Privatizar é democratizar

Postado em 24 de jul. de 2013 / Por Marcus Vinicius Nenhum comentário

Há 20 anos o Brasil dava (atrasado) a largada em seu processo de comercialização de linhas de telefone celular.

Lembro que precisávamos entrar numa fila de espera e pagar valores correspondentes a um automóvel popular por uma linha que, diga-se de passagem, não funcionava quase em lugar algum.

Até que ocorreram as privatizações e hoje qualquer um pode ter um número de celular pagando apenas R$ 5,00 numa banca de jornal.

A coisa ficou tão prosaica que o cidadão pode ter duas, três e até quatro linhas, uma de cada operadora, instaladas em aparelhos que aceitam múltiplos chips.

Tudo bem que o serviço ainda deixa a desejar (celulares da TIM e da Oi que o digam), mas qual outro setor poderia ter se democratizado e avançado tanto se ainda fosse controlado pelo Estado?




Estado, aliás, que ainda faz mau uso dos recursos destinados à parte do sistema de telecomunicações pelo qual ainda é responsável, como bem observou Ethevaldo Siqueira, que demonstrou que dos R$ 62,4 bilhões arrecadados entre 2001 e 2012, sob forma de confisco dos fundo setoriais, apenas 3% foram aplicados nas suas finalidades legais, que são obras e melhorias na infra-estrutura das telecomunicações.

Sabe por quê? Porque o Estado não tem acionistas cobrando resultados, tem apenas "contribuintes" que são tungados sob pena de sanções legais, mas que não podem dar um mísero palpite no uso que será feito do seu dinheiro, restando-lhe, no máximo, reclamar para comissários do governo que fazem ouvidos moucos.

Por isso esta data que marca os 20 anos do início da telefonia celular no Brasil, junto com os 15 anos da privatização das telecomunicações, serve para demonstrar como não existe vida sustentável para os negócios fora do capital privado, das regras do mercado, da livre concorrência.

Daí que se hoje nossa telefonia é ruim, com as operadoras de celular que estão aí cheias de queixas no Procon, tenha certeza que seria muito pior sem elas.

Na dúvida se imagine dependendo da rede 3G de uma Celularbrás para acessar os seus emails, fazer uma pesquisa ou simplesmente consultar um GPS numa emergência.

Sobre o direito de qualquer um gostar de si como é e de falar sobre isso sem ser patrulhado

Postado em 17 de jul. de 2013 / Por Marcus Vinicius 1 Comentário

O vídeo abaixo virou hit na internet. A (bela) menininha parece que foi convidada para ir ao programa da Fátima Bernardes e tudo.

Eu acho o maior barato, porque é mais prova que a internet pode ser o caminho de entrada para a difusão de idéias na mídia tradicional. Não é o primeiro caso e com certeza não será o último, e isso é muito bom.

O título é "Júlia ensinando a gostar dos seus cachos" e nele uma menina negra fala sobre o quanto gosta de ter cabelo "armado" e o quanto acha ridículo quem a manda alisar suas madeixas. Ainda aproveita e debocha de quem gosta de cabelos lisos, com gestos e expressões.

Foi uma forma de dizer que pouco liga para uma coleguinha que a chamou de "Creuza" por conta das mechas rebeldes, mas sim, ela deu uma debochadinha de quem tem cabelo liso.

É do jogo, vida que segue. Não seria eu, que detesto o politicamente correto, que iria dizer que a menina está errada ou advogar por quem eventualmente tenha se ofendido.

Por mim brancos e negros fariam piadas uns dos outros à vontade, essa atual sociedade dos hiper-sensíveis enche o saco. Adiante.

Na sua mensagem principal, o vídeo é sensacional. Devemos mesmo procurar nos sentir bem com o que a natureza nos deu. Padrões nos limitam e, principalmente, nos frustram, porque nem sempre podemos acompanhá-los.

Lendo os comentários no YouTube percebemos como todos saúdam sua precoce (e bonitinha) maturidade neste sentido, mas como sou do contra, preciso questionar:

Primeiro, se fosse uma menina loira, dizendo como gosta de ser loira, de ter cabelos lisos e, principalmente, debochando de quem tem ou diz preferir cabelos crespos, será que o vídeo seria um hit positivo, com comentaristas dizendo "isso mesmo, linda, fale o que pensa e se ame!" e que o caso iria parar na Fátima Bernardes para uma entrevista?

Ou o que aconteceria seria uma polêmica dessas pesadas, com os pais sendo acusados de racistas e a menininha sendo chamada de "nazista mirim", e terminando com uma aparição na TV, mas em algum telejornal no segmento policial, com a informação de que o Ministério Público já teria até aberto inquérito?

Sei que os politicamente corretos, racialistas e demais xaropes vão repetir seu argumento batido da "dívida histórica", da "reparação" e da "discriminação" que negros sempre sofreram, até e principalmente, por conta da sua aparência.

Mas aos seus argumentos batidos eu respondo com as mesmas questões batidas: e se fosse o contrário?

Sim, porque a discrepância continua, não os vejo admitir um avanço sequer (ao contrário, continuam vendo "racismo" em tudo e cada vez mais, procurando em cada canto e berrando sempre que podem), para eles, a despeito do vídeo da Júlia ter atraído mais de 170 mil acessos até este momento em que escrevo, e comentários positivos (a maioria, diga-se de passagem, de brancos), nossa sociedade ainda é racista, escravagista e precisa levar um "corretivo".

É a tal dívida histórica que é pior do que rotativo do cartão, por ser praticamente impagável e os juros correrem soltos.

No final das contas, sim, é uma ditadura do politicamente correto, porque não sei se um comentário do tipo "não gosto de cabelo crespo" seria bem recebido como mera questão de estética pessoal de quem o fizesse ou encarado como "racismo disfarçado".

Finalizo dizendo que a Júlia realmente é linda (e assim seria com cabelos alisados ou não), que pode e deve gostar de si, mas que a Ana, a Tatiana, a Isabel, a Mariana, a Laura, a Bruna, a Andreia, a Aline, a Marise, a Hilma, a Grethel, a Tainá, a Leandra, a Izadora, a Camila, enfim, todas, com a aparência (e isso inclui a cor) que tiverem também podem e devem gostar de si.

E principalmente, devem poder falar isso abertamente sem serem julgadas.



Em se tratando de governo, menos é sempre muito mais

Postado em 10 de jul. de 2013 / Por Marcus Vinicius Nenhum comentário

Desculpem o trocadilho batido do título, mas em certas situações você simplesmente não consegue pensar em nada melhor.

Para cada problema do Brasil, surge um gênio propondo alguma lei, algum novo ministério ou secretaria, alguma ajustada marota no orçamento do país, algum imposto salvador, ou seja, mais Estado.

Tudo isso quando o que precisávamos era justamente o contrário, que é menos, muito menos Estado. Não é possível que um país seja competitivo (e mantenha um ambiente saudável para os negócios) com tantas regulações, impostos, entraves, fora as coimas, por dentro e por fora. Não é aceitável que seja tão difícil abrir uma empresa (e mais difícil ainda fechá-la).

Por isso é assustador que ainda se ache que é o Estado, com alguma vara de condão que até hoje apenas mostrou sofrer algum curto-circuito, que vá consertar o que foi ele mesmo que estragou para começar. Veja o exemplo do sistema de saúde.

Não temos remédios, não temos aparelhos de diagnóstico, não temos laboratórios que possam fazer exames no volume e rapidez que o SUS possui e necessita, não temos postos de saúde ou hospitais decentes, enfim, falta tudo na tão falada "estrutura".

E qual a solução mágica do governo petista para isso? Desinchar as instâncias burocráticas da saúde? Tentar tapar os buracos por onde as verbas escoam para os bolsos de gatunos oportunistas que sugam o sistema? Desonerar a atividade? Tornar o Sistema Único de Saúde (SUS) mais atrativo para médicos e demais profissionais de saúde? Aplicar de forma minimamente decente os impostos escorchantes que toma do bolso do cidadão chamando-o de "contribuinte"?


Nada disso! A solução é invadir a esfera pessoal da vida dos formandos em medicina e determinar que eles deverão prestar um serviço civil obrigatório (petistas e aliados têm pavor do termo, mas vamos chamar o jacaré de jacaré e não de lagartixa, por favor), determinando dois anos de residência no SUS.

Criou-se assim a estranha situação onde as cidades do interior contarão com médicos, mas que poderiam ser nutricionistas ou dentistas, porque a falta de estrutura os transformará em meros agentes de educação em saúde, dizendo para os pacientes algo mais ou menos assim:

- Você precisa vacinar seus filhos. Onde? Não sei, em algum lugar, eu só estou aqui cumprindo meu tempo de serviço obrigatório. E o pior é que o governo ainda vai espancar os fatos e números, propagandeando que enviou não sei quantos mil médicos para o interior.

Será mais um problema do Brasil "resolvido" à maneira lulopetista: com equívocos e propaganda enganosa.

Desse jeito depois do "Mais Médicos" vamos ter o "Mais Engenheiros", para "interiorizar" a Engenharia.

Não vai ter cimento, vergalhão, tratores e nem uma mísera marreta, mas vai ter um engenheiro em cada cidade. Pronto! Resolvido o problema.

Ele também poderá dizer:

- Precisamos construir um sistema de esgotos eficiente. Como? Sei lá, só estou aqui para dar instruções.

Tudo isso porque um programa totalmente inovador (e eficiente) como o "Menos Companheirada Pendurada em Cargos de Comissão" parece impossível do governo criar e implementar.

Uma pena, porque esse sim, teria aprovação popular esmagadora.

Os Bob Esponjas

Postado em 3 de jul. de 2013 / Por Marcus Vinicius 1 Comentário

Quando ganhei uma hamster - a Lisa, nome da filha do Elvis - arrumei um problema (lindo e que dá vontade de morder, mas tudo bem), quer dizer, vários, mas um deles foi o cheiro forte do xixi que o hamster faz.

Tentei serragem, vinagre na gaiola, o que você puder imaginar, mas só o que adiantou foi um produto chamado Pipi Pet WC.

Se trata de uns grânulos de celulose que absorvem líquido de forma rápida. Basta jogar um pouco em cima e voilà, chupa tudo que nem uma esponja, uma verdadeira maravilha. Em poucos segundos todo o xixi do hamster vai embora.


Mas não era sobre isso que eu queria falar, isso foi só um preâmbulo, o que eu queria falar mesmo é que observando o Pipi Pet WC em ação lembrei da imensa maioria da juventude universitária brasileira de hoje e sempre (mas muito mais a de hoje).


Todas aquelas cabecinhas ocas chegam na academia tal qual um grão de Pipi Pet WC: esperando algo que as preencha. Eles querem saber, querem conhecer, querem contestar e, se sobrar espaço entre o trote e a choppada, mudar o mundo.

E esse furor contestatório da juventude agora se uniu à falta de tempo dos pais, à internet, à esculhambocracia que virou nossa sociedade e deu origem a um pessoal que não sabe o que quer, porque parece já ter tudo.

Não vivemos sob uma repressão moral e sexual como nossos pais e avós (imagina alguém da tal "classe média" dançando funk carioca na década de 50?), não estamos sob uma ditadura, essa turma de 20 e poucos anos que viveu dos anos 2000 para cá não conhece a censura prévia, não tem medo do DOPS, só precisam começar a se sustentar perto do trinta e curiosamente se comportam como se vivessem numa Coréia do Norte tropical.

É marcha da maconha, das vadias, dos jogadores de RPG, dos alimentadores de pombo. É cartaz ofendendo a religião alheia, a preferência quase paranoica pelo ateísmo militante (chega a parecer uma religião dedicada a ser uma não-religião) e a eterna necessidade de chocar, sempre. 


A palavra de ordem parece ser "qual é o problema?". Uma ratazana ensopada servida no jantar (como dizia o grande Nelson Rodrigues)? Qual é o problema? Moças andando com os seios de fora pela rua? Qual é o problema? Rapazes também não andam sem camisa?

Transar no balcão do Mc Donald's? Fumar skank no batizado da sobrinha? Mostrar o piercing genital para a sogra na primeira visita à família do namorado? Falar sobre posições sexuais e secreções durante as refeições? Qual é o problema?

Que hipocrisia, gente! (outra frase cultuadíssima).

Mas já me desviei de novo, ainda que, novo parêntese, ache que um pouco de hipocrisia mantém a sociedade coesa, salva nossas relações sociais e impede que todos matem uns aos outros. 

O que realmente queria dizer é que essa juventude chega na universidade com a cabeça tão vazia e sedenta por algo que a preencha como um grão de Pipi Pet WC, só que encontra pouca coisa diferente de xixi de hamster para aprender.

Na idade mais ativa, com mais "fome" de saber, de discutir e debater soluções para o futuro, eles são levados por um tsunami de entulho ideológico e ficam ali aprendendo sobre luta de classes, ditadura do proletariado, hegemonia cultural, aparelhos ideológicos de Estado, enfim, um conteúdo que no final acaba indo para o mesmo lugar de um grânulo de celulose vegetal, inerte, atóxico, empapado de mijo, ou seja, o lixo, já que não tem muita utilidade.

Mas ao que parece, está tudo bem, os Bob Esponjas de boina se contentam com pouco. Se chocar a tiazinha passeando com o poodle pelo meio da marcha dos adeptos do enema, tudo bem.

O que vale é botar o "Bloco do Che Guevara Doido" na rua.
 
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