Acho que ele vai ser alpinista...

Postado em 29 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Uma das maiores questões de qualquer ser-humano, mais do que onde está e para onde vai, mais do que dúvidas existencialistas sobre a existência ou não do destino, da sorte ou mesmo do Batman, mais até do que dúvidas sobre se gostar de observar pernas cabeludas (no caso dos caras) ou os seios da amiga (no caso das meninas) no vestiário da academia te faz ou não ser gay, é: o que eu vou ser quando crescer?

Muita gente cresce e não consegue responder essa pergunta, tanto que ela gera uma outra: pera aí, será que o que eu quero ser existe?

É mais fácil quando você é criança, afinal, tudo nessa fase da vida é possível. Eu já quis ser ditador do mundo. Sério, não me queira mal por isso. Meu sonho era oferecer algum país (não sei porque a Itália sempre me vinha em mente) para a minha esposa no dia do casamento.

Passava tardes no telhado de casa fungindo que derrubava aviões inimigos com uma bazuca de plástico azul. De novo, não me queira mal (ou ache que sou caso perdido) por isso, porque juro que eu mudei.

Depois da Síndrome de Mussolini Jr, eu desejei ser goleiro de futebol. Enquanto todo mundo queria ser o Zico, o Roberto Dinamite ou o Maradona, eu queria ser o Waldir Peres, o goleiro careca da Seleção Brasileira.

Sorte que não consegui uma coisa nem outra. Não virei goleiro e nem fiquei careca.

Conforme o tempo passa, a coisa complica um pouco.


Primeiro porque por mais que estudemos, nos preparemos, façamos cursos e o escambau, muito provavelmente em algum momento nosso destino será decidido por algum RH cretino, que depois de "O Aprendiz" resolveu pensar que é o Roberto Justus ou o Donald Trump.

Depois porque o mercado de trabalho atualmente funciona baseado no seguinte princípio: "vamos demitir três, contratar um para fazer todo o trabalho e pagar 1/3 do que pagaríamos a cada um deles". Tudo isso faz parte desse novo universo onde "empregado" passou a ser "associado" ou "colaborador", o que na verdade quer dizer que você não é merda nenhuma.

Aposto que qualquer um em sã consciência preferiria ser chamado de "lacaio" ou "escravo" e em troca trabalhar 20 horas por semana e ter 60 dias de férias.

Sonhos com astronautas, goleiros da seleção e super-heróis vão ficando para trás e no final das contas você opta por algo mais realista e vai ser dentista, advogado, engenheiro, professor, etc, etc. Mas que fique bem claro: se a democracia funcionasse mesmo e se fosse verdade que "podemos ser tudo que quisermos", você deveria estar nesse momento vestido com uma malha meio esquisita, usando uma máscara e disparando teias de aranha das mãos enquanto voa entre prédios.

Nenhum teste vocacional deve dizer que você tem propensão a cowboy de filme, mas nenhum também deve dizer que você leva o maior jeito para proctologista ou técnico de exame de fezes e no entanto muita gente acaba fazendo isso pra viver.

Aliás, se essas vocações aparentes funcionassem mesmo, talvez fosse mais fácil do que parece. Outro dia falava com uma amiga e perguntei sobre filho de 2 anos dela, o diálogo valeu meu dia:

- E aí? Como vai o Arthur?

- Ele tá bem, levadíssimo...inclusive acho que vai ser alpinista já que é a décima vez que eu tenho que correr para tirá-lo de cima do armário...

Macacos me mordam!

Postado em 27 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Dia desses saiu no jornal que alguns cientistas andam preocupados com a excessiva humanização das cobaias. A causa são algumas pesquisas que introduzem genes humanos em animais de latoratório (como camundongos e macacos) para realizar estudos sobre doenças que afetam o homem.

Chegam a lembrar de casos da ficção científica, como o filme "Planeta dos Macacos", onde uma experiência para curar o mal de Alzheimer acabou gerando uma nova raça de macacos-humanos, de certa forma inteligentes, que passaram a dominar o mundo.

Tamanha introdução não foi certamente para discorrer sobre os perigos das pesquisas científicas, para o tratamento desumano dado às cobaias e nem para falar sobre ficção científica, ou talvez, desse último item, até seja um pouco.

O fato é que certas horas me pergunto se alguma experiência desconhecida (ou o calor dos trópicos que parece derreter os miolos) já não criou uma população de macacos amestrados com aparência de homens e mulheres.

Mas antes que me chamem de racista por causa do uso dos símios como exemplo, deixe-me esclarecer que só falarei aqui de macacos albinos, tudo bem? Todos, sem exceção, albinos.

O maior exemplo da macaquização, pra mim, é o trânsito. Sempre achei que uma escolaridade mínima e testes de QI deveriam ser obrigatórios para alguém obter licença para dirigir. Porque o brasileiro no trânsito se comporta, em sua esmagadora maioria, como um chimpanzé que foi ensinado a guiar um carro para frente.

É um trânsito violento, agressivo e caótico. Fechadas, cortadas pela direita, carros subindo nas calçadas, andando na contramão, pessoas se comportando como se fossem donos da rua, sei lá, talvez os chimpanzés não chegassem a tanto.


Por isso acho que testes de QI talvez evitassem esses motoristas de ônibus que andam aos solavancos e freadas, e parecem não saber que é fisicamente impossível parar rapidamente um veículo de 11 toneladas a mais de 80km/h em caso de emergência, ou taxistas que desconhecem o fato de dois corpos não caberem no mesmo espaço, tornando impossível o trânsito fluir enquanto ele espera a madame com o poodle entrar no seu carro com as compras do shopping.

Assim como alguém que canta uma música em inglês usando o famoso "enrolation" e não faz a menor idéia do que diz, o brasileiro anda por aí (a internet é o lugar preferido) repetindo piadas, correntes e bordões de novela às vezes sem fazer a menor idéia do porquê fazem isso. Só porque é "gozado", tipo macacos atiram fezes no zoológico.

Não duvido também que bonobos (albinos, sempre albinos, por favor, tá?) ensinados a operar um iPod ou um celular também não andassem de metrô na Bonobolândia ouvindo música alta e incomodando a macacada toda em volta.

Parece que certos comportamentos são instintivos e fazem parte do princípio de que se todo mundo faz igual, deixa de ser vergonhoso.

O Brasil tem bolsões de imbecilidade tão extensos que parece que a intenção é extirpar totalmente qualquer tipo de inteligência e raciocínio humano do seu meio. Tudo repetido mecanicamente, todo mundo feliz enquanto não faltarem as bananas.

Eu, se cientista fosse, me preocuparia muito pouco com a humanização das cobaias. A macaquização humana me causa muito mais medo.

O mundo não era melhor, o mundo era mais vazio

Postado em 25 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 9 Comentários

Não adianta fingir que você é imune à misantropia, porque nem eu e nem você vamos acreditar nisso.

Sempre escutei dizerem que antigamente as coisas eram mais fáceis, que existiam mais oportunidades, que as pessoas eram mais educadas, etc, etc, etc. Mas o que mudou de lá pra cá? Tecnologia? Isso supostamente deveria facilitar tudo e não complicar.

Tudo bem que alguns empregos foram levados por robôs que fazem o serviço de 5 homens e montam um automóvel em menos da metade do tempo, mas isso não é tudo, afinal, nem todo mundo trabalhava em fábricas de automóveis.

O mundo ficou mais quente, o que pode ter contribuido para piorar um pouco as coisas (no caso do Rio de Janeiro as estações deixaram de ser "quente" e "muito quente" para se trasnformarem em "muito quente" e "inferno"), mas ainda assim, o ar-condicionado está aí pra isso.

As pessoas terem ficado mais mal educadas é um fato ou talvez apenas consequência da troca de Ari Barroso, João Gilberto, Vinícius de Moraes, Caymmi e Tom Jobim por Latino, Axezeiros, Tati Quebra-Barraco e Luan Santana como ícones da música nacional e os livros de auto-ajuda e do Paulo Coelho terem tomado o lugar de Machado de Assis ou Carlos Drummond de Andrade.

Atualmente o mais culto que alguém parece conseguir ser é repetir frases avulsas da Clarice Lispector, do Paulo Leminski ou do Caio Fernando Abreu, na maioria das vezes sem ter a menor idéia do contexto em que aquilo foi escrito.

Mas isso é emburrecimento coletivo, incomoda, mas não explica sozinho o fato do mundo hoje ser pior do que era ontem. Precisa haver um motivo, e você sabe bem qual é o motivo (ainda mais porque eu o dedurei logo no título).

O mundo está cheio demais. Só pode ser isso. Seis ou sete bilhões de pessoas confinadas num pequeno planeta não pode ser uma coisa que dê muito certo.


Imagine um bonde. Antigamente aqueles bondes do Rio de Janeiro carregavam, no máximo, 65 passageiros. Tudo bem que tinha gente andando pendurada e não devia ser um primor de conforto, mas é raro alguém que viveu naquele tempo que não sinta saudade dos bondes.

Hoje em dia um único vagão do metrô transporta em média 350 passageiros e é raro alguém que vive nesses tempos de agora que não deteste o metrô com força. O que mudou? Simples: superlotação.

Viramos um gigantesco vagão de metrô na hora do rush.

Você pode ver exemplos como esses por toda parte. Prédios antigos que abrigavam de 2 a 4 famílias por andar serem substituídos por pombais que, no mesmo espaço, abrigam até 10 famílias e cubículos.

Engarrafamentos, filas, empregos piores que pagam menos, uma concorrência infernal para tudo e agora, vejam só, até shows internacionais caríssimos que passavam semanas vendendo ingressos vêem estes mesmos ingressos se esgotarem em questão de horas.

Maior poder aquisitivo? Sim, mas superlotação também.

O que pretendo dizer com isso? Que poderíamos dar um "freio de arrumação" e atirar um ou dois bilhões de pessoas no espaço sideral? Não. Primeiro porque custaria muito caro e depois porque seria meio desumano, sei lá, uma versão Jetsons ou Starwars dos campos de concentração.

Não iria pegar muito bem pro nosso carma coletivo que já não anda lá essas coisas.

O que pretendo dizer é que antigamente talvez o mundo não fosse tão melhor. Febre amarela, sífilis, gonorréia, modos e costumes repressores, TV preto e branco e acreditar que manga com leite pode matar não devia ser muito legal.

A diferença é que hoje está cheio de cretinos nos rodeando por toda parte e o espaço para tentar fugir deles continua o mesmo.

Pensando bem talvez uma colônia em Marte não seja má idéia.

O bonzinho, a exagerada, o esportista, o maridinho e o pára-raio de Heleninha Roitman

Postado em 22 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 2 Comentários

Certos assuntos são quase proibidos durante um namoro. Comentários sobre a amiga gostosa dela, sobre a fixação dele por camisas de futebol e sobre ex-namorados estão fora de questão, pelo menos teoricamente.

Mas se regras fossem para ser seguidas, bem, ninguém olharia pro decote da mulher do vizinho no elevador. Desde os 10 mandamentos até o Código Penal, tudo que é proibido é mais gostoso.

Quase toda mulher odeia que você fale sobre suas ex-namoradas, que para ela são todas putas, gordas, vacas e desequilibradas, que só faziam sua vida ser miserável e por isso não existe explicação que justifique o fato de você  falar qualquer coisa sobre elas.

Já quando o assunto são os ex-namorados dela a coisa muda um pouco, afinal, são pessoas que, ainda que não tenham dado certo, a moldaram e a ajudaram a ser quem elas são hoje (e talvez isso explique o hábito dela revirar seus bolsos e ficar em posição de sentido quando toca o hino do Vasco).

E a verdade é que ex-namorados podem até não definir a garota , mas certamente explicam bastante sobre a sorte dela no amor.

Por exemplo, tem aquela que só tem ex bonzinhos. Todos são bons alunos, bons filhos, falam idiomas, tem futuro promissor e usam camisa polo com pulover de crochê pendurado no ombro. Cada um deles parece existir somente para te fazer perguntar: o que diabos ela está fazendo comigo?

Ainda mais porque provavelmente depois de um tempo você vai começar a achá-la meio chata.

Outro tipo é a superlativa. Ela é provavelmente meio mitômana, por isso todos os seus ex-namorados serem mais fortes do que o Conan, mais ricos do que o Eike, mais bonitos do que o Brad Pitt, mais generosos do que São Francisco de Assis, mais inteligentes do que Einstein e provavelmente tão verdadeiros que são frutos de um cruzamento entre a Fada do Dente e o Coelho da Páscoa.


Sua esperança é que um dia ela também se refira a você usando desses exageros, ainda que você desconfie que será "o maior babaca do mundo".

Os ex-namorados esportistas são uns dos mais difíceis de aturar. Quando namorava com um deles, ela estava sempre escalando, correndo, natando, saltando, atirando, acampando e mais qualquer outra coisa que as pessoas fazem enquanto você dorme até meio-dia todo sábado.

Para agradá-la você até resolve passar a ir na praia com regularidade, mas sair debaixo do guarda-sol para jogar frescobol já é demais.

Outro tipo complicado é o atencioso. Quando casar, ele dará um excelente "maridinho", sabe como é? O maridinho - pego essa emprestada do mestre Nelson - nunca grita, nunca diz não, nunca está indisposto. Seu esporte preferido é abrir portas, puxar cadeiras, dar presentes, falar usando diminutivos, imitar voz de criança e nunca, jamais, sob nenhuma hipótese dizer "não".

Você que se achava um gentleman até namorar a ex de um sujeito desses pode se preparar: em uma semana você vai pensar que é o Shrek.

O último tipo é o psicopata. Difícil alguém não esbarrar com um psicopata na vida. É aquele cara que colocou um vírus no GPS do celular dela só para acompanhar todos os passos, que espreita suas saídas por detrás dos postes e transformou a Kombi velha do avô numa imitação tosca de furgão de TV a cabo, que curiosamente agora vive estacionado do outro lado da rua, em frente a casa dela.

Tem mulher que atrai esse tipo de coisa, é como se ela fosse um pára-raio de Heleninha Roitman. Quase todo ex dela está preso ou sob algum mandato de restrição. Menos esse, que agora vive perseguindo vocês e aparece "sem querer" na fila de trás no cinema, o que te obriga a passar o filme inteiro tendo sobressaltos, imaginando alguém te atacando com uma faca ou um saco de pipocas.

E foi justamente por causa dele que ela comprou aquele aparelho de choque e o gás de pimenta que vive carregando na bolsa e que ela não hesitará em usar contra você, se por acaso você ameaçar comentar alguma coisa sobre a amiga gostosa dela ou falar de alguma ex sua.

Seja sempre você mesmo, mas não precisa exagerar

Postado em 20 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Não conheço um cara que não deseje namorar uma garota alegre, pra cima, carinhosa e, principalmente, meio sedenta de sexo. Se você conhece algum, fique sabendo que ou é viado ou então está mentindo pra você.

Só que seja sua paciência, sua capacidade de tolerância aos efeitos do álcool ou mesmo seu cheque especial, tudo tem um limite. Imagine uma pessoa intensa, tipo uma coletânea de frases da Clarice Lispector.

Pois é, é muito legal nos primeiros dias, até nas primeiras semanas, mas tente pensar em conviver com uma TPM que dura 24 horas, 7 dias por semana. É pior do que porre de vinho.

Tenho pra mim que a única coisa que em excesso não faz mal é dinheiro mesmo.

Sim, porque você passa a vida querendo uma garota carinhosa, fofa, dedicada e aí finalmente conhece uma. Ela quer te alimentar, te botar pra dormir, te acordar com beijinhos no meio da noite, ver filmes românticos, dividir taças de sorvete.

Só que um belo dia você descobre que dividir sorvete é um saco, porque você prefere menta e ela curte tutti-frutti, encara a realidade de que comédias românticas são um saco e, no meio de uma madrugada onde tudo o que você mais queria é poder continuar dormindo (de preferência até meio-dia), um pensamento te assalta: porque diabos essa maluca fica falando com voz de criança o tempo todo? Porra, me deixa dormir!

O mesmo acontece com a ninfomaníaca. Um belo dia você enche o saco de passar suas tardes de sábado jogando bola com os amigos e as de domingo vendo jogo de futebol na TV. Pensa que uma namorada e um pouco de sexo fariam bem na sua vida (aquele filme com a Tracy Lords ajudou muito na parte do sexo).


Até que sua prima te apresenta para uma amiga dela da faculdade. Bonita, viajada e com pinta de atriz pornô, exatamente o que você queria. Ela usa decotes que terminam na virilha e vestidos com fendas que terminam nas axilas, mais desinibida só mesmo a Cicciolina.

Por alguma razão ela té dá mole, vocês ficam e tudo corre conforme o esperado, entre pés abrindo seu zíper por baixo de mesas de restaurante e gestos lascivos com canudinhos de milk shake em pleno Mc Dia Feliz.

Mas chega uma hora em que você começa a sentir saudade daquela ex-namorada fofa que te acordava no meio da noite com voz de criança e não vestida de couro, com uma máscara de Darth Vader e um chicote na mão com essa agora.

Sem contar as situações um tanto vergonhosas, como quando ela tirou seu tio de 70 anos para dançar o "Funk das Peladinhas" durante o casamento do seu primo, com direito a uma simulação de sexo oral numa garrafa de prosecco e tudo.

Nesse momento você esquece as massagens com óleo de canela, as roupas de odalisca, as fantasias de coelhinha da Playboy e até o curso de pompoarismo que ela está fazendo e pede encarecidamente:

- Meu amor, será que você poderia ser um pouco menos, como eu diria, um pouco menos você?

É aquela velha história: seja você mesmo, só não exagere.

Academia nossa de cada dia

Postado em 18 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

Dizem que os seres humanos são diferentes individualmente, mas que no final das contas o todo é igual.

Pensei nisso depois de me matricular pela vigésima vez na minha décima-terceira academia. Sabe como é, hoje em dia você pode roubar até verba do leite das criancinhas que não será considerado tão mau quanto alguém que não vai levantar pesos e suar diariamente.

Um estivador levanta quilos e quilos todo dia e aposto que pra fazer isso ele recebe por mês bem menos do que um aluno de uma dessas academias de luxo paga para levantar os mesmos quilos e quilos. Fazer o que, assim é a humanidade e suas imensas gaiolas de hamster.

Seja no Brasil, na China e, creio eu, até no Irã (se os aiatolás permitirem que se cultue o corpo que deverá ser coberto com uma burca depois), os mesmos personagens estarão presentes. O homo-marombensis parece ser uma raça bastante uniforme.

Porque vejamos, basta entrar numa academia em qualquer canto (pelo menos essa é a impressão que eu fiquei depois das minhas 12 ou 13 experiências), que você vai encontrar a coroa plastificada, que usa as roupas de ginástica de filha e passa a tarde quase toda ali, entre uma aula de aeróbica, uma sessão de power yoga e uma massagem. Só se ausenta mesmo para retocar os fios loiros no salão da esquina.

Outro personagem perene, lógico, é o bombado-micareteiro-jiu-jiteiro-contador-de-fofoca-vendedor-de-creatina. Acho que o próprio nome da espécie já diz tudo. Se um dia você chegar na academia às 8:00 e no outro for lá às 20:00, vai pensar que ele combinou horários contigo.

Mas não, ele fica lá 12 horas por dia mesmo, conversando sobre futebol, micaretas, carros e piriguetes, entre uma ou outra série de repetições. O mais legal é que ele parece um Gremlins, já que se prolifera de tal forma que você nunca consegue saber se é uma turma de caras iguais e que agem igual ou se é apenas o mesmo sujeito que se subdividiu.

O bombado-micareteiro-jiu-jiteiro-contador-de-fofoca-vendedor-de-creatina quase sempre é namorado da gostosa. A gostosa não é qualquer uma, ela é "a" gostosa. Toda academia tem mulher bonita, corpos sarados, etc, etc, mas a gostosa dispensa explicações, debates e convenções, ela é auto-explicativa, você se matricula, chega lá e sabe de cara: aquela lá é "a gostosa".

Provavelmente um dia ela vai virar outro personagem que também está presente nas academias, que é a ex-gostosa. Ela já foi a gostosa um dia, já foi a namorada do bombado-micareteiro-jiu-jiteiro-contador-de-fofoca-vendedor-de-creatina (que agora vende carros numa agência da Barra) e o fato de ter tido dois filhos ou de fazer intercâmbio nos Estados Unidos ou de ter se apaixonado por um garçom de um rodízio de pizzas a fez ser não mais a gostosa, mas a "ex-gostosa".


Sua luta é para recuperar o trono e poder continuar usando as mesmas roupas de ginástica que usa hoje, mas que ficavam muito melhores nela no tempo em que era "a" gostosa e não a "ex".

Finalmente tem o coroa atlético. Ele já foi sedentário, já fumou 20 maços de Minister por dia, já ingeriu álcool em quantidades que fariam Amy Winehouse e Serge Gainsbourg sentirem inveja, mas hoje ele é o coroa atlético.

Apesar de já ter mais de 60 anos, tem um abdômen mais definido que o seu, aos 30 e poucos. Participa de todas as meias maratonas do circuito, joga vôlei de praia, corre 40 minutos a mais do que você na esteira (o que geralmente quer dizer que corre 45 minutos), é bronzeado, disposto e traz um sorriso no rosto mesmo numa segunda-feira às 6:00 da manhã.

Come salada de alface com kani com a mesma vontade com que você ataca um BK Staker com quatro andares de bacon e, pior,  as mesmas meninas que te ignoram, adoram conversar com ele e corre a lenda que já saiu para tomar vinho com a deliciosa da professora de pilates.

Um tipo bastante comum também é aquele que está sempre voltando. Sabe como é, já fez matrícula 200 vezes, é velho conhecido do cara que faz a avaliação física, frequenta mais a cantina do que a sala de alongamento, tem pressa (afinal o verão está batendo na porta quando ele volta a malhar) e, passado o Carnaval, tem um insight e resolve que essa história de culto ao corpo é coisa de quem tem a mente vazia.

O último tipo é o que vai mas fica observando tudo, não sabe bem o que faz ali mas continua frequentando (afinal é bom cidadão, pagador de impostos e não quer ser confundido com esses meliantes consumidores de gordura trans).

A academia não lhe rende um corpo atlético ou algum tipo de consciência superior estilo "mens sana in corpore sana", mas rende alguns textos curiosos, tipo este que acabei de escrever.

Como você vai contar amanhã tudo aquilo que faz hoje?

Postado em 15 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

No tempo dos seus pais já rolava muita putaria.

Resolvi começar com uma frase de efeito não só para prender sua atenção, mas também para deixar claro que o que vou dizer em seguida não tem nenhum falso moralismo ou nostalgia, só constatação mesmo.

Mas ainda que naquele tempo já rolasse a maior sacanagem, a coisa funcionava de forma mais discreta, quase como uma contravenção. Digamos que a vida sexual das pessoas fosse como a bebida no período da Lei Seca americana: todo mundo se embriagava, mas disfarçava.

Atualmente tudo se parece mais com o tráfico de drogas num desses morros do Rio de Janeiro, ou seja, uma verdadeira exibição ostensiva de armas.

Quando converso com alguém mais velho sobre seus primeiros namoros (e até mesmo sobre como meus pais se conheceram), as histórias invariavelmente terminam num cerco pesado realizado pelos pais das meninas (verdadeiros xerifes da virgindade), em namorinhos de portão, bancos de praça e na emoção que era conseguir "pegar na mão" pela primeira vez.

Hoje tudo mudou. Somos capazes de sentar num bar no meio da tarde e ouvir candidamente uma garota contar em como curte fazer sexo anal "de ladinho". Tudo bem, exterminamos quase toda a hipocrisia nesse aspecto (ou talvez a transferimos para outras áreas da vida, o politicamente correto está aí pra não me deixar mentir).

Sites de encontro, sex tapes, micaretas, bailes funk, casas de swing aparecendo no horário nobre. Mas imagine só como vai ser quando nossos filhos e netos começarem a se interessar sobre nosso passado.


Pense só quando você precisar responder à simples pergunta "papai, como você e a mamãe se conheceram?":

- Ah, filhão, sua mãe era a popozuda mais glamourosa do baile, foi pentada violenta a noite toda!

- Mas vocês pelo menos já se conheciam antes?

- Na verdade não, quer dizer, eu já tinha visto a sua mãe, mas num vídeo de um site de caseiras que o ex-namorado dela colocou.

Imagine a menina na cozinha, num dia frio, ajudando a mãe a fazer bolinhos de chuva e de repente surge a curiosidade:

- Mãe, você resolveu namorar o papai porque? Você diz que nunca gostou de careca...

- Bem, seu pai não era careca quando nos conhecemos, aliás, era só um pouco, mas a verdade é que estava todo mundo doidão de ectasy naquela rave e eu fiquei com seu pai porque ele era muito parecido com o meu namorado na época, que sumiu no meio da festa e acabou pegando a sua tia Márcia.

- Pera aí, o seu namorado era o tio Rubão?

- Era, mas naquele tempo ele se chamava DJ Shark.

Complicado, né?

Tudo bem que até lá provavelmente surgirão novos hábitos que transformarão esses de hoje em coisa de freiras e frades, mas o problema é como a gente vai fazer pra manter o respeito perante esses moleques com histórias como essas pra contar.

Já fui a Nova York, claro, mas sou mais assim, de esquerda

Postado em 13 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

Um fenômeno estranho acontece com seres humanos, não sei se em todo o mundo, mas em boa parte do mundo que eu conheço, que é a nostalgia de coisas que passaram e, algumas, até de um período que o próprio nostálgico nem viveu, mas "sabe" que era muito bom.

Em "Meia Noite em Paris", o Woody Allen fala sobre isso muito bem. O protagonista é um roteirista que se lamenta por não ter vivido na capital da França durante os anos 20, considerados por ele como a "era de ouro". Só que quando finalmente conhece uma estudante de moda que viveu nesse período (não pergunte como, veja o filme), ele descobre que, para ela, a "era de ouro" não estava nos anos 20, período que considerava "chato e sem criatividade", e sim na Belle Époque.

Cada um nostálgico daquilo que não viveu.

Tudo isso não faz muito bem, afinal, não devemos desprezar tanto o tempo em que vivemos, ainda que eles sejam muitas vezes desprezíveis.

Mas até aqui só falei de arte, da Belle Époque, da Paris de artistas e filmes. O que dizer então de pessoas que sentem nostalgia por Gulags, expurgos, guerrilheiros e ditadores barbados fazendo discursos de 8 horas?

Nunca entendi muito bem o esquerdista de butique. Na verdade até entendo, mas confesso que não engulo muito.

Todos preocupados com a justiça social, com o direito à propriedade de quem invadiu terrenos em favelas, com os quilombolas, os oprimidos, os discriminados e, claro, o aquecimento global.

Nada contra acabar com a fome do mundo, diminuir desigualdades, respeitar diferenças, blá blá blá.

Mas esse pessoal  é o mesmo que dá um chilique se ouve uma piada que considera "racista" ou "homofóbica" mas declara em pleno almoço de domingo que adoraria ver "Bush e toda a sua família serem mortos numa jaula de javalis".

É um povo intelectualizado mas que prefere ler uns resumos na Super Interessante do que se debruçar sobre um livro, senão pode faltar tempo pra ir beber um ice na loja de conveniência com a turma do condomínio.


Curtem uma sandália de couro, um forró pé de serra e são completamente "de raiz", tudo pra justificar o hábito de fumar um baseadinho de vez em quando, já que a maioria só pisou no Nordeste quando foi num resort em Porto de Galinhas ou no Carnaval em Porto Seguro.

São comunistas roxos, possuem toda a obra de Marx pronta para ler no iPad, mas ainda não conseguiram passar da primeira linha, porque preferem usar o tablet pra ver os episódios antigos de Gossip Girl.

Admiram Cuba e fazem questão de repetir para qualquer um que ouse chamar o regime castrista de ditadura que "não existem crianças de rua e nem analfabetos" na ilha. Esquecem do resto, mas o que é o "resto" para alguém que acha Che Guevara um herói, ainda que ele executasse pessoas por motivos tão sérios quanto roubar um pedaço de pão?

É um pessoal assim, meio de esquerda, pero no mucho sabe? Eles não chamariam o moleque de rua que eles defendem quando rouba o dinheiro de uma aposentada para tomar banho na piscina da casa deles, por exemplo.

E entre um período em Miami (o mais perto que já chegaram de Havana) e uma missão dos Médicos Sem Fronteiras para combater doenças na Somália, eles não hesitam em levar seu espírito revolucionário ao encontro do Mickey Mouse, com um pulinho para compras em Nova York se possível.

Já estudaram fora, moram em bons bairros, possuem todos os bens de consumo que o dinheiro pode comprar, falam inglês, francês e quando resolvem entrar pro mercado de trabalho, arrumam logo uma bolsa do governo ou um trabalho numa ONG, mas no entanto detestam elite e chamam todo mundo de "burguês".

Sua vontade de mudar o mundo é tanta, que não hesitam em participar de eventos do Facebook e de campanhas pelo Twitter. E sentem que o mundo capitalista treme nas bases quando lê coisas como:

"Ianques go home! Morte à #Burguesia! Proletários: uni-vos! - 

Rock in Rio (ou não)

Postado em 11 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 8 Comentários

Recorrer já no título a algo supostamente dito pelo Caetano Veloso é apelação, mas fazer o que? O assunto merece.

Não sou crítico musical, então não possuo aquela isenção (cof-cof), conhecimento (cof-cof) ou bom gosto (cof-cof-cof) para pretender que o que vou dizer aqui é uma verdade absoluta, mas fazer o que? Eu tenho esse péssimo hábito (pelo menos no Brasil) de ter opinião, então vamos lá.

Sempre achei estranho o "Rock in Rio" acontecer em Lisboa durante muitos anos. Nada contra a pátria-ancestral, nada disso, mas porque não Rock in Lisboa? Tudo bem, os gênios do marketing me explicaram que se tratava do uso de uma marca conhecida e por isso o nome.

Aguardo ainda, é claro, o Glastonbury-Itu, o Parintins-São Paulo e a São Silvestre-Copacabana (sei que isso pode ser contestado, mas não iria perder a piada).

O fato é que finalmente o festival com o nome do Rio de Janeiro voltou ao Rio de Janeiro, o único problema é que quando resolve fazer isso, só traz o "in Rio", porque parece que o "Rock" ficou esquecido em Lisboa.

Porque vamos lá, quando vi no lineup do festival nomes como Maria Gadú, Rihanna, Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, Monobloco, Martinho da Vila, etc, etc, juro que pensei que era o Domingão do Faustão.

Outros nomes como Guns'n'Roses, Lenny Kravitz, Frejat e Mike Patton também me passaram a impressão de que estes artistas dependem mais do Rock in Rio para viver do que a cantora Simone depende do Natal.

Nem o Metallica, o Motörhead ou o Coldplay servem para limpar muito a barra, porque estão entremeados por coisas que até são rock, mas não são, tipo NX Zero e Móveis Coloniais de Acaju.

Não sei o que houve com aqueles festivais de rock que tinham um único palco e sua principal atração era mesmo o bom e velho rock'n'roll.

Esse Rock in Rio de agora parece mais algo voltado para "world music", para pessoas "ecléticas", para quem "quer ver e ser visto", um clima meio Fashion Rio. Só falta colocarem alguma coisa de sustentabilidade no meio.

Desculpe quem gostou da programação e quem já comprou ingresso pra ir, sei que algumas coisas que estarão ali tem valor e sei que tudo evolui com o tempo, mas rock pra mim é moto soltando fumaça, lama, cabeludos de casaco de couro, groupies, cerveja, gente louca vomitando no final da madrugada, etc, etc, etc.

Podem me chamar de purista, mas rock é atitude. Sou do tempo em que as mães escondiam as filhas quando algum roqueiro chegava perto delas. Hoje em dia elas as vêem com esses rapazes estilo Restart e só ficam preocupadas se eles vão pedir o vestido das moças emprestado.

Por isso mesmo eu resolvi aderir ao slogan do festival "Eu Vou" e resolvi que vou é ficar em casa (mesmo porque acho que todo mundo que curte uma micareta já comprou os ingressos, dada a velocidade com que se esgotaram).

Gosto é que nem bunda, eu sei, mas a minha não vai passar nem perto daquela cidade "do rock".

Porque as pessoas deveriam usar o bafômetro antes de pegar num celular

Postado em 8 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Se não permitem que você beba e dirija, não sei porque não extendem essa proibição ao celular. Sério, por mim as operadoras deveriam exigir teste de bafômetro depois da meia-noite, para evitar ligações bêbadas no meio da madrugada.

Digo isso porque a bebedeira cria tipos diferentes de pessoas. Tem o bêbado que enche a cara, dorme e não aporrinha o saco de ninguém, tem aquele bêbado que vira amigo de todo mundo, quer abraçar, dizer o quanto gosta da pessoa.

Outros preferem resolver falar "verdades", chamam o patrão de pão-duro, a esposa de mocréia. Tem aquele cara que dá em cima até das mulheres dos amigos, da noiva em plena festa de casamento ou então a garota que transforma a mesa do baile de debutantes num queijo de boate de striptease e passa o resto do ano em ressaca moral.

Tem o que bebe e e vira lutador de vale-tudo, Drag Queen, e até aqueles que ficam ricos e resolvem estourar o limite de todos os cartões, enfim, não faltam tipos de bêbados.

Mas um dos tipos mais tragicamente cômicos é o bêbado telefônico. Aquele ex-namorado(a) que no meio da madrugada, entre a vigésima dose de tequila e o décimo quinto RedBull resolve pegar o celular e ligar para o antigo amor e abrir o coração.

Um monte de gente pensa que é legal telefonar para alguém às 4:30 da manhã para dizer que foi um burro por ter terminado tudo, que não deveria ter transado com a prima dela, que aquele caso com o patrão foi só um deslize ou então para discutir assuntos do tempo em que ainda eram um casal.

Duas coisas são mais afrodisíacas do que ostras e essência de canela juntas: cheiro de andada de fila e uma madrugada sem pegar ninguém.


Aí você lembra da ex-noiva que foi para a Austrália depois de você abandoná-la em pleno altar, do namorado que terminou contigo porque você pegou o irmão gêmeo dele ou simplesmente querendo desfazer pequenos desentendidos:

- Alô.

- Juliana?

- Quem é?

- É o Pedro!

- Pedro? Que Pedro?

- Pedro, seu namorado, lembra? Eu te pedi um tempo pra pensar na relação...

- Porra, isso tem dois anos, você sumiu, eu  já até casei e você acabou de acordar o bebê me ligando uma hora dessas.

Ou então algo como:

- Felipe? Tudo bem? É a Marina. (chorando)

- Marina? O que houve? Porque você está chorando?

- Ah, Lipe, eu tô mal cara, sério...você tava dormindo?

- Pô, Marina, às 3 da madrugada de uma terça-feira é lógico que eu estava dormindo.

- Ah, desculpa, mas eu preciso de ajuda, senão não te ligaria.

- Porque você não pede ajuda pro merda do seu atual namorado?

- Porque ele tá bêbado desmaiado aqui e nisso só você pode me ajudar.

- É algum acidente?  Alguma emergência? Diz logo o que é.

- Me devolve aquele CD do U2 que eu te dei quando a gente fez um mês de namoro? Cara, eu adoro aquele CD...

Por isso mesmo, se beber, não dirija e nem use o telefone.

E o pessoal lá da rua?

Postado em 6 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 9 Comentários

Você entra no Facebook e vê que tem lá uma solicitação de amizade, abre a página e encontra a foto de uma morena de olhos verdes, linda, bonita e provavelmente bem gostosa (sabe como é, mulher quando é boa dá pra ver só pelo rosto o que vem do pescoço pra baixo).

Apesar de não fazer a mínima idéia de quem seja, uma estranha animação vai tomando conta, afinal, ainda que você saiba que uma mulher daquelas geralmente não dá mole pra um cara como você, não vai ser você que vai avisá-la disso.

E talvez isto te faça esquecer uma coisa muito importante, como já diz o batido ditado popular: quando a esmola é muita, até o santo desconfia. Só quem não desconfia é você, idiota, que clica em banners achando que vai ganhar um iPad de graça e pensa que chove mulher no Facebook.

Mas tudo bem, você aceita o tal pedido de amizade e minutos depois ela te procura na janelinha de chat:

- Tudo bem? Como vai?

- Tudo bem, e ai?

- Quanto tempo, né? Você está mudado!

- Pra melhor ou pra pior?

- Bobo!

Até aqui, você já percebeu que não faz a menor idéia de quem seja, ainda que ela te conheça. Sua mente gira em torno de duas possibilidades: era alguma baranga do seu colégio que ficou maravilhosa ou então você precisa urgentemente procurar um geriatra, porque sua memória está a perigo, afinal, esquecer uma mulher daquelas é imperdoável.

- Mas e então, você está casada?

- Nada, ninguém quer nada sério...

- Pois é, um problema!

Quem é ela? E se for alguma ex-namorada do seu irmão, alguém que te deu um fora durante aquele último porre que você tomou num casamento e tirou a avó da noiva para dançar macarena?


- Mas e aí? O que tem feito?

- Nada, trabalho demais e chego cansada em casa, só dá tempo mesmo de ir pra academia.

Arrá! Academia! Viu? Sabia pela cara que era gostosa.

- Mas e você? Tem saído muito? Muitas namoradas?

- Tô quieto, lendo, ouvindo música, passei da fase de pegação e bagunça.

Omita o fato de ter ido numa micareta no sábado, ainda que você deteste música baiana.

- E o pessoal lá da rua?

- Ah, nem vejo mais ninguém, mudei faz tempo, perdi o contato.

- Adorava ver vocês jogando futebol no campinho.

Campinho? Futebol? Porra, você jogava tênis e sua rua só tinha uma pista de skate.

- É, o campinho...

- Saudade do Pedrinho, do Alex, do Cabelo.

- Pera aí, eu não conheci nenhum desses caras lá na rua...

- Como não? O Cabelo era teu vizinho!

- Meu vizinho? Impossível.

- Você não é filho da Tia Thereza? Irmão do Paulo?

- Errr, não...

- Hahahahahahaha você é o cara errado então, tinham dois com o mesmo nome, achei que você era meu vizinho, achava ele tão bonitinho, mas você é o outro...

- Poxa, mas se você achava que ele era bonitinho e me achou parecido com ele, já é um começo, não?

- Ah, engraçadinho. Tenho que desligar, tá? Desculpe a confusão aí.

Depois disso, se te serve de consolo, um xará seu vai se dar muito bem, afinal alguma vizinha ficou boazuda e agora vai dar mole pra ele.

Pensando bem, não, não te serve de consolo.

Viva a Juventude

Postado em 4 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

A busca pela fonte da juventude e, mais tarde, o gigantismo do mercado de cirurgias plásticas comprovam: bom mesmo é ser jovem.

Muita gente vai dizer que não, que na verdade ruim mesmo é ser velho, mas não vou entrar em polêmica, isto aqui é uma ode à juventude e não uma diatribe contra a velhice.

Uma ode ao tempo em que todas as amizades são para sempre, em que os sorrisos, teimosos, não saem da nossa cara. Um tempo em que ainda não descobrimos que não existe amizade eterna e que sorrir de tudo o tempo todo é meio retardado.

Nossa maior preocupação é passar de ano e contas, impostos, multas e mensalidades ainda não tiram nosso sono. Mais tarde vamos descobrir que talvez se nossa preocupação não fosse só passar de ano, mas aprender uma coisa ou outra, bem, esquece, ninguém fica rico mesmo trabalhando.

A juventude é um brigadeiro. Um gigante brigadeiro de colher, que devoramos sem o menor medo da balança, sim, porque a inocência termina no exato momento em que você descobre que brigadeiro engorda e começa a se preocupar com isso.


Os amores são todos que nem Romeu e Julieta, eternos, talvez num prenúncio do que se avizinha, que são alguns casamentos problemáticos com um tentando colocar chumbinho na comida do outro. Bom, pelo menos o veneno permanece na história.

Ser jovem é o primeiro sutiã, aquela coisa meio desengonçada colocada aonde um dia, provavelmente, haverão peitos, os mesmos peitos que um monte de gente vai tentar ver e/ou pegar durante um bom tempo antes de conseguir, ainda que esse tempo esteja ficando bem mais curto atualmente,

É quando pensamos que o sono é mera formalidade entre uma festa e a praia no dia seguinte e não o imperativo que é hoje em dia, entre a hora que o despertador toca, o café da manhã e o resto do dia.

Tem mais um monte de coisas boas, como poder usar bermuda em pleno centro da cidade ao meio-dia durante a semana e ninguém achar que você é turista, vagabundo ou surfista (ou os três juntos) e poder gostar de videogame sem que pensem que você tem algum atraso mental.

Ser jovem é não ter vergonha de ser ridículo, como essas multidões que hoje são fãs de bandas adolescentes e choram por cantores de sertanejo universitário. Ela, a vergonha, chega mais ou menos quando a juventude vai embora.

Pergunte para quem já usou pochete, mullet ou ombreiras se estou mentindo.

Mas ainda que não existissem as amizades eternas, os amores épicos, os sutiãs complacentes, os brigadeiros de colher e as fases do videogame, tem mais uma coisa que é muito legal no fato de ser jovem: não precisamos correr atrás da juventude.

Nada de plásticas, academias, cremes, injeções de extrato de berinjela asiática, massagem javanesa, comprimidos de sal do mar morto, preocupações com sódio ou gordura trans, nada disso.

Ser jovem é não precisar colocar máscaras de lama na cara, ficando com aquela aparência de que um ET vomitou em cima de você.

E só por isso, já merece essa exaltação.

Vamos admitir: homens são fáceis

Postado em 1 de jul. de 2011 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

"Homem é tudo igual", "homem é tudo galinha", "homem não presta".

Tirando "juro que não é pra comprar cachaça" ou "o cachorro comeu o meu dever de casa", essas frases anti-homem são algumas das mais repetidas.

Só que, não sei se feliz ou infelizmente, elas têm um fundo de verdade. Basta ver uma rodinha de homens.

Seja onde for, em português ou javanês, uma roda de homens vai girar em torno de uma variedade bem reduzida de assuntos, a saber: carros, mulheres, futebol ou brigas.

Quando não estão contando sobre alguém que bate mais do que o Chuck Norris, sobre o último lançamento da Chevrolet ou sobre o golaço do Messi, bem, sobram peitos e bundas. Assim são os homens.

Sobre não prestar, bem, não concordo que todo cara seja uma espécie de Dominique Strauss-Kahn enrustido, nada disso. Mas a maioria está sempre de antena ligada e por mais que sua mulher seja linda, bonita, gostosa, cheirosa, a novidade sempre é um atrativo.

E quando surge a oportunidade, alguns pensam em como gostam da sua namorada, em como ela é legal e faria falta na sua vida e deixam a novidade passar, outros terminam com uma tornozeleira eletrônica sob fiança ou pelo menos um pé no rabo quando são descobertos.

Mas, quando solteiros, se tem algo que une 99,9% dos seres do sexo masculino é que eles não conseguem resistir a quase ninguém. O critério de seleção é tão alto quanto o do vestibular da Estácio: todo mundo passa.


É por isso que ocorre um fenômeno curioso: um cara pode ser bonito, ter uma situação financeira legal, se arrumar, se perfumar e sair de casa num sábado à noite com a intenção de terminar aquele dia num quarto com alguém.

Só que a chance dele não pegar ninguém e terminar a noite apelando para uma termas às 4:30 da madrugada, no auge do desespero, é bem considerável.

Mas o contrário não se repete.

Se uma mulher bem mais ou menos, com mais de 30 anos morando na casa dos pais e vivendo de mesada, voltando da praia toda desgrenhada e sem o menor traço de perfume resolver que vai pegar alguém nos próximos 10 minutos, acredite, ela consegue.

Isso porque fatalmente ela vai cruzar com um homem no caminho e para o homem se interessar por uma mulher, o critério básico parece ser simplesmente ela estar interessada por ele também.

Aposto que já aconteceu com todo mundo, um amigo vem contar a novidade e o diálogo é bem parecido com esse:

- Sabe a Marcinha?

- Quem? Aquela meio vesga?

- Pois é, me disse que tá afim de te dar.

- Sério? Até que ela é bem gostosinha.

Homens parecem usar um letreiro na testa com os dizeres "Você me quer? Eu te quero", e a menos que a mulher seja algo totalmente fora de questão, tipo mais feia do que um acidente de avião num cemitério, a frase servirá para ela, seja ela quem for.

Porque o fato é que sim, somo fáceis. E nem cobramos tão caro.
 
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