Sabe do que eu sou a favor? De polêmica

Postado em 8 de abr. de 2011 / Por Marcus Vinicius

A pior coisa que se pode fazer a qualquer indivíduo é ignorá-lo. Simploriamente - como aliás lhe sói - a "sabedoria" popular prega que se "fale mal, mas fale de mim".

Desde o garotinho que passa o recreio puxando o cabelo da menina até a loira peituda que sai de casa com um decote no umbigo, todo mundo quer atenção.

Diria até que a única coisa que o ser humano gosta mais do que de atenção (e de dinheiro) é aprovação. Gostamos de agradar os outros. Não por conta do "outro", na verdade quase todo mundo está cagando para o outro, mas por conta da reação que ele terá em relação a nós.

Todo o conceito de networking é baseado nessa adoração que temos pela adulação. É como se te dissessem: amigão, por mais competente que você seja, jamais chegará a lugar algum se não puxar uns sacos por aí.

O que conta é o elogio, é a gratidão. Por isso todo mundo detesta gente ingrata. Mas antes de achar que alguém é mal-agradecido, convém se perguntar se não foi você que super-dimensionou o que quer que tenha feito por ela.

Só que como não se pode agradar a todo mundo (na verdade e na maioria das vezes não conseguimos agradar é a ninguém mesmo), tem gente que resolve nem tentar e parte então para conseguir atenção da forma inversa, ou seja, desagradando.

Entre a aceitação e a atenção, essas pessoas vão optar pela segunda.

Não é difícil identificar uma delas, como você já deve estar imaginando. Vai ser aquela mocinha que durante um almoço de Domingo na casa dos avós, com as tias e toda a parentada reunida, solta algo como:

- Sabem o que eu acho o maior barato? Swing.

E o pai, tentando disfarçar:

- Swing tipo o Tim Maia fazia?

- Não pai, troca-troca de casais mesmo, igual eu e o Nando, a Tati e o Junior fazemos toda Sexta-Feira.


Como não prestar atenção nela depois disso? Televisão de loja de departamentos ligada num jogo de futebol, acidente em estrada, distribuição gratuita de qualquer coisa e polêmicas são as formas mais rápidas de reunir um monte de brasileiros num lugar só.

Se de um lado houver uma coleta de sangue para as vítimas de um terremoto e do outro um casal trocando tapas ou alguém debatendo sobre o destino da tal taça de bolinhas do Campeonato Brasileiro, pode ter certeza de que o barraco ou a taça vão ter muito mais saída.

Todo mundo quer dar a sua opinião.

Sistema de cotas, o desarmamento, as últimas declarações do Caetano Veloso, silicone no peito, quem corneou quem, o último namoro da Luana Piovani, a legalização do aborto, pena de morte, tudo isso tem o poder de animar qualquer reunião, de elevar vozes, de alterar ânimos.

De outra forma, porque um monte de gente adoraria o BBB? Aquilo ali é o mundo cão, é a polêmica, é aquela dose de baixaria que faz você acordar do seu cochilo, aumentar o som da TV e prestar atenção no que se passa.

Tudo em nome da tal atenção.

Se não quiser acreditar em mim, tudo bem, faça um teste: quando já for umas 4:00 da manhã de um sábado e todos os seus amigos estiverem indo embora daquele botequim pé sujo que vocês frequentam, bêbados e mortos de cansaço, logo após se despedir vire para eles e diga:

- Sabe o que eu acho? Que o Maradona é muito melhor do que o Pelé.

Nem precisa levantar da mesa, todo mundo vai dar meia-volta, sentar outra vez e começar o bate-boca.

4 Comentários:

Paulo Frandini postou 8 de abril de 2011 às 12:48

Massa seu blog brother!!
Gostei deste post!!
O ser humano passa a vida toda tentando chamar atenção, dúvido que exista alguém que nunca quiz ser famoso, simplesmente para ser "mais" que os outros e assim ser o "dono do mundo" por ser o centro das atenções!!

Aline Rosa postou 8 de abril de 2011 às 12:57

Bahhh, mui verdade, pode tá todo mundo mega cansado, puxou uma polêmica, todos "acordam" e cadê o cansaço, haha, sumiu... É instintivo do ser humano!

Gustavo Ca postou 8 de abril de 2011 às 16:34

As pessoas querem ser amadas ou odiadas, o que não suportam é a indiferença. Conheço o tipo que provoca briga DO NADA porque assim se sente importante, com o poder de interferir na vida do outro. Parasitando atenção.

Unknown postou 12 de abril de 2011 às 12:06

Acho que eu optei por desagradar muita gente, mas ainda assim me querem por perto, e eu continuo distante, perdida na música, no cinema, na arte da poesia, na natureza, com o meu K9, Baden Powell, parceiro do meu filho Vinícius.
Adorei de paixão a frase sobre Maradona, porque eu iria rachar de tanto rir e torcer pra ele, após o Pelé.
Curtindo muito você ameno...
Aprendi que, quando discordo de você, melhor é não dar opinião.
Bjs Angela

 
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