A "classe" dos nossos políticos

Postado em 26 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 8 Comentários

Recebi ontem um email curioso, que mostrava fotos do casamento do Secretário de Educação de Brasília, José Luiz Valente.

Nada demais até aqui, já que nem a políticos é negado o direito a receber Sacramentos, mas o que fazia o queixo cair era a opulência e o mau gosto da cerimônia e a roupa da noiva do sujeito.

A feliz nubente é bonita? Não entrarei nesse mérito, já que tem gosto pra tudo, mas o que era aquele "vestido"!?

Primeiro me deixe explicar o porque do vestido vir acompanhado de aspas como acessório: a esposinha do Secretário preferiu ousar e ao invés do tradicional e batido tecido, resolveu usar tinta para confeccionar seu traje nupcial.

É isso mesmo que você leu (mas como sei que é difícil crer, tem uma foto pra provar), a noiva do político contratou um pintor corporal que aplicou-lhe um desses trabalhos que vemos constantemente nos corpos de Rainhas de Bateria de escolas de samba e assim se "vestiu" pro seu casamento.

Se serve de algum consolo, a noivinha pintou só o tronco, colocando uns pedaços de pano para cobrir as "vergonhas".

Não preciso falar muito sobre a inadequação disto, não é? Mas tem mais um detalhezinho digno de novo rico de novela das 8: as alianças chegaram à cerimônia num helicóptero.

O dado que torna tudo isso mais interessante ainda é que toda essa opulência kitsch provavelmente foi paga com o dinheiro do contribuinte, já que o Sr José Luiz Valente foi acusado pelo dedo-duro Durval Barbosa de integrar a Máfia dos Panetones do Governador José Roberto Arruda, tendo supostamente recebido R$ 60 mil somente da empresa Infoeducacional.

Se comparado com demais escândalos por aí, até que R$ 60 mil saiu em conta por mais esse corrupto, mas o que salta aos olhos mesmo são dois dados que considero importantes.

Primeiro, o nível cultural de nossos políticos. Já tinha falado disso aqui, mas esses episódios sempre me fazem pensar nisso mais uma vez. Nossa "classe política" é composta por uma caterva de gente com aquela inteligência adquirida "na vida" e até mesmo os que possuem educação formal não a utilizam muito.

São médicos, advogados, engenheiros, geógrafos, o escambau, todos dedicados a assaltar os cofres da viúva.

Experimente tomar um anti-ácido e assistir uns 15 minutos da TV Câmara, por exemplo. Você verá que são todos muito espertos pro que não presta, mas que a maioria também não foi apresentada sequer à concordância verbal.

É óbvio que numa baciada dessas teria que vir junto o mau gosto.

A segunda é que eles não tem pudor algum em fazer isso. A certeza de que "no fim tudo dá certo" é tão grande (e exemplos disso não faltam, vejam aí o Zé Dirceu soltinho e dando "consultorias"), que muitos deles fazem questão de esfregar na nossa cara a dinheirama que possuem, ostentando vidas que custam R$ 200 mil por mês com um salário de uns R$ 15 mil.

Não sei a porcentagem de ladrões que infestam a política. Lula já disse que existiam uns "300 picaretas" no Congresso, isso, claro, antes de chegar à presidência e se associar a vários deles, mas talvez o segundo maior pecado desse Secretário de Brasília seja mesmo o de não saber nem como gastar direito o que rouba.

É digno membro de uma "classe política" sem a menor classe pra nada. Isso sim, é uma vergonha dupla.

Biquini = Mulher Objeto?

Postado em 25 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 12 Comentários

Uma amiga outro dia enviou o link de uma reportagem que dizia que a imagem de uma mulher de biquini a transforma em "objeto" aos olhos dos homens, dizia o texto "...máquinas de ressonância magnética mostraram que os circuitos cerebrais ativados nos homens durante a observação de um corpo feminino sensual desprovido de identidade são os mesmos que os permitem de reconhecer uma ferramenta, um objeto inanimado".

Contra ciência não se discute, então vou acreditar que até comigo mesmo isso aconteça, ainda mais porque não tenho a menor intenção de mentir: adoro um biquini minúsculo mesmo.

Como aliás gosto de mulher usando saia e vestido curto.

E é aí que sai a ciência e eu posso divagar em paz, porque quando digo que gosto de mulheres com peças de roupa que revelam mais do que escondem (sem no entanto mostrar tudo, é claro), não falo de mulheres inanimadas que nunca vi antes, incluo nessa afirmação a que estiver comigo.

Porque é comum vermos homens adorando vestidos a la Geisy, biquinis cortininha e fio dental, saias de fazer inveja à Tiazinha e no entanto preferirem suas namoradas/noivas/esposas vestidas como uma Carmelita dos pés descalços.


Eu confesso que não sou assim.

Primeiro porque se estiver com uma mulher bonita (e fiz o máximo para isso a vida toda), os outros vão olhar de qualquer jeito. Depois porque olhar não tira pedaço, quem não olha? E finalmente, porque se estão admirando a sua "respectiva", é sinal de que você tem bom gosto e está fazendo um monte de gente passar vontade e ter inveja de você.

Sem contar que deve ser uma sensação frustrante estar com a namorada na praia e passar uma gata com aquele biquini pequenininho, bonito, que também ficaria bem na sua (vamos supor aqui que sua namorada esteja em forma ou perto disso), olhar pro lado e vê a sua usando um fraldão de avó que você mesmo a obrigou a colocar.

Isso, na minha opinião, vem daquela velha idéia de que existe "mulher pra comer" e "mulher pra casar", essa sim, máxima objetificação do ser feminino.

Eu não acredito nisso, até mesmo porque acho muito mais interessante que a sua "mulher pra casar" também seja considerada uma "mulher pra comer", caso contrário duas coisas fatalmente acontecerão: você vai querer arrumar uma amante na rua e a sua esposa vai arrumar um também, já que se ninguém te contou, até "mulher pra casar" adora ser comida.

Sendo assim, melhor que seja por você, né?

Por isso eu não ligo (e minhas ex-namoradas todas podem provar isso) para roupas curtas, transparências, decotes e, principalmente, biquinis, acho uma maravilha poder admirar as moças bonitas que passam por mim na rua, mas adoro poder admirar a minha também.

Homofóbico is the new racista

Postado em 24 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 21 Comentários

Faz um tempo que eu publiquei aqui o texto "Maldita Inclusão Digital 2", e dizia lá que ainda falaria sobre essa nova praga que invade nossa sociedade já tão cheia delas, que é a acusação de "homofobia" feita contra qualquer coisa que se diga de uma pessoa que por acaso seja homossexual.

Eu mesmo já passei por isso no Twitter, quando um Zé Mané que ficava lendo tudo o que eu dizia pra me encher o saco depois decidiu que eu só briguei com ele pelo fato dele ser gay. A horda de ativistas e piqueteiros do ânus alheio se tomou de dores e passou alguns dias me atacando sem parar, até que desistiram (talvez para fazer ato de desagravo em outro lugar, contra outro suposto "homofóbico").

Ser ou não ser homossexual, longe de ser "doença" como crêem ignorantes ou pura "opção" como acreditam inocentes, está no mais íntimo dos íntimos de uma pessoa.

Especula-se que sejam fatores do ambiente que contribuem para a homossexualidade, outros dizem que pode ser até genético, mas o fato é que o "porque" não diz muito respeito a ninguém a não ser a própria pessoa e como preferência sexual individual, acho que isso não deve ser objeto de militância, como é lugar-comum atualmente.

Ouvi um gay dizer uma vez que acha ridículas essas passeatas, porque segundo ele seu "c* não é bandeira e nem faixa de protesto e o que ele faz diz respeito a ele e ao cara que estiver com ele".

Sei que pode parecer uma postura alienada, visto que é real a perseguição que homossexuais sofreram durante a história e ainda sofrem, com atitudes discriminatórias absurdas, mas o que era defesa de um direito à "orientação sexual" que é garantida por lei, virou um absurdo digno de um Torquemada Purpurinado.

Alguém afirmar, por exemplo, que acredita que muitos gays não o seriam se pudessem, é considerado absurdo, quando eu pessoalmente acho que isso é verdade, afinal, quem escolheria passar por tantos medos, inseguranças e perseguições se pudesse fazer o contrário?

Não achar bonito que um casal de homossexuais fique se pegando numa lanchonete de shopping center virou absurdo, como se não desse no mesmo condenar esse tipo de atitude caso tomada por um casal hétero.

Dizer que alguém que por acaso é homossexual é um grandissíssimo FDP, é considerado homofobia na hora, não importa que se além de homossexual, essa pessoa também seja realmente uma grandissíssima FDP.

É a aplicação colorida da Lei de Godwin, aquela que diz que quem "menciona nazismo primeiro numa discussão, é porque já a perdeu". Nesse caso, crio aqui a Lei de Motta, que diz que "quem acusa de homofobia primeiro durante uma discussão, pode ser até gay assumido, mas é um autoritário enrustido".

Veja esse BBB 10, por exemplo. Evito acompanhar, como sabem, mas a polêmica em torno do Marcelo Dourado mostra na prática isso que digo.

Segundo muito bem diz o artigo de Lele Siedschlag, coisas ditas e feitas por gays assumidos dentro da casa e que foram levadas "na boa", gerariam uma torrente de críticas histéricas caso fossem ditas pelo lutador.

E eu concordo plenamente. Imagina se o Dourado diz que "tem nojo de filmes homossexuais", como o militante gay Dicésar disse que tem de filmes héteros? Ou se falasse que somente "putas ordinárias" usam camisinha, como disse a Angélica?

Assim como ocorreu com o termo "raciiiiiissssssta!", que é cuspido toda vez que alguém critica a porca e famigerada política de cotas e privilégios que "ONGs Afro" pensam que tem direito (sem de fato ter), esse termo "homofóóóbico!" passou a servir de escudo e colchão de ar para proteger e blindar tudo que é absurdo dito e feito por e em nome de homossexuais.

É uma situação que vai pouco a pouco dando razão ao que disse uma vez Reinaldo Azevedo, que "o branco hétero é o novo negro".

Isso está se tornando uma verdade, assim como "homofófico" pouco a pouco vai se tornando o novo "racista".

*Título by @Pablo_Peixoto (ou não) :P

O Twitter não é wysiwyg

Postado em 23 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 24 Comentários

Pra quem ainda não atingiu o grau de nerdice suficiente para saber o que é "wysiwyg", primeiro eu explico e aí continuo. Essa expressão, traduzida para o português como "O que você vê é o que você tem", define programas de computador, inicialmente editores de texto e hoje em dia qualquer programa, que permitam ao usuário ver na sua tela algo muito similar ao resultado final, real.

E porque o Twitter não é assim? Simples, porque sinto que as pessoas tem a necessidade de inflar tudo o que fazem e enfeitar seu cotidiano para impressionar quem os lê ali.

Conto isso porque passei o Carnaval em Penedo, localidade no Rio de Janeiro onde o modem 3G que levei emprestado não acessa nem com velocidade de discada, e precisei recorrer aos serviços de uma populachesca lan-house para atualizar o blog.


Esperei minha vez (já que estava cheio de adolescentes trocando fotos do primo mais velho com ninfetas do Paraná) e quando finalmente pude ir lá mexer no blog, eis que senta-se ao meu lado um rapaz com os cabelinhos compridos, jeito de playboy, roupas de doidão de boutique e um trejeito característico dos sebosos, que é ficar passando a mão por trás das orelhas para colocar os cabelos longos presos ali.

Pois bem, sou enxerido mesmo e dei uma pescoçada no que ele estava escrevendo, e qual foi minha surpresa?!
  1. Ele estava acessando o Twitter! Na hora observei que as únicas redes sociais abertas nos monitores que tinha à vista eram o Orkut e o Twitter e pensei "Putz, não tem mais diferença".


  2. Pude ler a tuitada que ele estava escrevendo, algo assim: "E aí, galera! Estou aqui na roça passando o Carnaval mas consegui entrar na net pra dar um alô.Viva o Wi-Fi de restaurante!".
Na mesma hora olhei em volta outra vez, meio com medo de algum gênio da lâmpada ou máquina do filme "A Mosca" ter me teletransportado para outro lugar.

Vai que eu estivesse em um restaurante com Wi-Fi numa cidade com acesso fácil à internet e algum problema com a realidade me impedisse de enxergar isso, me fazendo pensar que eu estava em um lan house em Penedo, onde acessar a internet é tão difícil quanto no Pantanal?

Mas aí me belisquei, ouvi a Laura me chamando lá fora com pressa, afinal ela queria tomar sorvete, e me dei conta que o problema com a realidade era do rapaz, que estava ali contando uma mentirinha para se fazer de cool no Twitter.

Sabe como é, acessar de um laptop ou smartphone insivível uma rede Wi-Fi inexistente é muito mais legal para impressionar seus seguidores do que estar numa cadeira de lan house, com um ventilador soprando vento quente na sua cabeça e um monte de adolescentes espinhentos contando mentiras pra suas namoradinhas virtuais. Aliás, vamos combinar: os adolescentes não eram os únicos contando mentirinhas ali, né?

Notem, não estou falando de mentiras bobas, que a gente conta pra impressionar uma mina que quer pegar ou para inflar qualidades, mas mentiras desnecessárias tipo enganar seguidores do Twitter para não dizer que está numa lan house. É bobeira demais pro meu gosto.

Por isso comecei a desconfiar de tudo que me contam no Twitter. Se o cara diz que está no Mc Donald's, penso que está numa Kombi de cachorro-quente. Se fala que foi ao cinema, já acho que comprou um CAMRip pirata em algum camelô. Se diz que está na praia com a namorada, tenho quase certeza de que está numa piscininha de montar, fazendo sua boneca inflável de patinho de borracha.

Já disse uma vez: no Twitter todo mundo é espirituoso, criativo, irônico, "ácido" e cool. Mas acho que podemos acrescentar mais uma: tem um monte de gente que também é mentirosa.

A idéia não é ruim, vocês é que não entenderam

Postado em 22 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

Quem, principalmente aqueles que navegam com maior constância pela blogosfera, nunca se deparou com esse tipo de afirmação?

O cara faz uma charge, uma piada ou um texto horrível, as pessoas criticam e o que vem em seguida é a conclusão por parte do criador e "superior intelectualmente" de que as pessoas simplesmente não o entenderam e por isso criticam.

Fato que é impossível agradar a todos sempre. Quem tenta isso invariavelmente torna-se desagradável para todos e está fadado ao enfado (rimou, mas não é tautologia) no que exerce.

Blogs são principalmente, como já disse aqui antes e não é nenhuma epifânia, o espelho de seu autor. Portanto, a menos que você seja um vampiro e não tenha reflexo no espelho (e alergia a vaginas como o Robert Pattinson) é melhor que você tome algum lado sim.

Eu por exemplo sou anti-cota, detesto esquerdocanalhas, não gosto do que o PT se tornou, votarei em qualquer um para que a Dilma não seja o próximo presidente, não gosto de 99% das ONGs, acho o MST um bando de marginais, prefiro republicanos a democratas, não acho que exista um "lado bom" ou "justificável" em países e pessoas que façam terrorismo e, principalmente, estou sujeito a mudar de opinião a respeito disso tudo, já que meu compromisso é com a minha verdade e com a opinião que emito diariamente aqui.

Simples.

Só que como qualquer um, estou sujeito a piadas ruins, a textos menos inspirados e a momentos de inconveniência. Fazer o que? Isso é normal, e as pessoas podem criticar à vontade, desde que de uma maneira que não me ofenda, porque aí terão sua resposta à altura (ou seja, abaixo da linha da cintura).

Só que o que vemos por aí e exemplos não faltam, são pessoas que confundem idiotice com humor, grosseria com ironia, estupidez com sarcasmo, "sebosice" com superioridade.

Querem um exemplo? Aquele Gentilli do CQC. Querem outro exemplo? O Cardoso da bostosfera. Quem não ri, é "certinho demais", quem não entende o porque de tanta baboseira propalada como se fosse algum elixir da verdade, é "burro e não entendeu".

Mas quem dera fossem só esses dois. A grande maioria simplesmente recusa-se a acreditar que tem gente que simplesmente não gosta do que eles falam ao contrário de "não entender", "ser pudico", "ser burro" ou a melhor de todas, "não atingir o nível de esclarecimento suficiente pra achar graça naquilo".

É a tática da "rejeição preventiva", algo como "azar se você não gosta de mim, já que eu não gosto de você primeiro porque você é bobo e tem cara de melão".

O grande balneário

Postado em 19 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 3 Comentários

Sei que vou abusar da metáfora aqui, mas o que posso fazer se esta vive invadindo a minha mente?

Sou nascido e criado no Rio de Janeiro e como todo bom carioca, às vezes esqueço aquele que é o maior motivo de sua fama mundial e também sua principal vocação: ser um balneário.

Como moro em uma rua que está cheia de hotéis e hostels, sinto essa sazonalidade mais do que alguém que mora confinado num dos distantes, quentes e mal cuidados subúrbios cariocas, onde o tempo passa e parece que nada muda.

Na Zona Sul, mais precisamente no subúrbio localizado na Zona Sul chamado Catete, as coisas ainda sofrem a influência do turismo, para o bem e para o mal. Contamos com infra-estrutura e serviços um pouco melhores do que o resto da cidade, mas também vemos a horda de "gringos" invadir nossas ruas quando se aproxima o reveillon, trazendo consigo os trombadinhas e as putinhas que desejam tomar seus dólares, só indo embora após o Carnaval, mais ou menos quando as "águas de março" já são uma ameaça perceptível a levar pelo menos um pouco do sufocante calor que faz nos dois primeiros meses do ano.

E quando o calor e os gringos começam a sair de fininho é que vejo bem nossa vocação de estação de verão.

Começo a ouvir menos idiomas diferentes no metrô, os trombadinhas continuam lá mas voltam a lembrar dos "brasileiros" para pedir esmolas, as "mariposas" que fazem as vezes de namoradinhas dos turistas desaparecem, montes de malas ficam à espera de micro-ônibus e taxis para levá-los ao aeroporto, os batuques diminuem bastante, as gringas loiras de calcanhar imundo desaparecem.

Sei que é exagero dizer que podemos sentir a cidade "esvaziar" com esse movimento, afinal, trata-se do caótico e superpopuloso Rio de Janeiro, mas ela fica com menos aparência de miscelânea e isto é um fato.

Volto a conseguir frequentar locais que tornam-se impraticáveis de tão cheios no verão, começo a vislumbrar a possibilidade de marcar uma saída após o trabalho sem antes ter que ir em casa trocar a roupa ensopada de suor, posso ir numa casa de sucos sem observar o atendente desesperado tentando explicar pra um sueco o que é "maruacudjááá".

Vão-se embora também as siliconadas-preparadas-turbinadas-quase-irreais beldades que passeiam por ensaios de escolas de samba, blocos e pela Sapucaí. Às vezes tenho até a impressão de que essas mulheres ficam guardadas em alguma caixa de sapato durante o ano e só saem dali no Carnaval.

O Rio de Janeiro, ainda que cheio de problemas e favelizado, abandonado, enfeiado, sujo, volta a ser um pouco só de seus habitantes, para o bem e para o mal, e a sensação que me causa é de ser um desses "caiçaras" de cidades praianas, que vêem sua rotina acalmar quando o exército de veranistas se vai no final do verão.

Já sem o Reveillon e o Carnaval em vista, a cidade volta a ter algo mais perto de uma rotina, e talvez (tomara) até a Madonna e a Paris Hilton nos esqueçam pelo menos até o ano que vem.

E assim foi meu Carnaval

Postado em 18 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 13 Comentários

Quem me lê diariamente sabe que não sou muito chegado a fazer ego-post. Este é um blog opinativo e não um diário de adolescente extemporâneo contando seu dia a dia. Mas tem horas que não dá pra fugir e esta é uma delas.

Resolvi fugir do burburinho no Carnaval e, como noticiei aqui para meus milhões de leitores, viajei pra pacata e bucólica Penedo e por isso quis contar aqui preguiçosamente como foi o meu feriado, já que meu ritmo ainda se encontra nos 50%.

Pra começar Penedo não é nem uma cidade e sim um bairro de Itatiaia, com jeitão de cidadezinha. Sua colonização finlandesa dá um charme todo especial, com fábricas de chocolate espalhadas por todos os cantos por onde olhemos.

A arquitetura é simples e agradável e as ruas apertadas aumentam a sensação de multidão que a invasão dos refugiados do Carnaval promove nesses dias.

A "Pequena Finlândia" (foto aqui) é muito bonitinha e não tem criança que não enlouqueça com suas lojas de brinquedos, doces e uma "Casa do Papai Noel" que é aberta diariamente para visitação.

Tudo bem, sei que não existe nada mais anti-carnavalesco do que Papai Noel ou a Finlândia em si, mas quem viaja pra Penedo quer exatamente isso: não ouvir nem um "bum", quanto mais "bumbumbaticumbumbrugurundum".

E não ouve mesmo. A primeira curiosidade que percebi foi um baile infantil onde colocaram uma cama elástica para as crianças brincarem, um coretinho enfeitado, confetes e...nenhuma música!

Hahaha nunca vi isso antes!

Outra coisa que também nunca tinha visto foi uma placa em uma loja deste shopping que realizou o baile silencioso, que dizia para os pais "soltarem as mãos dos seus filhos e deixarem que mexessem em tudo, pois eles se responsabilizariam", juro que li isso. Duvidei tanto que até tirei esta foto pra depois não achar que era alguma alucinação causada pela quantidade abissal de chocolates que eu havia ingerido.

Mas nem só de chocolates, trutas e ócio foi meu Carnaval. No Domingo resolvemos pegar uma excursão e ir até Visconde de Mauá, e de lá para Maringá (divisa do Rio com Minas) e Maromba.

Cada cachoeira linda, um escorrega natural de uns 6 metros e lugares que parecem que pararam no tempo, com destaque para uma espécie de comunidade hippie que existe em Maromba, que equivale a uma máquina do tempo direto para Woodstock ou algo semelhante.

É impagável a sensação de mergulhar num lago gelado, com a floresta te rodeando e aquele cheiro de terra, de natureza te acalmando. Uma delícia que eu quero poder vivenciar sempre.

O destaque curioso foi para uma família que viajou conosco para lá. Começaram perguntando se poderiam levar um cachorro(???) no passeio e terminaram sem entrar em nenhuma cachoeira sequer, e ainda arrumando a maior confusão com as outras pessoas porque ao invés de visitar uma das quedas d'água que estavam no roteiro, queriam ir para um "restaurante" comer.

Com certeza ficaram muito decepcionados por não existir nenhum McDonald's em Maromba.

Isso me chama atenção para o assunto que conclui esse ego-post de hoje, que é o fato de algumas pessoas poderem viajar para qualquer lugar do mundo, desde a Austrália até a Itália, passando pela India, Russia e Vietnã, que ainda assim não irão querer abandonar seus hábitos por poucos dias para desfrutar das peculiaridades do lugar.

Ao invés de comidas típicas, passeios exóticos e conhecer lugares inusitados, vão passar a viagem na piscina de algum hotel, procurando restaurantes de comida brasileira ou redes mundiais de fastfood, enchendo a mala de souvenirs inúteis e reclamando das mudanças de rotina que os passeios os obrigarão a fazer.

Esses poderiam comprar só um DVD com imagens de qualquer lugar, comprar alguns produtos pela internet e "viajar" do jeito que gostam: sem nem sair de casa, comendo o seu "feijãozinho temperado".

Eu não. Adoro absorver tudo o que o lugar pode oferecer e a minha pele queimada de sol, os sabores que desfrutei e minhas baterias totalmente recarregadas servem para me mostrar que eu trouxe de Penedo tudo aquilo que desejava quando fui pra lá: experiências que jamais esquecerei.

Espero que o Carnaval de vocês tenha sido bom, afinal, já estava com saudades. Também é gostoso estar de volta.

É Carnaval

Postado em 12 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 1 Comentário

Muita gente vai pros blocos, outros vão para os trios elétricos (argh), outros viajam para a praia, e há ainda os que vão para as serras. Eu resolvi tirar esse ano pra descansar e aproveitar o feriado como se fossem mini-férias, estou indo para Penedo-RJ curtir piscina, cachoeira e, espero, um friozinho de noite.

Por isso, posts maiores e com mais texto só na quinta-feira após o carnaval.

Mas pro blog não ficar às moscas, preparei alguns posts menores que vou publicar durante o reinado de Momo.

Espero que todos se divirtam, descansem e estejam aqui depois do feriado sãos, salvos, de baterias recarregadas e felizes.

Até lá!

É dos carecas que elas gostam mais?

Quem não tem um tio com a cabeça parecida com um teto de Fusca que nunca disse essa frase aí do título? E quem não pensa que "só sendo careca pra pronunciar tal frase"?

Segundo estudos científicos, a partir dos 15 anos 50% dos homens apresentam queda anormal de cabelo e após os 40 anos, esse valor sobe para assustadores 90%. Ou seja, todo mundo deve temer o risco potencial de tornar-se um Homer Simpson num futuro próximo.

No mundo inteiro o batalhão dos calvos atinge 2 bilhões, isso mesmo com "b", de pessoas e pasme, 1 em cada 4 mulheres também correm esse risco.

Parece que a coisa é hereditária no caso dos homens, o que me livra do perigo pelo menos aparentemente, mas tenho um amigo, na verdade meu melhor amigo, que possui avô, pai e tios calvos, ou seja, desde mais ou menos os 13 anos ele já sabia que um dia a casa iria destelhar.

Não estou aqui falando de cabeça raspada com máquina 1, estilo lutador. Isso aí até eu já usei e equivale a fazer tatuagem de henna. Nós temos sempre a chance de voltar pro "lado de cá".

O que falo é daquele sujeito que um belo dia olha no espelho, vai se pentear e toma aquele susto com as entradas pronunciadas na testa. Um outro amigo meu disse que quando percebeu que a coisa estava séria quase teve um treco dentro do banheiro, entrou em verdadeiro desespero e finalmente depois de um tempo resolveu relaxar e assumir a careca.

Aliás, esta parece ser uma sábia decisão, pois em ambos os casos citados, eles passaram a ter mais sucesso com as mulheres realmente, talvez não porque seja dos carecas que elas gostam mais, mas talvez porque uma calota craniana sem tapete, ou seja, sem peruca, seja realmente mais sexy.

E o que dizer das soluções miraculosas que alguns tentam operar? É um tal de spray aqui, implante ali e saem aqueles caras com cabelo igual de boneca, um tufo do ladinho do outro que nem uma plantação de laranjas. Mas não os culpo, não sei se também não lutaria contra o destino.

Esses ainda nem são os piores, ridículo mesmo são aqueles que aparam tudo em volta e deixam um lado grande aí fazem um procedimento arquitetônico todos os dias pela manhã, construindo uma ponte capilar de um lado ao outro da cabeça e fixando bem com gel, cera ou laquê.

Costumo brincar que só eles acham que aquilo é cabelo de verdade e que ninguém percebe.

E os que deixam a careca toda reluzente e os cabelos em volta compridos? Num misto de cacique indígena com bozo? Ou será que eles se inspiram em algum samurai de filme?

Seja como for, o resultado é bem pior do que simplesmente aceitar a natureza e conviver com a ausência de cabelos. Segundo esses meus amigos, o chato é ter que manter sempre raspado/aparado o que sobra e os cuidados básicos que nós cabeludos nem imaginamos, como passar protetor solar todos os dias e procurar sempre "secar" a careca quando for tirar fotos.

Eles juram que caso isso não seja feito, é grande a chance de aparecer aquele reflexo digno de roda de magnésio na fotografia.

Me contaram que existe até uma espécie de confraria secreta! Dizem que sempre que estão andando pela rua e cruzam com outro careca, ainda que desconhecido, rola aquele aceno de cabeça discreto e um sorrisinho, acompanhado de um "Oba!". É quase uma maçonaria da alopécia.

O fato é que não é dos carecas que elas gostam mais, mas sim de atitude.

E nem adianta pensar que basta raspar o coco que vão achar que você é o Bruce Willis ou algum outro careca famoso, isso seria o mesmo que achar que basta ser loiro pra ser igual ao Brad Pitt.

Simancol faz bem em qualquer situação e um bonezinho em dias de muito sol o ajudará a não queimar seus neurônios e a preservar sempre o juízo.

Terno, gravata, insolação e abacaxi no pescoço

Postado em 11 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 7 Comentários

Justo nessa semana em que fui assistir uma cerimônia de entrega de carteiras de advogado, e pensei na total imbecilidade que é a exigência do uso de terno e gravata por parte dos advogados e outros profissionais que padecem com isso nesse clima brasileiro, apareceu uma reportagem em um grande jornal, contando que a OAB foi ao CNJ (Conselho Nacional da Justiça) pedir que fosse dispensado o uso da vestimenta pelo menos durante este verão senegalesco que atravessamos.

Achei curioso porque sempre pensei que essa obrigatoriedade do uso de terno (e até mesmo de calça comprida) num país tropical cheio de cidades (como é o caso do Rio) que só possuem duas estações, o "quente" e o "muito quente", é uma coisa sórdida, ridícula, tupiniquim, inútil, sub-desenvolvida e desumana.

Sei que vão me criticar por dizer isso, mas na minha opinião essa é uma atitude muito mais colonizada e de rendição cultural do que comer no McDonalds, por exemplo.
É o equivalente a passear pela rua com abacaxis na cabeça ou no pescoço, para criar aquele clima "Carmem Miranda" que todos os gringos esperam dos brasileiros quando vem pra cá.

Porque vejam bem, os países onde o uso dessa vestimenta é obrigatória (ou pelo menos onde essas camisas de força da moda surgiram), são países com climas mais amenos e sensações térmicas bem abaixo dos 50º que fizeram no Rio de Janeiro nestes Janeiro e Fevereiro 2010.

É uma estética inclusive totalmente contrária ao conforto que todo indivíduo merece para ir trabalhar, porque convenhamos, né? Por opção todo mundo estaria na praia, na serra ou no shopping passeando, então já que somos obrigados a ir trabalhar para, como dizia o mestre Nelson, garantir o leite do caçula e os sapatos da esposa, que pelo menos seja de forma a não adicionar um sofrimento extra nisso através de uma sauna portátil.

Acho que seria o mesmo que exigir por força de norma que as mulheres usassem salto alto. Sei que a moda "exige" isso delas informalmente, mas o terno e gravata não, tem lugares que o sujeito não entra se não estiver usando aquilo.

Não consigo deixar de lembrar daquelas pinturas de Debret, com escravos servindo os senhores usando jaquetões europeus em pleno verão tropical e também de policiais e funcionários públicos de alguns países mais esclarecidos, que tem durante o período de calor a opção de ir trabalhar até usando bermudas.


Afinal de contas, qual o problema? Porque na minha opinião a roupa não "define a pessoa" como o frescos da moda gostam de dizer, o que define a pessoa é ela mesma e seus atos e se usar terno significasse alguma ética, seriedade e respeitabilidade, político por exemplo não usaria.

Mas aí tem o outro lado também e que o Pablo_Peixoto me chamou a atenção muito bem, que é o fato de muita gente que usa terno faze-lo para demosntrar superioridade social, e usaria mesmo que estivéssemos torrando sob 60º de temperatura.

Até concordo com ele, tem gente que parece mesmo que passou m* no bigode e vive com aquela cara de nojo pra tudo, querendo ser superior o tempo todo. Bem, para estes, acho que o castigo de usar um terno é mais do que merecido.

Que se deixe então os demais pobres mortais, que não fazem a menor questão de parecerem superiores a ninguém e querem só passar um dia sem ter vontade de se enforcar com a gravata, livrem-se dessa exigência ridícula.

Brasil: uma vergonha de dimensões continentais

Postado em 10 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Sempre que chega a época de eleição, fatalmente pensamos mais em política do que o normal, muito se fala sobre a degeneração moral e ética da qual sofre a nossa classe política e mais especificamente o Congresso Nacional. Nós, brasileiros, temos naquelas duas cumbucas que apontam em direções opostas a nata do que existe de pior no país.

É um poder totalmente desconectado com a realidade em que vive o "cidadão comum", o que não exime os demais da mesma desconexão, mas que agrava o sentimento de abandono que acomete o simples "eleitor" e "contribuinte".

Chamo o suposto cidadão de eleitos e contribuinte porque, a rigor, é isso o que um membro satanizada(e assaltada) classe média é: um voto e um bolso para sustentar a festa.
Ele é importunado na campanha eleitoral e depois cobrado e punido, caso resolva dar um jeito de descontar alguns dias dos 4 meses que trabalha para fornecer numerário ao seu "sócio preferencial", que é o governo.

Sonegar é crime, mas e quanto à sonegação de todos os direitos e serviços pelos quais o pobre do contribuinte paga? Tudo é pago em dobro: IPVA e pedágios, impostos e colégios particulares, planos de saúde. Tudo é fornecido abaixo da metade. Paga-se cada vez mais, por cada vez menos.

E aí o país assiste às "excelências" em Brasília subtraindo milhões, vivendo como sheiks do petróleo, encenando dia a dia um similacro de democracia, respeitabilidade, ética, moral, preocupação com a tal "coisa pública" que pelo menos em mim, causa vontade de vomitar.

Infelizmente toda essa ritualística democrática e aqueles procedimentos dos regimentos internos são apenas um teatro do cinismo, uma formalidade incômoda para o que realmente interessa ali, que é basicamente poder e dinheiro.

O Congresso Nacional, é reflexo do que existe de pior na sociedade brasileira.



Façamos nossa mea culpa e admitamos: somos uma sociedade corrupta e corrompida, forjada pela desesperança e pelo que se aprende diariamente com os exemplos que vem de cima. E somos uma sociedade apática, formada por pouquíssimas pessoas esclarecidas, porém desanimadas, já que tentar retirar do torpor idiotizado a grande maioria da população é tarefa inglória e de insucesso certeiro.

A maior parte do nosso povo, ignorante, idiotizado, bestializado, acostumado às agruras de sua vida como péssimas escolas, hospitais caóticos e assassinos, transporte coletivo digno de gado, esse povo acha que tudo isso é "a vida como ela é" e segue feliz ignorando que o que vive, não é vida, mas sobrevivência.
Dizem, resignados, que para "o povo" é assim mesmo, que a "vida é difícil" e, pior de todas as máximas do conformismo, que "o brasileiro é criativo e feliz apesar de tudo". Mentira, somos apáticos, malandros no pior sentido da palavra e a tal "criatividade" geralmente é usada para o que não presta.

Formamos então este país gigante, rico e pobre. Bonito e feio. Essa "miscigenação" do que existe de bom e de ruim em todos os grupos que formaram nossa sociedade. Somos esta união de corrupção, desolação, ignorância e apatia, que pára 4 dias por ano para comemorar sabe-se lá o que, e o resultado final é este poço de desigualdades e esta vergonha de dimensões continentais, que convencionou-se chamar de Brasil.

Follow, Unfollow, Follow, Unfollow

Postado em 9 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 15 Comentários

Hoje falarei do onanismo tuiteiro do follow, unfollow, follow, unfollow, que acompanho quase diariamente.

Resolvi escrever isto depois que recebi uma mensagem no Twitter (não vou contar o nome do usuário pra não personalizar demais a coisa) dizendo algo como "dei unfollow no @mvsmotta e voltei a seguir, mas tô dando unfollow de novo porque não gosto do que ele escreve".

Achei engraçado porque não foi a primeira vez que li algo desse teor. É mais ou menos assim: o cara te segue, fica puto com algo que você diz ali (sobre política, sacaneando algum time de futebol, qualquer coisa) e aí resolve te dar unfollow. Beleza, direito dele, follow é concessão e não obrigação, mas aí ele meio que sente falta de te ler na timeline e manda o aviso: "parei de te seguir, mas tô seguindo de volta, vê lá hein!".

É quase uma censura prévia. Num primeiro momento eu chego até a pensar "pô, vou me policiar no que digo...", mas esse primeiro momento dura uns 5 segundos, até que chega o segundo momento. E o segundo momento é o que gosto mais, porque ele é o momento do "f*da-se ele, fica se quiser".

Mas aí fica aquela tocação de "corneta" eterna. O cara segue, pára de seguir, segue de novo, aí não gosta de algo que você fala e lá se vai ele outra vez e de novo, de novo, de novo...

É uma atitudezinha tão escrota quanto anunciar que vai dar unfollow em alguém. Parar de seguir é um direito de qualquer um, mas recomenda-se que seja feito silenciosamente, caso contrário soa como uma tia lavadeira querendo polemizar com o outro.

Tem um famoso troll que uma vez me mandou uma mensagem mais ou menos assim "Lulz, man, você só tuita coisas que os outros falam? Unfollow, Abs", aí uma meia hora depois leio ele falando assim pra outro "Anunciar unfollow é coisa de p*u no c*, mano".

Do the talk but doesn't walk the walk, sabe como é?

Comigo não. Eu não anuncio unfollow (se já o fiz, me auto-comisero nesse momento por isso), raramente anuncio block (isso sim, tem gente que merece, mas não como faz o Cardoso, que utiliza o anúncio de block como forma de compensar a ausência de orgasmos) e principalmente: sigo quem me interessa, não sigo quem não quero e faço isso independente da pessoa falar ou não o que eu gosto.

E aconselho sempre o mesmo no meu Twitter: esteja à vontade para me acompanhar, mas saiba que sou anti-esquerdista, anti-petralha, não gosto de movimentos sociais, faço humor ácido beirando o rude várias vezes, não tenho paciência com miguxo, tenho pontos de vista radicais e não mudo uma vírgula para agradar a ninguém que não esteja disposto a me pagar uma boa quantia de dólares americanos por isso. E mesmo assim, existem limites que nem isso me fará cruzar.

Agora, ficar fazendo mimimi pra cima de mim achando que isso será alguma grande ameaça, sinceramente, merece unfollow na hora (e sem anunciar).

10 Comportamentos carnavalescos que te transformam num escroto

Postado em 8 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 19 Comentários

Vem chegando o fatídico início de mais um Carnaval. Globeleza enchendo nosso saco desde Dezembro na televisão, a "última nova moda" de Salvador poluindo nossos ouvidos/olhos, calor senegalesco de verão, propagandas fazendo ode à cerveja e ao mesmo tempo nos pedindo para não beber demais, engarrafamentos nas estradas, carros entupidos com pessoas, gaiolas, travesseiros, violão, instrumentos de percussão e câmaras de ar de pneus que virarão bóias na praia, enfim, todo esse circo característico do reinado de Momo.

Tem quem goste, assim como eu já gostei bastante. Mas também existe muita gente que detesta isso tudo. O batuque, os engarrafamentos, os blocos, a famigerada axé music, mas acredite: tem jeito de piorar.

Certos comportamentos e atitudes durante o Carnaval conseguem transformar o que já é ruim em algo abominável, por isso resolvi listar aqui os 10 comportamentos mais escrotos que eu observo no período. Vamos lá:

O "Bloco das Piranhas" - Quem nunca se vestiu ou pelo menos não conhece alguém que já usou roupa de mulher? Pode ser até uma brincadeira legal aquela coisa de colocar o sutiã da prima, a canga da namorada, passar o batom da avó e sair na rua com os amigos, mas precisa incorporar a puta chata só por causa disso?

Ficar implicando com desconhecidos, fingindo que vai pegar nos "documentos" dos caras e sendo excessivamente escrachado é escroto.

O que dizer então desses sujeitos que vão para um bloco que sai à tarde, mas de manhã já estão com um biquini enfiado na bunda e depois que o bloco termina, e já é lá pelas 2:00 ou 3:00 da manhã, ainda estão com roupa de menina por aí? No mínimo estão realizando um desejo muito escondido e adoooooram o Carnaval, já que podem "botar tudo pra fora".

As cantadas grosseiras - Sabe aquele cara que é excelente vizinho, bom colega de trabalho, pagador de impostos, mas no Carnaval veste a pele de Mr Hyde-Pedreiro? Não pode passar uma menina que é um tal de "te chupo", "enfio isso", "meto aquilo"? Sei que tem gente que faz isso o ano inteiro, parabéns, são escrotos perenes, mas se você faz isso só porque "é Carnaval", fique sabendo: você é um escroto carnavalesco.

A roupinha indecente - Um elemento primordial para o sujeito da cantada grosseira é a "dadivosa". Sabemos que faz calor na festa de Momo, que roupas confortáveis ajudam na "folia", mas um pouco de noção também ajuda nesse quesito.

A menina vai pra um bloco/trio elétrico, onde certamente haverão bêbados e homens com mais testosterona do que uns 100 touros juntos, e faz o que? Coloca uma sainha ou shortinho branco, minúsculo, todo enfiado e com uma calcinha fio dental daquelas de levantar defunto. Adiciona a isso um sutiã que só cobre os mamilos e vai pra rua feliz da vida, achando que será "respeitada" só porque quer.

Nada justifica um comportamento silvícola com as moças, afinal, a era do tacape e da pedra lascada já passou, mas também é muita falta de noção sair na rua quase nua, ficar pulando e agarrando todo mundo em volta e aí quando toma um "abraço de urso" vir com aquela conversinha mole "Que isso!?Que sem noção! Eu só tô aqui curtindo, dançando, nada a ver, não misture as coisas!".

Coleguinha, essa atitude é escrota.

"Que isso?! É Carnaval!" - Essa famigerada frase é usada neste período para justificar todo tipo de atitude abominável e inconveniente que pudermos imaginar. O cara passa a mão na mulher do outro e quando se vê prestes a levar um soco, dispara "Que isso?! É Carnaval!".

Está com pressa pra comprar mais uma cerveja e quer furar a fila? "Que isso?! É Carnaval!"

4:00 horas da manhã, fazendo barulho no prédio, falando alto, batucando e enchendo o saco de quem quer dormir? "Que isso?! É Carnaval!"

Pense no que quiser e a justificativa cretina estará lá: "Que isso?! É Carnaval!"

Subir no carro dos outros - Gostou de ver a Luma, a Paola ou a Luana no carro alegórico da sua escola de samba? Parabéns! Mas o capô do carro alheio não é alegoria e é muito escroto se aproveitar de um engarrafamento para subir no carro dos outros, ficar sacudindo, balançando, enfim, colocando o favelado que existe dentro de você pra fora.

Fechar o trânsito - Falei da atitude escrota de subir no carro dos outros e lembrei sua irmã gêmea e às vezes mãe: ficar no meio da rua fechando o trânsito.

A polícia já garantiu o trajeto do maldito bloco, já fechou ruas, colocou o trânsito em meia pista em outras, ou seja, todos os moradores da região já tiveram seu direito de ir e vir devidamente tolhido em nome da "folia", mas existem os escrotos que acham isso pouco.

Aí fecham a outra metade da pista que estava aberta, ficando na frente dos carros, esperam o sinal abrir para postarem-se na faixa de pedestres e atrasarem o trânsito e assim contribuem para com que aqueles que já não gostam de Carnaval passem a odiá-lo, mas claro, eles acham que podem fazer isso, afinal, "É carnaval!".

Forçar animação - Como quase toda atitude escrota carnavalesca é parente de alguma outra, claro que tem os animados de aluguel. O cara tá ali com cara de c*, a guria já cansada e com o pé doendo, mas basta ouvirem uma marchinha ou perceberem uma câmera que saltam do entediado-mode para o folião-mode em 2 segundos. Pulam, riem e cantam pela milésima vez a "Cabeleira do Zezé".

E aqueles que tentam forçar o folião-mode nos outros? Você avisa ao amigo "tô na minha, vou num cineminha e depois jantar" e o folião dispara "Que isso??????Porra!!!!!É carnaval, sai dessa!" e praticamente te arrasta para algum lugar do qual você vai querer fugir em 15 minutos.

E pior são os desconhecidos querendo abraçar, te fazer pular e praticamente te obrigar a cantar a "Cabeleira do Zezé".

Mijar na rua - Nem preciso desenvolver muito, né? Tem quem faça isso a 2 metros de um banheiro químico.

"Peguei 50" - Você foi pra academia, tomou sua bomba, ficou sarado pra "tirar a camisa no bloco e pegar geral"? Fez "Glúteos-Abdomen-Pernas" desde Outubro pra chegar no Carnaval e os "carinhas todos chegarem em cima no trio da Ivete"? Parabéns, mas entre "beijar" 50 bocas e efetivamente ter pego 50 pessoas existe uma grande diferença.

Primeiro, pra mim você trocou baba com 50, porque pegar pressupõe mais do que um beijo corrido no meio da rua entre milhares de pessoas se acotovelando.

Depois, qual o proveito disso? Sem contar que se você "pegou" 50 naquele esquema carnavalesco de "acende, puxa, prende, passa" que nem cachimbo da paz, é porque 50 te "pegaram" também.

Piadinha da Mangueira entrando - "E aí? Vai ver a Mangueira entrando hoje?". Auto-explicativa, né? Piada velha e gasta.

Conhece mais alguma? Compartilhe comigo!

Porque detesto "famosos"

Postado em 5 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 14 Comentários

Eu gosto de ficar pegando notícias pela internet para comentar depois no meu Twitter. Quase sempre faço brincadeiras e comentários depreciativos sobre as idiotices que os seres humanos fazem e/ou noticiam.

Até criei a série "Notícias que merecem o selo f*da-se de qualidade" aqui no blog, série que posto quase diariamente e que invariavelmente traz manchetes bizarras sobre banalidades do dia a dia, transformadas em assunto só porque foram protagonizadas por algum "famoso".

É um tal de "Fulana toma sorvete na praia", "Cicrano mergulha no mar com seus filhos", "Beltrano foi fazer compras no shopping", que não me contenho sempre que leio isso e penso "porra, mas e o f*da-se?".

Sei que muitas vezes essas pessoas prefeririam não ter paparazzis na sua cola o dia inteiro, mas sei também que esses são minoria e geralmente tem algum talento sobressalente para acrescentar à ocupação de "famoso" ou "VIP ou ainda "filho/marido/namorada/amante de alguém".

Não creio, por exemplo, que o Mel Gibson deseje ser ridicularizado e tachado de retrógrado, troglodita, entre outras coisas pelos repórteres-fotoqueiros que o seguem pela rua, muito pelo fato de ser um católico apostólico romano declarado que não fica por aí pedindo "desculpas" por tudo o que a sua religião pode ter "feito de errado" sabe há quantos séculos atrás, mas também porque ele é um ator talentoso e o que faz, vira notícia querendo ou não.

Sabe como é, se ele fosse adepto da Cabala ou do Budismo, religiões mais "in" entre a mídia-fofoqueira, ele talvez recebesse um tratamento menos asqueroso por parte dela, mas isso é um outro assunto.

Voltando ao porque de detestar "famosos", o que claro muitos imbecis definem como "inveja", a explicação para isso vem justamente do fato dessas manchetes na internet, em jornalecos de formato tablóide ou mesmo na televisão nos impedirem de ignorá-los.

Queira ou não, olhe pro lado, troque o canal, aperte correndo o ctrl+alt+del, uma hora você se vê obrigado a saber que a Susana Vieira saiu de casa sem sutiã, que a Carolina Dieckmann deu beijos em seu novo namorado numa sessão de cinema, que a Ivete Sangalo lançou mais alguma "moda quentíssima" pro carnaval de Salvador, que a Gracyanne Barbosa comeu cereais no café da manhã, que algum ex-BBB torrou-se a tarde inteira numa clínica de bronzeamento artificial.

O que desejo explicar é que por mais que a gente tente ignorar, alguma hora uma dessas informações "úteis" nos pegam desprevenidos e são implantadas em nossa mente como um verdadeiro estupro noticioso.

Volto a dizer: não entro aqui no mérito do talento ou da qualidade, ainda que considere que metade desse pessoal de colunas de fofocas não possuem algum(a), mas no ridículo que são essas coberturas, ainda que mais ridículo ainda seja quem consome isso seriamente.

E falei tudo isso porque hoje estava lendo uma edição virtual de um grande jornal do Rio e me deparei com essa manchete: "Madonna não permitirá paparazzi no hotel em que vai se hospedar", que encabeçava uma matéria que dizia que "Os síndicos dos prédios em volta ao Hotel Fasano já foram avisados para que não permitam, em hipótese alguma, paparazzi entrar nos edifícios para tirar fotos de Madonna na piscina do hotel".

Quer dizer, uma porrastar (licença da expressão, por favor, porque popstar ela foi já faz tempo, hoje é apenas mais uma coroa desgovernada) quer mandar no que condomínios particulares fazem em suas dependências em nome de uma privacidade que ela mesma não faz a menor questão de manter, senão não noticiaria idas à praia, à academia, quantas águas de coco bebeu por dia, etc, etc, e nem fecharia o trânsito de quarteirões inteiros, com a patética colaboração da "Prefeitura da Ordem" do Sr. Eduardo Paes, somente para ir jantar com o namorado.

E como nada pode ser tão detestável que não possa piorar, a matéria ainda dizia que "Os assessores da material girl, inclusive, já entraram em contato com a equipe de Beyoncé para definir os detalhes do jantar entre as divas, que deve ser terça à noite".

Madonna e Beyoncé jantando na Zona Sul do Rio de Janeiro? Podem matar o Obama e toda a cúpula européia nesse mesmo dia, que a imprensa não vai querer nem saber.

Relevante mesmo só o que for totalmente inútil.

Eu lembro do IRC

Postado em 4 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 12 Comentários

Esses dias eu estava procurando notícias sobre futebol até que caí no portal de um antigo canal de IRC sobre o Palmeiras, que eu pensava que já nem existia mais desde o fim da BrasNet.

Percorrendo o tal site, encontrei ali uma janelinha que levava ao chat do IRC. Cliquei mais pela curiosidade mórbida de ver a janelinha avisar que não existia mais vida ali, mas não é que a surpresa foi outra?

Pra quem não viveu a época dos sites em HTML cheios de gifs animados, a conexão discada, o modem barulhento, o pulso único após a meia-noite e o pré-inclusão digital, explico como era: segundo a Wikipedia, o IRC (Internet Relay Chat) "é um protocolo de comunicação utilizado na internet basicamente como bate-papo e para troca de arquivos, permitindo a conversa em grupo ou privada".

Ainda segundo dados facilmente coletados por aí, o IRC chegou a ser um dos 10 aplicativos mais populares de toda a internet, contabilizando mais de 150 milhões de downloads.

Históricos-xarope à parte, o programinha funcionava basicamente assim: você baixava o cliente (que poderia ser simples como o mIRC ou turbinado como eram os famosos scripts, que te permitiam enviar desde imagens em ASCII para as janelas de chat tanto públicas quanto privadas e também mensagens pré-programadas, sons, quizzes e os temidos "nukes", que consistiam em derrubar alguém da internet, e até invadir o computador alheio).

Como podem notar, o IRC podia ser tanto uma excelente diversão quanto uma baita dor de cabeça, pois era território livre para tudo quanto é tipo de exu virtual.

Como tudo na internet, no início era coisa de "nerd", pois todo mundo usava mais os chats baseados em páginas HTML como o do UOL, mas com o tempo o IRC foi se popularizando, até se tornar uma espécie de Orkut dos chats.



Usávamos redes estrangeiras como a Undernet ou a Dalnet. Surgiram também a Brasnet e a Brasirc, que concentravam a maioria dos usuários do país.

Alguns canais, que eram identificados utilizando sempre o símbolo "#" na frente dos seus nomes (a forma de "entrar" neles era digitando o comando /join #nomedocanal), como o #Brasil ou o #Rio, chegavam a receber centenas de pessoas toda noite, que passavam a madrugada conversando e paquerando nas janelinhas de PVT (conversa privada).

Quem não se lembra do "Kit IRC" de azaração? "Oi! Tudo bem? De onde tecla?". Ridículo eu sei, mas quem nunca caiu nessa?!

Os chats eram monitorados pelos OPs (operadores) que eram pessoas designadas pelo fundador do canal para kickar (chutar temporariamente) ou banir os usuários que se tornassem inconvenientes e apareciam com uma arroba na frente do @nickname.

Com o tempo é óbvio que tais operadores ficaram mais inconvenientes do que os próprios pentelhos que eles expulsavam, tornando-se pequenos ditadores daqueles mundinhos virtuais. Credito a eles um pouco do fracasso do IRC, pois as pessoas encheram o saco de ter que se submeter às vontades de uns poucos "escolhidos".

Isso e os constantes "lags" (atrasos no envio/recebimento das mensagens) ocasionados pelo aumento gigantesco do número de usuários simultâneos, o que levava as redes inteiras a caírem por vezes, nos famosos "netsplits".

Ataques e superlotação levavam à instabilidade dos servidores e as pessoas foram enchendo o saco disso.

Claro que a internet de banda larga, que popularizou vídeos e streamings de alta velocidade, o MSN que permitia que as pessoas conversassem com mais recursos, o Orkut que levou grande parte do "populacho" que vivia no IRC para lá e o estresse de material que um aplicativo com mais de 10 anos sofre naturalmente contribuiram para que o IRC caísse em desuso, até que a principal rede brasileira, a Brasnet, encerrasse suas atividades.

Tudo passa, tudo tem que passar. Mas dá saudade aquelas madrugadas insones conversando com gente de vários lugares diferentes, as paquerinhas que rendiam encontros memoráveis (tanto no quesito pastelão, quanto no quesito amassos bem dados), os IRContros onde conheci muita gente legal, as trocas de mp3, chegar em casa depois da noitada e entrar ali pra comentar o que rolou com os amigos, enfim, o IRC era muito mais social do que o MSN e muito mais interessante do que o Orkut devido a interatividade que possuía.

Por isso foi legal ver a janelinha do tal site que eu visitei abrir e me jogar dentro de uma antiga sala de chat, agora numa nova rede brasileira de IRC, a Virtualife, e descobrir um monte de canais cheios de gente (não tanto quanto antes, é claro), naquela espécie de resistência ao tempo, naquela volta a um passado muito querido.

Eu lembro do IRC e é muito bom saber que mais um monte de gente lembra também.

A beleza é nosso cartão de visitas (Mas em qual idioma estará escrito?)

Postado em 3 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 7 Comentários

Quem nunca ouviu falar das mulheres da tribo Padaung, que colocam argolas no pescoço até que fiquem parecendo girafas? Ou das chinesas que amarravam seus pés, atrofiando-os para que ficassem do tamanho de uma pequena “flor de lotus".

De acordo com São Tomás de Aquino, a beleza é "aquilo que provoca um conhecimento gozoso". Simplificando, é aquilo que nos dá prazer em olhar. Denis Diderot disse que belo "é tudo o que contém em si algo capaz de despertar em mim o entendimento da idéia de relação, ou tudo o que desperta esta idéia".

O falecido Papa João Paulo II disse também que a beleza é um "convite a saborear a vida e a sonhar o futuro".

Como podem ver, importantes pensadores preocuparam-se com algo que também é comumente chamado de "fútil". Mas nem sempre foi assim, o belo já foi considerado também uma forma de "ascender ao sagrado".

Começa bem lá atrás, na nossa pré-história, onde o que era "bonito" deveria ser necessariamente indispensável, ou seja, representar boa alimentação e fertilidade. Logo, eles não teriam o menor interesse nessas sílfides de hoje em dia.

Na Grécia antiga, corpos esculturais eram cultuados por estarem de acordo com a filosofia do "corpo são, mente sã". Em Roma, isso representava "força e agilidade". Já os assim chamados "bárbaros", vestiam peles, símbolo da força do caçador, e para não serem confundidos com escravos romanos, usavam cabelos e barbas longas.

Assim como homens com bigode (sei que ainda tem quem goste) faziam muito mais sucesso no século passado do que hoje em dia, Já cultuamos as formas mais rotundas, os cabelos curtíssimos, permanentes, gomalina no cabelo, costeletas, topetes, corpos esqueléticos...

Atualmente, devido a diversidade cultural tão celebrada e à facilidade que existe no tráfego de informações, os padrões de beleza são muitos, mas se pensarmos bem nem tanto assim.

Um homem com tórax largo, braços fortes ou uma mulher com bunda durinha e barriga "chapada" fazem mais sucesso em 99% das ocasiões do que alguém considerado "fora de forma" pelos nossos rígidos padrões atuais. Até já falei disso aqui no blog recentemente, mas hoje o assunto vai mais além.

Começamos desde a infância a ser bombardeados com isso. Perceberam que todo vilão de desenho animado é feio e todo mocinho é bonito? Essa busca começa aí.

Marilyn Monroe disse "é preciso sofrer para ser bonita".

Mas afinal, que é bonito para nós? Parece chover no molhado, mas se você pensar com cuidado, verá que nem tanto.

Conheço caras que preferem ficar com uma mulher fora dos padrões habituais, mas que tenham, por exemplo, pés bonitos. Eu mesmo adoro uma mulher de nariz grande, me chama atenção (vai entender) e de costas largas.

Se você for a uma balada/noitada por aí, vai se dar bem ou mal dependendo do seu estilo e do local que tiver escolhido. Se for um mauricinho e resolver ir numa boate que toca rock, provavelmente as meninas tatuadas e cheias de piercing não terão muito interesse por você, da mesma forma que se elas forem numa boate recheada de loiras oxigenadas com vestidos caros de grife, também não serão muito notadas (a não ser como peça de curiosidade).

Nossas tribos urbanas nos definem mais do que gostaríamos, elas nos aprisionam de certa forma e ditam nossos padrões de beleza. A tal diversidade citada acima, aliada à informação globalizada, não nos livrou do clã, ainda que mais "moderninho".

Eu prefiro mulheres vestidas casualmente, com tatuagens, piercings, etc, mas já namorei patricinhas que fariam inveja a muita estudante de administração da PUC. Digamos que eu prefira transitar entre os valores do que me prender a eles.

Mas o que é belo para um, não é para outro por mais óbvio e lugar comum que seja. Você gosta, eu não. Eu gosto, você não. É bom porque a gente não precisa brigar por ninguém.

Mas e aquelas pessoas que não se enquadram em padrão nenhum (seu ou que você conheça normalmente) e ainda assim te atraem? Sabe aquela coisa do charme? Do "tchan"? Pois é, essa me intriga mais ainda.

Talvez elas sejam um lembrete para nós de que conceitos mudam, mas nós não temos tanto tempo assim para esperar por isso e dessa forma devessemos olhar além deles, e enxergar a beleza que existe invariavelmente em tudo.

Provavelmente esteja aí também a chave para a nossa auto-aceitação e para que não nos preocupemos tanto com o cartão de visitas, já ele não tem muita serventia caso a visita em si seja um desastre.

Tessália: sexo oral/boquete no BBB ou como chocar um país de monges

Postado em 2 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 54 Comentários

Antes de mais nada saiba que este não é mais um texto em mais um blog que vai ajudar no linchamento moral da Tessália. Não concordo com algumas das suas atitudes, mas não pelas atitudes em si, e sim porque não combinam com o perfil que ela criou antes de entrar no BBB.

Mas tirando isso, o fato de não combinar com aquilo que teoricamente seria o seu plano, ela não fez nada que a maioria dos participantes das outras 9 edições do reality show lixão não tenha feito, em maior ou menor grau.

Tenho procurado (sem sucesso algumas vezes, confesso) me manter distante desses bate-bocas no Twitter, porque sei que ali existe uma cloaca cheia de pessoas que já detestavam a Tessália antes dela sequer dar entrevista ao Jornal da Globo, quanto mais depois de participar do BBB.

Fizesse ela qualquer coisa ali, essa gentalha iria denegri-la, falar mal, ridicularizá-la e fazer brincadeiras mil, das mais sem graça às mais grosseiras, como de fato já ocorreu. Esses não contam, pelo simples fato de agirem baseados em puro ressentimento, por não enxergarem alguém além do personagem e porque não entendem que todo mundo tem um telhado de vidro, por mais escondido que seja, e cismam em jogar pedras no dos outros.

Mas o assunto hoje vai além do umbigo, do mundinho e da paróquia da blogosfera/tuitosfera, vai mais adiante, vai no comportamento errático de um país que cultua a "putaria" como produto nacional, mas toma-se de pudores dignos de um Oliver Cromwell vez por outra.

Aliás, não só no sexo, mas na tal "ética". Ora, todo mundo que ler isso aqui vai dizer "eu não!", mas vivemos num país de pessoas que adoram receber um troco errado a mais, fazer um gato de luz/net, dar uma graninha pro guarda pra não levar multa, que se jacta do seu querido "jeitinho brasileiro", mas transforma em vilão/vilã um participante de reality show que assume publicamente que vai "jogar" para ganhar 1,5 milhão de reais, quando um monte de gente por aí pisaria no pescoço de metade da família por 100 mil.

E antes que me acusem de "generalizar" (a forma brasileira de dizer "é verdade, mas 'me inclua fora dessa'"), sei que existem exceções.

Mas continuemos.


Somos assaltados diariamente com cenas de sexo em novelas, com danças que apelam para o erotismo em programas de auditório, com funks que cantam letras pornográficas, axés-music que reduzem mulheres a bonecas infláveis de 1 centavo, tudo em TVs abertas, jornais e rádios, mas no entanto o que leio é uma verdadeira cantilena contra a "pouca vergonha" que foi alguém supostamente fazer sexo oral embaixo de um edredon num programa que é transmitido através de um pay-per-view de TV a cabo.

Aliás, quantos dos frades e das freiras horrorizados com isso será que pagaram o pay-per-view do Big Borther Brasil 10 e quantos terão visto em algum streaming pirata na internet ou em vídeos upados no You Tube? E olha que a assinatura do site do BBB custa só 3,90/mês, não é nem perto de 1,5 milhão de reais...

Volto a dizer, não estou aqui defendendo as atitudes da Tessália na casa, apesar de pessoalmente gostar dela. Talvez não agisse igual se tivesse uma filha pequena do lado de fora da casa me esperando e tendo que aguentar as consequências do que eu fizesse, mas amigos, convenhamos, metade dos que falam dela não tem a sua filha ou família como preocupação sequer secundária.

Ou as piadas grosseiras que o Kibeloco está fazendo com a menina, chegando a manipular uma foto para colocar "leite" sobre a sua boca tem como motivação a preservação da filha de 4 anos dela?

Metade dos que a atacam o fazem porque ela com um script e simpatia pisoteou sobre as cabeças da "meritocracia blogueira", que carinhosamente chamo de bostosteira, e a outra metade o faz porque como todo bom brasileiro, adora uma carniça.

Tem um ditado que diz "atrás de quem corre, tem sempre uns 10 valentes".

Essa é a essência do brasileiro: o povo da bunda, do fio dental, do funk probidão, dos gringos fazendo as mulheres de prostitutas, das Brasileirinhas, da boquinha da garrafa, do presidente dos mensalões, do Sarney presidente do Senado, do Maluf com sua legião de fãs, da gente que mostra as carnes nas praias, dos trios elétricos com suas pegações e sua mononucleose, das propinas, do "jeitinho brasileiro", mas todo mundo é sempre muito pudico e "correto".

Todos sempre prontos para um linchamento moral, condenando práticas que se não fazem, também não vão contra no seu dia a dia, mas tudo, claro, em nome da "moral", da "ética" e dos "bons costumes".

Da boquinha da garrafa pra fora.

Junkie food, verão e corpo perfeito

Postado em 1 de fev. de 2010 / Por Marcus Vinicius 4 Comentários

Não. Este post não tentará te vender nenhum shake e se você quiser emagrecer, não fale comigo, porque não sou um herbachato. Fique tranquilo.

Chega o verão (e esse ano ele chegou com a sutileza de um maçarico) e todo mundo fica mais preocupado com sua forma física, em perder uns quilinhos e estreitar a silhueta, afinal, se você não for problogger e passar o dia inteiro tuitando sobre os drinks que bebe em algum botequim furreca ou sobre quantas séries de TV você já viu naquele dia, você vai querer dar uma passadinha na praia de vez em quando e ajuda muito na experiência se estiver mais em forma.

Muita gente corre para as academias e resolve virar atleta em 1 mês (não esquecer jamais da turma que quer "tirar a camisa no bloco ou no trio da Ivete") e a grande maioria inicia um monte de dietas, das mais convencionais (queijinho branco, suco, cortar refrigerante, fazer as pazes com a alface, etc) às mais bizarras, tipo passar uma semana só comendo pêras no café, almoço e jantar.

Mas tudo isso é somente gancho pra falar de algo em que eu estava pensando outro dia e que tenho certeza todo mundo também já conversou com seus botões sobre o assunto pelo menos alguma vez: porque será que tudo que não presta, que é gostoso e que a gente repete porções generosas mesmo sem fome faz tão mal de acordo com os nutricionistas e com o que nossos contornos corporais demonstram?

Você pode dizer que não, mas uma pizza de champignon é mil vezes mais saborosa do que um punhado de folhas com um "fiozinho de azeite" por cima. E não é muito fácil eleger quem é mais gostoso, se uma taça de sorvete do seu sabor preferido ou uma daquelas barrinhas de proteína que geralmente tem gosto de pilha alcalina.


Não sei ao certo, daí a especulação que faço agora, mas parece que nós sentimos atração por aquilo que demanda sacrifícios para atingir.

Explico: uma mulher ou um cara com barriga de tanquinho, músculos aparentes na medida certa, enfim, com esses corpos que convencionamos a chamar de "corpões" precisam controlar espartanamente suas alimentações, malhar pesado com frequência quase diária, perseverar nessa rotina por um bom tempo (mesmo com atalhos como remédios e bombas, tem que manter o pique) e por isso merecem mais admiração (e tesão) do que alguém que passa o dia deitado no ar-condicionado, comendo Fandangos, se entupindo de cheeseburgers e refrigerante e cultivando uma barriga de hipopótama grávida.

Tudo bem, um corpo durinho é gostoso de apertar e alisar, mas deve ter algum componente que citei acima nessa conta, o do "sacrifício".

Ser "sarado" é difícil, daí os padrões cada vez mais rígidos transformam essas pessoas em semi-deuses e os demais correm atrás do mais perto que puderem chegar disto.

Sei que boa alimentação e exercícios fazem bem pra saúde, porque nosso corpo sofre com o tempo e sem nos cuidarmos, terminaremos com mais radicais livres no organismo do que a esquerdocanalha latino-americana e mais veias entupidas do que as mangueiras de um Corcel II velho, mas convenhamos, seria muito bom se inventassem um cheesebacon com os valores nutricionais de uma folha de rúcula.

Aliás, de meia folha de rúcula.

 
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