A turma errada

Postado em 10 de ago. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Todo mundo conhece uma turma errada.

A turma errada é errada e pronto. Não é questão de opinião, de gosto, nada disso. E ainda que seus participantes se achem na turma certa, acredite: não são.

Eles são reconhecíveis à primeira vista, quase como a gostosa do pedaço. A turma errada é praticamente uma reunião de ombreiras e pochetes, de tão errada que é.

Playboys, surfistas, posers, góticos, esquerdistas militantes, cada um na sua, mas com algo em comum: o erro. E não confunda com conceitos, porque isso não tem nada a ver com a história.

Um jamaicano de dreadlocks e camiseta do Bob Marley no meio de um show do Iron Maiden à primeira vista pode ser considerado um erro, mas se você pensar melhor vai concluir que tudo é música, que ainda que curta um reggae nada o impede de gostar do Iron e que, se ao invés de estar no meio de um monte de metaleiros de preto ele estivesse no meio de um monte de rastafaris, ele jamais seria um erro.

A turma errada é errada em qualquer contexto. Não tem possibilidade de estar certa nunca.


Por exemplo: um playboy num carro rebaixado, cantando pneu, ouvindo trance aos berros, usando um cordão de prata da grossura de uma corrente de bicicleta no pescoço, pronunciando a cada minuto coisas como "uhuuuu" e chamando até a namorada de "brow", é um equívoco sobre pernas ainda que more num país imaginário chamado Babacolândia.

E o que dizer de metaleiros adoradores de satã que se cumprimentam com frases do tipo "infernais saudações!"? Esse pessoal que vai passear em cemitérios e beber vinho de 1 real, que colocam aquela maquiagem de zumbi até para ir tomar um açaí na esquina e frequentam shows de bandas com nomes tão sugestivos como  "Funeratus", "Putridus" ou "Carniça".

Passar a vida esperando pelo momento em que sua alma "descansará eternamente nos bosques frios" (e nórdicos), enquanto se dedica à curiosa arte de não comer ninguém a não ser alguma daquelas "minas true" que adoram cabeludos e são mais conhecidas onde moram como "aquela gorda wicca" definitivamente é um erro.

Surfistas que só falam com vogais - "aí, ó, ó o auê aí" - e revolucionários Mc Donalds (sabe aquela coisa de lutar contra a burguesia e o imperialismo mas sem dispensar um McLanche Feliz?): erro, erro.

Góticos vestidos de corset fazendo pose de vampiro? Adultos fazendo cosplay? Erro.

Turma de academia? Torcida organizada de futebol? Show de bola e de erros.

Me recuso a falar de funkeiros, pagodeiros e micareteiros pelo simples fato de que estes são um erro em turma ou mesmo desacompanhados.

É claro que você pode até discordar de mim, dizer que isso é questão de opinião sim e que estou sendo babaca, preconceituoso e rotulador. Como resposta só o que posso fazer é te mandar ir procurar sua turma.

Mas não se iluda, provavelmente será alguma turma errada.

Post com clara inspiração no blog: http://turmaerrada.blogspot.com/

6 Comentários:

sortilegiu postou 10 de agosto de 2011 às 10:36

Boa demais, rachei de rir, rsrsrs...

Vc esqueceu de mencionar os negões neonazistas, já conheci vários, por encreça q parível.

(Antes de qualquer coisa, não tenho pré-conceito contra negros, tenho vários amigos negros, só acho absurda a idéia de uma pessoa aderir à uma filosofia ((se é q é isso)) q vai contra a própria existência dela...)

mvsmotta postou 10 de agosto de 2011 às 10:43

White-pardos são cômicos mesmo.

Abs!

FelipeBFontana postou 10 de agosto de 2011 às 11:11

Não podemos esquecer dos ATEUS cybenéticos que dizem "meu deus do céu" na hora que a coisa ferra.

Erro404

Daniel Ercolani postou 10 de agosto de 2011 às 14:09

Sinceramente, os mais hilários são os "cults" que ouvem o décimo quinto b-side dos beatles, bebem mais café do que água(mesmo o achando intragável) e pensam que por usarem roupas da Zara e por terem lindo três frases do Marx viraram socialistas científicos.

Parabéns, retratou perfeitamente essa população totalmente "sem caráter" que vaga pelas ruas brasileiras.

Lucianna postou 12 de agosto de 2011 às 03:43

Perfeito!!!

Unknown postou 12 de agosto de 2011 às 18:43

Ótimo texto. Faltou falar sobre o "maldito jeitinho brasileiro" institucionalizado pelo carioca e aderido por todo o país.
Quanto a capital cultural, aí não tem jeito, mesmo com todos os problemas, São Paulo leva essa.
Abs.

 
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