serve, acho que é porque estamos certos... rsrs

beatriz e Eduardo conselheiros amorosos postou 12 de setembro de 2011 às 06:33

Muito bom :D
Adorei

Agatta postou 12 de setembro de 2011 às 06:35

eu me vi em seu post, tenho mania de perseguição, vou tratar disso.

D. Garcia postou 12 de setembro de 2011 às 06:35

Fabulosa observação!
É isso mesmo.

Não se pode mais abrir a boca (ops! fazer login) que qualquer comentário, mas qualquer mesmo, já tem destinatário certo (na cabeça deles, óbvio!).

Pior é quando você realmente gostaria de atingir alguém... Todo mundo se intromete e o tal nem aí! rsrsrs

Agora, convenhamos, como gostam de falar mal nos comentários.
Introduzir uma ideia nova, um conceito pra reflexão, nem pensar.
Já a fila dos que malham, essa dobra a esquina da rodovia federal.

Parabéns! Está perfeito.

Anônimo postou 12 de setembro de 2011 às 06:41

Muito bom! Realidade pura!

Tatá postou 12 de setembro de 2011 às 07:13

Adorei o texto. Quem não se perguntou se aquele olharzinho cúmplice ou a risadinha compartilhada não era sobre você?

Emanuele postou 12 de setembro de 2011 às 10:22

Como a palavra define, indireta, não foi para alguém DIRETAMENTE, foi jogado na rede e em quem pegar, pegou!

O importante é ter efeito!

Liv postou 14 de setembro de 2011 às 08:58

Você só se supera. Excelente texto.

Unknown postou 21 de setembro de 2011 às 10:41

E como tem cretino se achando na internet! É só você dar um simples bom dia que logo vem alguém dizer que o seu bom dia teve alguma coisa nas entrelinhas que foi para aquela pessoa... Eu não respondo. Não me dou esse trabalho todo.

Beijos

 
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