Surfista maneiro, adolescente de comercial

Postado em 15 de ago. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Outro dia um amigo meu disse que não entende porque o Facebook traduziu o seu botão "like" (aquele que sinaliza quando uma pessoa gosta de algo que vê no perfil de outra) como "curtir" ao invés de "gostei".

Esse "curtir" fica parecendo propaganda de leite achocolatado, com um monte de adolescentes dizendo de maneira forçada coisas como "curti muuuito essa manobra meeeeu".

Isso me fez pensar no porque de todo adolescente de comercial soar assim, como diria, tão idiota mesmo.

Porque apesar de parecer impossível, jovens em propagandas parecem ainda mais retardados do que na vida real, afinal de contas, quem vira pra um amigo e manda coisas como "noooossa, que rrrampa irada caaaaara!"?

Sério, ninguém que não tenha sido exposto à radiação acorda de manhã e solta um "mãe, quero devorar um sucrilhow"?

É um fenômeno, aliás, que não é só restrito à adolescentes e comerciais de TV. Quase todo filme, seriado, novela ou coisas do gênero sempre mostra gangsters, surfistas, lutadores, universitários, etc, de uma forma, no mínimo, constrangedora.

Eu sempre lembro dos personagens do filme "Menino do Rio" ou do seriado "Armação Ilimitada" , todos surfistas que só falavam coisas como "auê, brother!" ou "nuossa, que onda chocante!". Ainda era criança na época, mas já ficava imaginando se para surfar bem era preciso fazer lobotomia ou algo assim.


Mais ou menos como pobre/favelado ou bandido/favelado de filme, que não acerta uma concordância, quase como se isso fosse uma imposição genética e também não consegue dizer uma frase sequer que não contenha um "caralho" ou "porra", ainda que o contexto não permita tal construção.

- Bom dia, tudo bem, porra?

- Bom dia, caralho!

- Quer pão com manteiga ou sem manteiga? Porque não tem mais nada pra comer.

- Sem manteiga, caralho.

Não dá pra levar a sério, nem sob a mira de um revólver cenográfico.

Bizarros também são esses diálogos de teatro ou filmes de época que colocam todo mundo falando na terceira pessoa, como se Romeu e Julieta fossem pular do alto de uma árvore a qualquer momento e distribuir veneno para a platéia.

Certa vez conheci uma garota que falava assim, na vida real. É sério.

Imagine como era esquisito até o osso ouvir coisas como:

- Ligue-me mais tarde, estarei na festa do Fulano, se fores, avisa-me.

Uma vez quase respondi :

- Claro, guardarei o número de vosso telefone com zelo na minha algibeira.

Mas tudo bem, enquanto eu não falar que nem adolescente de comercial, estou mantendo a dignidade.

4 Comentários:

Ravick postou 15 de agosto de 2011 às 04:38

Post iraaado, manolo!

Em todo caso, me alegra o fato do "só!" já não ser mais usado...

Unknown postou 15 de agosto de 2011 às 04:54

O seu post veio a calhar, pois nesse fim de semana estive com um monte de adolecentes, de tribo diferentes, e me perguntei se aquilo poderia ser genético, ou alguma anomalia de percurso, pq eles agem (de acordo com sua tribo) como se não fizessem parte do mundo em que vivemos. Estabelecem entre si, gírias q nada tem a ver com o assunto em questão de algo que eles mesmos estão falando e outras atitudes q realmente nem convém nominar. É claro que existem excessões, mas hoje posso dizer com toda certeza que os adolecentes atuais me cansam, eles pensam que são os "fodões", mas não passam de um bando de babaquinhas, que esquecem que o amanhã vai chegar pra eles também. Mas nisso tudo só existe um culpado: A falta de educação e disciplina que os pais de hoje (minha geração)não conseguem impor aos seus queridos pimpolhos.

Gustavo Ca postou 15 de agosto de 2011 às 10:16

Esse post ficou irad.. digo, hilário, hahaa..

É Malhação, linguagem Malhação. Sempre lembro dessa noveleta quando ouço alguém dizer "caraaaca".

Agora vou ali comer meu Nescau Cereal radical..

Bruno postou 17 de agosto de 2011 às 12:32

Colocar memes do twitter no meio das conversas também conta?

 
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