Você é o que você come.

Postado em 20 de dez. de 2011 / Por Marcus Vinicius

Não, este não será um texto que exaltará os benefícios da alface sobre a picanha e nem vai te recomendar que coma bifes de soja.

Acontece é que faz tempo que tenho essa obsessão: tentar decifrar as pessoas através da comida. Acredito realmente que você pode descobrir traços da personalidade alheia simplesmente analisando o que ela pede para encher a pança.

Por exemplo, você sai para jantar numa churrascaria com a rapaziada da faculdade, chegando lá um dos presentes dispensa cupins, maminhas e costelas bovinas para se dedicar ao sushi, às saladas e à sessão de palmitos. Pode ser exagero meu, mas esse cara será zuado pela turma.

O mesmo é chegar num jantar vegetariano (sim, todos têm inimigos que os convidam para esses eventos) carregando numa marmita um sanduíche de leitão. Não vai pegar bem com certeza. E, por favor, não invente agora um "preconceito alimentar" que eu te jogo como alimento aos leões.

Certas comidas também denunciam a sua classe social. Se eu te disser que tem um sujeito comendo um canapé de patê de lagostin com creme de endívias e um outro comendo um cachorro quente com ervilhas, milho, requeijão e purê, qual dos dois você vai achar que é um almofadinha cheio de dinheiro e qual você vai achar que está num ponto esperando a Kombi?

Numa rodoviária, qual a chance de você encontrar uma loja que veja macarons, marrons glacê, cupcakes, canapés e suco de toranjas e qual a chance de encontrar coxinhas de galinha feitas na época em que o Geisel era presidente? A menos que você esteja na França, pode acreditar que você vai comer é a coxinha do Geisel.


O espanto com qualquer coisa diferente disso seria o mesmo de encontrar uma barraquinha do Angú do Gomes na Trafalgar Square.

Uma vez eu estava com uma namorada num desses botequins enfeitadinhos (que servem banana split e tudo) e resolvi pedir um chopp e um milk-shake. Quandoo garçon chegou, entregou o chopp pra mim e o milk-shake pra ela automaticamente, só que a pinguça era a menina.

Mas o pior foi a cara de espanto dele quando trocamos os copos, fazendo aquela expressão do tipo "esse aí deve achar que dois brothers se alisando na sauna não tem nada demais".

Beber sucos orgânicos, tipo aquelas coisas com clorofila também me fazem pensar que a pessoa não usa desodorante é acha que depilação é contra a natureza, mas pior mesmo são os cardápios frescos, tipo suflê de alho poró com creme de aspargos, pêras flambadas, patê de trufetas e chá de lima. Eu leio uma coisa dessas e já imagino que vou entrar no cheque especial e que o maître em algum momento virá defender as propriedades eróticas da massagem na próstata.

Mas definitivo mesmo foi um caso que eu jamais esqueci: assistindo um programa de televisão, vi um jogador de futebol comemorando um contrato de milhões de dólares. Fazendo um churrasco. De espetinhos. Igual esses de camelô. Você imagina isso? Comemorar seu primeiro milhão com um churrasquinho de gato e tubaína?

Por isso eu digo: é até possível o churrasquinho de gato sair da pessoa na próxima ida ao toalete, mas jamais ele sairá da alma.
Você é o que você come.

3 Comentários:

wifail postou 20 de dezembro de 2011 às 08:42

Gostei muito desse post. E realmente somos o que comemos. E é possível também analizar pelo jeito que se come. Duas pessoas que vão num rodízio de uma pizzaria chique, mas uma come com grafo e faca, com o guardanapo no colo, e a outra comendo com as mãos, com o guardanapo ainda dobrado em forma de triângulo. Somos o que comemos (e como comemos). erueuriuireuiruie

Anônimo postou 20 de dezembro de 2011 às 09:34

Quase desisti da leitura após ler a primeira frase... :P

(Roberta Ricchezza)

Gustavo Ca postou 24 de dezembro de 2011 às 05:29

Nada melhor do que um bom prato de arroz-feijão-bife-batata bem temperado.

 
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