Estava perdido pelo Orkut (sim, eu ainda acesso o Orkut, podem jogar os tomates) e encontrei essa
comunidade que dá título ao post de hoje.
Primeiro tive um ataque de risos, não poderia ser diferente. Depois lembrei das minhas experiências nesse tipo de festa e...ri mais um pouco!
Fui pré-adolescente na década de 80, convivi com notícias sobre o
Crepúsculo de Cubatão, boate em Copacabana, Rio de Janeiro, que foi o "templo" dos darks daquela época. Todo mundo ia pra lá vestido de preto, caprichando na cara de tédio e preparado pra beber drinks com nomes como "chuva ácida" e "kamikaze" e curtir o som do Cure, Alarm, Siouxsie&TheBanshees, Bauhaus, Sisters of Mercy e demais ícones do tal movimento.
Só que "dark" era que nem jabuticaba e só existia no Brasil. Em 1987 durante uma entrevista de Robert Smith, líder do Cure, ele foi perguntado sobre como se sentia sendo um ícone do "Movimento Dark" ao que respondeu: "se me disserem primeiro o que é, eu digo se acho bom ou ruim".
Vamos usar a desculpa da falta da internet, das fontes de consulta difíceis e dar um desconto pra turma dos anos 80.
Aí vieram os anos 90 com todo aquele dance-clubber-Ibiza-colorido e, pra mim menos, aquela cena sombria-tropical ficou esquecida.
Não vou entrar aqui num chatíssimo histórico sobre essa sub-cultura, que nos levaria aos
beats nos anos 40, mas se você quiser saber, veja o verbete na
Wikipedia.
O fato é que no pós-anos 80, isso tudo voltou ajudado pelo assim chamado Gothic Metal, com bandas como Nightwish, Within Temptation, Sonata Arctica, entre outros e também por uma interessantíssima vertente eletrônica-industrial representada por VNV Nation, Neurotic Fish, De/Vision, Covenant e mais um monte de outros nomes desse estilo, todos mais ou menos "herdeiros" do som do Depeche Mode e do New Order.
Alguém pode me contestar, mas é assim que vejo.
Introdução superada, vamos à diversão. "Sou bonito em festa gótica", amigos, vocês já foram em alguma? Quem não for, vá! Faz bem pro ego de certa forma.
É um desfile de gente com roupas "over do over do over" que você se sentirá bem vestido e discreto mesmo que esteja usando uma fantasia de baiana de escola de samba.
Uma profusão de roupa de telinha, saias rodadas, coturnos, calças com tachas e acessórios como crucifixos e
ankhs de mais ou menos 1kg e meio. Sem contar a maquiagem, bem carregada e com olhos que depois vieram a ser popularizados pela
Amy Winehouse. Uma espécie de Cleópatra bêbada de boteco.
Sei que vão me chamar de preconceituoso, mas não combina um afro-brasileiro (vai lá, vamos usar o termo), no maior calorão, maquiado, tentando se fazer passar por vampiro, personagem que a literatura caracteriza pela palidez extrema, concorda?
Esqueçam "
Blade", aquilo é uma aberração.
Não é que o indivíduo não tenha direito, ele tem direito a tudo, não existe "coisa de branco" e nem "coisa de preto", mas uma pessoa de pele negra emulando os "
Anjos da Noite" fica tão esquisito quanto um
branquelo pintado de timbaleiro.
Note: você pode curtir o som, a cena, é direito do ser humano curtir até a música ruim do Carlinhos Brown, mas não precisamos bancar esses gringos que vão pra Amazônia e voltam usando cocares de índios no aeroporto, né? Esses euro-índios são tão esquisitos quanto os
afro-goths.
E o
batom preto? Parece que a pessoa estava chupando um cocô há alguns minutos e apareceu pra dançar com a parede um pouquinho. (É, tem mais essa, em festa gótica tem quem dance com a parede).
Imaginou a cena? O calor
saariano que faz no Brasil, pessoas com maquiagem pesada derretendo, acessórios exagerados, bocas pintadas de preto, roupas escuras (nesse calor?!) e usando sobretudos, dançando com as paredes?
O sobretudo aliás é um caso à parte. O
cara desidrata ali dentro mas não tira o seu de jeito nenhum. Um puta de um calor e ele nem desconfia que os vampiros e góticos do Hemisfério Norte usam aquela peça de vestimenta mais porque lá faz
frio do que para "provar uma atitude".
É como se existisse um "Movimento Indio" na Europa e eles usassem tanguinhas sob um frio de -10 graus negativos.
Claro que tem muita
gente bonita. Piercings, tatuagens e um certo look sadomasô que permeiam essas festas e me agradam bastante, além de que as pessoas nesses ambientes tendem a ser mais interessantes e cultas do que a média.
Mas a crítica aqui é ao exagero, a essa coisa de macaquear trejeitos e roupas, passar do tom na maquiagem ou exibir cortes de cabelo que mais parecem feitos por um jardineiro epilético, enfim, a quem se torna um personagem de si mesmo, o que também é muito comum.
Por isso a sua chance de sentir-se lindo em festa gótica é tão grande.
Esse post faz parte do sorteio que estou realizando. Faça seu comentário e concorra a um calendário 2010. :)