É possível amar alguém mesmo que se despreze o que a pessoa pensa?

Postado em 23 de set. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Antes que eu comece, não esqueça que até Hitler arrumou uma namorada, então por mais detestáveis que sejam as suas opiniões - achar que o funk carioca é um poema urbano, por exemplo - você também encontrará alguém que te ature.

Mas o problema é que, até que isso aconteça, vários dos seus relacionamentos serão mandados para o recall.

Sempre acreditei que nos unimos aos outros mais pelo que detestamos do que pelo que gostamos. Por exemplo, um sujeito que é mais propenso a ficar amigo de quem deteste rodinhas de violão do que de um fã dos Beatles como ele.

Isso porque o outro fã de Beatles pode pegar o violão para cantar "Hey Jude" num luau, mas quem detesta rodinhas de violão vai continuar detestando, logo, melhor ser amigo deste.

Só que nem sempre isso é tão definido. E assim como é impossível encontrar alguém que goste de tudo o que você goste, também será impossível achar quem deteste tudo o que você detesta.

Sendo assim, relacionamentos são a arte do possível.

- Hum, o que eu detesto mais? Rodinha de violão tocando Stairway to Heaven ou tocando música gospel numa estação de trem? Já sei! Vou namorar a Milena!

Mas ainda assim a coisa não é tão simples. Relacionamentos são sempre no esquema tentativa e erro mesmo e todo mundo mente e age como aquelas fotos de cheeseburgers no Mc Donald's, que parecem muito melhores do que o sanduíche é em si.


Você pode, por exemplo, conseguir ficar com a única menina da micareta que resolveu que vai casar virgem. Imagina só que azar.

No filme "Alfie, o Sedutor", o protagonista conhece uma loira, rica, linda. Resolve ficar com ela, larga a esbórnia e se tranca com a moça dias e dias no quarto (no filme eles não dizem nada a respeito, mas creio que eles saíam pelo menos para comer e escovar os dentes).

Ele está totalmente apaixonado, até que num dado momento em que vão fazer um brinde, ela quebra seu copo batendo com força no dele, e solta uma gargalhada que só posso definir como escrota.

Ali, naquele momento, o encanto termina.

O personagem do filme não curtiu a gargalhada (confesso que também tenho problemas com gargalhadas, gente que ri emitindo sons de porco não serve pra ir pra cama comigo, por exemplo), mas pode ser uma frase, uma idéia, uma teoria, qualquer coisa que mostre a pessoa além do que ela quer parecer para você.

A pessoa pode ser racista, vegetariana, fã de sertanejo universitário, eleitor do Tiririca, preferir Pepsi ao invés de Coca, não gostar de chocolate, confessar uma tara por mães de namoradas, contar que está juntando dinheiro pra uma cirurgia de mudança de sexo, enfim, não faltam incompatibilidades incontornáveis por aí.

É aquela coisa do limite, sabe? "Opa!! Pera aí! Isso também não!".

O casal acaba de transar e o cara resolve "se abrir" com ela:

- Sabe o que é? Sou nazista. Morro de tesão naquele bigodinho, por isso aliás é que me encantei com você quando te vi pelada...

Tudo bem, sei que esse exemplo foi exagerado, mas o que poderia ser pior do que um cara que sente tesão pelo bigodinho do Hitler? Talvez só mesmo alguém que realmente ache que funk carioca é um poema urbano.

7 Comentários:

jb_junior_ms postou 23 de setembro de 2011 às 13:02

Put'ss, uma simplicidade imensa nas palavras, qualquer idiota consegue entender perfeitamente o que se quer dizer.

Tu é fera manoo!

Anônimo postou 23 de setembro de 2011 às 14:10

Olha, acho que você teve boa intenção só acho que o seu texto não foi pra lugar nenhum... Eu acho que sim você pode amar alguém completamente diferente de você só não acho que a relação se sustente por muito tempo (já passei por isso).

mvsmotta postou 23 de setembro de 2011 às 14:15

" só não acho que a relação se sustente por muito tempo (já passei por isso)"

Você acabou de responder a pergunta principal.

Abs!

Meus devaneios postou 23 de setembro de 2011 às 15:58

Assino->" só não acho que a relação se sustente por muito tempo (já passei por isso)"

Abraço

Henrique Fragoso postou 23 de setembro de 2011 às 16:43

Amar, eu acho muito improvável. Talvez a excessão possa existir quando se trate de familiares, por exemplo.
Agora, num "relacionamento de casal", acho que é possível se apaixonar por alguém de quem se despreze algumas opiniões sobre aspectos que consideremos importantes, mas com o tempo, essa diferença torna insustentável a possibilidade de um relacionamento saudável (a.k.a. relacionamento baseado em respeito e admiração mútua).
Enfim, é claro que relacionamentos necessitam de boas doses de aceitação, mas quando se trata de ideias desprezíveis, fica difícil ceder por muito tempo.

PS: Parabéns pelo blog. Abs.

Marcelo R. Rezende postou 25 de setembro de 2011 às 10:12

Os opostos não se atraem, eles se grudam e é um inferno. E é gostoso, porque tudo muito igual fica na mesmice e onde está a emoção do diferente. Relacionamentos são aprendizados, por que não? Senta-se e aprende no outro muita coisa que a vida já tentou te ensinar, mas com amor.

Belo texto.

Isabel postou 26 de setembro de 2011 às 10:42

Hum... O pessoal aqui tá romântico, rsss.
Você ter afinidades com o outro é essencial. Esse papo de "os opostos se atraem" tem até um "quê" de verdade, pois muitas vezes admiramos características do outro que não possuímos e que gostaríamos de ter, mas não faz parte da nossa natureza.
Enfim, precisamos de divergências e convergências no relacionamento.
Beijos!

 
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