Atualmente dão nome para todas as manias que sempre existiram. É síndrome disso, fobia daquilo, mania de não sei o que. Não estou duvidando das terminologias, só acho engraçado essa catalogação de esquisitices.
Uma delas é a síndrome de Diógenes, caracterizada pela "autonegligência involuntária e acumulação de objetos". Tudo bem que os casos extremos levam a pessoa a catar lixo pela rua e viver cercada de insetos e roedores, mas descobrir que a tendência de acumular velharias é motivo de estudo não deixa de ser curioso para alguém que era conhecido na infância como "Zé das Tralhas".
Tenho pena mesmo de me livrar de objetos e coisas que me lembrem alguma coisa. Mas precisa ser necessariamente alguma coisa boa. Contas, multas de trânsito e velhas estrelas do PT vão parar no lixo sem a menor dor na consciência.
Mas se aquilo me lembrar de algum momento feliz, alguma viagem, uma pessoa querida, fica difícil mesmo jogar fora. Uma foto da primeira namorada, um panfleto de um hotel em que me hospedei, um cartão postal que mostra Nova York ainda com as Torres Gêmeas tocando as nuvens, estão todos enfurnados em alguma caixa, em algum canto de algum armário.
E esse é outro aspecto hilário desse negócio de guardar velharias: na maioria das vezes, além de não prestar para nada, elas ainda ficam fora do nosso alcance. É como aquele tio que só aparece na festa de Natal, sabemos que ele está por aí, mas onde, não fazemos a menor idéia.
Para você ter uma noção, eu não consigo nem mesmo me livrar de uma terrível piranha empalhada, só porque ela me lembra uma viagem que fiz ao Amazonas há uns dez anos atrás.
Torcedor de futebol é outro tipo de ser que adora guardar tudo relacionado ao seu time. Camisas velhas - qual vascaíno que não tem uma camisa que, de tão velha, deixou de ser preta e virou azul marinho? Ou Flamenguista com uma camisa tão desbotada que ficou cinza e rosa? - posters de times campeões, jogos de botão dos tempos de colégio, tudo vira museu.
Vivemos acumulando certas quinquilharias, algumas inclusive só na nossa cabeça. Caso contrário, porque acharíamos que o passado sempre foi melhor do que é o presente?
Tenho uma notícia pra vocês: o passado só parece melhor porque o mundo era menos populoso, logo, haviam menos cretinos sobre a face da terra.
No fundo, tudo o que passa só parece melhor porque a gente não lembra direito, mais ou menos como acontece quando a gente abre uma caixa guardada no sótão e se pergunta: porque foi que eu guardei esse negócio aqui mesmo?
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12 Comentários:
kkkkkkkkkk realmente guardar coisas e uma mania axo que de muitas pessoas eu mesmo guardo ingressos de shows, fotos,papeis, provas,tenho ate um Tazoo da minha infancia, e otimo para lembrar. essa ideia de ter menos cretinos nao sei so que agora eles estao ao meu redor
o post icou mto bom, o primeiro q eu vejo mais oq me convenceu a acompanhar o blog. Parabens
Bah, tenho verdadeiro pavor de entulhar coisas, a única coisa de que não abro mão são meus livros, não dou não empresto, não jogo fora.
Realmente as vezes não sabemos pq guardamos certas coisas. Mas, alguns objetos e recordações, por mais banal e mísero que seja, sempre nos lembram coisas boas, ou ruins...
As vezes é bom lembrar, as vezes é bom esquecer e as vezes é nostálgico. =]
Vou te contar...o que fica muito difícil é quando a família é grande, e os filhos cresceram...cada um com suas tralhas e todas as tralhas na mesma casa, aí sim a coisa complica.Todos guardando e uma pessoa só faxinando, no caso "EU". E ainda tem mais, quando os filhos casam, deixam um montão de tralhas na nossa casa porque na deles não cabe rsrsrs...né Ninon?
Então, ficamos com as DOCES LEMBRANÇAS que a família inteira guarda.
Bjsss.
Adoro seu blog, seus tweets... verdade nua e crua!
Guardar tralhas e relembrar velhas histórias do passado são como um amor platônico: Não houve decepção, ou não lembramos delas, por isso parecem perfeitos. Mas atire a primeira pedra quem nunca guardou uma tranqueira durante anos e quase morreu de infarte ao descobrir que alguém jogou fora...
Abraços
Minha mãe sempre guardou muita tralha, e eu me sentia sufocada naquele ambiente. Quando fui morar sozinha, decidi que não seria como ela. Sei que é difícil, pois está no sangue, rsss, mas procuro manter um armário pequeno que não cabe muita coisa, assim me forço a jogar coisas fora.
Você consegue ser pior do que ela. Nunca vi alguém guardar tanta tralha, como um “vale-pipoca” que ganhamos em um festival de cinema há alguns anos atrás. Às vezes tenho vontade de jogar tudo fora, mas tenho medo da sua reação, rsss.
Bjs
O vale-pipoca do Festival do Rio...mas aquilo foi tão simpático...rsrsrs
Beijos
Eu até hoje guardo, uma cueca de cada namorado que tive.
Ai ai ai.... nem tenho tantaaaa coisa assim na casa da minha mãe...
Hj tirei o dia para concordar com a Tuka!! Segunda vez que comento depois dela e tenho que parafraseá-la: velhas histórias são como amor platônico. E é como um bicho de pé: é uma coceirinha tão gostosa de coçar...
Quem não gosta??
Leca!
Não sei o que me deixa mais atônito: se você fazer isso ou o fato de eu não me espantar que você tenha feito. :P
Beijão
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