Meu sorvete preferido é menta com flocos. Você há de perguntar: e daí? Eu te respondo: não imaginei maneira melhor de começar esse texto.
Como detesto ditados populares (mesmo, me sinto mal quando preciso repeti-los no meio de uma conversa), já que apesar de significativos, fazem o que se tem a dizer parecer mais "vazio", por isso preferi dizer meu sabor preferido de sorvete do que falar que "a vingança é um prato que se come frio".
Mas apesar de não gostar muito desses ditados, confesso que "a vingança é um prato que se come frio" é um excelente ditado. Se juntarmos com o "apressado come cru" fica melhor ainda, um verdadeiro dois em um da sabedoria popular, queijo com goiabada, auto-explicativo.
E mesmo que eu ache que dependendo da situação a vingança não é prato frio nem quente, mas um prato quebrado na testa do cretino, é fato que um troco bem planejado, com ares de jogo de xadrez, é bem interessante e ainda por cima te faz parecer mais inteligente.
No fundo é como qualquer vingança, ou seja, ressentimento transformado em ação, mas que soa mais classudo, isso soa.
E um bom exemplo é o da ricaça argentina Corina Kavanagh. Ela era jovem, rica, bonita e susceptível ao amor como todo jovem (não necessariamente bonito). Quis casar com outro jovem, rico, bonito, susceptível ao amor, porém membro de uma família tradicional e aristocrática (aquela coisa de berço e tal), a Família Anchorena.
Os Anchorena foram contra o casamento, pois achavam a Srta Corina meio nova rica, emergente, meio Barra da Tijuca, sabe como é? Os pombinhos então não se mataram como Romeu e Julieta e nem largaram tudo para fugir juntos como Edward VIII e Wallis Simpson. Simplesmente não casaram e pronto.
Só que a Corina não levou isso muito na boa.
Ela recebeu uma herança, comprou um terreno em frente à casa da família do ex-amor e mandou erguer ali o Edifício Cavanagh, um lindo arranha-céu em art-déco com 120 metros de altura, 12 elevadores e uma única exigência: que os arquitetos o construíssem de forma a obstruir totalmente a visão que o palacete dos Anchorena tinha de uma igreja erguida pela família do outro lado da rua.
Dito e feito. Os metidos a besta perderam a vista e o Edifício Kavanagh hoje é considerado um monumento histórico nacional da República Argentina. Uma vingança que virou um belo edifício.
Pelo tempo que devia levar para planejar e construir um prédio desse tamanho na década de 30, suponho que essa vingança foi um prato frio, mas tão saboroso pra ela quanto um sorvete de menta é pra mim (talvez um pouco mais caro).
Moral da história: se um dia te sacanearem fique milionário, compre um terreno, erga um prédio e ferre com a vista da casa do cretino.
Se esse plano for meio complicado, bem, quebre um prato na cabeça dele e vá relaxar tomando um sorvete, do sabor que você preferir, é claro.
E não reclame do meu final, foi a forma que eu achei de usar "prato", "frio", dizer que a vingança é doce e dar um fim nessa história.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
10 Comentários:
adorei!
uma vingancinha bem planejada e sem maiores danos vitais,é muito doce!
ah guri n proponha vinganças, n coloque pensamentos em minha cabecinha rs
bjuol
Excelente! hahahaha (y) ;)
Falta dinheiro, sobra idéia..
Gustavo,
Eu não poderia resumir melhor.
Abs!
Seguirei o conselho. ;)
Excelente! Adoro essas vinganças bem planejadas, hehehehe.
Quer coisa mais inspiradora que uma vingança dessas?
Adorei! E penso em vingança e meus amigos dizem: esqueçe...perdoa...
Mas menta é meu sorvete preferido também. E só de imaginar quebrar um prato na cabeça do cretino que me sacaneou...dá um a satisfação...
Lendo esta crônica, percebi que minha vida é tão patética que não tenho dinheiro nem para me vingar.
Postar um comentário