E foram felizes para sempre

Postado em 27 de mar. de 2012 / Por Marcus Vinicius

Sempre achei esses finais de histórias infantis e filmes meio irritantes. Aquele monte de gente abraçada, casais se beijando, pássaros voando, o E.T. vontando para casa, os vilões se dando mal, os heróis sorrindo com o topete engomado, uma coisa meio livro de auto-ajuda, meio música da Tropicália.

Mas a verdade é que todas essas lições que os estúdios tentam passar são grandes furadas. A vida real muitas vezes se parece mais com o início dessas sequências de filme, onde o que termina bem na primeira edição o diretor resolve bagunçar na segunda.

A Rainha do Gelo volta para atormentar os bichos falantes de Nárnia, o Jason do Sexta-Feira 13 consegue fugir de dentro de um cofre no fundo do lago, alguém implanta uma mão robótica no Dath Vader e tudo começa outra vez.

Só mesmo em um filme de Hollywood é possível você entrar numa loja, conhecer um japonês que te leva para a casa dele e te bota para lavar o carro, pintar a cerca, lixar o assoalho e você sai dali faixa-preta de caratê. Se fosse nessa sua vidinha aí, isso terminaria mesmo num emprego de carteira assinada, ganhando salário mínimo, vale transporte e um PF de arroz com feijão na hora do almoço.

Afinal, alguém acredita mesmo que um sujeito milionário solteirão ficaria passeando pela rua, pegaria uma prostituda de calçadão, levaria pro seu hotel e no final casaria com ela como fez o Richard Gere com a Julia Roberts em "Uma Linda Mulher"?


Na vida real ele seria casado e contrataria uma oriental e uma africana para fazerem parte de um bacanal envolvendo ornitorrincos, corcundas, um mágico, dois equilibristas e 37 pombos mortos e no final voltaria para casa levando um presente para a esposa, contando como sentiu sua falta.

E ainda que seja comum alguém sair do cinema ou desligar a TV se perguntando "será que eles continuaram vivendo felizes naquela fazenda mesmo?", já cheguei também a imaginar coisas bem menos normais como "acho que a Cinderela abusou dos rodízios de pizza, embarangou depois do segundo filho e o príncipe virou amante da Branca de Neve, que separou do marido depois que descobriu que ele era pedófilo e tinha um caso com o Peter Pan".

Se você pudesse saber mesmo o que acontece depois que aparece o "The End" na tela, veria que os Goonies foram presos pela Capitania dos Portos por navegarem com aquele navio pirata sem autorização, que Thelma e Louise realmente se esborracharam naquele penhasco e só foram reconhecidas através de exame de DNA e que aquela turma da "Escola do Rock" montou uma banda que teve um só sucesso e ainda se desfez, depois de muitas brigas e problemas com drogas.

Isso sem contar com todos os personagens de "Se Beber Não Case", "Porky´s" e "American Pie" que estariam hospedados em alguma penitenciária federal ou então fritando hamburgers no Mc Donald's.

Talvez seja por isso que essas histórias com finais felizes façam sucesso há tanto tempo, afinal, pra ver gente se fodendo você não precisa ler um livro ou ir ao cinema, basta acordar numa segunda-feira de manhã, ir de metrô até o trabalho, voltar para casa à noite e ligar no telejornal.

4 Comentários:

PSICO_SINCRONICIDADE postou 27 de março de 2012 às 09:36

MUITO BOM!!!!! Pura verdade! Excelente post. Muita gente pensa assim e não verbaliza. parabéns abraços
Karina Simões

Anônimo postou 27 de março de 2012 às 09:47

condiz muito com a realidade

Willians postou 28 de março de 2012 às 04:36

Pra ver gente se fodendo, basta olhar pra nossas próprias vidas.

mvsmotta postou 28 de março de 2012 às 05:12

Nem tanto, nem tanto.

Abraços!

 
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