Seu direito também termina onde começa a minha liberdade

Postado em 30 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 15 Comentários

O maior problema do sujeito ignorante não é pensar um monte de idiotices, mas acreditar que aquelas iditices são verdades incontestáveis.

E o Brasil é um verdadeiro produtor em série de ignorantes, idiotices e platitudes.

Aqui se confunde notoriedade com notório saber, o que faz com que a população pare para ouvir tudo o que o Caetano Veloso, o Chico Buarque ou a Preta Gil têm a dizer.

Não afirmo que esses três notórios brasileiros só digam bobagens (na verdade dizem bobagens na mesma proporção da maioria), apenas que muita gente vai pedir opinião a eles sobre assuntos sobre os quais eles não fazem a menor idéia do que vão dizer.

Você não vai pedir informações sobre neurocirurgia para o seu padeiro, assim como ninguém em sã consciência vai se importar sobre o que o Ronaldinho Gaúcho pensa sobre o conflito na Chechênia (se é que ele saiba que Chechênia não é o que as mulheres mostram na Playboy).

Da mesma forma, não entendo como alguém pode pedir que a Preta Gil vá procurar o deputado Jair Bolsonaro para perguntar o que ele acha sobre negros, gays ou direitos civis.

Primeiro porque qualquer um com mais de dois neurônios e que acompanhe a política brasileira sabe perfeitamente o que o Jair Bolsonaro pensa sobre gays.

Depois porque não vejo nenhuma qualificação na Preta Gil - se é que ela tem alguma além de ser filha do ex-ministro - para ir a um programa de humor interpelar um deputado sobre um assunto em que sua opinião é notória, e depois se sinta ofendida com a resposta.

Para quem estava imune à polêmica até aqui, ela perguntou o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma negra (ele entendeu que a pergunta era sobre um gay) e escutou o deputado dizer que "não tinha filhos promíscuos".

A filha do Gilberto se ofendeu e declarou no Twitter que iria processrar o deputado "não só por mim, mas por todos os negros e gays do país". Infelizmente esqueceu de dizer que a promoção pessoal que recebeu com isso também seria muito bem vinda.

Ainda que falasse de negros, não vejo crime na declaração do deputado. Você não deve proibir a entrada de negros em lugar algum só pelo fato de serem negros. Nem tratá-los diferenciadamente, negar-lhes direitos e impor-lhes sanções só por causa da cor da sua pele.

Mas nada no mundo obriga alguém a gostar de negros. Se isso é uma degeneração moral, uma deficiência educacional ou mesmo um problema que torna a pessoa abjeta aos olhos dos outros, ainda assim é um direito da pessoa e ela deve poder declarar isso sem que haja um xilique coletivo.

O Brasil virou este estado neurótico e cerceador justamente por proibir liberdades para garantir direitos. É como fazer sexo para preservar a virgindade.


Volto a dizer: ninguém tem permissão para cercear direitos dos negros, mas ninguém deve ser obrigado a gostar de negros e muito menos a manter essa opinião (ridícula, na minha concepção) em segredo.

O problema é que no Brasil todo indivíduo é livre desde que utilize a sua liberdade para abanar a cabeça bovinamente, babando e concordando com a manada. E o mais grave é que este espírito bovino começa a se infiltrar nas leis e instituições do país.

O Conselho de Ética vai se reunir para tentar punir o deputado Bolsonaro, mas a turma do Mensalão está lá, incólume.

Agora a nova batalha é para criminalizar quem não gosta de gays. Ora, gays são cidadãos como qualquer outro e tem seus direitos garantidos na Constituição. Para qualquer violação destes direitos, existem as leis que punem o agresssor, que igualmente valem para todos.

Leis específicas para gays, como querem os "movimentos sociais", criam uma espécie de classe especial de cidadão.

E o que vale para negros, vale para gays, para brancos, japoneses e torcedores do Palmeiras: ninguém é obrigado a gostar deles e nem deve ser impedido de dizer isso. O que não pode - e aí o Estado deve intervir com toda sua força - é que essas pessoas sejam vilipendiadas em seus direitos por conta da antipatia de outro.

E direito constitucional não é a "sua garantia sagrada a não ouvir o que não gosta", como a brasileirada pensa. Direito é a vida, a propriedade, as oportunidades iguais, a liberdade.

Não existe meia liberdade, e se é verdade que ela termina onde começa o direito dos outros, também é verdade que estes direitos terminam onde começa a liberdade alheia.

Para todas as deformações nesta relação, existem os Códigos Civil e Penal. 

Finalizando, ainda que não ache que seja obrigado a esclarecer isso, não tenho nada contra negros ou gays, mas tenho tudo contra essa institucionalização oportunista que transformou a cor da pele e o "cu" em sindicato.

Reze um Terço e faça 30 abdominais

Postado em 28 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 12 Comentários

Chegamos na época em que uma barriguinha define o caráter. O sujeito pode ser PhD em física quântica, ter lido toda a obra de Platão e ainda salvar bebês na África, porque se ostentar uma barriga de chopp, será reconhecido simplesmente como "o sedentário".

Quem nunca viu um anúncio de emprego pedindo "boa aparência física"? Isso no tempo da nossa avó serviria para eliminar homens com brinco na orelha e mulheres de bigode, mas atualmente nada é mais importante do que a sua forma.

Recorremos a revistas sobre exercícios e dietas com mais voracidade do que um talibã lê o Alcorão.

Alguém acima do peso, no entendimento de uma grande maioria, só pode ser preguiçoso, sem auto-estima, sem um pingo de disciplina e sem o menor controle sobre suas vontades. Certamente deve ser um péssimo profissional, desleixado e frustrado por não conseguir nada melhor na vida.

Obesidade é quase uma folha corrida, um prontuário.

Ninguém gosta de feiúra, é claro, tudo o que nos atrai é belo. Mas o exagero produziu esta aberração onde o maior filho da puta do mundo (ou a maior filha da puta) tem grande chance de ser tomado por "gente boa", "bom profissional" e "de bem com a vida" só pelo fato de possuir uma barriga chapada.


Sair então virou um suplicio. Como pedir batatas fritas num primeiro encontro? Ou então comer uma torta de chocolate na frente da namorada que acabou de pedir palmitos, broto de feijão e suco de clorofila?

Alimentação espartana é uma bosta, mas aparentemente aguça a libido.

Alguém pediu catupiry na pizza? Já sei! Deve ser fã do Maluf e do aquecimento global, gente fina mesmo só pede torrada light com cottage e quando quer fazer uma extravagância come pizza de rúcula em massa integral de taioba.


As academias viraram uma espécie de templo, quase uma obrigação social.

Quando você diz para um colega de trabalho que mais tarde "vai malhar" ou que vai "correr 10 quilômetros no Sábado", está querendo mostrar que não é um desses degenerados que tira a noite só para o lazer num cinema ou o final de semana para uma praia com cervejinha.

Cuidar da saúde é bom, lógico. Uma alimentação baseada em leitão a pururuca com bacon no rolete vai te levar para um cateterismo com menos de 40 anos, mas o exagero também é detestável.

Nem só de coxinhas de galinha e torresmo é feita a vida, mas fugir de vez em quando da cenoura no vapor não é nenhum pecado mortal.

Por falar em pecado, já imagino até um padre abrindo a janelinha do confessionário e encontrando ali uma mocinha aflita:

- Padre, me salva do inferno, por favor!

- Mas o que houve?

 - Eu pequei! comi alfajor!

- Você foi gulosa e comeu a caixa inteira, minha filha?

- Claro que não, né, Padre, eu não quero ficar uma baiaca igual a Martinha do 302, comi só meio alfajor, mas depois corri pra aula de Power Yoga e fiz duas horas de Spinning.

- Mas isso não é nada demais...

- É sim, padre, eu estou me sentindo a maior das pecadores, por favor, me ajude!

- Tá bom minha filha, eu te perdôo, reze um terço e vai ficar tudo bem.

- Padre?

- Sim, minha filha?

- Posso fazer umas abdominais também?

Arara no bafo

Postado em 25 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 3 Comentários

No final do ano eu fui num almoço de confraternização -daqueles em que todo mundo que se detesta o ano inteiro finge que foi tomado pelo espírito de Natal só pra comer de graça - realizado numa dessas churrascarias que cobram o rodízio em arrobas de boi gordo.

Acostumado com praças de alimentação e restaurantes a quilo, confesso que cheguei lá munido da mais prosaica das ambições: várias fatias de picanha sangrando, daquelas que você espeta o garfo e ouve o boi mugindo.

Só que depois que os pãezinhos de queijo regulamentares foram embora, os garçons começaram uma espécie de safari gastronômico.

- Uma fatia de picanha de javali, Senhor?

- Aceita um quitute de avestruz?

- Essas coxas de marreco estão especiais, o Senhor deseja provar?

- Capivara?

De uma hora pra outra eu achei que estava no Serengueti e que a qualquer momento me ofereceriam iscas de Leopardo ou Babuíno a passarinho. O que aconteceu com as coxas de frango,  os corações de galinha e a picanha maturada argentina? Viraram coadjuvantes.

Soube que já existem churrascarias finas que servem jacaré e tatu. Não confirmei a informação, mas não duvido.


Foi difícil não lembrar daquelas reportagens sobre a China e seus espetos de escorpião e sopas de inseto que passavam durante a Olimpíada de 2008. A diferença talvez seja que lá isso é hábito, aqui é excentricidade.

No meio do almoço, já rindo daquela profusão de excentricidades, resolvi entrar na brincadeira e dar uma sacaneada no garçon. Mas antes que eu perguntasse se tinha caldo de arraia eles interromperam meu almoço pedindo gentilmente que eu fosse embora.

Calma, não me expulsaram literalmente de lá, mas todo mundo sabe o código para quando querem que a gente vá embora do restaurante, né? É mais ou menos quando chegam perto de você e perguntam "O Senhor deseja mais alguma carne em especial?".

É uma senha para dizer: "E aí? Vamos pagar a conta e liberar a mesa?".

Respondi:

- Vocês tem arara no bafo?

E ele:

- Como?

- Arara no bafo, é uma delícia, comi lá em São Paulo.

- Por enquanto não temos, mas vou falar com o gerente e na próxima vez que o Senhor vier talvez já tenhamos alguma novidade.

Pobres das araras...

Crescer é diminuir

Postado em 23 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

Crescer e aparecer. Essa talvez seja a maior de nossas grandes ambições.

Crescer.

Seja profissionalmente, emocionalmente, financeiramente, culturalmente e até fisicamente (os anabolizantes estão aí pra me dar razão), todo mundo quer ficar "maior".

Paradoxalmente, terminamos ficando menores.

Durante a infância, ainda que sejamos limitados por diversos fatores, temos todo o tempo à nossa frente. Podemos sonhar até em ser super-herói, nada é impossível. Já na adolescência, mais ou menos no mesmo tempo em que descobrimos que querer ser super-herói é ridículo, começamos a diminuir.

Conhecemos nossos primeiros amores, que aí são para toda a vida, nossos sonhos, aspirações e o futuro se abrindo inteiramente. Você pode escolher tudo. Ser médico, engenheiro, piloto de avião, astronauta.

O vestibular, as condições financeiras, o esforço demandado, tudo isso começa opera sua mudança em nós. Descobrimos que ser astronauta é meio complicado, que ser piloto de avião é caro, que para ser médico é preciso estudar dia e noite durante anos.


A escolha de nossa carreira é nossa opção pessoal, e também uma renúncia a todas as outras opções, assim, de novo, diminuímos.

E o restante da vida vai fazendo isso pouco a pouco, em cada opção que nos obriga a tomar. A empresa em que trabalhamos, os amigos que preservamos, a rua onde moramos, a família que vamos formar.

Ser optamos pelos filhos, de repente viramos o "pai da Marina" e a "mãe do Diogo". Se optamos por não ter, vamos ser o "Tio ou Tia do Joãozinho".

Mas responsabilidades vêm acompanhadas de possibilidades. Conhecemos o mundo, viajamos, estudamos, vamos fazendo nosso caminho por onde nossas escolhas nos levam e um dia, vemos que o tempo passou.

E o que mais nos torna menores é justamente isso: a escassez do tempo. Sem tempo, não existem mais tantas opções.

Envelhecendo, nossa mobilidade diminui. De repente, só a praça. Depois, só a rua. Um dia, só a casa. Até que, sabe-se lá, ouvimos a frase fatal:

- Alguém vai lá e tira o vovô do sol?!

Crescer é ir diminuindo pouco a pouco, até desaparecer, ou, como dizem por aí, "virar pó".

Por isso corra enquanto é tempo, senão o aspirador te pega.

Um copo meio cheio de amor

Postado em 21 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 12 Comentários

Ando muito pela rua, muito mesmo.

Faço deslocamentos diários usando o metrô, costumo ir tomar meu café num shopping e também gosto de andar por aí a esmo, passando assim muito tempo a observar as pessoas, tentando adivinhar o que cada rosto que passa por mim diz, naqueles breves segundos de encontro.

Sim, porque, por mais clichê que pareça (e realmente é), cada um que passa por nós na rua é uma história que se vai. Um livro que fica na prateleira, não lido, com coisas que jamais conheceremos.

Pode ser que um "Romeu e Julieta" cruze por você qualquer dia, ou talvez, quem sabe (e com sorte?), uma "Engraçadinha". Os de auto-ajuda que ainda não foram pro hospício, estão fazendo análise, por isso não se preocupe.

Mas voltando ao assunto, se observarmos atentamente, veremos que a idade, a juventude, a inocência, o amadurecimento, enfim, os fatos da nossa própria vida sempre passeiam bem na nossa frente, como que para nos mostrar que ainda que sejamos únicos, temos muito em comum.

Sempre me detenho nos casais, talvez por serem a parte mais interessante da vida. Romancistas, novelistas, poetas, músicos, todos fizeram a vida e a fama justamente porque as pessoas amam casais.

Seja para ler sobre eles, ouvir, observar ou simplesmente fazer parte de um.

Histórias sobre casais garantiram o leite dos filhos, as doses de whisky e as sessões de psicoterapia de muita gente por aí.

Cenas de ciúme, discussões, beijos ardentes, amores "pra toda vida", tudo se relativiza e fica dimensionado de forma diferente quando olhamos de fora. O melhor exemplo disso é o misto de inveja, admiração e pena que eu sinto quando vejo um casalzinho de 15, 16, 17 anos jurando "amor eterno".

Sei o que os espera.

Vivemos tão obcecados pelos detalhes, que acabamos por passar batidos pelas coisas que realmente importam. Pequenas manias, pequenos ou grandes defeitos, coisas que nos "incomodam" e nos colocam em questionamento.


Aquela mania dela falar durante o filme, o fato dele ser obcecado por video-games, o tempo que cada um demora no banheiro, as toalhas molhadas em cima da cama, as coisas fora do lugar, as coisas muito no lugar, cada pessoa tem suas manias, seus defeitos de fabricação.

Quem nunca ouviu que "só trocamos os defeitos"?

Quem vê um casal de longe, mãos dadas, beijos carinhosos, não sabe se eles estavam brigando de manhã e nem tem idéia da carga que ambos carregam e que só o convívio deposita em seus ombros.

Alegrias, rancores, mágoas, planos, vontades, frustrações, aspirações, nada disso importa para quem vê de fora um casal conversando, sorrindo e até mesmo brigando. A dimensão é a exata do que o observador enxerga.

Talvez devessemos pensar um pouco assim quando estamos "dentro". Alguém que nos faça sorrir, que nos faça pensar, que nos faça planejar, que nos faça gozar, que nos faça falta, é alguém importante.

Quem nunca se arrependeu depois, ou que nunca se vingou por conta do famigerado "não dar o devido valor"? Isso tudo é bobagem, permita-me dizer.

O sofrimento do outro não purga o nosso, "ter razão" não nos faz feliz, ainda que seja melhor ser feliz tendo razão.

Isso não quer dizer que devamos "aturar tudo", mas que devemos talvez enxergar tudo aquilo que não fomos obrigados a aturar.

Ao invés dos ciúmes, das cobranças, dos roncos, das olhadas para o lado, talvez seja mais importante detectar os sorrisos, os planos em comum, os olhares que quando não estão se cruzando, olham para a mesma direção.

Porque uma pessoa não substitui a outra, uma pessoa substitui um vazio, e ninguém, ninguém, é capaz de encher um amor sozinho.

A grande obra de Dilma

Postado em 18 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 3 Comentários

Mais de dois meses após a posse da presidente Dilma Rousseff, observamos que vários veículos de comunicação (incluindo aqueles que o PT e seus aliados chamam de "mídia golpista") fazem diversos elogios ao seu estilo de administrar e também ao seu comportamento pouco midiático.

A surpresa foi geral.

Pessoas que esperavam uma presidente (por favor, não me peçam para usar o tal "presidenta") iracunda, aparecendo para o país em explosões de ira e autoritarismo assistiram uma pessoa discreta, conciliadora até certo ponto e afável em alguns momentos (suas participações em programas de TV mostraram isso) iniciar seus primeiros passos no governo.

Suas reuniões de trabalho, sua rotina puxada, sua preocupação com prazos e metas, tudo isso foi bastante exaltado, tanto que alguns petistas começaram a dizer, em sua eterna paranóia, que a "mídia" queria jogar a presidente Dilma (criatura) contra o ex-presidente Lula (criador), elogiando um para depreciar o outro.

O fato porém é que se pensarmos com calma, veremos que nem tudo são flores nesse início de governo e no futuro que se prenuncia.

Sarney continua lá, aliado. Assim como Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Fernando Collor, entre outros.

Lentamente, o PT procura reabilitar ex-poderosos do partido e aliados que se envolveram em escândalos como José Dirceu, José Genoíno, Antônio Palocci, João Paulo Cunha e, pasmem, até Delúbio Soares.


Apesar da presidente dizer que não pretende fazer nenhum tipo de controle da mídia, a "militância" e os blogueiros oficiais continuam clamando por esta pedra da salvação para sua própria irrelevância e contra quem pense diferente do Comissariado.

Nossa política externa se afastou um pouco da fase megalonanica de Celso Amorim, pero no mucho, já que assistimos mais uma vez o Brasil se abster de apoiar sanções a um ditador na ONU, como aconteceu na votação do bloqueio aéreo contra Muammar Khadafi.

O estado continua se imiscuindo mais e mais em vários setores da sociedade, com sua regulamentação excessiva, seu intervencionismo e o uso de seu poderio econômico, inibindo a livre iniciativa e tutelando o cidadão em vários aspectos de sua vida cotidiana.

O melhor exemplo foi a tentativa da Anvisa de banir remédios para emagrecimento, passando por cima de decisões que são estritamente médico-paciente e devolvendo o obeso ao antigo rótulo de glutão-preguiçoso.

Quase todos os fundamentos que eram criticados no governo do ex-presidente Lula, estão presentes no governo Dilma, com raras nuances e a significativa mudança de estilo.

A partir do início de 2011, voltamos a ter na presidência alguém que respeita a liturgia do cargo, alguém que, pelo menos por enquanto, procurou descer do palanque e subir a rampa do Planalto.

Ligamos a TV e não vemos mais o presidente do Brasil falando sobre futebol, fome, guerras no Oriente Médio, casas populares, violência, eleições em Honduras ou sobre o corte de cabelo de Evo Morales, e isto é um alívio.

Concluo então que a melhor obra da presidente Dilma Rousseff até o momento foi simplesmente uma: o silêncio do Lula.

Quem com porcos anda, termina jogando lixo na praia

Postado em 16 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 8 Comentários

Reconheço que não sou um carioca bairrista. Já andei falando mal do Rio de Janeiro aqui algumas vezes e recebi pedradas violentíssimas, mas o que acaba comigo (sério) é que a cidade, ou melhor, a população da cidade, sempre dá razão de uma forma ou de outra às minhas diatribes.

Morar no Rio é meio como se conformar em entrar num bacanal de luz apagada: você nunca sabe se vai se deparar com algo agradável ou desagradável dali a alguns segundos.

Recentemente um estudo determinou que o hábito de jogar lixo na rua faz parte de um tipo de distúrbio social, algo que impede que a pessoa que sofra disto seja apta a viver em sociedade. Acho que esse estudo foi, no mínimo, eufêmico.

Quem joga lixo no chão é porco mesmo e merece viver num chiqueiro. O problema é que no caso do tipo de porco que infesta do Rio de Janeiro, todos, até quem não é porco, terminam vivendo num chiqueiro.


As fotos que coloquei aí provam isso. Uma delas foi tirada logo após o desfile de um desses blocos carnavalescos. Nessa ainda podemos colocar a culpa na Prefeitura, porque se os garis não recolhem o lixo e as lixeiras ficam entupidas, obviamente o carioca não irá procurar a lixeira mais próxima, é claro que fará o despejo ali mesmo na calçada.

Mas a outra foto, dos trilhos do Metrô, não tem desculpa.

Raciocinemos: o sujeito está ali comendo seu Trakinas com Crush em lata, termina o lanche e sobra o pacote e a lata, o que ele faz? Joga numa das 200 lixeiras que existem nas estações? Claro que não! Arremessa seus detritos nos trilhos, torcendo, sei lá, para que o trem do Metrô seja também um aspirador gigante ou que tenha alguma função auto-limpante.

Quem acha que eu sou exagerado, que faça um passeio por uma das praias da cidade depois de um belo dia de sol. Cocos, cocôs (torço que sejam só de cachorro) e todo tipo de lixo espalhado pelas areias e pela água do mar.

Que tipo de gente faz isso? O mesmo tipo de gente que urina na calçada, que fura fila, que atende celular no cinema, que fala aos berros num restaurante, que ouve música alta no celular em um transporte público, entre outras coisas.

O carioca é assim? Não. Não todos. Mas infelizmente o contingente de pessoas assim que habita a cidade é acima do normal e bem acima do suportável.

É o tipo de gente que por causa de um lugar sentado no Metrô, promove um verdadeiro estouro de manada,correndo e atropelando uns aos outros numa espécie de demonstração quase científica do porque certas pessoas mereceriam morar num zoológico, expostas à visitação, caso esta fosse uma sociedade civilizada.

Acha que é exagero meu? Assista o vídeo abaixo:


Vendo uma cena assim chego à conclusão de que o ser humano possui sérios erros de projeto e que talvez a cretinice seja item obrigatório de fábrica.
Definitivamente, a humanidade (ou pelo menos uma boa parcela dela) não deu certo.

O de sempre?

Postado em 14 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 1 Comentário

Já houve uma época em que eu pensei que os atendentes da Starbucks achassem que eu fosse algum terrorista que planejava explodir aquele símbolo do americanismo no Brasil.

Sim, porque somente alguém empenhado em planejar alguma cagada exibe tanta regularidade quanto a minha, realizando quase que diariamente o mesmo metódico pedido: um vanilla latte, desnatado, temperatura kids (detesto café quente).

Só que na verdade eu faço parte do segundo tipo de pessoas que exibe este comportamento obsessivo: o dos frequentadores assíduos. Só falta me darem uma carteirinha de sócio.

Qual lugar, por mais pé sujo que seja, não tem seus habitués? Aqueles que já nem entram na fila (quando o lugar chega a ter filas, é claro)?

Eu e um amigo brincávamos antigamente que, toda vez que chegássemos a um lugar e o porteiro nos cumprimentasse com um "E aí? Tá sumido!" e o barman ou garçon perguntassem se queríamos "o de sempre", é porque já estava na hora de trocar de ambiente.

Atualmente nem penso mais assim, gosto que saibam o jeito que eu prefiro meu café, a cor dos sapatos que eu geralmente compro e, principalmente, que a minha Coca-Cola (pode ser Pepsi) deve ser servida exatamente como vem de fábrica: sem um fdp de um limão ali no meio.


Não me entendam mal, eu adoro limão, mas quando estou afim de um, peço que ele venha espremido e sem muito açúcar e não boiando na "água negra do imperialismo" como um náufrago da proatividade.

Sim, porque o maior exemplo de que proatividade é uma merda é essa história do limão na Coca-Cola.

Você não quer, você não pede, mas o cara acha que vai te agradar e se adianta colocando aquilo ali. Pronto, já falei demais do limão, deixe que eu volte pro que interessa.

Como a Starbucks é o único lugar que conta com essa minha fidelidade (pro resto todo sou meio "Consumidor Bruna Surfistinha"), lá eu ganho vales-café, provas das novas comidas que eles vendem e uma vez provei até o "Frapuccino Infinito", que consistiu basicamente do meu copo de Frapuccino jamais ficar vazio, com quantos refis meu estômago aguentasse.

Nem preciso dizer que virei habitué do meu banheiro naquele dia.

Ir muito nos lugares significa conhecer um pouco da vida de quem trabalha ali.

Eu sei que uma das mocinhas da Starbucks cursa administração pública, que o barista já foi gerente de estúdio de tatuagem e que eles (parêntese necessário: conheço poucos lugares onde todo mundo que trabalha ali é tão gente boa como naquela loja) adoram fechar a cafeteria e ir beber cerveja num boteco na Rua Voluntários da Pátria, religiosamente.

Provavelmente eles devem chegar lá e dizer pro garçon: traz o de sempre, chefia.

Carnavalescamente Incorreto

Postado em 11 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 5 Comentários

Houve um tempo em que as pessoas chamavam a maioria das coisas pelo nome delas. Parece uma redundância, não é? Nem tanto, afinal, o politicamente correto veio aí para mudar essa coisa chata de simplificar.

Pensei nisso durante esse último Carnaval, quando o rádio de um ônibus em que eu andava começou a tocar uns velhos sambas do Rio de Janeiro e, entre eles, um da Beija Flor que dizia assim "Vem loirinha, vem sambar, hoje o crioulo só quer Michel Jackiar...".

Imaginei o problema que não seria fazer e cantar uma letra assim atualmente. "Crioulo"? Provavelmente o Ministério Público junto com a Secretaria da Igualdade Racial, a Comissão dos Oprimidos e a Frente Popular para a Maioria das Minorias tentariam censurar a música e prender o autor, ainda que o mesmo também fosse "crioulo".

A imprensa faria um certo estardalhaço, o presidente da OAB daria sua opinião, a coisa viraria Trending Topic no Twitter e depois da reportagem no Fantástico e da enquete no G1, encontraria-se um meio termo e o samba seria adaptado para algo como "Vem, loirinha, vem participar desta dança folclórica e étnica, porque hoje o afro-descendente só quer bailar ao som de artistas estadunidenses".

E no meu exercício de imaginação sobre o onanismo (leia-se punheta) politicamente correto, pensei numa série de letras de marchinhas de carnavalescas que causariam verdadeiro pavor nos nossos Comissários da Verdade e Promotores da Igualdade.

Comecei com uma das mais famosas de todas "Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô mas que calor, ô ô ô ô ô ô", imaginem melindrar a comunidade islâmica associando o nome de Alá a uma festa profana? Não ia poder. Talvez pedissem para trocar Alá por Aladim.

Em "Você pensa que cachaça é água", há um trecho onde o autor fala que pode lhe faltar tudo, até "arroz, feijão e pão" e só não pode faltar a "danada da cachaça" .

Certamente isso seria considerado um estímulo ao alcoolismo e o Ministério Público ainda investigaria possível propaganda subliminar da Caninha 51.

"Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? Será que ele é?" e todos respondem em coro "Bicha!", é uma das marchinhas com mais possibilidades de dar zebra se fosse feita hoje em dia. Primeiro, claro, por causa da nova mãe de todas as batalhas dos coitadistas, esquerdóides e politicamente corretos que é a tal "homofobia".


Homofobia é o termo cunhado para taxar qualquer um que se incomode mesmo com os excessos. Você pode ser uma pessoa tolerante, não ter nada contra homossexuais, ter amigos gays, ser a favor da união civil, o escambau, mas se ver um casal de viados se pegando num restaurante e disser algo diferente de um "por favor, poderiam não ejacular na minha maionese, por gentileza?", pronto, será considerado homofóbico.

E essa marchinha seria declarada asquerosamente homofóbica, sendo recomendada a sua censura "pelo bem da democracia". Depois tem o termo "bicha", que seria inaceitável. O povão teria que berrar em uníssono "Será que ele é? Será que ele é? Homoafetivo!".

Outra música que com certeza enfrentaria resistências seria "O teu cabelo não nega". Pra começar porque fala de cor da pele e esse pessoal é meio sensível a estas questões. Eles só não querem que o mundo inteiro seja transparente porque aí todo mundo descobriria que o conteúdo dos seus intestinos é bem semelhante ao que eles têm na cabeça.

E Lamartine Babo dizendo que "O teu cabelo não nega mulata, porque és mulata na cor, mas como a cor não pega mulata, mulata eu quero o teu amor" seria ao mesmo tempo um exercício de racismo e de objetificação da mulher brasileira.

Objetificação aliás é o que mais essas marchinhas faziam, veja a "Mulata Bossanova" e até mesmo a Colombina, disputada a tapa entre o Pierrot e o Arlequim.

O fato é que atualmente seria complicado fazer marchinhas irônicas, apimentadas, engraçadas e sem amarras no linguajar e na forma de se expressar, porque vivemos num mundo neurótico.

Culpa do politicamente correto, essa gaiola das loucas.

Mas o pensamento que mais me divertiu foi imaginar um bando de deputados vestidos de presidiários com uma letra "M" bordada no peito. "M" de mensaleiro. "M" de metralha". Todos cantando a plenos pulmões:

"Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí".

Tenho uma notícia para você, meu amigo: elas sempre te vencerão - Parte Final

Postado em 4 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 10 Comentários

Caso vocês não sejam a Branca de Neve e o Príncipe Encantado, pode ser que não sejam "felizes para sempre".

Dependendo da idade do casal então, é quase certeza que aquilo ali não sobrevierá aos dois. Pense comigo: como pode alguém com 20 e poucos anos conviver, transar e aturar a mesma pessoa pelo resto da vida? Por isso mesmo até olho com certa pena para casais muito novos, porque sei que uma dor de corno os espera ali na esquina.

Mas existem casos em que dura muito, para esses, a minha história termina aqui: felizes - na medida do possível e das faturas no fim do mês - para sempre.

Para os demais, ficam questões que assombram qualquer um que não tenha o coração de uma Mitanda Priestly.

Conheço uma canção chamada "Como repartimos los amigos". Não lembro bem a letra, mas acredito que até para quem não fala espanhol muito bem o título seja auto-explicativo.

Quando namoramos um bom tempo, começamos a compartilhar bem mais do que beijos e lençóis, além das roupas que vão morar na casa um do outro, nossas famílias se conhecem, nossos amigos passam a ser amigos em comum, nossos hábitos, manias, CDs, livros, enfim, de certa forma tudo passa a ser do casal.

E quando ocorre uma ruptura? A parte da família é mais fácil de resolver.

Com raras exceções, mesmo que sua mãe seja apaixonada pela sua namorada e o pai dela seja seu parceiro de idas ao Maracanã para sofrer durante os Fla-Flus, um dia ela será a "lambisgóia que fez meu filho sofrer" e você será "aquele moleque irresponsável que não merecia a minha filha".

E os amigos? Como repartir os amigos?

Livros, CDs, camisetas e aquele travesseiro da NASA que vocês compraram no cartão dela são apenas bens inanimados e que provavelmente passearão dentro de caixas de papelão pra cá e pra lá até terminarem num sótão. Fotos e cartões vão pra fogueira de São João e como ninguém escreve mais cartas, basta deletar os e-mails.


Mas e os amigos? Essa com certeza é a pior parte.

Na hora do "divórcio", só é fácil mesmo decidir com quem vai ficar amigo daquele chato que vive pedindo dinheiro emprestado ou daquela barraqueira que sempre enche a cara e volta carregada para casa.


Os demais dirão que "não vão tomar partido". Até que a Marcinha, que sua namorada sempre desconfiava que te dava mole, chega pra você dizendo que te achava "homem demais pra sua ex" e o Paulão, aquele playboy metido que você nunca foi muito com a cara, comece e dar em cima da sua antiga namorada descaradamente.

No final, quase todo mundo acaba tomando partido. Uns acham que a culpa é sua, afinal de contas não pode ser normal um sujeito nunca deixar de ir pro futebol no sábado, mesmo quando a bisavó dela estava prestes a morrer num hospital.

Outros vão ficar do seu lado, e dizer que você estava coberto de razão quando ficou puto porque ela foi pra uma micareta em Salvador com a turma da faculdade. "Na boa, cara, ela era meio piriguete, não acredito como você nunca notou".

Constrangedor mesmo é quando os dois já estão até namorando de novo e se encontram por aí. Você fica observando aquele sujeito com uma monocelha que só sabe falar do mercado de ações e pensa "porra, como eu namorei alguém que fica com um babaca desses?" e ela te vê com sua nova namorada e pensa "sabia que ele gostava mesmo é de loira com cara de puta".

A distância torna tudo relativo e os defeitos da sua antiga namorada passam a ser qualidades frente aos defeitos da atual. Se a ex era muito fria, isso fará com que sua atual pareça pegajosa. Se o seu ex não parava quieto com aquela mania de mountain bike e surf, o atual parece um nerd que não larga o computador. Acabamos sendo moldados por quem veio antes.

E para terminar, uma verdade que mais uma vez a prova de que elas sempre te vencerão:

Já notou como toda ex fica mais gostosa depois que vira ex?

Tenho uma notícia para você, meu amigo: elas sempre te vencerão - Parte 4

Postado em 2 de mar. de 2011 / Por Marcus Vinicius 6 Comentários

Você agora tem uma namorada.

Depois de algumas saídas perfeitas, depois de pensar que gosta nela até de alguns hábitos que você abomina nos outros, como falar sem parar no cinema, vocês acharam melhor assumir logo que estão "na coleira".

E como a nova aliança de compromisso é o status de relacionamento nas redes sociais, já na primeira sessão legislativa do novo namoro que foi empossado, vocês decidem que não precisam mais "se preservar" e que colocarão status "comprometido" no Orkut e no Facebook.

A partir daí você poderá comprovar na prática um fenômeno sempre associado ao seu estado civil: a partir do momento em que você está com alguém,  90% das mulheres que nunca olharam pra você, te deram mole ou sequer respondiam ao seu "bom dia" no elevador, começam a demonstrar um interesse por você que te faz pensar: não é que eu sou gostoso?

Não, meu amigo. Você continua o mesmo sujeitinho que sempre foi. A novidade é que agora você não está mais no mercado, é como aquele passarinho, o Dodô, que só é interessante porque não está mais disponível, mas continua esquisito e elas só levariam para casa por curiosidade.

Mas você fez aulas de meditação, assistiu palestras de neurolinguística e leu "O Segredo" até de trás para frente, então bastou mentalizar que toda a tentação se afastou de você.

Bah, quem acredita nisso? Você ficou mesmo é com medo da sua patroa descobrir, te dar um pé na bunda e você ter que reativar aquele velho perfil no "Papo Gostoso", pra conversar com pós-adolescentes que moram onde Judas perdeu as botas e aquelas gordas Wicca que ouvem Heavy Metal, curtem bruxaria e ainda jogam RPG aos 35 anos de idade.

Felizmente você não colocou tudo a perder, então seu namoro vai bem. Você pensa nela quando acorda, quando almoça e até quando está jogando Playstation. Talvez isso seja amor.

Mas como dizer que a ama? O "eu te amo" é um perigo, porque é uma frase que tem a capacidade de te fazer sentir pior do que desodorante em micareta, basta que para isso a outra pessoa não responda com um simples "eu também".

Sério. O "eu te amo" só leva a dois caminhos: descobrir que também te amam, ou saber que o outro tem problemas com ordem de grandeza "Ama quanto?", problemas de confiança "Me ama mesmo? Sério? Porque?", ou então que precisa de um tempero na comida "Você me ama? Hum, passa o sal?".

E aí surge um dos grandes dilemas do relacionamento a dois: quando falar sinceramente.

Porque se você ainda não ama, mentir é ruim, mas pode ser que você esteja no caminho de amar, então talvez seja uma boa você dizer alguma coisa a respeito.


Mas quem dera a sinceridade só nos causasse problemas em questões tão grandes quanto a hora de dizer "eu te amo". Ela nos afeta nos mínimos detalhes do dia-a-dia.

Por exemplo: vocês vão ao casamento da melhor amiga dela, você detesta casamentos mas omitiu essa informação para ela não pensar que você é um eterno adolescente que curte ficar em casa de bermuda vendo TV e jogando videogame (o que nem é tão equivocado assim), está esperando ela se arrumar no sofá da sala, assistindo Itá x Peruíbe pela terceira divisão do Campeonado Paulista, então surge sua amada.

Um penteado horrível, um vestido de tecido meio brilhante que a faz parecer um balão japonês aceso e a maquiagem com um treco estranho ao redor dos olhos que lembra o olhar de um guaxinim. Ela sorri e pergunta:

- E aí? Estou bonita?

Meu chapa, sua resposta deverá ser "sim" mesmo que ela apareça fantasiada de Darth Vader. Esqueça a sinceridade nessa hora. Toda vez que alguém te pede para dizer o que pensa de verdade, vai por mim, quer ouvir é alguma mentira mesmo.

Caso você não queira ter problemas, não diga apenas "sim", pelo contrário, seja exagerado.

- Você está mais bonita do que a Anne Hathaway na entrega do Oscar.

Ela vai achar exagero, mas não vai achar mentira. É mais ou menos como quando qualquer mulher diz a segunda coisa que assusta mais um homem depois de "precisamos conversar", que é "você acha que eu estou gorda?".

Acredite: todas, sem exceção, querem ouvir um "não".

Mas caso você queira ser o grande destruidor de paradigmas, o desbravador da verdade, o herói da sinceridade, experimente ser corajoso e dizer algo como:

- Pra mim você está bem, mas se quiser fazer uma dieta fica ainda melhor.

Esse tipo de coisa te levará a uma espiral de problemas que você não poderá controlar depois, é como abrir a Caixa de Pandora.

No final das contas, você vai terminar abraçado aos joelhos dela, dizendo que tudo não passou de brincadeira, que você não pensa nada daquilo e que mentiu quando disse, no meio da discussão, que detesta quando ela fala que nem uma matraca durante uma sessão de cinema.

Lembre-se: elas vencem.
 
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